domingo, 20 de abril de 2014

Chuvas no Sul e no Sudeste podem voltar ao normal só em 2016

Chuvas no Sul e no Sudeste podem voltar ao normal só em 2016
31 de Março de 2014 • Atualizado às 08h49


A origem da crise energética provocada pela estiagem no Sul e no Sudeste no início do ano pode estar do outro lado do mundo. Segundo meteorologistas ouvidos pela Agência Brasil, o país está sendo afetado por um ciclo natural de resfriamento do Oceano Pacífico, que se reflete em alterações climáticas em grande parte do planeta. Para o Brasil, o fenômeno indica a possibilidade de as chuvas no centro-sul do país só voltarem ao normal no verão de 2016.
Chamado de oscilação interdecadal do Pacífico ou oscilação decadal do Pacífico (PDO, na sigla em inglês), o processo caracteriza-se pela sucessão entre fases quentes e frias na área tropical do Oceano Pacífico. Os ciclos duram de 20 a 30 anos e são mais amplos que os fenômenos El Niño e La Niña, que se alternam de dois a sete anos. Em 1999, o oceano entrou numa fase fria, que deve durar até 2025 e se reflete em El Niños brandos e La Niñas mais intensos.
Atualmente, o Pacífico está no auge do ciclo de resfriamento, o que, segundo os especialistas, historicamente provoca quatro anos seguidos de verões com chuvas abaixo do normal na região Centro-Sul do Brasil. “Desde 2012, tem chovido abaixo da média no Sul, no Sudeste e em parte do Centro-Oeste durante o verão. A princípio, o que está sendo desenhado é que as chuvas só voltem à média em 2016”, diz o meteorologista Alexandre Nascimento, especialista em análises climáticas da Climatempo.
A partir do segundo semestre, os modelos climáticos apontam a chegada de um novo El Niño, com chuvas no Sul e seca no Nordeste. No entanto, por causa do resfriamento do Oceano Pacífico, o El Niño deverá ser mais fraco que o normal e insuficiente para recompor os reservatórios. “O próximo verão deverá ter mais chuva que o anterior, mas as chuvas tendem a continuar irregulares no Sul e no Sudeste”, adverte Nascimento.
O El Niño é o aquecimento do Oceano Pacífico na região equatorial. Pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Mary Kayano estudou a relação entre esse fenômeno e a oscilação decadal do Pacífico e constatou um padrão. “Em fases frias da PDO, os El Niños são mais brandos. Tanto que o último El Niño forte ocorreu em 1997, quando o Oceano Pacífico estava numa fase quente”, diz. Ela, no entanto, evita fazer prognósticos sobre o próximo verão. Segundo a pesquisadora, o Inpe emite previsões somente para os próximos três meses.
O comportamento histórico, no entanto, indica que o resfriamento do Pacífico está afetando o Brasil. Segundo o diretor-geral da MetSul Meteorologia, Eugenio Hackbart, o Brasil enfrentou uma sequência de verões com estiagem entre o fim dos anos 1950 e o início da década de 1960, quando o Pacífico atravessava um pico de temperaturas baixas. “Os padrões de circulação atmosférica hoje estão semelhantes aos daquela época”, compara.
Além das chuvas irregulares durante o verão, o resfriamento do Oceano Pacífico traz efeitos distintos conforme as regiões do país, com invernos mais rigorosos no Sul e no Sudeste. “Ano passado, chegou a nevar perto de Florianópolis”, lembra Hackbart. O fenômeno provoca ainda cheias acima da média no Amazonas e no Pará. No entanto, esclarece o diretor da MetSul, não está relacionado à cheia do Rio Madeira, decorrente de chuvas atípicas na Bolívia.
Apesar das chuvas acima da média na maior parte do país em março, Nascimento, da Climatempo, considera que os reservatórios não devem voltar a subir com rapidez por causa do tipo de chuva que tem atingido a região e da chegada da estação seca ao Centro-Sul nos próximos meses. “A verdade é que os reservatórios só enchem com chuvas generalizadas, que duram vários dias e são constantes. Até agora, temos registrado pancadas, que podem ser fortes, mas são eventos isolados”, explica.
Mesmo com a possibilidade de mais um verão com chuvas abaixo da média, os meteorologistas recomendam cuidado com os prognósticos. “A maioria dos estudos sobre os ciclos no Oceano Pacífico é recente. A gente precisa de séries históricas mais longas para compreender a extensão do fenômeno”, diz a pesquisadora do Inpe. Hackbart levanta dúvidas sobre a intensidade do próximo El Niño. “Alguns modelos e especialistas dizem que o próximo El Niño tem chances de ser forte. Nesse caso, as chuvas podem ser mais intensas e ajudar os reservatórios”, pondera.

Alto Tietê passa a cobrar empresas que captam ou poluem água da bacia

Alto Tietê passa a cobrar empresas que captam ou poluem água da bacia
27 de Março de 2014 • Atualizado às 12h09


Se uma grande empresa se beneficia de uma bacia hidrográfica ela deve pagar por isso correto? Com certeza, mas não é isso que acontece no Alto Tietê, onde as fábricas retiram água, despejam esgoto e saem ilesas. O comitê da bacia do Alto Tietê anunciou, na última quarta-feira (26), que as companhias responsáveis por tais práticas serão cobradas e terão que pagar.
O Sistema Produtor Alto Tietê consiste em um conjunto de cinco barragens (Ponte Nova, Paraitinga, Biritiba, Jundiaí e Taiaçupeba), que estão localizados entre as cidades de Suzano e Salesópolis. Com rios, represas e poços, a região abrange 36 cidades da Grande São Paulo mais a capital paulista.
Em dezembro, a água do Sistema Alto Tietê começou a ser remanejada para os locais que eram abastecidos pelo Cantareira, desde então mais de 11% de seu volume de água caiu. Com 37,8% de sua capacidade, o Alto Tietê está com o pior nível de volume armazenado em 10 anos para o mês de março.
O governo espera que seja arrecadado R$ 24 milhões ainda este ano e R$ 40 milhões até 2016, valor que, segundo a lei, deve ser destinado à recuperação da bacia hidrográfica em questão.
A cobrança pelo uso de recursos hídricos integra a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433/97. O valor é fixado a partir de um pacto entre os usuários da água, a sociedade civil e o poder público no âmbito dos Comitês de Bacia Hidrográfica, a este último compete propor os mecanismos e valores a serem adotados na sua área de atuação.
A Agência Nacional de Águas (ANA) afirma que a medida tem três objetivos: dar ao usuário uma indicação do real valor da água, incentivar o uso racional da água e obter recursos financeiros para recuperação das bacias hidrográficas do País. Segundo o órgão, no estado de São Paulo, além das bacias afluentes ao rio Paraíba do Sul e aos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, a cobrança já foi implementada nas bacias dos rios Sorocaba e Médio Tietê, Baixo Tietê e Baixada Santista.
“Precisamos lembrar que a água é um bem natural finito e essa cobrança chega atrasada na Região Metropolitana de São Paulo. Mundialmente, vários países já fazem a gestão dos recursos hídricos com a cobrança pelo uso da água”, afirma Luiz Roberto Gravina Pladevall, presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente (Apecs). Para ele, a cobrança ajudará no uso racional e, futuramente, na redução da escassez.
Vai sobrar até para o consumidor
O Alto Tietê afirma que, aproximadamente, 2,5 mil empresas têm permissão para fazer captação direta, entre elas há caminhões-pipa, hotéis, condomínios, shoppings e indústrias. Uma das empresas que retiram água desse sistema é a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que deve pagar até R$ 0,13 centavos por metro cúbico de água.
A cobrança será calculada de acordo com a soma do volume de água captado (R$ 0,01), do volume de água não devolvido (R$ 0,02) e da carga de poluentes despejada nos mananciais (R$ 0,10). O valor será repassado para o consumidor por meio da conta de água.
“Se nós fossemos ver o impacto por pessoa, nós teríamos R$1,85 por ano, por pessoa. Dividido por mês, nós teríamos R$0,15 por mês por pessoa. É um impacto lá na ponta, praticamente zero”, defendeu Edson Giriboni, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos.
Marcia Sousa - Redação CicloVivo

sábado, 19 de abril de 2014

Curso oferece capacitação de agricultores urbanos em Santo André (SP)

Curso oferece capacitação de agricultores urbanos em Santo André (SP)
26 de Março de 2014 • Atualizado às 14h17


Em 2013, o coletivo paulista “Projeto Células de Tranformação (CdT)” revitalizou a Praça Homero Silva, bairro da Pompeia, que, inclusive, foi renomeada pela comunidade como Praça da Nascente. A iniciativa consistiu na aplicação de agricultura urbana na região e contou com a ajuda de diversos voluntários que foram capacitados pelo grupo. Agora, o CdT lança a segunda edição do curso de capacitação.
Dessa vez parte, será beneficiada a região da sub-bacia de Taioca, divisa de Santo André e São Bernardo. Por meio da formação de 50 multiplicadores de agricultura urbana durante quatro meses, da revitalização de um espaço público, da relação com a comunidade local, e da criação de projetos coletivos, o projeto visa gerar territórios comunitários sustentáveis em meio a cidade, que se tornem modelos inspiradores e acessíveis a toda a população.
A região beneficiada possui grande riqueza biológica, principalmente na área do APA Estadual Haras São Bernardo - popularmente conhecido como Chácara Baronesa -, tombada nos anos 90 como patrimônio natural e cultural de interesse turístico, social e cientifico. É também esse espaço que cerca de 300 famílias ocupam, reivindicando seu direito à moradia.

Durante quatro meses – de abril a setembro-, os 50 participantes irão formar-se, de forma integrada e cooperativa, em técnicas da agricultura natural, agroecologia, bioconstrução e permacultura, e, ao mesmo tempo, para o olhar e habilidades múltiplas de pesquisa-ação participativa, co-criação, mobilização, comunicação comunitária e empreendedorismo, tornando-se assim plantadores de cidades.
Com carga horária total de 180 horas, o curso acontecerá no Jardim Las Vegas, em Santo André, no período de 08 de maio à 20 de setembro de 2014, todos os sábados, das 9h às 17h. Dia 8 de maio, excepcionalmente será a abertura do curso em uma quinta-feira e terão alguns módulos intensivos que terão duração de um fim de semana. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas por meio do preenchimento de formulário até dia 7 de abril. 

Paris limita circulação de carros em 50%

Paris limita circulação de carros em 50%
24 de Março de 2014 • 


Após tornar gratuitas as passagens em transportes públicos durante os finais de semana (veja aqui), Paris investiu na restrição aos carros para combater a poluição. A capital francesa iniciou na última semana um esquema de rodízio em que apenas 50% dos veículos podem trafegar diariamente.
A medida foi aplicada após a cidade atingir níveis de poluição muito altos, os piores desde 2007. O sistema de rodízio é semelhante ao que acontece na cidade de São Paulo, por exemplo. Porém, o modelo francês é ainda mais restritivo. Enquanto na metrópole brasileira são proibidos de circular a cada dia carros com dois finais diferentes em suas placas, na França cinco números são restringidos.
A proposta pretende reduzir em 50% a quantidade de carros trafegando diariamente. No entanto, a população não tem aceitado bem a medida. Muitos parisienses reclamaram da demora nos transportes públicos, se comparado a uma viagem feita de carro. “Eu demoro 20 minutos de carro e uma hora e meia no transporte público”, explicou Jean Sanglier, em declaração ao The Guardian.
Como a medida foi adotada mediante uma preocupação ambiental, algumas exceções foram abertas. Carros elétricos, híbridos, taxis e os veículos que transportam mais de três pessoas são considerados isentos do rodízio e podem trafegar normalmente.
Os motoristas que desrespeitarem a lei serão multados em até 22 euros. Para garantir que os infratores serão punidos, 700 policiais estão espalhados pelas ruas de Paris e 22 áreas são monitoradas.
Por Thaís Teisen - Redação CicloVivo

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Planeta já sofre impacto de mudanças climáticas

Planeta já sofre impacto de mudanças climáticas

Segundo relatório da ONU, demora em combater aquecimento global gera mais riscos e mais custos

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Mudança climática não é um problema para o fim do século. Acontece agora, causando impactos no ambiente e nos seres humanos em todos os continentes e através dos oceanos. No futuro, amplificará os riscos já relacionados ao clima e criará novas ameaças para os sistemas naturais e humanos. E, por enquanto, o mundo está muito pouco preparado para lidar com a situação.
Em poucas palavras, esse é o quadro pintado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) na segunda parte do seu quinto relatório, divulgado no domingo, 30, à noite (horário de Brasília), em Yokohama, no Japão.
A mensagem está presente no Sumário para Formuladores de Políticas, uma introdução não técnica do documento de mais de 2 mil páginas e 30 capítulos, que trata dos impactos, adaptação e vulnerabilidade às mudanças climáticas.
Com a constatação de que o mundo já está pagando a conta pelas emissões desenfreadas de gases do efeito estufa ocorridas desde a Revolução Industrial, o relatório aponta que ainda há oportunidades para lidar com os riscos. Na maior parte dos casos, medidas sérias de adaptação podem fazer com que riscos que seriam de alto nível, se nada for feito, sejam médio ou baixo.
No entanto, quanto mais tempo se levar para fazer isso, a dificuldade vai aumentar, assim como os custos. "Magnitudes crescentes de aquecimento aumentam a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis", afirma o sumário. E haverá um limite além do qual talvez não haja mais o que fazer.
"A mensagem mais importante do relatório é que a gestão da mudança climática é um desafio de gerenciamento de riscos. Vemos uma ampla gama de possíveis resultados - alguns deles muito sérios. E vemos as mudanças climáticas interagindo com outros fatores, muitas vezes agindo como multiplicador das ameaças", disse ao Estado o pesquisador americano Chris Field, co-chair do Grupo de Trabalho 2, que elaborou o texto.
"O problema real não é se teremos 2ºC ou 3ºC de aquecimento, mas se uma seca, por exemplo, vai aumentar a propensão a incêndios - que, uma vez que começam, se estendem por milhares de quilômetros quadrados. É uma questão de gerenciamento de risco."
O relatório destaca experiências feitas ao redor do mundo, mas em escala muito pequena. "As pessoas tendem a pensar que um passo gigante vai resolver tudo. Porém, talvez sejam necessários 500 pequenos passos."
Dimensão humana
Os impactos já observados afetam a agricultura, a disponibilidade de água, a saúde humana, os ecossistemas no continente e nos oceanos, e alguns modos de vida. Em geral, os problemas têm ocorrido em todo o mundo, sejam países ricos ou pobres, mas o grau de vulnerabilidade varia.
Ao longo do século 21, as mudanças climáticas podem "desacelerar o crescimento econômico, fazer com que a redução da pobreza seja mais difícil, erodir ainda mais a segurança alimentar e criar novas armadilhas da pobreza, particularmente nas áreas urbanas e pontos onde há muita fome", diz o relatório.
Segundo Field, ao contrário dos textos anteriores do IPCC, este teve um foco maior na "dimensão humana". "Mais atenção sobre como as pessoas serão afetadas pode ajudar a garantir que elas saiam de uma condição de fome ou violência e tenham uma vida mais confortável."
A iniciativa foi bem recebida por ONGs ambientalistas que acompanharam os trabalhos na semana que passou.
Um dos temas aprofundados foi a segurança alimentar. Em 2007, o IPCC colocava, por exemplo, a possibilidade de que regiões mais altas e frias poderiam se beneficiar se tornando mais aptas para a agricultura - o que talvez compensasse perdas em outras regiões. Agora, o texto é claro em mostrar que o que temos visto são apenas impactos negativos. E destaca a relação mais abrangente do problema, relacionado com o aumento de preços dos alimentos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Controle Operacional das emissões atmosféricas

Controle Operacional das emissões atmosféricas, artigo de Roberto Naime

Publicado em abril .., 2014 por 
emissões atmosféricas

[EcoDebate] O controle das emissões atmosféricas, ao contrário dos efluentes líquidos e resíduos sólidos, encontra um grande problema com os custos dos sistemas e a ausência de grande número de empresas e organizações com capacidade técnica e científica, além de equipamentos, para realizar este tipo de controle.
Mas de qualquer forma os componentes de emissões atmosféricas não devem ser negligenciados e mais cedo ou mais tarde haverão no pais grande número de empresas e instituições com capacidade técnica e competência para a execução destes tipos de controles.
No estado de São Paulo e nos maiores centros a realidade tende a ser menos carente do que nos pequenos e mais distantes estados ou centros urbanos.
Para as emissões atmosféricas deve ser detalhado o programa de monitoramento contínuo, a fim de promover o efetivo controle das emissões aéreas nas principais fontes estacionárias.
Da mesma forma que nos efluentes líquidos, devem ser organizadas e codificadas as informações sobre abreviaturas, métodos de análise e outras, que facilitem a socialização das informações e eficiência dos trabalhos.
São documentos de referência comuns nesta área:
  • Efeitos ambientais gerados pelas emissões atmosféricas;
  • Métodos de Determinação de Material particulado em Dutos e Chaminés;
  • Método de determinação de Cloro Livre e Ácido clorídrico em Dutos e Chaminés;
  • Métodos de determinação de enxofre total reduzido (TRS) em Dutos e Chaminés;
  • Método de determinação de Dióxido de Enxofre em Dutos e Chaminés.
Também deve ser criado o programa de monitoramento e os resultados apresentados em Boletim de Análise de Emissões Atmosféricas.
Estas informações em geral são informadas em relatórios aos órgãos ambientais, constando em geral de procedimento normatizado na própria Licença Ambiental.
Mesmo com as dificuldades financeiras, técnicas e operacionais, existe uma tendência inequívoca de que estes fatores sejam suplantados num horizonte razoável de tempo e os controles e monitoramentos atmosféricos possam ser procedidos e executados dentro de parâmetros de normalidade como atualmente já ocorre com as análises físico-químicas de água e a caracterização dos resíduos sólidos em geral segundo as normas previstas pela NBR 10.004.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 01/04/2014

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Brasil nega proposta para proibir testes em animais

Brasil nega proposta para proibir testes em animais

União Europeia, Índia e Israel já baniram a realização de testes de cosméticos em animais e, recentemente, EUA, Austrália e Nova Zelândia criaram propostas legislativas para proibir a prática na indústria da beleza. Mas o Brasil parece estar indo na contramão desse movimento mundial

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Débora Spitzcovsky
Planeta Sustentável -2014
Reprodução/HSI
Coelhos e roedores são os animais mais usados pela indústria de beleza para testes de toxicidade oral, cutânea e ocular. Os animais não recebem nenhum alívio da dor e são sacrificados ao final do ensaio por ruptura do pescoço ou asfixia

Em reunião em Brasília, na última quinta-feira (20), o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que pertence ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT), negou proposta apresentada pela ONG Humane Society International (HSI) para acabar, de uma vez por todas, com os testes de cosméticos em animais.

De acordo com a organização, esse tipo de procedimento em bichos é antiético, uma vez que causa dor aos animais em nome do consumo de produtos dispensáveis, e pode ser substituído por outras técnicas, que já são adotadas por empresas da indústria da beleza que se desassociaram desse tipo de prática.

No entanto, apesar do parecer técnico que provava a viabilidade da proibição e de petição com dezenas de milhares de assinaturas, o Concea não aprovou a proposta, cuja votação havia sido prometida para outubro.

O Conselho preferiu propor novo regulamento geral que obriga os laboratórios a utilizar alternativas para testes em animais, cinco anos depois de serem validadas pelo governo. Segundo a HSI, a medida é um retrocesso, uma vez que essa regra já existe no Brasil desde 1998, com uma diferença: antes da nova decisão do Concea, ela deveria ser cumprida pelos laboratórios imediatamente após a validação do método alternativo, e não no prazo de cinco anos.

"Dois terços dos brasileiros apoiam a proibição dos testes e 170 membros do Congresso Federal também defendem a ideia. É uma vergonha que os reguladores brasileiros não consigam respeitar a opinião da população e de seus representantes, que manifestaram de forma consistente sua forte oposição aos testes em animais para a indústria da beleza", diz Helder Constantino, porta-voz brasileiro da campanha Liberte-se da Crueldade, da HSI. Agora, a organização pede apoio ao ministro da Ciência e Tecnologia, Clélio Campolina Diniz, para intervir na decisão do Concea.

Enquanto o governo não bane a prática, as atitudes dos consumidores têm grande peso. Assista, abaixo, à animação em português que a HSI fez para conscientizar as pessoas a respeito das crueldades que podem estar por trás dos produtos de beleza que são levados para casa. A organização ainda possui campanhas parecidas em outros países, como Austrália, China, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Rússia.

Transforme cascas de laranja em velas

Transforme cascas de laranja em velas
e Março de 2014 • Atualizado às 17h28


Transformar a casca da laranja em vela é um experimento científico, mas também é uma opção de artesanato sustentável. A sugestão que o CicloVivo traz foi ensinada inicialmente no site Manual do Mundo e é muito simples de ser colocada em prática.
Material necessário:
- Laranja
- Óleo de cozinha
- Faca
- Tesoura
- Isqueiro
Como fazer:
O primeiro passo é cortar a laranja, que será a fôrma para a vela. A indicação é que ela seja cortada ao meio. No entanto, o corte pode variar de acordo com o tamanho escolhido para a vela.
Depois disso é necessário retirar a polpa. Use uma tesoura para fazer os cortes ao redor do miolo branco central e nas laterais, entre a casca e a polpa. Feito isso será muito mais fácil retirar toda a polpa com o dedo mesmo. Tenha cuidado para que o miolo permaneça intacto, pois ele servirá como pavio.
A segunda etapa consiste em deixar a laranja secando. O ideal é deixá-la exposta ao sol por dois dias, para que seque bem, pois a umidade impedirá que ela funcione da maneira adequada.
Para finalizar a vela é necessário encher a laranja com óleo, deixando apenas três centímetros de “pavio”. Depois que o óleo subir, em consequência do efeito chamado de capilaridade, você pode acender a vela. Com este combustível elas podem permanecer iluminadas por até seis horas, mas pode ser acrescentado mais óleo para estender este tempo. É um pouco difícil acender o miolo, por isso tenha cuidado ao manusear o isqueiro.

Mudanças Climáticas 2014: Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade

Mudanças Climáticas 2014: Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade. Os impactos das mudanças climáticas região por região

Publicado em abril , 2014 por 
  
IPCC 2014 - Sumário

O impacto das mudanças climáticas no mundo varia substancialmente por regiões, como se deduz das previsões de um grupo de cientistas das Nações Unidas publicadas em um relatório nesta segunda-feira. O documento [Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability] forma parte da quinta revisão de dados do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre as Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), criado em 1988. Matéria daAFP, no UOL Notícias.
O documento identifica os principais desafios de cada região (em matéria de acesso à água, de desastres naturais, de produção de alimentos, etc). Também detalha as opções para enfrentá-los e o nível de risco de um aumento de temperaturas que em 2100 pode chegar a 2ºC ou 4ºC em relação à era pré-industrial, segundo as políticas que forem adotadas frente as mudanças climáticas.
AMÉRICA DO SUL E AMÉRICA CENTRAL
Desafio: escassez de água em áreas semiáridas, cujo abastecimento depende das geleiras
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: melhorar a distribuição de água e a exploração da terra
Desafio: inundações em áreas urbanas devido a grandes chuvas
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: melhorar a luta contra as inundações urbanas, assim como os sistemas de alerta e prevenção e os alertas meteorológicos
Desafio: menos produção alimentar e de menor qualidade
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: desenvolver cultivos resistentes à seca
AMÉRICA DO NORTE
Desafio: incêndios em ecossistemas e em áreas residenciais
Risco: muito alto com elevações tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: melhorar as medidas de prevenção de incêndios
Desafio: mortalidade provocada por ondas de calor
Risco: alto com crescimento de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: instalar sistemas de ar condicionado, construir centros de acolhida climatizados para as populações mais vulneráveis
Desafio: danos e prejuízos em infraestruturas e edifícios
Risco: alto, com subidas de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: instalar sistemas de drenagem que permitam levar as águas pluviais ao subsolo
ÁFRICA
Desafio: escassez de água
Risco: alto com subifa de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: evitar o desperdício de água
Desafio: escassez de alimentos
Risco: muito alto com subida tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: desenvolver cultivos resistentes à seca, ajudas para os agricultores
Desafio: doenças transmitidas por mosquitos e que surgem em zonas úmidas
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: sistemas de alerta
EUROPA
Desafio: inundações de bacias fluviais e de zonas costeiras
Risco: médio com alta de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reforçar a proteção contra as inundações
Desafio: escassez de água em regiões secas
Risco: alto com 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reduzir o desperdício de água, incluindo a irrigação
Desafio: grande calor e aumento da poluição
Risco: alto com subida de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reduzir as emissões para melhorar a qualidade do ar e adaptar as casas e locais de trabalho
ÁSIA
Desafio: inundações de casas e infraestruturas terrestres
Risco: alto com subida de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: edifícios mais resistentes e relocalizações seletivas da população
Desafio: mortalidade devido ao calor
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: fortalecer os sistemas de saúde, melhorar o planejamento urbano para reduzir o impacto das ondas de calor
Desafio: desnutrição causada pelas secas
Risco: médio com aumento de 2ºC e alto com 4ºC
Opções: aumentar a vigilância do fornecimento alimentar, melhorar os preparativos contra desastres naturais
AUSTRALÁSIA
Desafios: danos nos arrecifes de corais e, na Austrália, desaparecimento de certos animais e plantas
Risco: alto com subida de 2ºC e muito alto com 4ºC
Opções: reduzir a pressão sobre os ecossistemas provocada pela poluição, o turismo e as espécies invasoras
Desafio: inundações e perda de infraestruturas nas costas devido ao aumento do nível do mar
Risco: médio com aumento de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: melhor uso de terras para reduzir a exposição às inundações e à erosão costeira
PEQUENOS ESTADOS INSULARES
Desafio: perda de casas, de terras agrícolas e de infraestruturas devido ao aumento do nível do mar e das tempestades.
Risco: alto com subida de 2ºC e muito alto com 4ºC
Opções: aumentar as proteções costeiras e melhorar o uso de recursos marítimos e terrestres
Desafio: perdas de terras em áreas costeiras por uma combinação de níveis elevados do mar e de tempestades
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: proibição de construir novos edifícios em áreas de risco
REGIÕES POLARES
Desafio: riscos para os ecossistemas devido às mudanças no permafrost (terras geladas), precipitações de neve, gelo
Risco: alto com subida de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reforçar o controle de riscos, caçar espécies diferentes se for possível
Desafio: Insegurança alimentar
Risco: muito alto com 2ºC e 4ºC
Opções: melhorar os sistemas de vigilância, concentrar recursos, afastar os assentamentos humanos
Desafio: Impacto nas comunidades asiáticas se a mudança climática ocorrer muito rapidamente
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: melhorar as comunicações, a educação, encorajar a cogestão de ecossistemas
OCEANOS
Desafio: declive da pesca em baixas latitudes
Risco: médio com subida de 2ºC, alto com 4ºC
Opções: gestão flexível dos recursos, expansão dos aquacultivos
Desafio: danos à biodiversidade em arrecifes de corais
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: reduzir outros impactos de origem humana como a poluição, o turismo e a pesca
Desafio: danos a ecossistemas costeiros, como os manguezais e as plantas marinhas, devido à erosão
Risco: alto com subida de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reduzir a erosão provocada pelo desmatamento
FONTE: Mudanças Climáticas 2014: Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade (sumário).

EcoDebate, 01/04/2014

quarta-feira, 16 de abril de 2014

IPCC: Mudança climática eleva riscos de conflitos e fome

IPCC: Mudança climática eleva riscos de conflitos e fome



Esse novo documento, publicado em Yokohama, em Tóquio, após cinco dias de reuniões, detalha de forma mais extensa o alcance do problema, que se acelerou a partir do século XX.
Fonte: Uol
O aumento das emissões de CO2 elevará durante este século os riscos de conflitos, fome, enchentes e migrações, informa o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado nesta segunda-feira (31).
“O aumento de temperaturas aumenta a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis”, em todo o mundo, alerta o quinto informe do IPCC.
Se não se conseguir estancar as emissões dos gases causadores do efeito estufa, o custo pode chegar a bilhões de dólares em danos a ecossistemas e a propriedades, além da necessidade de se criar sistemas de proteção dessas mudanças.
Os efeitos da mudança climática já começam a ser notados e vão piorar com cada grau centígrado de aumento da temperatura.
A Amazônia em perigo
A fome poderá ser especialmente severa nos países tropicais e subtropicais. A Amazônia é um dos ecossistemas que mais poderão ser prejudicados, juntos com os polos, os pequenos Estados insulares no Pacífico e os litorais marítimos de todos os continentes.
Bastante extenso, o informe detalha os efeitos por região. Nas Américas do Sul e Central, os desafios são a escassez de água em áreas semiáridas, as inundações em zonas urbanas superpovoadas, a queda da produção alimentar e de sua qualidade e a propagação de doenças transmitidas por mosquitos.
As cidades latino-americanas devem se preparar para modificar seus planos de urbanismo e de tratamento de água. A produção agrícola deverá se adaptar aos períodos de seca, ou de grandes chuvas, com grãos mais resistentes.
As zonas de mata virgem deverão manter afastada a pressão dos assentamentos humanos.
O documento é resultado de intensas deliberações entre centenas de cientistas desde que a comunidade internacional aprovou a criação do IPCC em 1988.
O informe “é um manual de instruções para se enfrentar a mudança climática, mas também representa um marco para entendê-la, para entender suas implicações”, explicou o co-presidente do IPCC, Chris Field, da Carnegie Institution.
A edição anterior, de 2007, valeu ao IPCC o Prêmio Nobel da Paz, mas seu sucesso e visibilidade não conseguiram mobilizar as consciências o suficiente. A reunião internacional de Copenhague, em 2009, que se dedicaria a obter um pacto contra a mudança climática, foi um estrondoso fracasso.
Esse novo documento, publicado em Yokohama, em Tóquio, após cinco dias de reuniões, detalha de forma mais extensa o alcance do problema, que se acelerou a partir do século XX.
As temperaturas vão subir entre 0,3ºC e 4,8ºC neste século, o que se soma ao 0,7ºC calculado desde o início da Revolução Industrial. Além disso, o nível dos mares aumentará entre 26 e 82 centímetros até 2100.
A alta das temperaturas reduzirá o crescimento econômico mundial entre 0,2% e 2% ao ano – calculam os cientistas. Nesse sentido, o IPCC reivindica um pacto mundial até o final de 2015 para limitar esse aumento a até 2ºC no século atual.
Riscos para a segurança
Os impactos aumentam com cada grau centígrado e podem ser desastrosos acima de 4ºC, adverte o texto.
A mudança climática pode provocar mais conflitos regionais, devido às migrações das populações afetadas pelas enchentes e à competição pelo monopólio de água e comida.
“A mudança climática tende a atuar como um multiplicador de ameaças”, disse Field.
“Há muitas coisas que fragilizam as pessoas, e quando você combina um choque climático com esses fatores, os resultados podem ser ruins”, alertou.
Na Europa e na Ásia, é provável que as temporadas e o volume de chuva sofram mudanças dramáticas. Isso terá um impacto nas colheitas de trigo, arroz, ou milho, por exemplo. Espécies de plantas, ou de animais, poderão desaparecer.
Os países pobres serão, contudo, os que vão sofrer as mais graves consequências desse novo cenário.
O relatório garante que o aquecimento global é irreversível, mas que pode ser reduzido drasticamente, se o ser humano controlar as emissões de CO2. Algumas medidas que podem ser aplicadas de imediato são “baratas e fáceis”, como reduzir o desperdício de água, ampliar as áreas verdes nas cidades e proibir assentamentos humanos em zonas de alto risco.

Postado por Daniela Kussama