Morar mais por menos começa nesta quinta, na Lagoa
RIO — Cones de trânsito como base de mesa, cama feita em madeira OSB, paletes (estrados de madeira) transformados em painel para TV, baldes de gelo que viram fruteiras de parede. Na quinta-feira, quando a 9ª edição carioca da mostra Morar mais por menos abrir as portas na Lagoa, o público vai poder conferir de perto as invenções de arquitetos, decoradores e paisagistas que ajudam a baratear uma reforma ou decoração.
Entre os 75 ambientes montados na sede da Pequena Cruzada, o Estúdio da Mulher, de Dolores Marafelli, Juliana Bomgiovanni e Luciana Lage, chama atenção por sua cama feita em madeira do tipo OSB (compensado feito com madeira de reflorestamento) e colocada no centro do quarto. O topo da cabeceira foi estendido para trás formando uma bancada e, nas laterais, ficaram os armários abertos com bancada em alvenaria pintada de vermelho e cabideiros feitos com tubos de PVC pintados de amarelo. A bossa fica por conta de um conjunto com nove luminárias diferentes pendentes sobre a cama.
Em outro quarto, o do bebê, a cama é a luminária. O arquiteto Francisco Palmeiro e a jornalista Patricia Lima, do Estúdio Zebras, usaram um móvel antigo de ferro e o prenderam no teto de cabeça para baixo. Guirlandas de organza presas no aramado da cama e luminárias pendentes completam o conjunto. Misturas de estampas e florais exagerados fazem uma homenagem à Frida Kahlo. O ambiente também tem peças de cores fortes, nada dos tons pastéis que normalmente adornam os quartos dos pequenos. O berço, no canto, é amarelo. A estante, vermelha. E o trocador, feito com dois cavaletes da loja virtual Meu Móvel de Madeira, é verde com tampo estampado.
— A gente quis fugir daquela coisa mais tradicional do azul e rosa. Não há qualquer problema em usar cores no quarto do bebê, desde que elas sejam harmônicas e conversem entre si — explica Francisco Palmeiro.
Muitas cores também dão o tom do Estúdio do Artista, assinado pelo trio Joana Di Marino, Márcia Calderaro e Pualani Di Giorgio. Os armários da cozinha são amarelos, os encanamentos aparentes foram pintados em quatro cores diferentes (amarelo, laranja, roxo e turquesa) e, no ambiente de jantar, uma parede grafitada faz parceria com uma mesa em que cones de trânsito foram usados como base sob um tampo de vidro. Para dar sustentação à peça, que também é usada para fins de trabalho, há duas mãos francesas presas à parede. Piso de madeira de demolição e paredes de cimento, além de uma mesa lateral feita com blocos de concreto e usada como adega, dão o ar rústico.
— A ideia era trazer a arte de rua para dentro de casa e valorizar esses artistas — conta Márcia Calderaro.
Já na Sala de TV, assinada pela arquiteta Estela Pinheiro, os paletes de madeira aparecem em duas versões. Na parede, como um painel rústico para TV, e como mesa de centro, neste caso, com as ripas pintadas de roxo e com rodízios. Todos os móveis do espaço, aliás, são feitos com material reciclado. E o móvel retrô usado como rack foi repaginado e ganhou pintura verde na frente das gavetas e novos puxadores.
Além dos espaços decorados, este ano o evento fará uma homenagem a Sérgio Rodrigues. Os designers Alessandra Clark e Nuno Franco de Sousa, da marca Mameluca, idealizaram o Espaço Design Sérgio Rodrigues, onde estarão expostos móveis assinados pelo próprio “mestre” e criações de designers cariocas premiados como Em2 Design, Latoog Design, Jonhy Creimer e Mameluca. E o melhor é que essas peças serão comercializadas no próprio local a preços acessíveis, com descontos concedidos por seus criadores especialmente para o evento. A mostra vai até 4 de novembro.
