Uma em cada cinco espécies de plantas estão em risco de extinção
De acordo com o primeiro censo global da flora elaborado pelo centro botânico Kew Gardens de Londres, 21% das plantas de todo o mundo estão em perigo de extinção
O censo catalogou a existência de quase 391 mil espécies de plantas em todo o mundo. Não são só bonitas ou feias, grandes ou pequenas, vulgares ou raras. São importantes para o planeta, são usadas na medicina, no ambiente, na comida para pessoas e animais, roupas, biocombustíveis e até para a produção de venenos.
“Já havíamos elaborado relatórios sobre a situação global das aves, tartarugas marinhas e até mesmo de pais de família. Mas, apesar de sua grande importância, esperávamos ainda um censo sobre as plantas. Ele já está feito”, disse a professora Kathy Willis, diretora científica dos jardins botânicos reais de Kew, no oeste de Londres.
“Já havíamos elaborado relatórios sobre a situação global das aves, tartarugas marinhas e até mesmo de pais de família. Mas, apesar de sua grande importância, esperávamos ainda um censo sobre as plantas. Ele já está feito”, disse a professora Kathy Willis, diretora científica dos jardins botânicos reais de Kew, no oeste de Londres.
“Dada a importância fundamental das plantas para o bem-estar humano, para a alimentação, combustível e regulação do clima, é importante sabermos o que acontece”, acrescentou Willis sobre o primeiro relatório, que terá uma periodicidade anual.
Mais de 391.000 espécies de plantas vasculares – que possuem raiz, caule e folhas, e um sistema vascular que permite a circulação de água e elementos nutritivos – foram pesquisadas para o relatório “Estado das plantas no mundo”, um número que poderia crescer nas próximas edições, porque a cada ano 2.000 novas plantas são descobertas, principalmente no Brasil, Austrália e China.
Cerca de um décimo dessas plantas servem para alimentar ou curar.
Estudos anteriores haviam apresentado conclusões muito díspares sobre o número de plantas ameaçadas de extinção, de 10% a 62%. Para os botânicos do Kew Gardens, trata-se de 21% das espécies.
O interesse de publicar anualmente o estudo “é o de observar as tendências”, disse Steve Bachman, coordenador do relatório.
“Se nós não examinarmos essas informações, preenchermos as lacunas do conhecimento e fazermos algo, estaremos em uma situação perigosa”, disse Willis.
Mais fácil sensibilizar sobre a extinção dos elefantes
Sensibilizar o público sobre a ameaça a uma planta é muito mais difícil do que no caso dos elefantes africanos, tigres de Bengala ou florestas tropicais. E, no entanto, “as florestas cobrem apenas uma pequena parte do mundo vegetal”, afirmou a diretora científico do Kew Gardens.
“Acho extraordinário que nos preocupemos com o estado global das aves, mas não das plantas”, disse Willis.
De acordo com o relatório, a principal ameaça para as plantas vem da agricultura, por causa da lavoura excessiva. A construção, doenças e pesticidas são outros fatores prejudiciais.
Em contrapartida, as alterações climáticas têm tido, até agora, um papel marginal.
“No entanto, não devemos esquecer que às vezes leva trinta anos para a próxima geração de plantas produzirem flores e pólen. Portanto, não podemos medir o impacto real das mudanças climáticas até 2030”, disse Willis, que pediu “vigilância”.
O documento tem 80 páginas e uma versão na web que reúne informações de outros estudos para criar um banco de dados.
“Foi um trabalho enorme que envolveu mais de 80 cientistas. A ideia era recolher, condensar e tornar legível o conhecimento disperso para atingir o maior número possível de pessoas”, explicou Steve Bachman.
O relatório a partir de agora será publicado anualmente. O Kew Gardens espera que assim possam ter comparações sobre como preservar as plantas do mundo.
Amazônia (Floresta Amazônica)
No norte e centro-oeste do Brasil, compreende uma grande variedade de formas de vegetação, dos quais – inundados e terra firme. Florestas baixas predominam.
Cobertura: 49,3% do território brasileiro, estendendo-se muito além das fronteiras do Brasil na Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e as Guianas.
Ameaças: O chamado arco do desmatamento se estende pela Bacia sudeste da Amazônia. Muitos projetos hidrelétricos afetam grandes rios, e danos mais localizados é causada
pela mineração em diferentes locais dentro da Bacia.
Como vastas extensões desse bioma são ainda pouco exploradas é possível que uma proporção razoável de sua biodiversidade permaneça sem registro, enquanto grandes vãos deste bioma sofrem modificações grave.
O estudo, estima que há um total de 390.900 plantas conhecidas pela ciência, descobriu que a agricultura é a maior ameaça de extinção, o que representa 31 por cento do risco total para as plantas. Exploração madeireira e coleta de plantas, seguido de 21,3 por cento, com o trabalho de construção atribuindo para 12,8 por cento do risco.
A ameaça das alterações climáticas e tempo severo foi estimado em tornando-se 3,96 por cento, embora os cientistas achem que pode ser muito cedo para medir os efeitos a longo prazo.
Outras ameaças vieram de espécies invasoras, represa de construção e os incêndios.
“Nunca houve um estudo de plantas do mundo”, disse Kathy Willis, diretora de ciência em Kew, que tem uma das maiores coleções de plantas do mundo em suas estufas e jardins.
“Dado como absolutamente fundamental, as plantas são essenciais para o bem-estar humano, produção de alimentos, de combustível, regulação do clima, por isso, é muito importante que saber o que está acontecendo.
O relatório diz que 1.771 áreas do mundo têm sido identificadas como “áreas de plantas importantes”, mas muito poucos têm sido as medidas de proteção e de conservação do lugar.
Kathy Willis, também disse que 2.034 plantas vasculares – que excluem os musgos e algas – foram descobertos só no ano passado, incluindo uma enorme comedora de insetos sundew Drosera (1,5 metros (5 pés) de altura em uma montanha de Minas Gerais, em 2015, um novo tipo de cebola e uma orquídea gigante.
A maioria das novas descobertas estão na Austrália, Brasil ou China.
Parentes selvagens
As 5538 espécies de plantas que servem para consumo humano, são muito poucas ainda. É preciso encontrar mais e apostar também na procura de parentes próximos das culturas tradicionais. “Dependemos de duas ou três espécies que fazem a produção do milho, do centeio e do trigo. Estamos tentando fazer mais investigação com as chamadas parentes de culturas selvagens, espécies que existem nas florestas e que são parentes próximos de culturas tradicionais, como os feijões, a batata ou a banana”. Estes “primos selvagens” dos feijões ou de outra coisa qualquer que vivem nas florestas normalmente não são comestíveis mas podem ter genes importantes para resistir a doenças e responder a outras ameaças das culturas tradicionais. É mais um motivo para preservar a biodiversidade. Mais um motivo para dar importância às plantas.
“As plantas representam um dos componentes mais importantes da biodiversidade, a base da maioria dos ecossistemas existentes. Têm ainda o potencial de resolver grande parte dos problemas que existem hoje e de responder a desafios futuros da humanidade”, considera Richard Deverell, diretor dos Reais Jardins Botânicos de Kew.
No próximo ano, os cientistas vão apresentar novo relatório com os dados atualizados. “O interesse é fazer uma avaliação do estado das plantas ao longo do tempo e criar um barômetro para o perigo de extinção das plantas, como se faz há muito tempo para as aves ou os mamíferos. Há muito mais plantas do que animais ou aves e, por isso, esta é uma tarefa muito mais difícil. Os cientistas esperam ainda conseguir alargar o alcance deste documento que se centra apenas nas plantas vasculares para que passe a incluir também o estado dos briófitos (pequenas plantas sem flor ou semente), das algas e dos fungos no mundo.
Disponível em: http://revistaamazonia.com.br/uma-em-cada-cinco-especies-de-plantas-estao-em-risco-de-extincao/
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