sábado, 12 de setembro de 2015

Indústrias sofrem interrupção de produção por falta de água no RJ

Segundo secretário, situação é crítica na região do Guandu.
Paraibuna está perto de voltar ao volume morto, com 1,7% do volume útil.

Do G1 Rio FACEBOOK
O secretário estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, André Corrêa, afirmou nesta quinta-feira (27), em entrevista ao Bom Dia Rio, que empresas do Estado já tiveram que interromper a produção devido a crise hídrica. Segundo ele, na Região do Guandu, indústrias ficaram quase um dia sem captar água.
"O grande problema do estado, hoje, são as indústrias do Guandu, perto do canal de Sepetiba, que ficaram quase um dia sem captar água, ou seja, tendo problema de produção porque nós estamos priorizando o abastecimento humando", disse o secretário.
Corrêa citou a CSA como as empresas que tiveram que enfrentar o problema. André Corrêa afirmou que a situação dos reservatórios que abastecem o Rio é a mais grave da história e que até novembro, o Rio deve dicar "na bica do volume morto". Ele disse, porém, que não há previsão de racionamento, por hora.
"Nós estamos em um momento crítico. No ano passado já foi ruim e esse ano está sendo pior. Esses fenômenos vão ser cada vez mais intensos e mais frequentes. Ou a gente vai mudar os nossos hábitos no amor, ou vai mudar na dor", explicou Corrêa.
A vazão de água na transposição do Rio Paraíba do Sul para o Rio Guandu, no estado do Rio de Janeiro, será reduzida mais uma vez, a partir desta quinta. A barragem de Santa Cecília, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, que faz a transposição, passará a receber 110 metros cúbicos por segundo (m³/s) de água. Este valor já foi de 190 m³/s, mas já havia sido para 140 m³/s no início de 2015, por causa da crise hídrica.
"As operações que fizemos permitiram a economia de 1,5 trilhão de litros. Sem isso, estaríamos secos. Peço à população que economize água", disse Corrêa.
Rio Guandu abastece a Região Metropolitana do Rio (Foto: Divulgação/Cedae)Rio Guandu abastece a Região
Metropolitana (Foto: Divulgação/Cedae)
De acordo com a Secretaria Estadual de Ambiente, 75 m³/s dos 110 m³/s serão destinados ao Rio Guandu, rio artificial criado para abastecer a Região Metropolitana. A vazão foi novamente reduzida por causa de nova baixa nos quatro reservatórios que abastem o Rio. O de Paraibuna (SP), por exemplo, o principal deles, está próximo de voltar ao volume morto. De acordo com boletim divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), nesta quarta-feira (26), a usina está com apenas 1,7% de seu volume útil. Se não chover na região, o índice vai zerar nos próximos dias.

O volume útil do reservatório de Paraibuna tem 2.636 hectômetros cúbicos (hm³) de água, equivalente a 2,636 trilhões de litros d'água. Portanto, restam apenas 44,9 hm³, ou 44 bilhões de litros, segundo a ANA. Caso estas reservas acabem, a usina vai utilizar o volume morto, que conta 2,096 trilhões de litros. A diferença é que estas águas precisam ser puxadas por bombas.
Para esse ano, não teremos nenhuma consequência. Mas aí você já começa o ano que vem devendo (...) Mas como planejador, para o futuro, estamos em situação crítica", explicou Paulo Canedo"
Paulo Canedo,
coordenador de Hidrologia da Coppe/ UFRJ
"Para esse ano, não teremos nenhuma consequência. Mas aí você já começa o ano que vem devendo. As chuvas de 2015 começaram tardias. Mas São Pedro, em compensação, depois colocou um pouco mais de água do que o normal. Deu um baita susto no princípio. Não tem problema nenhum para esse ano. Mas como planejador, para o futuro, estamos em situação crítica", explicou Paulo Canedo, coordenador de Hidrologia da Coppe/ UFRJ.
Segundo o professor, este período do ano costuma ser mais seco, o que costuma justificar a baixa dos reservatórios nesta época. No entanto, em 29 de agosto de 2014, por exemplo, Paraibuna tinha 11,32% de seu volume útil. Nos dias 26, 27 e 28 do ano passado, a ANA não publicou boletim.
Paraibuna já esteve no volume morto em janeiro de 2015 (Foto: Reprodução/ Site ANA)Paraibuna já esteve no volume morto em janeiro de 2015 (Foto: Reprodução/ Site ANA)

Outros reservatórios

Ao todo, quatro reservatórios abastecem o Rio: Funil (RJ), Santa Branca (SP) e Jaguari (SP), além de Paraibuna (SP). Todos recebem águas do fluxo do Rio Paraíba do Sul. Três dos reservatórios ficam no estado de São Paulo. Apenas Funil fica no estado do Rio, no município de Itatiaia. Todos eles ficam dentro de usinas hidrelétricas.

Também de acordo com o boletim da ANA desta quarta, o nível do volume útil dos outros três também é baixo. Santa Branca, o menor em volume de água, tem apenas 8,61%; Funil, 8,98%; e Jaguari, o segundo maior, é o melhor abastecido, com 25,74%. Portanto, o nível da bacia do Rio Paraíba do Sul, que é a média dos quatro reservatórios, é de apenas 7,59%.

"Vai ocorrer. Não tenho dúvida nenhuma que vai chegar ao zero. Vamos ter os reservatórios no volume morto, mas temos muita água no volume morto. É normal que eles estejam se tornando vazios (nesta época). Mas quando mais vazios geralmente é final de outubro. E aí a tendência é começar a crescer (no verão)", complementou o professor.

Volume morto no início do ano
A estiagem já havia deixado os reservatórios em baixa no início de 2015. No dia 22 de janeiro, a usina de Paraibuna entrou no volume morto. Mas após chuvas no verão, voltou ao volume útil no dia 9 de fevereiro. O reservatório de Santa Branca, o menor dos quatro, também chegou a entrar no volume morto na época, mas saiu logo em seguida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo sua participação e opinião !