quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Serra da Capivara, habitada 50 mil anos, é tema de exposição e palestra

Serra da Capivara, habitada 50 mil anos, é tema de exposição e palestra

    Paulo de Araújo/MMANiège Guidon (E) e Izabella: população local é beneficiadaNiège Guidon (E) e Izabella: população local é beneficiada
    Campanha divulga parque nacional no Piauí. Meta é atrair 6 milhões de visitantes 

    LUCIENE DE ASSIS

    A Serra da Capivara, no Piauí, que virou parque nacional, tem uma história ancestral milenar. Registros históricos da região mostram que, há mais de 50 mil anos, os brasileiros já deixaram ali vestígios de sua vida de luta pela sobrevivência, contados, agora, em duas exposições e dez conferências, que começaram na noite desta terça-feira (01/10). A mostra e o ciclo de palestras acontecem no Espaço Israel Pinheiro (EIP), Praça dos Três Poderes, em Brasília, das 10h às 18h, de segunda a domingo, seguindo até 15 de dezembro. 

    O evento “Exposições e Ciclo de Conferências Serra da Capivara: os brasileiros com mais de 50 mil anos” é aberto à visitação pública e terá a participação de especialistas internacionais nos assuntos relativos ao Parque Nacional Serra da Capivara. A área, considerada Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), abriga um dos mais ricos sítios arqueológicos do planeta. Os visitantes terão acesso a uma exposição contendo peças da coleção do Museu do Homem Americano, localizado na cidade piauiense São Raimundo Nonato, além de objetos de cerâmica, feitos pelos moradores das proximidades do Parque.

    A presidente da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham), Niège Guidon, é a principal responsável pelo desenvolvimento da região, ao instalar o museu e uma faculdade de arqueologia, além de escolas de níveis fundamental e técnico, com o apoio das embaixadas da Itália, França, Alemanha, Suécia e da própria Unesco. Toda essa infraestrutura, segundo Niège Guidon, permite uma intensa atividade científica em toda a área do parque. “A pesquisa na região é diária, feita por especialistas brasileiros e cientistas de universidades estrangeiras”, afirmou.

    DIGNIDADE

    A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, elogiou os esforços de todos os envolvidos no projeto. Ela ressaltou que a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, hoje, estimula atividades geradoras de renda para os moradores da região, inserindo-os num processo de inclusão econômica e social, que garante dignidade, inclusão e a permanência das pessoas na terra em que sempre viveram. A ministra lembrou que o Brasil tem o maior sistema de áreas protegidas do planeta e é o pais que mais faz em benefício da biodiversidade e dos seus ecossistemas.

    A exposição mostra aspectos da Serra da Capivara, que incluem a natureza local, os descobrimentos arqueológicos e paleontológicos e outros detalhes que testemunham a presença de homens e animais pré-históricos de mais de 50 mil anos. A exposição apresenta peças da fábrica de cerâmicas da Serra da Capivara, projeto responsável pela geração de renda para as famílias que moram nas áreas vizinhas ao parque nacional. Algumas dessas peças já são comercializadas até por redes supermercado. As peças expostas em Brasília estarão à venda.

    PATRIMÔNIO

    O ciclo de dez conferências sobre as descobertas e a importância do parque foi organizado por várias instituições e terá na pauta das discussões temas atuais sobre arqueologia, turismo, gestão de áreas protegidas, gestão de patrimônio natural e inclusão produtiva de populações vizinhas. Serão realizadas semanalmente, sempre às quartas-feiras, das 18h às 21h30, no auditório do EIP.

    São parceiros na organização do evento o ICMBio, União Europeia, Fundação do Homem Americano (FUNDHAM), Unesco no Brasil, governo do Piauí; as representações da Alemanha, da Embaixada da França e da Embaixada da Suécia no Brasil; e o Espaço Israel Pinheiro. Veja, no link, os temas das conferências no programa detalhado. 

    A SERRA 

    Ocupando área de 129 mil hectares, o Parque Nacional da Serra da Capivara, criado em 5 de junho de 1979, é uma unidade de conservação de proteção integral e está localizada nos municípios piauienses de Brejo do Piauí, Coronel José Dias, João Costa e São Raimundo Nonato. A paisagem atual da região é formada por planaltos, serras e planícies. 

    Há nove mil anos, o clima da região era tropical úmido, o planalto era coberto pela Floresta Amazônica e a planície, pela Mata Atlântica. Algumas espécies animais e vegetais desses dois biomas subsistem até hoje nos vales mais úmidos e protegidos. O parque ocupa uma das regiões de maior concentração de áreas arqueológicas do país, com seus desenhos pré-históricos, com 737 sítios catalogados, onde foram encontrados esqueletos humanos, pinturas rupestres com cerca de 30 mil figuras coloridas representando cenas de sexo, dança e parto, entre outras. 

    TURISMO

    Ao longo de 14 trilhas e 72 sítios arqueológicos abertos à visitação, encontram-se tesouros, como os pedaços de cerâmicas mais antigas das Américas, datados de 8.960 anos. No circuito dos Veadinhos Azuis existem quatro sítios com pinturas azuis, as primeiras desta cor descobertas no mundo. 

    As pinturas rupestres são a manifestação mais abundante, conspícua e espetacular deixada pelas populações pré-históricas que viveram na área. Trata-se do único Parque Nacional no domínio das caatingas, o que ressalta a necessidade de conservação e restauração da flora e da fauna específicas. E, devido ao potencial turístico da região, a expectativa de Niège Guidon é de receber 6 milhões de visitantes ao ano, depois que o aeroporto da cidade de São Raimundo Nonato estiver concluído.


    ‘Mundo não se importa se pessoas morrem buscando liberdade’, diz Papa

    Em visita a Assis, Francisco recorda os mortos do naufrágio em Lampedusa e segue os passos do santo que inspirou a escolha de seu nome

    • Ele defendeu uma Igreja solidária com deficientes e marginalizados
    O GLOBO (EMAIL)
    COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
    Publicado:
    Atualizado:
    ASSIS, Itália - O Papa foi a Assis, na Itália, nesta sexta-feira, na data em que os católicos comemoram o dia de São Francisco de Assis, para uma peregrinação na cidade do santo que inspirou a escolha de seu nome. Ele rezou no túmulo de São Francisco, o frade do século XIII que renunciou a um rico estilo de vida para abraçar uma vida de pobreza e se tornar ministro dos mais necessitados. Durante a visita, o Pontífice recordou as vítimas do naufrágio próximo à ilha italiana de Lampedusa na quinta-feira, que deixou ao menos 111 mortos.
    O Papa defendeu uma Igreja solidária com os deficientes e as pessoas marginalizadas. Ele pediu aos católicos que se inspirem no modelo de São Francisco e exortou a Igreja Católica, do sacerdote mais modesto ao próprio Pontífice, a se livrar de toda “vaidade, arrogância e orgulho” e a servir humildemente aos membros mais pobres.- Hoje é um dia de lágrimas. O mundo não se importa se as pessoas fogem da escravidão, da fome, buscando a liberdade e muitas vezes encontram a morte, como aconteceu ontem em Lampedusa - lamentou o Pontífice.
    - Essa é uma boa ocasião para convidar a Igreja a se livrar do materialismo - disse o Papa em um aposento que marca o lugar onde São Francisco despiu-se quando jovem, renunciando à riqueza de sua família, e resolveu servir aos pobres. - Há um perigo que ameaça qualquer um na Igreja, todos nós. O perigo do materialismo. Ele nos leva à vaidade, à arrogância e ao orgulho.
    Como vem fazendo frequentemente, Francisco falou de improviso depois de deixar de lado versões preparadas de dois discursos, claramente sensibilizado pelas pessoas pobres e doentes presentes. Ele condenou o espírito mundano que chamou de “lepra, câncer da sociedade, que mata a Igreja”.
    - O cristianismo sem a cruz, sem Jesus, é como uma padaria, um lindo bolo - completou.
    A visita de dez horas, de grande valor simbólico, permitirá ao Papa desenvolver suas ideias sobre o desejo de construir uma Igreja simples. Na primeira visita do dia, ao Instituto Católico de Atendimento aos Deficientes Físicos e Mentais Serafico, ao pé do Monte Subiaco, o Papa saudou 80 pacientes, um a um, com palavras e gestos de carinho. Também estava previsto na programação um almoço do Pontífice com os sem-teto do Centro Caritas, próximo à Estação Ferroviária de Assis.
    Francisco, o primeiro Papa não europeu em 1.300 anos e o primeiro da América Latina, formou três comissões para assessorá-lo na missão de tornar o Vaticano mais transparente, principalmente com relação a suas transações financeiras. Ele também disse que conventos e monastérios católicos vazios deveriam ser abertos para abrigar imigrantes e refugiados.

     em http://oglobo.globo.com/mundo/mundo-nao-se-importa-se-pessoas-morrem-buscando-liberdade-diz-papa-10248379#ixzz2h91fgEUQ 

    Como ser ouvido?

    E como todos estão tão ocupados e presos às suas subjetividades — falamos, fazemos e planejamos, mas não ouvimos

    ARTIGO - ROBERTO DAMATTA
    Publicado:
    Naquele encontro do bem-sucedido governador progressista com lideres estudantis, alguns altamente ambiciosos, outros tocados pela curiosidade, Frederico percebeu que era só o cara que falava. Falava alto, falava de modo pausado, falava simples; suas palavras seduziam todo mundo, mas ele não ouvia.
    Frederico, meu amigo e também estudante de História, era o único inconformado. O não ouvir era um protocolo. Todo o grupo foi avisado por um ajudante de ordens que Frederico antipaticamente chamou de “puxa-saco profissional” que estávamos ali para ouvir, não para falar. O “governador” admitia somente perguntas rápidas e objetivas, jamais “questionamentos”.
    E assim foi. “Os poderosos não ouvem!”, disse-me Frederico outro dia numa breve e arriscada visita que fez à minha casa em Niterói. Levou 3 ou 4 horas do Baixo Gávea ou do Alto Leblon (eu tendo a me confundir com as hierarquias dos bairros dessa cidade altamente democrática que é o Rio de Janeiro), onde reside. “No Brasil, uma prerrogativa do poder é não ouvir. Você pode medir numa escala: quanto menos espera, menos ouve, mais faz esperar, mais é capaz de prorrogar e mais fala — mais poder!”
    “E Deus”, perguntei provocativamente, “ouve?”
    “Ele recebe muitas mensagens. Mais do que os bilhões de interceptações da National Security Agency do governo americano, mas, pelo visto, em vinte ou trinta anos haverá um empate. E olha que, como Deus, eles têm um arsenal de armas de destruição em massa!” — ponderou um Frederico agora careca, trêmulo e totalmente míope.
    “Como assim?”
    “Você se lembra daquele nosso encontro com o governador nos anos sessenta? Pois então. Eles não respondem porque são envolvidos em pedidos e coagidos por favores. Recebem tantas mensagens que não têm como respondê-las. O volume de comunicação em rede os aprisiona a um perpétuo imediatismo. Sabem tudo, ouvem tudo, mas não têm tempo para escutar...”
    “Como assim?” — reiterei.
    “Deus, por exemplo, recebe milhões de pedidos de milagre e de perdão. Mas apenas dúzias de arrependimentos. Hoje rezam mais para o Diabo. Deus sofre com uma brutal indiferença. Já os poderosos recebem pedidos instrumentais de emprego e negociatas. Em geral, eles fingem e mentem, discursando sem parar.”
    “Mas Deus escuta!”, disse uma voz pequenina que saía de dentro de mim e eu mesmo não sabia donde.
    “Ah! Essa é a diferença!” — animou-se Frederico. “Deus sempre ouve os angustiados. Os que chegam no fundo do poço. Mas os políticos e os poderosos não ouvem — a menos que se sintam ameaçados.”
    O mundo vai se acabando e nós falamos do trivial variado. Discutimos se vamos comer carne ou salada enquanto a temperatura da Terra está próxima do insuportável. Cientistas apelam aos poderosos e eles não ouvem.
    Deveriam apelar para Deus por meio de um telescópio eletrônico?
    Dick Ranger, cientista atômico e cosmógrafo internado num manicômio em 1955, no estado de Oklahoma, propunha que Deus seria visto não por telescópios, mas por microscópios. Ele estaria no infinitamente pequeno e não no grandiosamente enorme. Seria o caso?, pergunta o meu lado adolescente que guardou essa possibilidade de um Gibi. Afinal, Deus estaria no fundo invisível de cada um de nós. Tão pequeno que jamais seria visto ou ouvido. Sua imagem como um ser enorme e abrangente é uma óbvia projeção do poder, nosso imenso poder tecnológico com seu lado construtivo e destrutivo. A conectá-los, há uma liminaridade positiva que junta o corpo com a alma e uma outra, negativa, que engendra a indiferença ou o nosso famoso e humaníssimo “deixa prá lá...”
    Seria o tal Leviatã um mero dragãozinho de livro de Harry Potter?
    Que ninguém, contudo, se iluda. O alta temperatura revela a agonia de uma Terra torturada pelos seus filhos.
    E como todos estão tão ocupados e presos às suas subjetividades — falamos, fazemos e planejamos, mas não ouvimos.
    “Como salvar um mundo que jamais teve uma alma?”, repete Frederico. “Se as ideias nada mais são — como dizem os mestres da sociologia — do que uma representação de interesses, então o Deus dos Puritanos que inventaram o capitalismo sem querer exprime a irracionalidade e o anonimato do mercado. Se Nietzsche falava do cristianismo como um mero reflexo do ressentimento dos escravos, seria preciso avançar mais na destruição da Terra para que ela possa ser salva. A gente só ouve depois do desastre.” Frederico — meu velho ex-colega e companheiro de pesquisa — cala-se e toma um gole de cerveja.
    Sim, mas talvez antes do fim inexorável de tudo, como sábia e melancolicamente diz Lévi-Strauss no final das suas extraordinárias “Mitológicas”, apareça o inesperado decorrente de todos os nossos “projetos individuais”, como gostava de dizer um saudoso Gilberto Velho.
    E, dessas contradições, talvez nos venha a roupa para esse Homem que se vê cada vez mais nu.
    Roberto DaMatta é antropólogo


     em http://oglobo.globo.com/opiniao/como-ser-ouvido-10220073#ixzz2h90W01gV 

    Uma cidade é uma cidade...é uma paixão. (Londres)

    Uma cidade é uma cidade...é uma paixão. 

    Por que amo tanto Londres? Somos tolerantes com umas cidades e intolerantes com outras. O que explica isso é...não sei. DE LONDRES 



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    Os parques londrinos, bem no meio da cidade, são insuperáveis. Um luxo. Como o Hyde Park (Foto: Ruth de Aquino)
    É sempre assim quando chego a Londres, de trem ou avião. A ternura me invade quando vejo os parques que mudam de cor com as estações, as casas de tijolinho e as bay-windows, as chaminés ativas ou não, as nuvens que dançam com o vento da ilha, os punks e as velhinhas, os patos de cabeça verde e os imensos cisnes contorcionistas nos lagos, os gatos bem nutridos nas ruas, os pubs exibindo jardineiras tão floridas que chegam a ser kitsch, o Tube (metrô) com trens antigos e novos, todos coloridos.

    O cisne contorcionista (Foto: Ruth de Aquino)

    Em fila, organizadas. Até as aves são assim. (Foto: Ruth de Aquino)
    Os indianos, os jamaicanos, os africanos, os árabes - e até os ingleses - misturados nos ônibus vermelhos de dois andares. Os shows ao ar livre. A pint Guinness na pressão, tirada aos poucos, cremosa. A imprensa metendo o pau no filme sobre a princesa Diana com a Naomi Watts. Ou fritando a nova namorada do príncipe Harry. O frisson com a volta do seriado Downton Abbey, no último domingo. A moda de rua, criativa e doida como só ali, num país que não se curvou ao euro e chama "a Europa" de “o continente”. E também dirige do outro lado da rua.
    Cidades, todas elas, são aglomerações. De ruas, casas e pessoas. O que nos faz amar algumas cidades quase incondicionalmente? Por que somos tão tolerantes com umas, tão exigentes com outras? O vento e a chuva são só detalhes numa. São insuportáveis em outra. Na cidade-paixão, o metrô cheio nos faz observar os outros, escutar os diálogos, esquecer a vida num livro ou pensar em pessoas queridas. Na outra cidade, aquela que a gente não ama, o metrô cheio nos faz maldizer a vida, os minutos tornam-se eternos e os olhares parecem hostis.
    Fui para Londres quando tinha 22 anos. Fui mesmo, por três anos. A paixão foi at first sight, à primeira vista. Formada em inglês americano, não entendia uma palavra do que se falava. Reaprendi na casa de um professor inglês que detestava os Tories (conservadores), votava no Labour (os trabalhistas), morava em West Hampstead, tinha um gato e vestia um suéter puído,  mais por gênero do que por necessidade.
    Trabalhei no serviço brasileiro da BBC num tempo em que se editava fita de entrevista com gilete, colando com fita adesiva fininha. Um trabalho manual anulando tosses, hesitações e redundâncias dos entrevistados. Falando ao vivo de madrugada (noite no Brasil). Morei no Norte de Londres, em Hampstead, onde Freud também deixou uma casa que hoje é museu. E perto de onde Marx foi enterrado.
    Ainda havia fog das chaminés e as luzes dos lampiões eram todas amarelas, como nos filmes de Hitchcock. Tive um gato preto de olhos verdes que se chamava “gato” (gá-ttou) – um nome que o veterinário me pediu para soletrar (dgi-ei-ti-ou) e que ele achou "exótico" por desconhecer o significado.
    Chá earl grey com leite sem açúcar passou a ser um hábito vespertino para sempre, em qualquer lugar que eu estiver no mundo. Tea é melhor acompanhado de scones, bolinhos com passas.
    Fiz dança moderna e teatro com uma professora austríaca que tocava piano, adorava a Bahia e o som da cuíca. Cortava caminho atravessando um parque para ir dançar, antes de saber pelas colegas do risco de estupros em parques desertos. Procurava orelhões enguiçados para telefonar à família no Brasil – era só ver a fila de estrangeiros para saber que, naquela cabine, não precisava gastar nenhum penny em telefonema internacional.
    No inverno, a escuridão me surpreendeu, mais que o frio. Escorreguei no gelo na ladeira em frente de casa, tive tanta dor nas costas que a médica diagnosticou erradamente meningite ou “alguma doença tropical” por eu ser brasileira, mas o problema era o casaco pesado de lã de carneiro comprado de segunda mão na feira de Portobello. A greve de mineiros e de lixeiros sacudiu o país. Margaret Thatcher foi eleita após “o inverno do descontentamento”. 
    Na primavera e no verão, tomava sol de calcinha e sutiã no jardim perto da BBC com outras moças, no intervalo do almoço. E nadava nos lagos frios. Vi Hair, vi Bolero com a trupe do Béjart, comandada pelo estupendo bailarino Jorge Donn, vi a primeira montagem de The Wall com Pink Floyd. Tirei carteira de motorista britânica, viajei o país inteiro num Austin azul-marinho, dormindo em B&B (bed and breakfast), comendo English breakfast e porridge, o mingau de aveia deles. No outono, brincava de chutar as folhas amarelas, vermelhas e rosas e alimentava os esquilos.

    Lendo The Guardian (Foto: Arquivo pessoal)
    Muito mais aconteceu na minha primeira estada em Londres e não daria para contar num post. Você se cansaria de ler. Os ingleses me chamavam e me chamam até hoje de “darling” (os taxistas) – tão diferente de Paris! Adorava ser jornalista em Londres. O inglês dá entrevista com muito mais facilidade e profissionalismo do que o francês. Costumava achar que a cidade tinha os piores e os melhores jornais do mundo, vendidos na boca do metrô.
    Na primeira volta ao Brasil, em 1980, com 26 anos, eu chorava no avião, achando que nunca mais teria dinheiro para retornar a Londres. Um temor que se revelou infundado. Morei na cidade mais duas vezes, como correspondente e mestranda. Estive em Londres com os homens realmente importantes em minha vida. Entre eles meus dois filhos.
    Londres muda, se moderniza, é mais cosmopolita que nunca. Tudo eu tolero nessa cidade, mesmo as cafonices, as obsessões e as coisas fora do lugar. Da mesma forma que aceitamos - e até cultivamos - detalhes fora do padrão no homem ou na mulher amada. Sejam as dobras na barriga ou as pintas no rosto, um nariz grande ou pequeno demais, um queixo meio torto. Londres é paixão eterna.
    As fotos são da semana passada, quando a meteorologia previa chuva e deu sol - mas fazia frio mesmo sendo verão. O weather forecast não é mais o mesmo, mas os ônibus vermelhos ainda chegam nos horários marcados no ponto. A cerveja preta e stout Guinness, nos pubs tradicionais, ainda tem ali um sabor especial. Pelo menos para mim. Como somos tolos os apaixonados.


    Um pub de mais de 200 anos (Foto: Ruth de Aquino)

    quarta-feira, 9 de outubro de 2013

    Música e petiscos no Farol de São Thomé

    Música e petiscos no Farol de São Thomé

    Amanhã, dentro do projeto Farol de Todas as Estações, tem início o I Festival de Petiscos, na praia do Farol de São Thomé, que reunirá até o próximo dia 13, nomes consagrados da música popular brasileira, como Ivan Lins e Flávio Venturini, e da cozinha brasileira — entre outros os chefs Flávia Quaresma, Edu Guedes e Olivier Cozan. Nas últimas horas, a prefeitura trabalha na conclusão da infraestrutura do evento composta de uma grande tenda com nove espaços.
    Nas áreas anexas à tenda ficarão oito restaurantes. Outra será instalada no centro para as aulas-shows, sendo que este espaço contará com arquibancada para o público acompanhar a evolução do trabalho na cozinha — montagem dos pratos e informes sobre a culinária. Ainda dentro desta estrutura, espaços para palco — apresentação dos artistas —, praça de alimentação e área privativa para recepção às autoridades. A coordenação é da secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social.
    Programação – Na abertura, amanhã, show, às 23h, com Milton Guedes, sendo que antes, às 21h, acontece a aula com a chef Flávia Quaresma. Sábado (05), às 23h, apresentação do cantor e compositor Ivan Lins, enquanto que, às 18h, Edu Guedes, que tem participações regulares na TV Record, ensina como preparar pratos caseiros. À tarde, 15h, quem sobe o palco é o músico campista Dalton Freire, que tocará chorinhos e clássicos da música popular brasileira. Ao avaliar as providências tomadas pela prefeitura, a diretora de Turismo, Ana Néri Alvarenga, observou que todos os detalhes foram revisados: “O evento, com apoio do empresariado do Farol, tende a ser um grande sucesso”.
    No domingo, a atração artística está restrita ao Grupo Só Bamba que apresentará chorinhos a partir das 15h.  O festival tem continuidade a partir de sexta-feira (11) com o show, às 23h, da Banda 4 Ponto Zero, antecedida, às 21h, da aula do chef Gilson Surrage. Sábado (12) é a vez do compositor e cantor Flávio Venturini mostrar suas composições gravadas pelos mais importantes intérpretes da MPB. Antes, às 18h, aula de culinária com o chef Olivier Cozan. E, à tarde (15h), show com Ângela Naní. O festival se encerra no domingo (13) com show, às 15h, da sambista Lene Moraes.
    Entre os chefs da cozinha brasileira que estarão presentes ao festival na praia do Farol de São Thomé destacam-se, entre outros, Edu Guedes, formado em gastronomia em Bologna, na Itália, e um dos apresentadores do programa “Hoje em Dia”, da TV Record. Outro destaque, o chef Olivier Cozan, nascido na França, mas morando há duas décadas no Rio de Janeiro, vai ensinar a arte de misturar ingredientes num Crocante de Camarão com Manjericão, Tortilha de Camarão com Molho Rouville e Tortilha de Ceviche de Camarão ao Perfume de Coco. Para que tudo transcorra dentro do programado, a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo vem realizando reuniões com empresários dos setores gastronômico e hoteleiro visando os preparativos finais do evento. Eles já assinaram termos de Adesão e do Regulamento.
    FONTE :FOLHA DA MANHA .Celso Cordeiro Filho

    Áreas de Preservação Permanente Urbanas

    Áreas de Preservação Permanente Urbanas

    As Áreas de Preservação Permanente foram instituídas pelo Código Florestal (Lei nº 4.771 de 1965 e alterações posteriores) e consistem em espaços territoriais legalmente protegidos, ambientalmente frágeis e vulneráveis, podendo ser públicas ou privadas, urbanas ou rurais, cobertas ou não por vegetação nativa.

    Entre as diversas funções ou serviços ambientais prestados pelas APP em meio urbano, vale mencionar:
    • a proteção do solo prevenindo a ocorrência de desastres associados ao uso e ocupação inadequados de encostas e topos de morro;
    • a proteção dos corpos d'água, evitando enchentes, poluição das águas e assoreamento dos rios;
    • a manutenção da permeabilidade do solo e do regime hídrico, prevenindo contra inundações e enxurradas, colaborando com a recarga de aquíferos e evitando o comprometimento do abastecimento público de água em qualidade e em quantidade;
    • a função ecológica de refúgio para a fauna e de corredores ecológicos que facilitam o fluxo gênico de fauna e flora, especialmente entre áreas verdes situadas no perímetro urbano e nas suas proximidades,
    • a atenuação de desequilíbrios climáticos intra-urbanos, tais como o excesso de aridez, o desconforto térmico e ambiental e o efeito "ilha de calor".

    A manutenção das APP em meio urbano possibilita a valorização da paisagem e do patrimônio natural e construído (de valor ecológico, histórico, cultural, paisagístico e turístico). Esses espaços exercem, do mesmo modo, funções sociais e educativas relacionadas com a oferta de campos esportivos, áreas de lazer e recreação, oportunidades de encontro, contato com os elementos da natureza e educação ambiental (voltada para a sua conservação), proporcionando uma maior qualidade de vida às populações urbanas, que representam 84,4% da população do país.

    Os efeitos indesejáveis do processo de urbanização sem planejamento, como a ocupação irregular e o uso indevido dessas áreas, tende a reduzi-las e degradá-las cada vez mais. Isso causa graves problemas nas cidades e exige um forte empenho no incremento e aperfeiçoamento de políticas ambientais urbanas voltadas à recuperação, manutenção, monitoramento e fiscalização das APP nas cidades, tais como:

    • articulação de estados e municípios para a criação de um sistema integrado de gestão de Áreas de Preservação Permanente urbanas, incluindo seu mapeamento, fiscalização, recuperação e monitoramento;
    • apoio a novos modelos de gestão de APP urbanas, com participação das comunidades e parcerias com entidades da sociedade civil;
    • definição de normas para a instalação de atividades de esporte, lazer, cultura e convívio da população, compatíveis com a função ambiental dessas áreas;

    Além disso, a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano contratou a Universidade de Brasília para fazer o levantamento, em 700 municípios brasileiros, do percentual de áreas verdes e dos corpos d'água existentes nas áreas efetivamente urbanizadas e no seu entorno imediato, onde são exercidas as maiores pressões do processo de expansão urbana. O estudo visa conhecer a proporção de área urbanizada coberta por vegetação e o estado de conservação das APP em suas faixas marginais. A partir do conhecimento dessa realidade será possível subsidiar: a formulação de normas e parâmetros legais sobre o tema; o monitoramento e a definição de ações e estratégias da política ambiental urbana; os processos de decisão a fim de preservar as APP e evitar a sua ocupação inadequada; o apoio aos programas de prevenção de desastres; a avaliação de potencialidades e necessidades na recuperação e preservação das APP situadas em áreas efetivamente urbanizadas e de expansão urbana.

    Prefeitura de Campos assume aeroporto na próxima semana


    Foto de André Couto
    Foto de André Couto

    Em mais uma audiência com o ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, eu e a prefeita Rosinha Garotinho acertamos em receber o ministro, que irá pessoalmente a Campos dos Goytacazes, no próximo dia 11, para assinar o termo de outorga que municipalizará o aeroporto da nossa cidade, Bartolomeu Lisandro. O evento acontecerá no teatro municipal Trianon, às 11h.

    A municipalização do aeroporto de Campos vai gerar empregos e atrair investimentos para a cidade. Os números da INFRAERO revelam que a arrecadação com o aeroporto de Campos é irrisória em relação ao prejuízo que se tem para mantê-lo em funcionamento. Vamos virar esse jogo e modernizar o nosso aeroporto através do esforço da prefeita Rosinha e parceiros que queiram participar do projeto. 

    terça-feira, 8 de outubro de 2013

    Ar é o mais poluído dos últimos 800 mil anos

    Ar é o mais poluído dos últimos 800 mil anos


    Divulgado na última sexta-feira (27), o relatório produzido pelos especialistas do IPCC concluiu que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera é a maior em, pelo menos, 800 mil anos.  Segundo os pesquisadores, os índices do gás poluente aumentaram em 40% desde a era pré-industrial, devido, principalmente, à queima de combustíveis fósseis no mundo inteiro.
    O documento foi produzido em Estocolmo, pelos membros do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), que são especialistas ambientais das Nações Unidas. O relatório possui 36 páginas, e explica que, em todo este tempo, os oceanos absorveram boa parte do das emissões de carbono na atmosfera – o que, dentre outras características, também causou o aumento da acidez e diminuiu a capacidade de as águas regularem o clima em várias partes do mundo.
    Os especialistas do IPCC também notaram que, há pouco mais de 60 anos, as emissões vêm aumentando consideravelmente. "O aquecimento do sistema climático é inequívoco, e desde os anos 1950, muitas das mudanças observadas não têm precedentes em décadas ao milênio. A atmosfera e o oceano aqueceram, a quantidade de neve e gelo diminuiu, o nível do mar subiu e as concentrações de gases de efeito estufa aumentaram", resume o relatório.
    Conforme publicou recentemente o CicloVivo, o relatório responsabiliza o homem por boa parte das mudanças climáticas – eles advertiram, com 95% de certeza, que os humanos têm culpa pelo aquecimento global e pelos eventos climáticos extremos. Ao manter o ritmo atual de emissões, os especialistas do IPCC também acreditam que as temperaturas podem aumentar em 2ºC até o fim do século. Com informações do Estadão.
    Aprenda duas maneiras de fazer grafite de musgo


    O CicloVivo mostra hoje como aderir ao “eco-grafite” – uma técnica que ganhou repercussão após a divulgação do trabalho da artista plástica Anna Garforth. Com poucos materiais, é possível aplicar o verde no concreto das cidades.
    Há variações na receita do grafite ecológico e o portal Atitude Sustentável reuniu duas delas. Veja abaixo como prepará-las.
    Receita da Zupi Mag
    3 chumaços de musgo
    700 ml de água morna
    2 colheres de gel hidroretentor (encontrado em lojas de plantas)
    1 colher de suco de limão ou vinagre branco
    1 xícara de leite

    Foto: Anna Garforth
    O musgo deve ser esfarelado e jogado na água. Em seguida, adicione o gel hidroretentor para plantio. Em outro recipiente, misture o suco de limão ou vinagre com o leite. Deixe a mistura descansar por dez minutos.
    Após esse tempo, misture todos os ingredientes e bata no liquidificador até ficar com a consistência de um mingau. Feito isso, basta colocar a substância em um balde e utilizar na madeira ou concreto áspero. Para conservar, umedeça semanalmente.

    Foto: Anna Garforth
    Receita do Casinha pra viver
    5 punhados de musgo limpo
    1 lata de cerveja
    1 colher de açúcar
    1/2 copo de iogurte natural ou 1/2 copo de soro de leite coalhado
    Misture todos os ingredientes e bata no liquidificador até que fique com uma consistência cremosa. Em seguida, transfira a substância para um recipiente plástico.
    Utilize estêncil para desenhar a imagem ou escrever a palavrada desejada. O blog ressalta que esse tipo de arte precisa ser cuidada. Regue o musgo, frequentemente, com água e fertilizante para gramados.

    Foto: Anna Garforth
    O grafite “verde” substitui spray e outras tintas tóxicas. Veja aqui, o interessante trabalho Anna Garforth, que leva um pouco verde para velhos prédios abandonados.

    Foto: Anna Garforth
    Redação CicloVivo