Fauna doméstica
O Homo sapiens e seus cães e gatos não passam de coadjuvantes na biodiversidade das metrópoles. Conheça melhor algumas espécies que gostam de dividir seu teto (e seu quintal) com você
LAGARTIXA
Fica dentro e fora das casas – e é uma mão na roda, já que come insetos daninhos, como as traças. Passa o dia escondida em frestas, para fugir do calor. Sua habilidade de alpinista vem de pêlos microscópicos em forma de gancho, que funcionam com um supervelcro.
MOSCA
A vida da mosca doméstica é curta, entre 10 e 25 dias, mas prolífica: põe 120 ovos de cada vez e faze isso até 6 vezes a cada geração. Nesse meio- tempo, prefere se reproduzir onde há matéria orgânica em decomposição – como no cocô de cachorro – para as larvas se esbaldarem de comida.
CARRAPATO
Instala-se perto da orelha dos cachorros, onde é mais fácil sugar o sangue dele. Quando precisa trocar sua carapaça para crescer, se desprende do cão e pula para a grama. Já com o revestimento refeito, volta a pegar carona no cachorro e o ciclo continua.
ABELHA
Ela só vai para a cidade quando falta alimento em seu habitat natural. Procura tudo que contenha açúcar, como doces e refrigerantes. Com a língua, recolhe a substância e guarda numa bolsa na garganta. Depois volta à colméia e armazena o alimento, que se transforma em mel.
CUPIM
Entra em casa na forma de siriri – na fase reprodutiva, quando ganham asas. Depois que as perde, vai morar nas frestas dos móveis, costurando galerias na madeira. Dá para detectar a presença deles pelo pó de madeira que aparece no chão – não são restos do móvel, mas fezes de cupim.
PULGA
A vida desta chupadora de sangue começa quando a fêmea deposita seus ovos no cão ou no gato. Aqueles que estiverem fixos no pêlo do bicho têm mais chances de vida. A bichinha, de 3 mm, pode saltar a até 30 cm para trocar de hospedeiro – é como se você pulasse 200 metros.
PERNILONGO
O inseto atormenta a vida de quem mora perto de rios. É que as fêmeas põem seus ovos sempre na água. Além do ambiente líquido, o lixo depositado nos rios serve de alimento para as larvas. Adulto, o inseto ganha asas e faz vôos noturnos para sugar nosso sangue.
FORMIGA
Sempre que sua cozinha estiver infestada de formigas, procure atacar diretamente seu ninho, entre a argamassa e os azulejos da área atingida. É lá que a formiga fantasma, a mais comum nas pias, faz suas galerias. Ela não tem predadores nas cidades.
ÁCARO
O habitante mais ilustre da poeira doméstica tem entre 0,2 e 0,5 mm. Ele fica a postos para comer escamas de pele humana – não parece, mas trocamos de pele o tempo todo, como cobras. Os ácaros mortos dispersam-se no pó e podem causar alergias.
BARATA PAULISTINHA
Há 200 baratas por habitante em cidades como São Paulo. A mais comum é a paulistinha, de até 2 cm, que vive em lugares quentes e úmidos, especialmente atrás da geladeira. Vive 9 meses e põe ovos 5 vezes nesse período. Até 50 de cada vez. E quando morre vira comida das companheiras.
Os donos da noite
Você não gosta da maior parte deles. Eles detestam você. Costumam morar fora das nossas casas e aproveitam as horas mais tranqüilas para tomar conta das ruas, parques e terrenos baldios.
MORCEGO
O morcego nectívoro bebe o néctar das plantas patas-de-vaca, que existem em jardins da arborização urbana. Outro tipo, o morcego insetívoro, habita o forro das casas e se alimenta de insetos atraídos pela iluminação urbana.
CORUJA
Duas espécies dominam os parques: a coruja-orelhuda e a buraqueira. A primeira vive em edificações urbanas e se alimenta de roedores e lagartos. A fêmea deposita seus ovos no solo, com até dois filhotes por ninhada. A segunda faz buracos para desovar de 7 a 9 ovos por vez.
GAMBÁ
Vive em árvores e forros de casas, saindo para caçar à noite. É um bicho eficiente, que se reproduz rápido (gestação dura 70 dias, com ninhadas de até 8 filhotes) e come de tudo: ovos de ninhos, frutas, vermes, insetos. O problema é que eles transmitem a doença de Chagas.
ARANHA-ARMADEIRA
É um aracnídeo solitário e que não faz teias. Saem à noite para caçar insetos. Seu nome veio da estratégia de armar o bote antes de pegar a presa. Dificilmente ataca as pessoas, mas seu veneno pode necrosar o tecido atingido, provocar a falência dos rins e, em alguns casos, levar à morte.
COBRA
A cobra dormideira é inofensiva. Por isso mesmo pessoas têm comprado a espécie quando filhote. Algumas acabam soltas em terrenos, depois de ficarem grandes e incômodas. Assim a incidência delas tem aumentado. Cascavéis, jararacas e falsas-corais também dão as caras, para comer ratos.
RATO DE FORRO
Mora em lugares altos, como forros de casas. E desce à noite em busca de alimento. Poderia chamar “rato lagartixa”, já que pode subir em galhos de árvores e paredões sem dificuldade. É o grande responsável pelos curtos- circuitos que acontecem em prédios e casas, já que rói fios elétricos.
RATAZANA
Esta comedora de lixo é a espécie de roedor mais favorecida pelo ambiente urbano. Principalmente pelo menos agradável: vive feliz em quaquer lugar sem uma infra-estrutura decente de habitação e saneamento, com esgotos a céu aberto, perto de riachos ou represas.
BARATA VOADORA
Tem até 4 cm e costuma morar fora das casas – em esgotos e caixas de fiação. Vive de 2 a 3 anos e um único casal pode gerar 400 filhos. Ela pode voar grandes distâncias, mas costuma usar as asas só para planar mesmo. E só será vista de dia se seu abrigo estiver superlotado.
Disponível em: http://super.abril.com.br/ciencia/fauna-domestica?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=twitter&utm_campaign=redesabril_super