quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Como ser ouvido?

E como todos estão tão ocupados e presos às suas subjetividades — falamos, fazemos e planejamos, mas não ouvimos

ARTIGO - ROBERTO DAMATTA
Publicado:
Naquele encontro do bem-sucedido governador progressista com lideres estudantis, alguns altamente ambiciosos, outros tocados pela curiosidade, Frederico percebeu que era só o cara que falava. Falava alto, falava de modo pausado, falava simples; suas palavras seduziam todo mundo, mas ele não ouvia.
Frederico, meu amigo e também estudante de História, era o único inconformado. O não ouvir era um protocolo. Todo o grupo foi avisado por um ajudante de ordens que Frederico antipaticamente chamou de “puxa-saco profissional” que estávamos ali para ouvir, não para falar. O “governador” admitia somente perguntas rápidas e objetivas, jamais “questionamentos”.
E assim foi. “Os poderosos não ouvem!”, disse-me Frederico outro dia numa breve e arriscada visita que fez à minha casa em Niterói. Levou 3 ou 4 horas do Baixo Gávea ou do Alto Leblon (eu tendo a me confundir com as hierarquias dos bairros dessa cidade altamente democrática que é o Rio de Janeiro), onde reside. “No Brasil, uma prerrogativa do poder é não ouvir. Você pode medir numa escala: quanto menos espera, menos ouve, mais faz esperar, mais é capaz de prorrogar e mais fala — mais poder!”
“E Deus”, perguntei provocativamente, “ouve?”
“Ele recebe muitas mensagens. Mais do que os bilhões de interceptações da National Security Agency do governo americano, mas, pelo visto, em vinte ou trinta anos haverá um empate. E olha que, como Deus, eles têm um arsenal de armas de destruição em massa!” — ponderou um Frederico agora careca, trêmulo e totalmente míope.
“Como assim?”
“Você se lembra daquele nosso encontro com o governador nos anos sessenta? Pois então. Eles não respondem porque são envolvidos em pedidos e coagidos por favores. Recebem tantas mensagens que não têm como respondê-las. O volume de comunicação em rede os aprisiona a um perpétuo imediatismo. Sabem tudo, ouvem tudo, mas não têm tempo para escutar...”
“Como assim?” — reiterei.
“Deus, por exemplo, recebe milhões de pedidos de milagre e de perdão. Mas apenas dúzias de arrependimentos. Hoje rezam mais para o Diabo. Deus sofre com uma brutal indiferença. Já os poderosos recebem pedidos instrumentais de emprego e negociatas. Em geral, eles fingem e mentem, discursando sem parar.”
“Mas Deus escuta!”, disse uma voz pequenina que saía de dentro de mim e eu mesmo não sabia donde.
“Ah! Essa é a diferença!” — animou-se Frederico. “Deus sempre ouve os angustiados. Os que chegam no fundo do poço. Mas os políticos e os poderosos não ouvem — a menos que se sintam ameaçados.”
O mundo vai se acabando e nós falamos do trivial variado. Discutimos se vamos comer carne ou salada enquanto a temperatura da Terra está próxima do insuportável. Cientistas apelam aos poderosos e eles não ouvem.
Deveriam apelar para Deus por meio de um telescópio eletrônico?
Dick Ranger, cientista atômico e cosmógrafo internado num manicômio em 1955, no estado de Oklahoma, propunha que Deus seria visto não por telescópios, mas por microscópios. Ele estaria no infinitamente pequeno e não no grandiosamente enorme. Seria o caso?, pergunta o meu lado adolescente que guardou essa possibilidade de um Gibi. Afinal, Deus estaria no fundo invisível de cada um de nós. Tão pequeno que jamais seria visto ou ouvido. Sua imagem como um ser enorme e abrangente é uma óbvia projeção do poder, nosso imenso poder tecnológico com seu lado construtivo e destrutivo. A conectá-los, há uma liminaridade positiva que junta o corpo com a alma e uma outra, negativa, que engendra a indiferença ou o nosso famoso e humaníssimo “deixa prá lá...”
Seria o tal Leviatã um mero dragãozinho de livro de Harry Potter?
Que ninguém, contudo, se iluda. O alta temperatura revela a agonia de uma Terra torturada pelos seus filhos.
E como todos estão tão ocupados e presos às suas subjetividades — falamos, fazemos e planejamos, mas não ouvimos.
“Como salvar um mundo que jamais teve uma alma?”, repete Frederico. “Se as ideias nada mais são — como dizem os mestres da sociologia — do que uma representação de interesses, então o Deus dos Puritanos que inventaram o capitalismo sem querer exprime a irracionalidade e o anonimato do mercado. Se Nietzsche falava do cristianismo como um mero reflexo do ressentimento dos escravos, seria preciso avançar mais na destruição da Terra para que ela possa ser salva. A gente só ouve depois do desastre.” Frederico — meu velho ex-colega e companheiro de pesquisa — cala-se e toma um gole de cerveja.
Sim, mas talvez antes do fim inexorável de tudo, como sábia e melancolicamente diz Lévi-Strauss no final das suas extraordinárias “Mitológicas”, apareça o inesperado decorrente de todos os nossos “projetos individuais”, como gostava de dizer um saudoso Gilberto Velho.
E, dessas contradições, talvez nos venha a roupa para esse Homem que se vê cada vez mais nu.
Roberto DaMatta é antropólogo


 em http://oglobo.globo.com/opiniao/como-ser-ouvido-10220073#ixzz2h90W01gV 

Uma cidade é uma cidade...é uma paixão. (Londres)

Uma cidade é uma cidade...é uma paixão. 

Por que amo tanto Londres? Somos tolerantes com umas cidades e intolerantes com outras. O que explica isso é...não sei. DE LONDRES 



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Os parques londrinos, bem no meio da cidade, são insuperáveis. Um luxo. Como o Hyde Park (Foto: Ruth de Aquino)
É sempre assim quando chego a Londres, de trem ou avião. A ternura me invade quando vejo os parques que mudam de cor com as estações, as casas de tijolinho e as bay-windows, as chaminés ativas ou não, as nuvens que dançam com o vento da ilha, os punks e as velhinhas, os patos de cabeça verde e os imensos cisnes contorcionistas nos lagos, os gatos bem nutridos nas ruas, os pubs exibindo jardineiras tão floridas que chegam a ser kitsch, o Tube (metrô) com trens antigos e novos, todos coloridos.

O cisne contorcionista (Foto: Ruth de Aquino)

Em fila, organizadas. Até as aves são assim. (Foto: Ruth de Aquino)
Os indianos, os jamaicanos, os africanos, os árabes - e até os ingleses - misturados nos ônibus vermelhos de dois andares. Os shows ao ar livre. A pint Guinness na pressão, tirada aos poucos, cremosa. A imprensa metendo o pau no filme sobre a princesa Diana com a Naomi Watts. Ou fritando a nova namorada do príncipe Harry. O frisson com a volta do seriado Downton Abbey, no último domingo. A moda de rua, criativa e doida como só ali, num país que não se curvou ao euro e chama "a Europa" de “o continente”. E também dirige do outro lado da rua.
Cidades, todas elas, são aglomerações. De ruas, casas e pessoas. O que nos faz amar algumas cidades quase incondicionalmente? Por que somos tão tolerantes com umas, tão exigentes com outras? O vento e a chuva são só detalhes numa. São insuportáveis em outra. Na cidade-paixão, o metrô cheio nos faz observar os outros, escutar os diálogos, esquecer a vida num livro ou pensar em pessoas queridas. Na outra cidade, aquela que a gente não ama, o metrô cheio nos faz maldizer a vida, os minutos tornam-se eternos e os olhares parecem hostis.
Fui para Londres quando tinha 22 anos. Fui mesmo, por três anos. A paixão foi at first sight, à primeira vista. Formada em inglês americano, não entendia uma palavra do que se falava. Reaprendi na casa de um professor inglês que detestava os Tories (conservadores), votava no Labour (os trabalhistas), morava em West Hampstead, tinha um gato e vestia um suéter puído,  mais por gênero do que por necessidade.
Trabalhei no serviço brasileiro da BBC num tempo em que se editava fita de entrevista com gilete, colando com fita adesiva fininha. Um trabalho manual anulando tosses, hesitações e redundâncias dos entrevistados. Falando ao vivo de madrugada (noite no Brasil). Morei no Norte de Londres, em Hampstead, onde Freud também deixou uma casa que hoje é museu. E perto de onde Marx foi enterrado.
Ainda havia fog das chaminés e as luzes dos lampiões eram todas amarelas, como nos filmes de Hitchcock. Tive um gato preto de olhos verdes que se chamava “gato” (gá-ttou) – um nome que o veterinário me pediu para soletrar (dgi-ei-ti-ou) e que ele achou "exótico" por desconhecer o significado.
Chá earl grey com leite sem açúcar passou a ser um hábito vespertino para sempre, em qualquer lugar que eu estiver no mundo. Tea é melhor acompanhado de scones, bolinhos com passas.
Fiz dança moderna e teatro com uma professora austríaca que tocava piano, adorava a Bahia e o som da cuíca. Cortava caminho atravessando um parque para ir dançar, antes de saber pelas colegas do risco de estupros em parques desertos. Procurava orelhões enguiçados para telefonar à família no Brasil – era só ver a fila de estrangeiros para saber que, naquela cabine, não precisava gastar nenhum penny em telefonema internacional.
No inverno, a escuridão me surpreendeu, mais que o frio. Escorreguei no gelo na ladeira em frente de casa, tive tanta dor nas costas que a médica diagnosticou erradamente meningite ou “alguma doença tropical” por eu ser brasileira, mas o problema era o casaco pesado de lã de carneiro comprado de segunda mão na feira de Portobello. A greve de mineiros e de lixeiros sacudiu o país. Margaret Thatcher foi eleita após “o inverno do descontentamento”. 
Na primavera e no verão, tomava sol de calcinha e sutiã no jardim perto da BBC com outras moças, no intervalo do almoço. E nadava nos lagos frios. Vi Hair, vi Bolero com a trupe do Béjart, comandada pelo estupendo bailarino Jorge Donn, vi a primeira montagem de The Wall com Pink Floyd. Tirei carteira de motorista britânica, viajei o país inteiro num Austin azul-marinho, dormindo em B&B (bed and breakfast), comendo English breakfast e porridge, o mingau de aveia deles. No outono, brincava de chutar as folhas amarelas, vermelhas e rosas e alimentava os esquilos.

Lendo The Guardian (Foto: Arquivo pessoal)
Muito mais aconteceu na minha primeira estada em Londres e não daria para contar num post. Você se cansaria de ler. Os ingleses me chamavam e me chamam até hoje de “darling” (os taxistas) – tão diferente de Paris! Adorava ser jornalista em Londres. O inglês dá entrevista com muito mais facilidade e profissionalismo do que o francês. Costumava achar que a cidade tinha os piores e os melhores jornais do mundo, vendidos na boca do metrô.
Na primeira volta ao Brasil, em 1980, com 26 anos, eu chorava no avião, achando que nunca mais teria dinheiro para retornar a Londres. Um temor que se revelou infundado. Morei na cidade mais duas vezes, como correspondente e mestranda. Estive em Londres com os homens realmente importantes em minha vida. Entre eles meus dois filhos.
Londres muda, se moderniza, é mais cosmopolita que nunca. Tudo eu tolero nessa cidade, mesmo as cafonices, as obsessões e as coisas fora do lugar. Da mesma forma que aceitamos - e até cultivamos - detalhes fora do padrão no homem ou na mulher amada. Sejam as dobras na barriga ou as pintas no rosto, um nariz grande ou pequeno demais, um queixo meio torto. Londres é paixão eterna.
As fotos são da semana passada, quando a meteorologia previa chuva e deu sol - mas fazia frio mesmo sendo verão. O weather forecast não é mais o mesmo, mas os ônibus vermelhos ainda chegam nos horários marcados no ponto. A cerveja preta e stout Guinness, nos pubs tradicionais, ainda tem ali um sabor especial. Pelo menos para mim. Como somos tolos os apaixonados.


Um pub de mais de 200 anos (Foto: Ruth de Aquino)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Música e petiscos no Farol de São Thomé

Música e petiscos no Farol de São Thomé

Amanhã, dentro do projeto Farol de Todas as Estações, tem início o I Festival de Petiscos, na praia do Farol de São Thomé, que reunirá até o próximo dia 13, nomes consagrados da música popular brasileira, como Ivan Lins e Flávio Venturini, e da cozinha brasileira — entre outros os chefs Flávia Quaresma, Edu Guedes e Olivier Cozan. Nas últimas horas, a prefeitura trabalha na conclusão da infraestrutura do evento composta de uma grande tenda com nove espaços.
Nas áreas anexas à tenda ficarão oito restaurantes. Outra será instalada no centro para as aulas-shows, sendo que este espaço contará com arquibancada para o público acompanhar a evolução do trabalho na cozinha — montagem dos pratos e informes sobre a culinária. Ainda dentro desta estrutura, espaços para palco — apresentação dos artistas —, praça de alimentação e área privativa para recepção às autoridades. A coordenação é da secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social.
Programação – Na abertura, amanhã, show, às 23h, com Milton Guedes, sendo que antes, às 21h, acontece a aula com a chef Flávia Quaresma. Sábado (05), às 23h, apresentação do cantor e compositor Ivan Lins, enquanto que, às 18h, Edu Guedes, que tem participações regulares na TV Record, ensina como preparar pratos caseiros. À tarde, 15h, quem sobe o palco é o músico campista Dalton Freire, que tocará chorinhos e clássicos da música popular brasileira. Ao avaliar as providências tomadas pela prefeitura, a diretora de Turismo, Ana Néri Alvarenga, observou que todos os detalhes foram revisados: “O evento, com apoio do empresariado do Farol, tende a ser um grande sucesso”.
No domingo, a atração artística está restrita ao Grupo Só Bamba que apresentará chorinhos a partir das 15h.  O festival tem continuidade a partir de sexta-feira (11) com o show, às 23h, da Banda 4 Ponto Zero, antecedida, às 21h, da aula do chef Gilson Surrage. Sábado (12) é a vez do compositor e cantor Flávio Venturini mostrar suas composições gravadas pelos mais importantes intérpretes da MPB. Antes, às 18h, aula de culinária com o chef Olivier Cozan. E, à tarde (15h), show com Ângela Naní. O festival se encerra no domingo (13) com show, às 15h, da sambista Lene Moraes.
Entre os chefs da cozinha brasileira que estarão presentes ao festival na praia do Farol de São Thomé destacam-se, entre outros, Edu Guedes, formado em gastronomia em Bologna, na Itália, e um dos apresentadores do programa “Hoje em Dia”, da TV Record. Outro destaque, o chef Olivier Cozan, nascido na França, mas morando há duas décadas no Rio de Janeiro, vai ensinar a arte de misturar ingredientes num Crocante de Camarão com Manjericão, Tortilha de Camarão com Molho Rouville e Tortilha de Ceviche de Camarão ao Perfume de Coco. Para que tudo transcorra dentro do programado, a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo vem realizando reuniões com empresários dos setores gastronômico e hoteleiro visando os preparativos finais do evento. Eles já assinaram termos de Adesão e do Regulamento.
FONTE :FOLHA DA MANHA .Celso Cordeiro Filho

Áreas de Preservação Permanente Urbanas

Áreas de Preservação Permanente Urbanas

As Áreas de Preservação Permanente foram instituídas pelo Código Florestal (Lei nº 4.771 de 1965 e alterações posteriores) e consistem em espaços territoriais legalmente protegidos, ambientalmente frágeis e vulneráveis, podendo ser públicas ou privadas, urbanas ou rurais, cobertas ou não por vegetação nativa.

Entre as diversas funções ou serviços ambientais prestados pelas APP em meio urbano, vale mencionar:
  • a proteção do solo prevenindo a ocorrência de desastres associados ao uso e ocupação inadequados de encostas e topos de morro;
  • a proteção dos corpos d'água, evitando enchentes, poluição das águas e assoreamento dos rios;
  • a manutenção da permeabilidade do solo e do regime hídrico, prevenindo contra inundações e enxurradas, colaborando com a recarga de aquíferos e evitando o comprometimento do abastecimento público de água em qualidade e em quantidade;
  • a função ecológica de refúgio para a fauna e de corredores ecológicos que facilitam o fluxo gênico de fauna e flora, especialmente entre áreas verdes situadas no perímetro urbano e nas suas proximidades,
  • a atenuação de desequilíbrios climáticos intra-urbanos, tais como o excesso de aridez, o desconforto térmico e ambiental e o efeito "ilha de calor".

A manutenção das APP em meio urbano possibilita a valorização da paisagem e do patrimônio natural e construído (de valor ecológico, histórico, cultural, paisagístico e turístico). Esses espaços exercem, do mesmo modo, funções sociais e educativas relacionadas com a oferta de campos esportivos, áreas de lazer e recreação, oportunidades de encontro, contato com os elementos da natureza e educação ambiental (voltada para a sua conservação), proporcionando uma maior qualidade de vida às populações urbanas, que representam 84,4% da população do país.

Os efeitos indesejáveis do processo de urbanização sem planejamento, como a ocupação irregular e o uso indevido dessas áreas, tende a reduzi-las e degradá-las cada vez mais. Isso causa graves problemas nas cidades e exige um forte empenho no incremento e aperfeiçoamento de políticas ambientais urbanas voltadas à recuperação, manutenção, monitoramento e fiscalização das APP nas cidades, tais como:

  • articulação de estados e municípios para a criação de um sistema integrado de gestão de Áreas de Preservação Permanente urbanas, incluindo seu mapeamento, fiscalização, recuperação e monitoramento;
  • apoio a novos modelos de gestão de APP urbanas, com participação das comunidades e parcerias com entidades da sociedade civil;
  • definição de normas para a instalação de atividades de esporte, lazer, cultura e convívio da população, compatíveis com a função ambiental dessas áreas;

Além disso, a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano contratou a Universidade de Brasília para fazer o levantamento, em 700 municípios brasileiros, do percentual de áreas verdes e dos corpos d'água existentes nas áreas efetivamente urbanizadas e no seu entorno imediato, onde são exercidas as maiores pressões do processo de expansão urbana. O estudo visa conhecer a proporção de área urbanizada coberta por vegetação e o estado de conservação das APP em suas faixas marginais. A partir do conhecimento dessa realidade será possível subsidiar: a formulação de normas e parâmetros legais sobre o tema; o monitoramento e a definição de ações e estratégias da política ambiental urbana; os processos de decisão a fim de preservar as APP e evitar a sua ocupação inadequada; o apoio aos programas de prevenção de desastres; a avaliação de potencialidades e necessidades na recuperação e preservação das APP situadas em áreas efetivamente urbanizadas e de expansão urbana.

Prefeitura de Campos assume aeroporto na próxima semana


Foto de André Couto
Foto de André Couto

Em mais uma audiência com o ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, eu e a prefeita Rosinha Garotinho acertamos em receber o ministro, que irá pessoalmente a Campos dos Goytacazes, no próximo dia 11, para assinar o termo de outorga que municipalizará o aeroporto da nossa cidade, Bartolomeu Lisandro. O evento acontecerá no teatro municipal Trianon, às 11h.

A municipalização do aeroporto de Campos vai gerar empregos e atrair investimentos para a cidade. Os números da INFRAERO revelam que a arrecadação com o aeroporto de Campos é irrisória em relação ao prejuízo que se tem para mantê-lo em funcionamento. Vamos virar esse jogo e modernizar o nosso aeroporto através do esforço da prefeita Rosinha e parceiros que queiram participar do projeto. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ar é o mais poluído dos últimos 800 mil anos

Ar é o mais poluído dos últimos 800 mil anos


Divulgado na última sexta-feira (27), o relatório produzido pelos especialistas do IPCC concluiu que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera é a maior em, pelo menos, 800 mil anos.  Segundo os pesquisadores, os índices do gás poluente aumentaram em 40% desde a era pré-industrial, devido, principalmente, à queima de combustíveis fósseis no mundo inteiro.
O documento foi produzido em Estocolmo, pelos membros do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), que são especialistas ambientais das Nações Unidas. O relatório possui 36 páginas, e explica que, em todo este tempo, os oceanos absorveram boa parte do das emissões de carbono na atmosfera – o que, dentre outras características, também causou o aumento da acidez e diminuiu a capacidade de as águas regularem o clima em várias partes do mundo.
Os especialistas do IPCC também notaram que, há pouco mais de 60 anos, as emissões vêm aumentando consideravelmente. "O aquecimento do sistema climático é inequívoco, e desde os anos 1950, muitas das mudanças observadas não têm precedentes em décadas ao milênio. A atmosfera e o oceano aqueceram, a quantidade de neve e gelo diminuiu, o nível do mar subiu e as concentrações de gases de efeito estufa aumentaram", resume o relatório.
Conforme publicou recentemente o CicloVivo, o relatório responsabiliza o homem por boa parte das mudanças climáticas – eles advertiram, com 95% de certeza, que os humanos têm culpa pelo aquecimento global e pelos eventos climáticos extremos. Ao manter o ritmo atual de emissões, os especialistas do IPCC também acreditam que as temperaturas podem aumentar em 2ºC até o fim do século. Com informações do Estadão.
Aprenda duas maneiras de fazer grafite de musgo


O CicloVivo mostra hoje como aderir ao “eco-grafite” – uma técnica que ganhou repercussão após a divulgação do trabalho da artista plástica Anna Garforth. Com poucos materiais, é possível aplicar o verde no concreto das cidades.
Há variações na receita do grafite ecológico e o portal Atitude Sustentável reuniu duas delas. Veja abaixo como prepará-las.
Receita da Zupi Mag
3 chumaços de musgo
700 ml de água morna
2 colheres de gel hidroretentor (encontrado em lojas de plantas)
1 colher de suco de limão ou vinagre branco
1 xícara de leite

Foto: Anna Garforth
O musgo deve ser esfarelado e jogado na água. Em seguida, adicione o gel hidroretentor para plantio. Em outro recipiente, misture o suco de limão ou vinagre com o leite. Deixe a mistura descansar por dez minutos.
Após esse tempo, misture todos os ingredientes e bata no liquidificador até ficar com a consistência de um mingau. Feito isso, basta colocar a substância em um balde e utilizar na madeira ou concreto áspero. Para conservar, umedeça semanalmente.

Foto: Anna Garforth
Receita do Casinha pra viver
5 punhados de musgo limpo
1 lata de cerveja
1 colher de açúcar
1/2 copo de iogurte natural ou 1/2 copo de soro de leite coalhado
Misture todos os ingredientes e bata no liquidificador até que fique com uma consistência cremosa. Em seguida, transfira a substância para um recipiente plástico.
Utilize estêncil para desenhar a imagem ou escrever a palavrada desejada. O blog ressalta que esse tipo de arte precisa ser cuidada. Regue o musgo, frequentemente, com água e fertilizante para gramados.

Foto: Anna Garforth
O grafite “verde” substitui spray e outras tintas tóxicas. Veja aqui, o interessante trabalho Anna Garforth, que leva um pouco verde para velhos prédios abandonados.

Foto: Anna Garforth
Redação CicloVivo

MPT homologa acordo e Campos se livra de multa de quase R$ 900 milhões

CIDADES E REGIÃO - ACORDO COM O MPT

MPT homologa acordo e Campos se livra de multa de quase R$ 900 milhões

Multa por descumprimento de TACs foi reduzida para 5%  e será revertida em benefícios
 Vagner Basilio/Carlos Grevi

Multa por descumprimento de TACs foi reduzida para 5% e será revertida em benefícios

Depois de oito anos de impasse na Justiça do Trabalho, foi homologado nesta terça-feira (01/10), um novo acordo entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Prefeitura de Campos, que põe fim ao dilema de contratados e concursados no município.
O acordo vinha se arrastando desde 2005 e foi considerado um avanço na relação trabalhista no poder público municipal e para o Desembargador Cesar Marques Carvalho, que presidiu a Audiência de Conciliação, a maior beneficiada com o acordo vai ser a sociedade como um todo.
Com a homologação, 5% da multa de R$ 900 milhões que o município deveria pagar pelo descumprimento de dois Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), nos governos dos então prefeitos Arnaldo França Vianna e Alexandre Mocaiber, forçando a regularização das contratações irregulares no município deverá ser revertida em benefícios para a população. O valor foi definido, pelo MPT entender que parte destes benefícios já vem sendo executados pela gestão atual.
“A multa imposta vai ser revertida em investimentos e melhorias para a sociedade”, disse o secretário de Governo de Campos, Suledil Bernardino, que acrescentou que 5% dos R$ 900 milhões serão utilizados para reforçar e ampliar o que já vem sendo feito.
Suledil conversou com a equipe do Site Ururau e lembrou que em agosto de 2008, o então prefeito, Alexandre Mocaiber, teve que cumprir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), e retirar 40% dos funcionários contratados de forma irregular.
“Essa mão de obra estava ganhando diretamente da Prefeitura, pois na Operação Telhado de Vidro, com a prisão de pessoas ligadas as empresas de terceirização da Prefeitura, não restou alternativa. No dia 31 de janeiro, a prefeita Rosinha deveria demitir o restante. Para não deixar esse pessoal sem pagamento e não parar a Prefeitura, foi feito um acordo com o Ministério Público que determinou que apenas 6 mil poderiam ficar e determinou a realização de concurso, que já foi feito, e para as atividades que não são atividades de meio, foi aberto processo licitatório. Nós não vamos mais pagar a ninguém diretamente pela Prefeitura, que não seja concursado ou contratado”, enfatizou o secretário.
NA JUSTIÇA DO TRABALHO
Foram as contratações irregulares que geraram a anulação das eleições de 2004 em Campos. O Ministério Público do Trabalho saiu então, em defesa dos funcionários demitidos e para obrigar a regularização foi gerada uma Ação Civil Pública, em 2007, em decorrência da anulação da eleição por contratações irregulares.
“Isso tirou dos ombros do poder público o peso criado por gestores irresponsáveis que tiveram a petulância de contratar milhões de pessoas em período eleitoral. Em 2004, eu fui pessoalmente à Praça de Espírito Santinho com a equipe do Jornal O Dia e uma senhora estava numa praça e disse que deram a ela o emprego de vigia, desde que votasse no candidato deles. Botaram um monte de gente pra tomar conta da escadaria da Igreja de Morro do Coco. Eles jogavam camisas de vigias para a população. Isso gerou a cassação de Carlos Alberto Campista. Tudo isso só trouxe sofrimento, angústia e dor para pessoas que foram ludibriadas por maus políticos”.
Campanha tenta inibir adoção de animais selvagens de estimação


O Conselho Federal de Medicina Veterinária apresentou, na última quarta-feira (25), a Campanha Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens. Ela será iniciada no próximo domingo em várias capitais brasileiras com o “Dia de Conscientização” e terá a duração de um ano. O objetivo principal é conscientizar a sociedade para o combate ao tráfico de animais e impedir o avanço desse crime.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Animais Selvagens, Rogério Lange, a finalidade da campanha é despertar a opinião pública sobre os danos promovidos aos animais selvagens, o prejuízo que essa prática ilegal representa na redução da diversidade da fauna e o risco de doenças nas famílias que adotam animais selvagens como animais de estimação.
“As pessoas que tem animais de estimação de origem selvagem, tem porque gostam de animais, é um amor que causa um dano incomensurável, esse é o alerta que a gente quer fazer, é um amor madrasto que não deve seguir nesse rumo”, disse Rogério Lange.
Segundo o último estudo feito em 2001 pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens (Renctas), 38 milhões são retirados da natureza todo ano, isso equivale a 400 animais por dia, sendo que 90% morrem antes mesmo de chegarem ao destino final. O estudo ressalta as péssimas condições impostas pelos traficantes a esses animais.
A Renctas cita, por exemplo, as formas precárias de captura, o estresse a que são submetidos os animais, as más condições de alimentação e de transporte. Este semestre, em Brasília, foram apreendidos cerca de mil animais, quantidade quase 20% superior às ocorridas no mesmo período de 2012.
Além de reduzir e eliminar a quantidade de espécies da nossa fauna, o tráfico compromete o equilíbrio do ecossistema. Outra preocupação é com a saúde do homem, já que algumas doenças contagiosas são de origem animal.
A campanha será desenvolvida em zoológicos, praças públicas e em parques e terá a presença de médicos veterinários e zootecnistas esclarecendo a sociedade com distribuição de cartilhas para que as pessoas possam entender melhor o que significa o tráfico de animais.
Em Brasília, a programação começa às 9h de domingo (29) no zoológico, onde haverá uma estrutura montada com médicos veterinários e zootecnistas dando informações de como combater e denunciar o tráfico e dos os riscos das doenças. A programação também terá atividades infantis como contadores de história, pinturas de rosto e entrega de cartilhas para crianças.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Especial: Dia Mundial dos Animais e da Natureza

Especial: Dia Mundial dos Animais e da Natureza



Nesta sexta-feira (4) mais de 35 países comemoram o Dia Mundial do Animal e da Natureza. A data foi criada com o intuito de incentivar a reflexão sobre o cuidado com os animais, preservação e a importância e influência que eles têm na vida das pessoas.
A data foi instituída em 1930, em homenagem a São Francisco de Assis, que era um protetor dos animais e faleceu justamente no dia 4 de outubro de 1226. A comemoração ganhou força a partir de 1978, quando a Unesco criou também a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, que diz, entre outras coisas, que os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem.
A conscientização deve ir muito além do cuidado com os animais domesticados, como cães e gatos, mas deve servir para que as pessoas analisem o impacto de suas ações no meio ambiente e consequentemente na vida de diversos animais que vivem livres na natureza.
Para preservar a fauna é preciso transformar hábitos, como o consumo e o descarte de resíduos. Ao contrário do que prega o capitalismo, o consumo exacerbado não promove o desenvolvimento, visto que colabora para o desmatamento e utilização de diversos recursos naturais finitos.
Além disso, o consumo também está diretamente ligado ao descarte. A lógica é que quanto mais se consome, mais será jogado fora e os resultados serão aterros sanitários repletos de lixo, que levará centenas de anos para se decompor, e poluição ambiental de diversos tipos.
A reciclagem é uma boa saída para este problema, mas na maior parte dos países, incluindo o Brasil, este trabalho é insuficiente para atender a toda a demanda de resíduos descartados diariamente. Uma forma bastante visível de notar este impacto é a imensa quantidade de plástico nos oceanos e como os animais marinhos são afetados por estes dejetos.
Somente no Oceano Pacífico existe uma camada flutuante de plástico com mil quilômetros de extensão, com lixo de todos os tipos, desde sacolas plásticas até caiaques e diversos outros itens feitos de plástico. As partículas de plástico já foram encontradas até mesmo em regiões distantes do Ártico, preocupando cientistas, pois causam também a morte de muitos animais.
Não é somente o plástico que afeta os animais, mas a poluição e diversas outras escolhas que os humanos têm feito prejudicam diretamente a natureza e geram impactos que serão sentidos durante muitos anos.
O frade católico São Francisco de Assis era um defensor da natureza, que estava sempre disposto a cuidar do meio ambiente e incentivar seus seguidores a fazerem o mesmo. Esta lição vai muito além da religião e se torna uma necessidade para a geração atual. É impossível pensar em um mundo melhor no futuro se as mudanças não começarem a ser feitas agora. A ideia de comemorar o Dia Mundial dos Animais e da Natureza é refletir, mas também colocar em prática as medidas necessárias para minimizarmos os impactos da humanidade no planeta.
Influência humana no clima é evidente, afirma novo relatório do IPCC



Foi lançada nesta sexta-feira (27), a primeira parte do quinto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU). O grupo esteve reunido ao longo dessa semana em Estocolmo, na Suécia, junto a representantes de governos de 195 países.
Em seu relatório, o IPCC concluiu que é extremamente provável que a influência humana tenha sido a causa dominante do aquecimento observado desde meados do século 20. A evidência desse fato cresceu graças a maiores e melhores observações.
O aquecimento do sistema climático é evidente e desde 1950 muitas mudanças foram observadas em todo o sistema climático. Nas últimas três décadas, a superfície da Terra tem sido sucessivamente mais quente do que qualquer anterior desde 1850, relata o "Sumário para os Formuladores de Políticas" do IPCC.
"Nossa avaliação da ciência concluiu que a atmosfera e o oceano estão aquecendo, a quantidade de neve e gelo tem diminuído, a média do mar subiu e as concentrações de gases de efeito estufa têm aumentado", afirma Qin Dahe, copresidente do relatório.
Para Thomas Stocker, também copresidente do estudo, a manutenção das emissões de gases de efeito estufa causará um maior aquecimento e mudanças em todos os componentes do sistema climático. "As ondas de calor, provavelmente, ocorrerão com mais frequência e durarão mais tempo. A tendência é vermos regiões úmidas com mais chuvas e regiões secas com menos, apesar de haver exceções", acrescenta.
"Este primeiro estudo fornece importantes ‘insights’ sobre a base científica das mudanças climáticas. Ele fornece uma base sólida para considerações sobre os impactos das mudanças climáticas sobre os sistemas humanos e naturais e formas para enfrentar o desafio da mudança climática", afirma Rajendra Pachauri, presidente do IPCC.
Avaliação da organização ambiental WWF
“Há poucas surpresas no relatório, mas o aumento da certeza sobre muitas das observações dos cientistas apenas valida aquilo que observamos ao nosso redor. Desde que o IPCC lançou o seu último grande relatório, em 2007, a perda de massas de gelo terrestre e o aumento do nível dos oceanos se acelerou de forma dramática, principalmente no verão Ártico, pois a perda de gelo é maior do que a projetada anteriormente”, afirma Samantha Smith, líder da Iniciativa Global de Clima e Energia da rede WWF.
Em particular, os resultados que demonstram maiores impactos em nossos oceanos são altamente preocupantes, considerando-se que mais de um bilhão de pessoas depende deles como sua principal fonte de alimentos e sobrevivência.
Para o WWF-Brasil, as informações científicas contidas no balanço do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, lançado há algumas semanas, e agora neste relatório do IPCC, são mais do que suficientes para demonstrar ao governo brasileiro que as mudanças climáticas não podem mais ser tratadas como tema de segunda importância em políticas públicas.
“Temos de investir nos recursos abundantes de fontes renováveis de energia de baixo impacto que temos à nossa disposição, como a energia solar, eólica e de biomassa, em vez de colocar 70% dos nossos investimentos em combustíveis fósseis”, afirma Carlos Rittl, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
“Por ora, o Brasil segue na contramão da ciência e na contramão da história. Nosso país vem investindo continuamente em grandes planos para expansão da infraestrutura, da geração de energia, da agricultura e pecuária e no fomento à indústria que irão provocar aumento das emissões de gases de efeito estufa do país, hoje ainda um dos grandes poluidores do planeta”, conclui Rittl.