sábado, 16 de janeiro de 2016


Brasil perde R$ 8 bilhões por ano com desperdício de água tratadaSuzana Camargo - 03/2015 

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No ano em que a questão da segurança hídrica está no centro dos principais debates que acontecem no país, relatório divulgado pelo Instituto Trata Brasil* revela números estarrecedores.  Em 2013, o volume de água tratada desperdiçado no país foi equivalente a 6,5 vezes a capacidade do Sistema Cantareira (1 bilhão de m3 ) ou 17,8 milhões de caixas de água de 1.000 litros perdidas por dia. Toda esta água que foiliteralmente para o ralo causou um prejuízo aos cofres públicos (e ao bolso dos contribuintes) de R$ 8 bilhões.
O estudo “Perdas de Água: Desafios ao Avanço do Saneamento Básico e à Escassez Hídrica”, elaborado em parceria com a GO Associados, leva em conta dois tipos de perdas: as chamadas perdas reais, associadas a vazamentos e as aparentes, aquelas relativas à falta de hidrômetros ou demais erros de medição, ligações clandestinas e roubo de água. O relatório foi desenvolvido com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – 2013) do Ministério das Cidades.
As regiões Norte e Nordeste são as que apresentam os índices mais altos de perdas devido a problemas na distribuição da água (50% e 45%, respectivamente).  A média nacional com o desperdício é de 36,9%. As cidades campeãs em perdas são São Luis (MA), Cuiabá (MT) e Jaboatão dos Guararapes (PE). Nesta última, 70% da água tratada não chega até a população.
Em todo mundo ocorrem perdas no processo de distribuição de água. Na Alemanha e Japão, este desperdício é de aproximadamente 8%. Em outros países europeus, a média fica entre 15% e 25%. Em Tóquio, graças a um forte investimento e comprometimento governamental, as perdas com água são de apenas 2%.
Os prejuízos da rede brasileira de água tratada não são novidade. Há anos o fato já é noticiado. Mas com a grave seca que se abate sobre o país a situação fica ainda mais alarmante. Apesar das perdas com faturamento terem se mantido praticamente estáveis nos últimos seis anos, o índice de perdas na distribuição apresentou ligeira queda no mesmo período (confira gráficos mais abaixo). Todavia, ainda está longe de ser aceitável.
Especialistas apontam que as principais cidades do mundo que conseguiram aumentar a eficiência da gestão hídrica investem, entre outras ações, na modernização e substituição frequente de suas redes de distribuição.  No Brasil, capitais como Rio de Janeiro e São Paulo possuem tubulações de água extremamente antigas. Uma projeção realizada pelo estudo da Trata Brasil indica que, se em cinco anos houvesse uma queda de 15% nas perdas do país, ou seja, de 39% para 33%, os ganhos totais acumulados em relação ao ano inicial seriam da ordem de R$ 3,85 bilhões de reais.
O relatório completo  “Perdas de Água: Desafios ao Avanço do Saneamento Básico e à Escassez Hídrica” está disponível online no site do Instituto Trata Brasil.
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Foto: Ibai/Creative Commons

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