terça-feira, 3 de julho de 2012

Catadores de lixo da Codin fazem manifestação em frente à Prefeitura

Fotos: Priscilla Chiapin/Estagiária

Dos cerca de 500 catadores apenas 100 foram cadastrados para trabalharem na Usina de Reciclagem
Catadores de lixo reciclável, que trabalhavam no lixão da Codin, realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (21/06), por volta das 10h, em frente ao prédio da Prefeitura de Campos.



Três ônibus, com cerca de 250 catadores, além de professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que apóiam a causa, reivindicaram a reabertura do lixão, fechado há cerca de uma semana, o que gerou a revolta da classe que vive promordialmente do que retira do lixão.  
A Vital Engenharia Ambiental, empresa responsável pela coleta de lixo,  cadastrou 100 catadores,  deste total, 50 tiveram a Carteira de Trabalho assinada e começaram nesta quinta-feira (21/06) a atuar como varredores. Segundo a líder do movimento Maria da Penha, de 38 anos, o lixão foi fechado e o direito dos catadores não foram respeitados. 

“O que foi prometido foi rompido, o acordo com esses 100 catadores foi de que eles trabalhariam na usina de reciclagem, que não tem nem previsão de funcionar. Eles são catadores, não varredores. Não houve negociação, ou qualquer apoio com cesta básica. Os cadastrados só terão remuneração no final do mês, a fome não espera. Cerca de 200 idosos sem capacidade de trabalho, muitos ficaram inválidos na prática do serviço, teve gente que até perdeu a vida, qual a garantia que nós teremos?”
Segundo a professora do curso de serviço social da UFF Érica de Almeida, a universidade em parceria com a Uenf, se vêem na obrigação de se envolver com a questão social do município, e desenvolvem o projeto de extensão universitária de apoio aos catadores que estão sem expectativa de trabalho e renda. 

“A Lei 12305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, obriga a municipalidade a se responsabilizar pelos catadores, ao implantar a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. Apresentamos na última segunda-feira (18/06) uma proposta ao Secretário de Limpeza Pública Zacarias Albuquerque, da abertura do lixão até novembro para que eles se organizem para coleta seletiva e a cooperativa, ou o pagamento imediato de pelo menos R$ 15 mil a cada catador, seguindo o padrão adotado em Gramado. Propostas estas que foram negadas. Hoje estamos aqui para uma possível renegociação, queremos respostas”. Disse. 

Segundo o secretário Zacarias Albuquerque, houve uma perspectiva de fechamento do lixão para o início de julho, porém houve urgência para o fechamento, por determinação da aeronautica, devido aos riscos à saúde humana. Os 100 catadores foram selecionados pela empresa, num processo seletivo de cerca de 45 dias, onde eles apresentaram seus documentos para o cadastramento. Informou ainda que a prefeitura estuda uma forma de compensações para os excedentes, que não ficarão desamparados, mas adiantou que estes poderão receber ajuda de um salário mínimo.
A secretaria de comunicação da prefeitura disse deve enviar um posicionamento até o final do dia.




Ururau

NOTA DA SECRETARIA: Decorridos 17 dias do fechamento DO ATERRO DA CODIN,330 ex-catadores receberam ajuda de R$ 630,00 e nos próximos 30 dias , até 200 serão mobilizados para participarem de curso de qualificação a ser implementado pelo ICAM , iniciativas adotadas pela Concessionária Vital engenharia ambiental.

A raiva faz mal

WALCYR CARRASCO éjornalista, autor de livros, peças teatrais e novelas de televisão



Uma grande atriz ensaiava uma peça. Por delicadeza, não posso dizer seu nome, mas é uma conhecida estrela de teatro e televisão. Às tantas, ela começou a achar que era boicotada. Não havia motivo. Seu nome era a isca para atrair o público. Os produtores satisfaziam qualquer de seus ai-ais. Aos mais íntimos, ela se lamentava: – O elenco não gosta de mim.
Se entrava no teatro e um grupo se divertia, achava que riam dela. Quando um ator errava o texto de uma réplica, concluía ser proposital. A situação chegou ao clímax quando pediu um cafezinho. Veio morno. Atirou a xícara aos gritos:
– Estão me servindo café frio de propósito!
Deixou a peça. Foi um prejuízo geral. A produção desistiu da montagem. Os outros atores ficaram sem emprego. Ela perdeu o tempo investido. Pior ainda. Sofreu inutilmente.
Você vai pensar que ela é louca. Não é. Continua fazendo sucesso. Foi dominada pela raiva. E, com a raiva, filtrou as atitudes de seus colegas de elenco, até estourar.
Às vezes, também fico uma pilha. Mas tento me controlar. Por exemplo, agora, com a estreia da novela Gabriela, da TV Globo, que escrevo (leia mais na página 143). É um trabalho a que me dediquei muito. É uma dificuldade me controlar. No meu prédio no Rio de Janeiro, é preciso apertar a campainha e esperar o porteiro abrir o portão. Noite dessas, ele demorou alguns minutos. Quase enlouqueci.
– Tem de ser demitido! – pensei.
Quando seu vulto veio do fundo, disse para mim mesmo:
– Será que estou maluco? Ele não tem o direito de ir ao toalete, por exemplo?
Já briguei com muita gente por ninharia. Muitas vezes o profissional só está cumprindo seu trabalho.
Não nego que o sentimento de revolta pode ter razão de ser. Um chefe pode levar o funcionário à loucura. Lembro o editor de uma revista em que trabalhei. Entregava o texto da reportagem. Ele percorria os olhos rapidamente. Dizia:
– Vamos meditar sobre isso.
E saía para jantar. Voltava três horas depois. Esperava, às vezes, até de madrugada. Muitas vezes, quando voltava, mais tarde, dava um bocejo e decidia:
– Vou ler amanhã.
Eu ficava com cara de bobo, exausto, a noite perdida.
Muitas vezes tive vontade de atirar os textos na cara dele. Sair na briga, porque aquilo era humilhação. Uma inútil demonstração de poder, como muitos chefes gostam de fazer.
Tomei atitude melhor. Encontrei outro emprego e pedi demissão. Se me deixasse levar pela raiva, o que teria sido de minha carreira?
O prejuízo que a raiva pode causar é gigantesco.
Impossível deixar de sentir, mas posso administrá-la. Estes dias encontrei um livro que me botou para pensar. Chama-se A vaca no estacionamento, de Leonard Scheff e Susan Edmiston. Sua premissa é a seguinte: “Você está num estacionamento lotado, atrasado para um compromisso. Quando finalmente encontra um lugar para deixar o carro, surge um motorista que descaradamente entra na sua frente e rouba sua vaga. Antes de se deixar dominar pela raiva, pense se, em vez de um carro, fosse uma vaca ocupando sua vaga. Você sentiria tanta raiva dela quanto do motorista?”.
É um modo zen de ver a vida. Útil para quem tem gênio forte como eu. Tive uma coleção de vasos de cristal. Todos foram sendo quebrados pelas minhas empregadas. Cada um por um motivo: “O aspirador enrolou nele”; “A vassoura bateu na mesa”.
O último foi um vaso branco, translúcido, comprado na Itália. Uma obra de arte que gostava de admirar. Apareceu com a borda quebrada.
– Fui lavar e bateu na torneira da pia.
Vi vermelho. Não sobrou nenhum da coleção! Minha vontade era de não sei o quê. Meus olhos soltavam fogo, e a moça até deu dois passos para trás, assustada. Respirei fundo. E me controlei.
O prejuízo que ela causa é gigantesco. Impossível deixar de senti-la, mas é possível administrá-la 
Só voltarei a comprar vasos quando tiver um móvel onde possa trancá-los. E tempo para eu mesmo cuidar deles.
Já vi ex-marido detonando a mulher para os amigos e até para a família dela. Pior é quando usam os filhos para expressar sua raiva. A mulher faz a cabeça das crianças contra a nova namorada do papai. O homem usa os filhos para vigiar a mãe. Resolve?
Tanta raiva só ajuda pais de santo que fazem trabalhos em encruzilhadas para separar alguém de alguém a pedido de outro alguém.

E descontar a raiva num objeto, de que serve? O celular não funciona. Atira-se pela janela. O computador dá problema. Leva um murro. É só ridículo.

Diz um ditado tibetano: “Usar a raiva para resolver um problema é como pegar um carvão em brasa para atirar em outra pessoa”.  


segunda-feira, 2 de julho de 2012

COLETA SELETIVA NA TERÇA-FEIRA

Atenção moradores dos bairros com serviço de coleta seletiva!
Quando você participa da coleta seletiva,está  cooperando para o meio ambiente do planeta,pois o material reciclável que seria aterrado,transforma-se em novo material,economizando matéria -prima e energia.
Você também  apoia a obra social da Sociedade de Apoio à criança e o Idoso,que recebe todo reciclável coletado.
COLETA SELETIVA NO SEU BAIRRO(PORTA A PORTA) NESTA 3º FEIRA:

MANHÃ:
Flamboyant
Parque São José
Parque Santa Helena
Parque Cidade Luz
Parque Rosário
Parque Nova Brasília

TARDE:
Parque Santo Amaro
Parque Lebret
Parque Guarus
Parque Aurora
COLETA DE PONTOS ESPECIAIS
Secretaria Municipal de Serviços Públicos
Secretaria Municipal de Governo
SEST/SENAT
Mult Céu
Expresso Jundiaí
Gráfica Pecuária
UENF
Escola Municipal Francisco de Assis
Portal da Infância (Av.Alberto Lamego)
Praça da República ( Centro)
Campos Luz
Coordenadoria de Fiscalização de Posturas
CEJA

A insustentável grandeza da Rio+20



Resultado da conferência é tímido. E o Brasil por pouco não entra para a história como líder de um documento criticado até pelo secretário-geral da ONU
João Marcello Erthal, de Veja

Sucesso e fracasso são conceitos intimamente ligados às expectativas lançadas sobre uma conferência, uma reunião de trabalho ou uma partida de futebol. Se o desmilinguido Flamengo empatar com o Barcelona, por exemplo, a torcida rubro-negra vai erguer as mãos ao céu, enquanto o time do argentino Lionel Messi vai levar um castigo na concentração. Ainda é cedo para afirmar que os pessimistas triunfaram, e que a Rio+20 revelou-se um fracasso retumbante. Mas é indiscutível que, pela confiança depositada no encontro “histórico” e pela oportunidade de reunir uma centena de representantes de países, dos Estados Unidos às Ilhas Maldivas, a sensação é de que pouco se fez, em nada se avançou.
O resultado não chega a ser uma surpresa: semanas antes da conferência, em Nova York, houve um esforço para que uma conquista da Rio 92 – o direito universal a água potável – não fosse suprimido em uma das versões prévias do documento. E, por incrível que possa parecer ao público leigo – maioria absoluta – uma das “vitórias” da Rio+20 é justamente “não haver retrocessos”. Ora, se esta fosse uma possibilidade real, o melhor seria sequer reunir os países-membros da ONU. Ou, no máximo, realizar um encontro por Skype, lista de e-mails ou teleconferência.
Em vez disso, o Rio de Janeiro – e o Brasil – abriram caminho para as mais de 100 delegações, ONGs de 193 países, que para se movimentar precisaram de um feriado de três dias, com mudança de trânsito, cancelamento de voos e restrições de espaço aéreo. Esta é outra marca do evento: nem no carnaval o feriado é tão grande.
Em parte a frustração se deve à expectativa que os próprios organizadores lançaram sobre a conferência de agora. “Mudar o mundo”, “escrever o futuro” e “o que nós queremos” são expressões que deixam no ouvinte a sensação de que um grande passo está próximo. Não é bem assim. E o tal medo do “retrocesso” não era infundado, se considerada uma das principais derrotas da Rio+20: a exclusão das garantias de direitos reprodutivos das mulheres, uma vitória principalmente do Vaticano, que cria uma saia justa para o Brasil, que liderou a última fase das negociações.
A ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, dá sua versão para esse resultado. "Aquilo foi pressão de países mais pobres, com forte influência da igreja católica", disse ao site de VEJA, na quinta-feira,
pouco depois do fim do encontro de mulheres da Rio+20. "Eles acham que isso autoriza o aborto, mas é uma questão muito mais ampla que isso. A forma que encontramos para lidar com o entrave foi retirar o termo, mas incluímos reafirmações para convenções que garantem o direito reprodutivo e sexual da mulher, como a convenção do Cairo", defendeu.
Izabella, que tem posturas firmes e participou ativamente dos debates pré-conferência, ficou à sombra dos holofotes durante o evento propriamente dito. Este é o formato dos eventos da ONU, uma festa em02/07/12 A insustentável grandeza da Rio+20 - Meio Ambiente e Energia que quem comanda são os diplomatas – pelo Brasil, falaram principalmente o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e os embaixadores André Aranha Corrêa do Lago e Luís Alberto Figueiredo Machado. Mas a ministra resume sem meias palavras os motivos dos avanços – ou dos não avanços –
do texto final. “O documento não atende todas as solicitações brasileiras, mas isso é válido para todos os presentes", diz.
O resultado em relação aos direitos da mulher é um exemplo mais fácil de compreender do que assuntos que exigem traquejo nas questões do meio ambiente, como “economia verde”, “princípio das responsabilidades diferenciadas” e “não retroação” – que significa a tal preocupação de não recuar em direitos importantes. Quando se abre o debate e os países têm voz, descobre-se que cada um tem lá suas razões para não querer se responsabilizar com o meio ambiente. Os Estados Unidos emitem muito carbono, portanto, têm restrições a compromissos como o de Kyoto, que afetaria a geração de energia e mudaria padrões da indústria. Presidentes europeus agitaram a bandeira vermelha quando o G77+China, grupo do Brasil, tentou passar a sacolinha para criar um fundo de 30 bilhões de dólares para fomentar ações de desenvolvimento sustentável. Afinal, a crise do Euro impõe desafios orçamentários já bastante difíceis e caros de se resolver.
A Rio+20 entra para a história, assim, repetindo um problema de sua antecessora, de 1992, que
padeceu por sérios problemas nos tais “meios de implementação”. A partir de 92 houve avanços históricos, com a inauguração de instituições e conceitos que hoje norteiam debates sobre mudanças
climáticas – com todos os exageros que ainda rondam o tema –, convenções e protocolos. Mas a “implementação”, palavra que, em português, espeta os ouvidos, desde 20 anos atrás era um problema. “Implementar” é tornar realidade, o que exige dinheiro. Sim, migrar, preservar, criar sistemas e procedimentos de sustentabilidade é um investimento. Mas mudar o paradigma custa caro.
O embaixador brasileiro Figueiredo Machado foi, até o momento, quem melhor rebateu as críticas à “falta de ambição” e foco do documento liderado pelo Brasil. “Quem exige ambição de ação e não põe dinheiro sobre a mesa está sendo, pelo menos, incoerente”, disse, numa das entrevistas em que era questionado sobre o que foi para o papel, nas 49 páginas encaminhadas para assinatura pelos chefes de estado membros da ONU.
O documento foi criticado inicialmente até pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que viu “falta de ambição” no texto entregue na terça-feira, 19, pelo Brasil, país que liderou a última rodada de negociações. Mas o sul-coreano teve que voltar atrás, diante das reclamações encaminhadas por diplomatas brasileiros. Ki-Moon, então, passou a considerar o documento não só “ambicioso”, mas também “prático”.
Voltar atrás foi uma forma de evitar que o Brasil, que assumiu a negociação e o ônus de seus sucessos ou fracassos, arcasse sozinho com a chiadeira. Uma questão de boas maneiras – ou diplomacia – com o anfitrião, que além de liderar a fase espinhosa do debate, liberou 430 milhões de reais para a realização dos eventos no Rio.
Afinal, gastar essa soma estava no ‘preço’. Entrar para a história como autor de um documento criticado até pelo presidente da ONU, não.
*fonte: www.exame.abril.com.br


Logística Reversa de Pilhas Alcalinas e Outras Inservíveis em Campos


MINHAS PILHAS ALCALINAS :O QUE FAZER ?

Pela nova legislação ,alguns residuos obrigatoriamente devem retornar ao comerciante,fabricante e importador,e que denomina-se LOGÍSTICA REVERSA.É o caso das pilhas e baterias alcalinas.No exercicio da cidadania responsável,você deve fazer a devolução na loja onde comprou.
Em Campos ,a SSP identificou os seguintes estabelecimentos que após receber estes residuos,posteriormente destinam para as indústrias de ,que destinam para a cadeia da reciclagem em São Paulo.
  • Eletrônica Real - Rua Boa Morte esquina com Rua Gil de Góis - telefone (22) 27240260
  • Eletrônica São Salvador - Rua Dr. Gesteira Passos, nº 38, Centro - telefone (22) 27330576
  • Agência Correios Campos dos Goytacazes - Praça Santíssimo Salvador, nº 53 - Centro - telefone (22) 27331641
  • Banco Santander - todas as agências de Campos dos Goytacazes
  • Agência da AMPLA-Rua Gov. Teotônio ferreira de Araújo,Centro.
Se você gostou desta orientação de responsabilidade socioambiental, replique no seu e-mail

Rede social tem 24 horas para tirar conteúdo do ar

O Superior Tribunal de Justiça definiu esta semana uma questão importante para os direitos dos internautas. A 3ª Turma determinou que mensagens ofensivas publicadas em redes sociais devem ser retiradas do ar em 24 horas após a denúncia, antes de qualquer ordem judicial.
A questão foi levada à Justiça por uma mulher que foi alvo de um perfil falso no Orkut. Denunciou o fato ao Google, dono do site de relacionamentos, que só tirou a página do ar dois meses depois. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro considerou a atitude negligente e disse que as empresas devem atender aos pedidos dos usuários em “tempo razoável”, sem especificar um prazo.
O Google não negou os fatos, mas reclamou de ter sido chamado de negligente. “O lapso temporal entre o recebimento da notificação e a remoção do perfil mostra-se razoável”, disse o site de buscas. A relatora, ministra Nancy Andrighi, manteve o que disse o TJ-RJ e se aprofundou na questão. Considerou que, diante do volume de informações que circulam na internet diariamente, é impossível exigir que provedores de redes sociais evitem a difusão de mensagens ofensivas. Mas ponderou que “a velocidade com que os dados circulam no meio virtual torna indispensável que medidas tendentes a coibir informações depreciativas e aviltantes sejam adotadas célere e enfaticamente”.
Entendeu que prazo razoável para atender ao pedidos dos ofendidos é de 24 horas, sob pena de a empresa responder solidariamente com o autor direto da ofensa. A ministra levou em conta os argumentos do Google sobre a quantidade de informações, e por isso determinou que, em 24 horas, deva ser feita uma “suspensão preventiva”, “até que tenha tempo hábil para apreciar a veracidade das alegações”.
O Google já disse que pretende recorrer da decisão. À Folha de S. Paulo, a diretora jurídica do site disse não ver “nenhuma obrigação ou efeito dessa decisão para o Google”. “Há uma inviabilidade técnica para fazer isso e em nenhum outro lugar do mundo é assim. A decisão de remover é irreversível. Ao tirar do ar, o conteúdo vai embora.”
Em cheque

O advogado especialista em Direito Digital Omar Kaminski vê com desconfiança a iniciativa da ministra de definir a questão. “Inicialmente, a decisão coloca a liberdade de expressão em cheque, porque o juízo de valor deveria vir da instância judiciária, e não da empresa de redes sociais”.

Ele lembra que o Marco Civil da Internet, projeto de lei elaborado pelo governo federal com a promessa de regulamentar as atividades na web, tramita a passos lentos no Congresso. Então, na falta de legislação, o Judiciário, provocado, teve de agir. Kaminski resume a interpretação da ministra: “Na dúvida, e diante da denúncia, manda tirar do ar”.
Entendimentos, como esse, segundo Kaminski, relativizam a liberdade de expressão. “Transformam a liberdade de falar em um direito de segunda classe, o que acaba atingindo o direito de navegação de cada um.” A decisão, na opinião do advogado, “abre um precedente perigoso”.
Kaminski lembra ainda de uma confluência de fatos curiosa: em ano de eleição, as redes sociais são ótimas plataformas de divulgação de plataformas eleitorais. Candidatos podem usar da interpretação do STJ, segundo Kaminski, para minar as divulgações uns dos outros. “Parece que está se delimitando o início de uma guerra eleitoral”, alertou o advogado.
Revista Consultor Jurídico, 23 de junho de 2012

domingo, 1 de julho de 2012

Maurício de Nassau, o brasileiro



Mariana Lacerda | 01/06/2004 00h00
Ele passou apenas sete anos no Brasil, mas hoje, 400 anos depois de seu nascimento, seu nome está associado à época de ouro da presença holandesa no Recife. Ao voltar para Europa, fracassado econômica e militarmente, e até a morte, Maurício de Nassau seria chamado de "o brasileiro"
No amanhecer de 9 de maio de 1624, moradores de São Salvador da Bahia viram entrar no porto uma frota de 25 velas que exibiam reluzentes canhões pintados de vermelho. Eram os holandeses, ou flamengos, que em menos de um dia tomaram a cidade, num ataque à sede do governo-geral do Brasil. Ali, do outro lado do Oceano Atlântico, no novo mundo, iniciara-se mais um episódio da guerra de independência dos Países Baixos (atual Holanda) contra a Espanha – a quem América portuguesa foi anexada em 1580. No ano seguinte, os 1,9 mil soldados holandeses foram dominados e entregaram suas armas ao exército do rei da Espanha. A cidade foi reconquistada. Em 14 de fevereiro de 1630, os flamengos reapareceram, dessa vez com uma armada de 67 velas. Desembarcaram em Pau Amarelo, litoral norte de Pernambuco, e tomaram a direção de Olinda. Tentaram apoderar-se da vila e, no fim, estabeleceram-se no povoado do Recife. Onde ficariam por 24 anos. Nesse período, Recife se tornaria a Nova Holanda. E, para governá-la, a Companhia das Índias Ocidentais enviou para o Brasil o conde Maurício de Nassau. Ao desembarcar em 1637, ele daria início à chamada “idade de ouro” do Brasil holandês.
O contexto histórico em que se deu a vinda dos holandeses para o Brasil é o dos conflitos europeus em torno da questão colonial. “Os Países Baixos rivalizavam com a Espanha pelo controle do rentável comércio marinho de especiarias asiáticas, escravos africanos e, como não poderia deixar de ser, pelo açúcar brasileiro”, afirma a historiadora Adriana Lopez, autora do livro Guerra, Açúcar e Religião no Brasil dos Holandeses. Assim, a capitania de Pernambuco tornou-se um inevitável campo dessa briga. Para a Companhia, a sede do governo-geral interessava politicamente e a capitania de Pernambuco economicamente. Pois no início do século 17, a região abrigava mais de 120 engenhos e, com as capitanias vizinhas, tornou-se “a área de produção açucareira mais importante do mundo”, segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello, em O Brasil e os Holandeses.
À Companhia das Índias Ocidentais, criada em 1621 pelos holandeses, cabia o monopólio sobre a conquista, o comércio e a navegação na América e na África. Assim como à Companhia das Índias Orientais estava reservada a parte oriental do mapa-múndi. “As duas dividiram entre si o mundo, tal qual os reis de Portugal e da Espanha pactuaram Tordesilhas”, diz Adriana.
Expulsos da Bahia, os soldados da Companhia tomaram Recife e Olinda. A região transformou-se num só fogo: os engenhos foram abandonados, os canaviais incendiados. Moradores recrutados formaram patrulhas organizadas por Matias de Albuquerque, governador da capitania, que conseguiu manter, por cinco anos, os inimigos restritos ao povoado do Recife.
Com a ajuda de Domingos Fernandes Calabar, luso-brasileiro conhecedor dos labirínticos rios pernambucanos, os holandeses dominaram parte do nordeste do Brasil, da foz do Rio São Francisco até o Rio Grande. De lá, partiram para a conquista do Maranhão (que só foi conquistado em 1641). A queda do Forte dos Afogados, no Recife, em março de 1633, abriu aos invasores o caminho para os engenhos da Várzea (onde hoje está um dos mais aprazíveis bairros do Recife). Também foram pilhados os engenhos em Goiana e Igarassu, com a conquista da vizinha Itamaracá. Os holandeses atacaram o Forte do Cabedelo, na Paraíba, ao norte, e Porto Calvo, em Alagoas, ao sul. Estavam assim tomado o Nordeste açucareiro e seus pontos de comunicação com a Europa, por onde chegavam mantimentos e escoava-se a produção.
Conquistado o território, chegou a hora de a Companhia organizar sua nova colônia e colocá-la para funcionar – e lucrar. Para a tarefa, chamou um certo Johan Maurits von Nassau-Siegen. Nascido há exatos 400 anos, ele era filho de uma importante família da Europa e, aos 32 anos, tinha uma vitoriosa carreira militar. Parecia ser o homem certo para a função.
Como governador da Nova Holanda, -receberia 1,5 mil florins mensais (o melhor terreno no centro do Recife custaria cerca de 2,5 mil florins) além de seu salário como coronel do Exército, mais uma ajuda de 6 mil florins para despesas pessoais. E ainda o direito a 2% sobre tudo o que fosse apreendido no litoral do Brasil. Era uma proposta irrecusável, principalmente para quem, na época, construía um palácio, em Haia, na Holanda, e estava cheio de dívidas.
Mas o novo governador não veio só. Ao todo, uma comitiva com 46 artistas, cronistas, naturalistas e arquitetos, o acompanhou em sua viagem ao Brasil. Eles seriam responsáveis pela documentação não só das obras do governo, mas da sociedade recifense da época. “Projetaram uma nova cidade, reproduziram as paisagens, fizeram mapas, catalogaram animais e plantas, e retrataram o homem indígena e africano. A fidelidade e a precisão de todo esse trabalho faz com que até hoje seja considerado um importante acervo da história das ciências”, diz o historiador Leonardo Dantas Silva. Até então, o Novo Mundo jamais fora alvo de observações tão precisas. “É essa produção que faz, hoje, o período holandês ser tão lembrado por meio da figura de Nassau – que permaneceu no Brasil apenas sete dos 24 anos de ocupação”, afirma Adriana.
Recife, que relatos da época chamam simplesmente de “povo”, era, no começo do século 17, um burgo “que os nobres de Olinda deviam atravessar pisando em ponta de pé, receando os alagados e os mangues”, escreveu José Antônio Gonsalves de Mello Neto, no clássico Tempo dos Flamengos. A situação agravou-se em novembro de 1631, quando os holandeses incendiaram Olinda. A cidade e “seus inacessíveis oito morros e casas distantes entre si” era difícil de defender das investidas dos portugueses e, por isso, acabou condenada à destruição pelos invasores.
Quando chegou no Recife, em 1637, Nassau encontrou uma população de cerca de 7 mil pessoas obrigada a conviver nas piores condições de higiene e conforto. Para enfrentar a falta de habitações, iniciou a construção, na Ilha de Antônio Vaz (hoje, o bairro de Santo Antônio, no centro do Recife), do que veio a ser a Mauritsstaden ou, para nós, em bom português, a Cidade Maurícia. Ali, ele erigiu para si dois palácios, o de Friburgo e a casa da Boa Vista. E iniciou a urbanização do povoado, seguindo um projeto que contemplava ruas, praças, pontes, mercados, canais, jardins e saneamento, enfim uma cidade de verdade. Afinal, “os holandeses que aqui estiveram eram todos originários de aglomerados urbanos e, por isso mesmo, não poderiam pensar numa cidade que não fosse voltada para o urbano”, diz Leonardo.
Nassau determinou que os moradores varressem a rua defronte suas casas e os orientou “a não despejar mais as imundices senão nas praias”, escreveu Mello Neto. O Recife (atualmente o Bairro do Recife) foi, enfim, em 28 de fevereiro de 1644, ligado à Cidade Maurícia com a construção da primeira ponte da América Latina (onde atualmente fica a ponte Maurício de Nassau). Para a inauguração, Nassau anunciou à população que um boi iria voar sobre suas cabeças. Para surpresa geral, na hora da festa, um boi, ou melhor, o couro de um boi enchido com palha, preso a uma corda, desceu por uma corda do alto do Palácio Friburgo.
Recife tornou-se a cidade mais cosmopolita do continente. Holandeses, franceses, alemães, poloneses que integravam os quadros da Companhia das Índias acorriam para lá. Mulheres chegaram da Holanda e fizeram que o Recife, segundo um relato da época, tivesse os “bordéis mais vis do mundo”. A cidade passou por um terrível surto de sífilis. Doença de cidade grande.
Apesar da relativa paz entre os invasores holandeses e os locais portugueses e brasileiros, durante as obras da Cidade Maurícia, a Companhia passou a questionar a administração de Nassau, que não obtinha os lucros que esperava. “Os novos dominadores eram formados em sua maioria por comerciantes e gente da navegação, acostumados a viver em áreas urbanas e, como tal, não se adaptaram à vida rural, onde se encontravam os principais núcleos da produção do açúcar”, diz Leonardo Dantas, em seu novo livro, João Maurício Brasileiro (ainda inédito). “Eis a primeira falha da tentativa de colonização holandesa no nordeste do Brasil: os invasores podiam ter conseguido apoderar-se dos engenhos, mas não das técnicas de produção de açúcar.”
Ao conquistar Pernambuco, os holandeses confiscaram parte dos engenhos. Os senhores, então, tiveram de pagar caro ao novo governo por suas terras. Quem não teve como pagar ficou devendo. Nassau fazia vista grossa, mas, por pressão da Companhia, passou a cobrar os empréstimos. Assim, atraiu a revolta daqueles que sabiam transformar cana em açúcar. “Ao fazer isso, cultivou entre os donos de engenhos o sentimento de que era melhor – e mais barato – se livrar dos holandeses”, diz Pedro Puntoni, pesquisador da Universidade de São Paulo.
A empresa exigiu o aumento da arrecadação e a cobrança imediata das dívidas e, como não foi atendida, em maio de 1643, o governo holandês mandou que Nassau retornasse. Porém, ele demorou quase um ano para obedecer. Num documento, o seu Testamento Político, Nassau recomendou que, na sua ausência, o governo fosse tolerante com práticas religiosas e exercesse sem rigor a cobrança dos créditos dos engenhos. Que conservasse as fortificações, não abusasse das torturas e fizesse o que fosse possível para atrair a simpatia dos comerciantes portugueses.
Do outro lado do oceano, a Companhia das Índias empobrecia. Por isso, enviava menos recursos para a colônia que, aos poucos, entrou em colapso. “Do início da guerra de restauração, em 1645, até a expulsão total dos holandeses, em 1654, foram anos de muita penúria no Brasil holandês”, diz Adriana Lopez. Cercada no Recife, a população foi obrigada a incluir gatos, cachorros, cavalos e até ratos no cardápio.
O conde Nassau voltou à Europa no mesmo barco que o trouxera ao Brasil, o Zuphen. Ao seu redor, navegava uma frota de 13 navios, e um carregamento avaliado em 2,6 milhões de florins, composto principalmente de açúcar, fumo, pau-brasil e madeiras de lei. Para se ter uma idéia, a ponte construída por Nassau anos antes custou 140 mil florins. Com ele, estavam, além de amostras de plantas, animais e artefatos indígenas, toda a produção de seus cronistas, pintores e naturalistas. Material que, desde aquele momento, iria dar à Europa um valioso testemunho das riquezas naturais e culturais no Novo Mundo. Esse acervo também fez com que Johan Maurits von Nassau-Siegen passasse a ser lembrado, até hoje, em terras do além-mar, como Maurício Brasileiro.

Arte e ciência

A produção dos holandeses no Brasil preservou para sempre um período de apenas 24 anos
Desde o momento em que o europeu chegou ao novo continente, passou a relatar o que via nessa terra, repleta de gente e de vegetação generosa. Mas mesmo após mais de 100 anos da chegada dos portugueses, nunca a Europa vira descrições e desenhos tão minuciosos de paisagens, da fauna, flora, dos índios e negros que habitavam nossas terras, até que Nassau desembarcou no Recife acompanhado por uma comitiva de 46 estudiosos, entre os quais o médico particular de Nassau, Willem Piso, o astrônomo Georg Marcgrave, os pintores Frans Post e Albert Eckhout – autores dos mapas, herbários e obras de artes tão apaixonantes quanto importantes para a compreensão da história da ciência no Brasil e no mundo. “O período de Nassau não foi, necessariamente, melhor para a colonização. Ele não mexeu na estrutura do colonialismo, que é o escravismo e as grandes propriedades. Mas deixou uma herança histórica e científica sem precedentes para a época”, diz a historiadora Adriana Lopez. A Historia Naturalis Brasilie, publicada em Amsterdã em 1648, divide-se em De Medicina Brasiliensi, escrita por Piso, e no Herbarium Vivum Brasiliens, um compêndio das espécies de plantas brasileiras, assinado por Marcgrave. Era o mais completo sobre a flora do Novo Mundo que se tinha notícia e que seria, mais tarde, citado em trabalhos de Lineu e Darwin. Piso e Marcgrave trabalhavam, na maior parte do tempo, no Palácio de Vrijburg (Cidadela da Liberdade), onde Nassau guardava sua coleção de bichos e plantas. O legado do pintor Albert Eckhout inclui um conjunto de oito pinturas, em tamanho natural, com tipos étnicos brasileiros. E mais uma coleção com quadros menores (óleo sobre madeira), além de aquarelas e desenhos de plantas conhecidos como Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae, com retratos da fauna e da flora contida no zoobotânico de Nassau. Em sua comitiva, estava o jovem artista de 24 anos que se tornou o primeiro autor de paisagens em território americano: Frans Post. Ele teria pintado em Pernambuco, segundo o historiador Leonardo Dantas, pelo menos 18 quadros a óleo. Ao retornar a Holanda, Maurício de Nassau levou consigo a mais importante coleção de manuscritos, preciosos mapas e toda obra de Eckhout e Frans Post. Parte desse acervo foi vendido, em 1652, a Frederico Guilherme (1620-1688), príncipe-eleitor de Brademburgo, na Prússia. Uma segunda parte da coleção veio a ser depois negociada pelo conde de Nassau com Frederico III, rei da Dinamarca, ficando o restante para ser adquirido por Luís XIV em 1679. Hoje, um conjunto de 27 painéis, pintado no Brasil por Albert Eckhout, integra o acervo do Museu Nacional de Copenhague. Suas aquarelas e crayons, com pinturas de animais e plantas, foram redescobertos, na Polônia, onde estão disponibilizados à pesquisa. Dos quadros de Post, restaram sete: quatro estão no Museu do Louvre, em Paris, um na Holanda, outro nos Estados Unidos e o sétimo, uma paisagem da Ilha Antônio Vaz, pertence à coleção da Fundação Ricardo Brennand, no Recife.

Presença marcante

Foram apenas 24 anos, mas a invasão dos holandeses deixou marcas indeléveis no Recife
1598
Os holandeses atacam as ilhas de São Tomé e Príncipe, na África, dando início à guerra contra o império ultramarino português.
1602
Fundada a Companhia das Índias Ocidentais.
1604
Nascimento de Nassau.
1624
Soldados da Companhia atacam a cidade de Salvador, na Bahia. São expulsos no ano seguinte.
1630
Olinda e logo em seguida o “povo” do Recife são tomados.
1631
Em 24 de novembro, a cidade de Olinda é incendiada.
1632
Temendo ser punido por furto, Calabar muda o rumo da expansão holandesa ao passar para o lado dos “hereges”.
1636
Os holandeses dominam o Nordeste da foz do Rio São Francisco até o Rio Grande do Norte.
1637
Empossado o governador da Nova Holanda, o conde Maurício de Nassau-Siegen.
1637
Nassau ataca São Jorge de Mina, na África. Pernambuco recebe 1580 escravos.
1638
Nassau tenta, em vão, a reconquista de Salvador.
1639
Iniciada a construção do Palácio de Friburgo, casa e jardim zoobotâncio de Nassau.
1641
A Companhia já dominava sete das 14 capitais do Brasil, as regiões da Guiana, e as ilhas de Curaçao e Aruba, além do comércio de peles feito pelo Rio Hudson, na América do Norte.
1644
Nassau inaugura a primeira ponte da América Latina.
1644
Nassau deixa o Recife, levando sua coleção de pinturas, vendidas, posteriormente, talvez para pagar as contas da construção de seu palácio, em Haia.
1645
Os luso-brasileiros têm o Recife isolado, sem acesso aos alimentos produzidos na zona rural.
1646
Holanda manda reforços para Pernambuco.
1647
Rebeldes luso-brasileiros controlam o interior do Nordeste. Os holandeses dominam as entradas por mar. Do Forte do Bom Jesus (hoje bairro de Casa Forte), o burgo do Recife é bombardeado sem cessar.

1649
Em 19 de fevereiro, começa a Batalha dos Guararapes. Mais de mil soldados morrem no confronto com rebeldes luso-brasileiros. A data é considerada o marco do início da existência do Exército brasileiro.
1653
Portugal bloqueia o Porto do Recife. Em 27 de janeiro do ano seguinte, a tropa da Companhia das Índias Ocidentais rende-se.
1654

Saídos do Recife, 23 judeus chegam à baía de Hudson e se estabelecem na futura Nova York.


Nova York é aqui

Durante a ocupação, os holandeses garantiam tolerância religiosa para espanhóis, portugueses e nativos, católicos ou judeus. Por isso, judeus portugueses e alguns migrados da Polônia e da Alemanha, mudaram-se para o Brasil a fim de fugir da Inquisição. Eles se estabeleceram no comércio, cobranças de impostos e venda de tabaco e escravos – que ocorria na rua dos Judeus, hoje chamada rua do Bom Jesus, no Recife. Ali surgiu, por volta de 1636, a primeira sinagoga na América, a Zur Israel (rocha de Israel).
Durante a Inssurreição Pernambucana, o movimento de reconquista português, a cidade foi cercada e o rabino Isaac Aboab da Fonseca, um português, compôs o poema Mi Kamókha (Quem Como Tu?), em que descreveu a ação de João Fernandes Vieira, líder do movimento, e o estado de penúria pelo qual passava a comunidade judaica.
“Trata-se da primeira literatura escrita em hebraico na América”, diz Leonardo Dantas Silva, historiador recifense. Em 22 de junho de 1646, os esfomeados do Recife vêem surgir os barcos holandeses Falcão e Elizabeth, que vinham carregados de soldados e alimentos.

A população agradecida mandou cunhar duas medalhas comemorativas, as primeiras que se têm notícia no Brasil, para serem entregues aos comandantes dos navios, com os dizeres “O Falcão e o Elizabeth salvaram o Recife”. Após a rendição das tropas holandesas, cerca de 400 judeus retornam à Europa. Um grupo de 23 deles seguiu para a Nova Amsterdã e, lá, fundaram a primeira comunidade judaica do que, no futuro, tornou-se a cidade de Nova York.


Saiba mais

Livros
Guerra, Açúcar e Religião no Brasil dos Holandeses, Adriana Lopez, Senac, 2002 - Relatos pouco conhecidos em objetiva e deliciosa narrativa
Tempo dos Flamengos, José Antônio Gonsalves de Mello Neto, José Olympio, 1947 - Clássico sobre a influência holandesa no Brasil, reeditado em 1987
O Brasil e os Holandeses, 1630-1654, org. Paulo Herkenhoff, Sextante Artes, 1999 - Traz artigos de alguns dos maiores especialistas no assunto, como Evaldo Cabral de Mello, José Luís Mota Menezes e Leonardo Dantas Silva
João Maurício, o Brasileiro, Leonardo Dantas Silva (inédito) - Entre os documentos históricos citados pelo autor, está o Testamento Político de Nassau

Empresa usa restos de tecido para fazer papel

 17/06/2012 
As aparências enganam sim. O moleskine aí de cima, apesar de sugerir o contrário, não é só mais um bloquinho de papel reciclado. É uma caderneta feita de restos de tecidos. A capa, mais especificamente, foi produzida com fibras de jeans usado. A ideia de fabricar papel a partir de sobras de algodão descartadas durante a produção dos panos é de uma empresa portuguesa, a Moinho. A companhia transforma a matéria-prima em artigos variados, como embalagens, convites e álbuns e… moleskines.
Seu Manuel Moreira dos Santos, um português simpático que vive há seis anos no Brasil, está em um dos estandes da Rio+20 para tentar trazer a patente ao Brasil. Sua intenção é convencer a marca Osklen a produzir por aqui o tal papel de restos de tecidos. “A gente pode transformar as sobras em sacolas para os clientes”, afirma.
Segundo ele, as fibras que restam hoje do processo produtivo são incineradas. Se reaproveitadas, deixariam de emitir gases poluentes na queima. E ainda seriam usadas em um novo produto. Tentativas não faltam de colocar em prática a tal economia verde na Rio+20.
(Aline Ribeiro)

Os termos mais falados da Rio+20

Planeta Na Rio+20 - 14/06/2012 
Mônica Nunes, Ana Luiza Vastag, Débora Spitzcovsky e Marina Franco

 ARio+20 já chegou! Por isso, listamos os termos relacionados aos debates realizados neste mês de junho antes e durante a Rio+20, de 20 a 22/06, no Rio de Janeiro:
CARTA DA TERRA

É uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a humanidade, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. A Carta da Terra reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico eqüitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis. O documento é resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto da Carta da Terra começou como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou como uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000 a Comissão da Carta da Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou o documento como a carta dos povos.
 CONVENÇÕES DO CLIMA
Há mais de 40 anos os países-membros da Organização das Nações Unidas se reunem para discutir os rumos do meio ambiente global. Veja a seguir os principais encontros e o que resultou deles:

ESTOCOLMO, 1972 – A Conferência da ONU sobre Ambiente Humano debateu, principalmente, as transformações que o homem impunha ao ambiente. Os principais focos da reunião foram a poluição industrial e a falta de recursos naturais. Foi na Conferência de Estocolmo que se estabeleceu a relação desenvolvimento e meio ambiente e que foi criado o Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
VIENA, 1985 – A Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio definiu os primeiros passos de um resultado concreto: a assinatura do Protocolo de Montreal por 24 países em 1987, que evitou que se abrisse um irreparável buraco na camada de ozônio. Sem ele, a humanidade certamente teria sido dizimada. Em 2004, 188 países haviam ratificado o documento. Hoje, mais de 190 nações são signatárias (leia mais em Protocolo de Montreal ajuda a entender as origens da Rio+20)
RIO DE JANEIRO, 1992 – Mais conhecida por Rio92, foi a primeira cúpula mundial sobre desenvolvimento sustentável, que durou 15 dias. Seu nome oficial é Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. No encontro, foram formulados os principais documentos da agenda ambiental mundial, como a Agenda 21, a Declaração do Rio de Janeiro, a Convenção sobre Mudança do Clima e a Convenção sobre Diversidade Biológica.
JOANESBURGO, 2002 – Apelidada de Rio+10, a Cúpula Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável procurou resolver os problemas de implementação das decisões acordadas na Rio92, inclusive pontos da Agenda 21. Nesta ocasião também foi feita uma reforma da CDS – Comissão de Desenvolvimento Sustentável.
RIO DE JANEIRO 2012 – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ou Rio+20, será realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro. Ela acontecerá vinte anos após a Rio92 (Conferência em Meio Ambiente e Desenvolvimento), por isso é conhecida por Rio+20. Reunirá chefes de Estado e outros representantes governamentais dos 193 países-membros da ONU com o objetivo de renovar um comprometimento político pelo desenvolvimento sustentável, avaliar o progresso alcançado e as lacunas ainda existentes na área, além de traçar novos desafios. A conferência focará em dois temas principais: economia verde com erradicação da pobreza e modelo de governança institucional para desenvolvimento sustentável.
CONSUMO CONSCIENTE

Adoção, pelo ser humano, de padrões de produção e consumo sustentáveis. Comprar com discernimento significa a reorientação da direção a novos valores, objetivando o impacto ambiental e social que as pessoas produzem através da cultura do excesso.

CÚPULA DOS POVOS

Evento paralelo e crítico à Rio+20 que ocorre de 13 a 22 de junho. Organizado pelo Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 (CFSC), reunirá coletivos, redes, organizações e movimentos sociais no Aterro do Flamengo. A ideia é criar um espaço extra diplomático para que a sociedade mundial apresente sua agenda e, em conjunto, formule propostas a serem encaminhadas aos chefes de Estado reunidos na conferência oficial.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Este conceito surgiu pela primeira vez em 1987, com o relatório Brundtland, e foi amplamente adotado no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, Rio92. Em termos gerais, representa o crescimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atendimento às das gerações posteriores. Para isso, deve-se realizar um planejamento e reconhecer que os recursos naturais não são infinitos.

DRAFT ZERO

Lançado em 11/01/2012 pela ONU, o Draft Zero é o esboço do documento O Futuro que Queremos que, espera-se, seja resultante da Rio+20. Seu texto recomenda ações para diversos desafios globais – entre eles, acesso universal à água e energia, aumento da oferta de emprego, diminuição das desigualdades e segurança alimentar.

ECONOMIA VERDE

Modelo de economia que se baseia em baixa emissão de gases do efeito estufa e resulta na melhoria do bem-estar humano e igualdade social. Neste modelo, os riscos ambientais e a escassez ecológica são reduzidos. Pode ser chamada de economia socialmente inclusiva, de baixo carbono e recursos eficientes. Na prática, seu crescimento de renda e de emprego é impulsionado por investimentos que reduzem as emissões de carbono e a poluição, melhora a eficiência energética e evita a perda de biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas. Tem o capital natural como ativo econômico e fonte de benefícios financeiros, especialmente para quem tem a natureza como fonte de sobrevivência.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Expressão que define a racionalização ou melhor aproveitamento quanto ao consumo de energia.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mudança que possa ser, direta ou indiretamente, atribuída à atividade humana, que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis.

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Metas, nos moldes dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que podem ser acordadas na Rio+20. A intenção é que as ODSs sejam assumidas por todos os países-membros da ONU após 2015, quando expira o prazo para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO (ODM)

Os 8 ODMs – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, são um conjunto de metas estabelecidas para a erradicação ou diminuição dos maiores problemas mundiais, como a pobreza e a fome, a mortalidade infantil e a falta de acesso ao ensino básico. Com a finalidade de tornar o mundo um lugar mais justo, solidário e melhor para se viver, os ODMs foram assumidos pelos governos dos países membros da Organização e devem ser cumpridos até 2015. No Brasil, são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo.

O FUTURO QUE QUEREMOS

Por enquanto chamado de Draft Zero, ou Rascunho Zero – é o documento que a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, da ONU, a Rio+20, produzirá agora em junho, no Rio de Janeiro. O título inspirou campanha do governo brasileiro que visa estimular a sociedade civil a participar dos debates do evento oficial da Nações Unidas. Saiba mais em ‘Eu sou Nós’: ONU lança campanha para descobrir o futuro que queremos após Rio+20.

SEGURANÇA ALIMENTAR

Garantia permanente de que todos tenham acesso a alimentos básicos, em quantidade suficiente. A segurança alimentar se refere também à política de uso dos recursos naturais para a produção de alimentos, o impacto ambiental que causa e sua distribuição.

TURISMO SUSTENTÁVEL
Busca minimizar os impactos ambientais, sociais e culturais das regiões e países em que é feito, ao mesmo tempo que promove benefícios econômicos para as comunidades locais.