quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Aterro sanitário atrai turistas

Listas de espera de faculdades seletivas, restaurantes chiques e voos lotados são bem conhecidos, mas Cingapura deve ter o único aterro sanitário com quatro meses de espera para visitação.
Mas o aterro não é um lixão. É uma ilha artificial que parece uma reserva natural, apesar das 9,8 milhões de toneladas de lixo incinerado 30 centímetros abaixo da superfície que lembra um parque.
A escassez de terra em Cingapura _ a cidade-estado é menor do que Rhode Island (3.140 quilômetros quadrados) levou o governo a desenvolver técnicas inovadoras para descarte de lixo. Entre elas está uma ilha ao largo da parte sul do continente que foi inaugurada depois que o último lixão da cidade, Lorong Halus, fechou em 1999. Ao juntar duas pequenas ilhas com área quase igual ao Central Park, o governo criou o aterro Semakau, o primeiro depósito de lixo na costa de Cingapura, e que agora é uma atração popular.
As instalações de US$ 360 milhões incluem um quebra-mar de sete quilômetros feito de areia, pedra, argila e uma geomembrana de polietileno, que acompanha a periferia da ilha para impedir vazamentos. O lixo incinerado do continente chega em barcaças e a cinza molhada é esvaziada em fossos, ou 'celas', para um dia serem cobertos de terra, onde palmeiras e outras plantas crescem naturalmente.
Converter aterros em áreas de uso público não é novidade. Em Nova York, o aterro Fresh Kills, em Staten Island, fechado em 2001, será reaberto como parque em torno de 2035. Em 1994, o Japão transformou um velho aterro sanitário na região sudoeste de Osaka no Aeroporto Internacional de Kansai, o primeiro aeroporto marinho do mundo.
Porém, Semakau é o único aterro ativo que recebe lixo incinerado e industrial ao mesmo tempo em que dá suporte a um ecossistema florescente, que conta com mais de 700 tipos de plantas e animais e várias espécies ameaçadas.
"Mesmo operando um aterro, a biodiversidade continua a florescer", disse Ong Chong Peng, gerente geral do local. "Queremos manter esse equilíbrio o máximo possível."
Fauna e flora são tão preciosas em Semakau que o perímetro previsto do aterro foi alterado para garantir que duas florestas de mangue tivessem acesso à água doce com a mudança da maré. Espécies protegidas como a garça 'Ardea sumatrana' e tarambolas-da-malásia se reproduzem na ilha, e o ameaçado golfinho-corcunda-indopacífico foram vistos pelas redondezas.
Semakau também é o único aterro sanitário ativo que costuma incentivar visitas do público cinco dias por semana. Enquanto o lado oriental da ilha está cheio de espaços latentes esperando ser preenchidos, a porção oriental recebe espectadores desde 2005.
Neste ano, depois de mais de uma década em operação, o lado oriental da ilha está programado para desenvolvimento e pode começar a receber lixo já em 2015. A Agência Nacional de Meio Ambiente, que mantém o local, prevê que, com os dois lados recebendo dejetos, o aterro ficará aberto até pelo menos 2045.
Pescadores esportivos vêm durante o dia e astrônomos à noite para observar o céu longe das luzes da cidade. Grupos escolares têm permissão de entrar nas poças formadas pela maré para procurar anêmonas e estrelas-do-mar. De acordo com Ong, os passeios na faixa coberta pela maré são tão populares que estão reservados para quase o ano inteiro.
Entre os visitantes mais incomuns de Semakau estão um casal que veio tirar fotos para o álbum de casamento em 2007. A noiva, Rochelle Tan, afirmou que ela e o marido, Ong Teow Wee, queriam algo exclusivo e a ilha se encaixava "perfeitamente" nesse quesito. Ministros do meio ambiente da Nova Zelândia, Japão e Samoa também vieram buscar inspiração para o gerenciamento de lixo em seus países.
O governo cingapurense enaltece o sucesso de Pulau Semakau, citando o aumento do número de visitantes, que triplicou nos últimos cinco anos, passando de 4 mil, em 2005, para 13 mil, em 2010.
"O aterro Semakau recebeu muitos elogios pela forma inovadora de resolver uma das necessidades mais prementes do manejo de lixo sólido hoje em dia", disse Eng Tiang Sing, diretor de políticas internacionais do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Porém, os críticos reprovam um gerenciamento de lixo baseado inteiramente na incineração. Incineradores de larga escala, como os do país, têm períodos curtos de vida, às vezes de apenas dez anos, antes de necessitarem troca.
A Agência Nacional do Meio Ambiente garante que a contaminação é improvável e que a TÜV SÜD, empresa internacional de inspeção e certificação, testa as águas circundantes em busca de metais pesados todos os meses. Eles também afirmam que as duas florestas de mangue cercando a ilha, altamente reativas a material tóxico, servirão de aviso se algo escapar. As autoridades estão confiantes de que o aterro Semakau poderá receber lixo com seguranças durante as próximas décadas.
"Se acabar o espaço do aterro, estamos encrencados", disse Ong. "É por isso que este lugar é tão importante."
cditado pelo Blog . 2011 New York Times News Service

*Um dos poucos casos em que lixo é "atrativo".
Com relação a tecnologia,só os fundamentalistas do ecologismo são contra.Hoje é segura,é menos impactante que aterro, único senão é que custo tonelada ainda é altíssimo.Muito em breve teremos incinerações em alguns municípios brasileiros.

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