quinta-feira, 27 de março de 2014

SUSTENTABILIDADE:No discurso é mais fácil

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

No discurso é mais fácil

Uma pesquisa exclusiva mostra que as empresas brasileiras já têm a sustentabilidade na estratégia. Mas para boa parte delas ainda falta levá-la para o dia a dia do negócio

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Lucas Rossi Exame -/03/2014

Divulgação

Na década de 50, quando ainda planejava criar a Companhia Brasileira de Alumínio, na região de Sorocaba, no interior de São Paulo, Antônio Ermírio de Moraes, um dos donos do grupo Votorantim, se deparou com um problema: a concessionária contratada para o fornecimento de energia desistiu do acordo. O empresário resolveu então construir ele próprio pequenas usinas hidrelétricas na região, ao longo do rio Juquiá.

Preocupado em proteger as nascentes na bacia do Juquiá - afinal, qualquer problema ali atrapalharia a produção de energia -, ele começou a comprar as fazendas ao redor. A CBA começou a operar em 1955 e, em 1963, ela já havia adquirido 245 propriedades. Com isso, a empresa se tornou dona de uma reserva de Mata Atlântica de 31 000 hectares - o equivalente à área da cidade de Curitiba. Quase cinco décadas mais tarde, o que era gestão de risco se tornou um problema. "Passamos a ter de lidar com invasores de terra e extratores ilegais de palmito", diz David Canassa, gerente de sustentabilidade da Votorantim Industrial. O grupo cogitou doar a área e criar um parque estadual. Mas, ao analisar a imensidão de Mata Atlântica, a empresa descobriu que o terreno poderia ajudar a tirar algumas das premissas de sua estratégia de sustentabilidade do papel.

Estudos revelaram que a área é riquíssima em biodiversidade, com 800 espécies de plantas. E um dos pilares da estratégia de sustentabilidade do grupo, dono de grandes extensões de terra em todo o país, é pesquisar como a biodiversidade pode ser usada a favor de seus negócios. Outro eixo da estratégia é contribuir para o desenvolvimento das localidades onde o grupo opera, e seus executivos também descobriram que podem explorar o ecoturismo na reserva para impulsionar a economia da região que a cerca, uma das mais pobres do estado. Conclusão: o grupo não doou a área, e há três anos discute com o governo local, acadêmicos e ONGs como transformá-la numa plataforma de pesquisas e de negócios. "Mapeamos as opções e agora é a hora de agir", afirma Canassa.

Trata-se de um caso emblemático de uma empresa que colocou o tema da sustentabilidade em sua estratégia e agora tenta superar o desafio mais complexo: desdobrá-la em ações e executá-las. A Votorantim não é um exemplo isolado. A 14ª edição do Guia Exame de Sustentabilidade, publicada em novembro, destacou 67 companhias que fazem com que a busca do desenvolvimento sustentável permeie seus negócios.

Num universo mais amplo, porém, o retrato é um pouco diferente. Segundo uma pesquisa exclusiva realizada pela escola de negócios Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, com 400 companhias de diferentes tamanhos, 78% delas afirmaram que a preocupação com a sustentabilidade de fato está na estratégia de negócios. O problema é que só uma minoria - 36% - tem ações concretas relacionadas ao tema. E 37% dos executivos têm metas de responsabilidade ambiental. Não bastasse considerar esse percentual baixo, os pesquisadores enxergam algumas ressalvas. "Em muitas empresas, as ações de sustentabilidade são pouco sofisticadas e se limitam a promover a coleta seletivaeconomizar papel ou doar dinheiro para alguma organização sem fins lucrativos", afirma Lucas Amaral, um dos responsáveis pela pesquisa.

Para entender o porquê do descolamento entre o que as companhias professam e o que elas fazem, basta analisar outros dados trazidos pela pesquisa. Ela mostrou que, para 91% das empresas, o que está por trás da preocupação com a sustentabilidade é o benefício para a imagem da companhia. Um percentual igualmente relevante, de 75%, afirma se importar com o tema porque é pressionado - pelo governo, por ONGs ou pelos consumidores. Mas apenas 48% investem em produtos e serviços sustentáveis. Ou seja, as empresas aprenderam que atrair a ira de ONGs é uma péssima estratégia de marketing. "O que ainda não está claro para elas é o fato de que a sustentabilidade não é uma ameaça, e sim uma alavanca para inovar e ganhar dinheiro", diz Mário Monzoni, diretor do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, responsável pela metodologia do Guia Exame.

A despeito dessa miopia, é possível interpretar os dados da pesquisa da Fundação Dom Cabral com certo otimismo. É animador constatar que, apesar de apenas uma minoria encontrar meios de colocar o discurso em prática, há avanços. Desde 2012, quando foi realizada uma versão anterior do levantamento, o percentual de empresas que afirmaram ter ações concretas relacionadas à sustentabilidade saltou de 13% para os atuais 36%. Algumas das que começam esse movimento apenas por pressão externa percebem outros benefícios no meio do caminho. É o caso do Walmart, que abraçou publicamente a causa em meados da década passada, nos Estados Unidos. Na época, o varejista era alvo de críticas sobre suas práticas trabalhistas. Com o tempo, os ataques se estenderam também à sua falta de políticas ambientais. Nesse momento, os executivos do Walmart decidiram levar o tema para o cerne do negócio em todas as suas operações. No Brasil, os impactos dessa decisão são nítidos. A operação expõe publicamente suas metas de redução de geração de resíduos e já exigiu que mais de 29 fornecedores locais reformulassem seus produtos para torná-los menos nocivos ao meio ambiente, como a fabricante de calçados Grendene e a de alimentos Nestlé. Existe uma lógica comercial por trás. No acordo, o varejista destaca as características sustentáveis do produto - numa aposta à atenção dos consumidores a esse tipo de apelo. "A pressão fez com que mudássemos nossa maneira de fazer negócios", diz Camila Valverde, diretora de sustentabilidade do Walmart no Brasil.

A pressão local também tem influenciado empresas 100% brasileiras a mudar de postura. É o caso do JBS, maior frigorífico do mundo. Hoje, a companhia tem um sistema para monitorar 87 milhões de hectares de terras na região amazônica - onde está metade de toda a área de pastagem do país. O JBS usa o mecanismo para selecionar os que, por exemplo, respeitam a legislação ambiental entre os cerca de 30 000 fornecedores na região - e deixa de negociar com os demais. Bom-mocismo? O sistema começou a ser pensando em 2010, depois que um estudo da ONG Greenpeace e denúncias do Ministério Público associaram os frigoríficos ao desmatamento.

"Independentemente da razão que levou uma companhia a colocar o tema da sustentabilidade em sua estratégia, o importante é que ele ganhe relevância", diz Heiko Spitzeck, diretor do núcleo de sustentabilidade da Fundação Dom Cabral. "Para quem percebe os benefícios disso, é um caminho sem volta." Só falta as empresas se convencerem dessas vantagens para transformar o que já funciona no discurso em prática
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quarta-feira, 26 de março de 2014

Rosinha: “Querem tirar nossos royalties, agora querem tirar nossa água?”

Rosinha: “Querem tirar nossos royalties, agora querem tirar nossa água?”

Rosinha2Rosinha Garotinho — “Como ex-governadora do Rio e prefeita de Campos, não poderia jamais aceitar uma perda tão considerável para nosso Estado, região e município. As informações iniciais indicam que a proposta de integrar o rio Paraíba ao sistema Cantareira nos atingiria de forma agressiva e irreparável, comprometendo o futuro de todo o Estado. Não podemos admitir mais nenhuma perda. O Rio de Janeiro já foi prejudicado com a perda do ICMS do petróleo, o único produto taxado no destino e não na origem. Querem tirar os nossos royalties. O Rio já perdeu a capital do país. Agora querem tirar a nossa água? O rio Paraíba do Sul já sofreu com a represa de Guandu. A cada estiagem, de agosto a outubro, o nível fica menor. Com a transposição, a situação se agravaria neste período, podendo prejudicar o abastecimento de água para as pessoas e a agricultura. E o rio recebe esgoto não tratado desde a sua nascente, em São Paulo. Não podemos esquecer que há duas hidrelétricas projetadas para a região, o que diminuiria ainda mais o nível das águas. Fora indústrias que nem são de Campos, muitas vezes de outros Estados, que contaminam o rio Paraíba regularmente, como temos presenciado. Com menor vazão de água, a língua salina da foz iniciaria um processo de desertificação, que inviabilizaria as atividades agrícolas. O que aconteceria com a perda da força da água, por exemplo, com o mar avançando ainda mais sobre São João da Barra e salinizando a região? Eu não acredito em uma decisão da presidente Dilma Rousseff para beneficiar um Estado em detrimento de outro, porque a água é essencial à vida. Sou contra a proposta anunciada, e compreendo que São Paulo não pode resolver seus problemas prejudicando milhões de habitantes de outro Estado da Federação”.


'Político não serve para gerir água, sociedade tem que agir'

ENTREVISTA

'Político não serve para gerir água, sociedade tem que agir'

Promotor de Justiça de SP faz criticas severas à gestão de recursos hídricos na capital e diz que população tem que "entrar com tudo" contra o mau gestor público

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Vanessa Barbosa Exame.com - 03/2014

laszlo-photo/Creative Commons

O nível do Sistema Cantareira já beira os 15%, na pior crise de água já registrada em São Paulo. Relatos de desabastecimento começam a aparecer. Sinais de racionamento? A prefeitura diz que não, enquanto o governo afasta a ideia de implementar o rodízio de água. Já que não chove nas represas, a solução da Sabesp foi recorrer a obras para retirada do chamado volume morto, um reservatório que está abaixo do nível alcançado hoje pelo sistema de captação. Mas mesmo essa água extra tem limite, dá para garantir líquido na torneira por cerca de quatro meses.

Como chegamos a esta situação? Para José Eduardo Ismael Lutti, 1º Promotor de Justiça do Meio Ambiente da capital, a explicação vai muito além da falta de chuva.

"Temos o pior sistema de gestão de recursos hídricos que se pode imaginar", afirmou durante evento em São Paulo, numa crítica direta a possíveis intervenções políticas. "Político não serve para ser gestor onde o conhecimento técnico tem que imperar", acrescentou durante seminário sobre gestão de água, realizado pela Fiesp.

Segundo Lutti, a resistência do governo paulista em falar de racionamento vem daí. "O governador não quer o racionamento? Quem é o governador pra dizer se quer ou não quer racionamento? É porque as eleições estão aí. Nosso sistema de abastecimento está no limite há no mínimo quatro anos, e o que foi feito para evitar o colapso?", questiona.

Referência em matéria de legislação ambiental, o promotor de justiça defendeu a responsabilização pessoal do agente público, que em suas palavras, "toma decisão equivocada dolosamente".

"Deixar chegar na situação de hoje, só mesmo responsabilizando pessoalmente o gestor público. Os brasileiros precisam abraçar os valores ambientais. Tem que encher os tribunais de ação contra o estado pela péssima gestão", disse.

O promotor de justiça também defendeu um sistema de regulação mais eficiente, capaz de cobrar o cumprimento das outorgas de operação do sistemas de água.

"Na outorga do sistema Cantareira por exemplo, o artigo 16 diz que a concessionária deveria providenciar, dentro de 30 meses, soluções para reduzir a dependência do sistema Cantareira", explicou.

Cinco anos depois, em dezembro de 2009, um estudo não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água.

Para concluir, Lutti defendeu ainda alternativas, de longo prazo, que passem ao largo das grandes obras como a que será feita para acessar o volume morto na Cantareira. A recuperação de mananciais na represa de Billings e de Guarapiranga é uma delas
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ANA lança rede para monitorar qualidade das águas do Brasil


ANA lança rede para monitorar qualidade das águas do Brasil
 Março de 2014 • Atualizado às 17h00


Na próxima quinta-feira (20), a Agência Nacional de Águas (ANA) lançará a Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade das Águas (RNQA). O objetivo é monitorar, avaliar e disponibilizar à sociedade as informações de qualidade das águas superficiais e gerar conhecimento para subsidiar a gestão dos recursos hídricos do Brasil. Além disso, a RNQA vai identificar áreas críticas em termos de poluição hídrica e de apoiar ações de planejamento, outorga, licenciamento e fiscalização das águas do País.
Durante o evento, acontecerá a assinatura da Carta de Compromisso para implementação da RNQA entre a ANA e as 16 unidades da Federação contempladas com os equipamentos: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Os demais estados devem esperar as próximas etapas de implantação da Rede.
O desenvolvimento da RNQA é resultado de um processo de parceria entre a ANA e diversos órgãos gestores de recursos hídricos e meio ambiente. A meta é que até dezembro de 2020 todos os estados e o DF tenham um total de 4.452 pontos de monitoramento.
Função dos equipamentos
No total, a Agência Nacional de Águas investiu R$ 9,54 milhões em equipamentos. São eles: medidores acústicos de vazão (83), sondas multiparamétricas de qualidade de água (46), caminhonetes 4x4 com baú adaptado (30) e barcos com motor de popa (25). Entre os equipamentos adquiridos pela ANA, os medidores acústicos são necessários para calcular a carga de um determinado poluente ou substância num manancial. As sondas multiparamétricas de qualidade da água permitem a determinação, em campo e em tempo real, de importantes parâmetros de qualidade das águas. Geralmente são medidos temperatura, turbidez, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica. Tanto as caminhonetes quanto as embarcações são necessários para o transporte das equipes e dos equipamentos necessários para as análises.
Análise da água
A RNQA propõe a padronização dos dados coletados, dos procedimentos de coleta e da análise laboratorial dos parâmetros qualitativos para que seja possível comparar as informações obtidas nas diferentes unidades da Federação. Os parâmetros mínimos a serem coletados nos pontos de monitoramento envolvem aspectos físico-químicos (transparência, temperatura da água, oxigênio dissolvido, pH e Demanda Bioquímica de Oxigênio, por exemplo), microbiológicos (coliformes), biológicos (clorofila e fitoplâncton) e de nutrientes (relacionados a fósforo e nitrogênio). Todos os dados obtidos pela RNQA serão armazenados no Sistema de Informações Hidrológicas (HidroWeb), da ANA, e serão integrado ao Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos (SNIRH).

terça-feira, 25 de março de 2014

Rio e São Paulo não têm nenhum rio com boa qualidade


Rio e São Paulo não têm nenhum rio com boa qualidade

Fundação SOS Mata Atlântica analisou a qualidade da água de 96 rios, córregos e lagos que passam pelo bioma Mata Atlântica, em sete diferentes estados do Brasil. Apenas 11% apresentam boa qualidade e nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro nenhum passou no teste. Principal fonte de poluição é o despejo de esgoto doméstico

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Débora Spitzcovsky Planeta Sustentável - 2014
Rodrigo Soldon/Creative Commons

Na Semana Mundial da Água, a necessidade de cuidar melhor dos cursos d’água do Brasil urge. Levantamento divulgado nesta quarta-feira (19) pela Fundação SOS Mata Atlântica revelou que a maioria dos rios, córregos e lagos brasileiros apresenta baixa qualidade.

O estudo analisou a água de 96 cursos que correm por sete estados do sul e sudeste do Brasil, no bioma Mata Atlântica. O resultado? 40% deles têm qualidade ruim ou péssima, 49% estão em situação regular e, apenas, 11% podem ser considerados de boa qualidade. Não por coincidência, todos os rios e mananciais que foram aprovados no teste estão localizados em áreas protegidas e que contam com matas ciliares preservadas.

"Notamos na prática a importância de recuperar a floresta. Em seis pontos que monitoramos, por exemplo, nos Córregos São José e da Concórdia e no Rio Ingazinho, na Bacia do Rio Piraí, em SP, a qualidade da água passou de regular a boa após trabalho de reflorestamento", conta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica, e coordenadora do estudo. Ela conclui: "Isso comprova que para garantir água em qualidade e quantidade é preciso recompor matas ciliares e manter as florestas".

Mas não é só de mais verde que o Brasil precisa. Melhor coleta e tratamento deesgoto, bons planos diretores e um trabalho de conscientização dos cidadãostambém são fundamentais. Isso porque o estudo da SOS Mata Atlântica apontou que as principais fontes de poluição e contaminação nos cursos d’água analisados são a falta de saneamento básico, o lançamento de produtos químicos nas redes públicas de tratamento e a poluição proveniente do lixo, respectivamente.

SÃO PAULO E RIO PASSARAM VERGONHA Em análise inédita feita em rios das 32 subprefeituras da capital paulista e de 15 pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro, a SOS Mata Atlântica concluiu que nenhum curso d’água desses dois municípios tem água de boa qualidade.

Em São Paulo, o levantamento feito em fevereiro deste ano revelou que 23,53% dos rios têm qualidade péssima, 58,82% apresentam qualidade ruim e 17,65% possuem qualidade regular. Entre eles, estão o Lago do Ibirapuera e a Represa Billings. Em ambos os casos, a água foi considerada "ruim".

Já no Rio de Janeiro, análise feita no mesmo período concluiu: 40% dos cursos d’água estão em situação regular e 60% em situação ruim - como é o caso dos rios do canal do Jockey, no Jardim Botânico, e do canal do Mangue, na Vila Isabel.

VAMOS ÀS BOAS NOTÍCIAS O estudo da SOS Mata Atlântica ainda comparou a situação de 88 cursos d’água, localizados nas cidades de São Paulo e Minas Gerais, em 2010 e 2014. De acordo com o relatório, o número de rios de péssima qualidade caiu de 15 para 17, assim como os de qualidade regular - eram 50 em 2010 e são 37 em 2014.

E mais: a quantidade de rios classificados como bons subiu de 5 para 15, assim como a de rios ruins, que foram de 18 para 29. "Mas isso não significa que aumentou o ruim. Tivemos a diminuição da quantidade de classificações péssima", explica Gustavo Veronesi, um dos organizadores do levantamento.

Confira o relatório Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, na íntegra
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segunda-feira, 24 de março de 2014

Alckmin quer interligar represas para garantir abastecimento de SP

Alckmin quer interligar represas para garantir abastecimento de SP
 Março de 2014 • 


Na última quarta-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou a interligação do Sistema Cantareira com a Bacia do Rio Paraíba do Sul. Pelo projeto, será construído canal entre as represas Atibainha, que faz parte do sistema que abastece a grande São Paulo, e o reservatório Jaguari, um dos afluentes do Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro.
Após o processo de aprovação, que deve durar pelo menos quatro meses, as obras levarão em torno de 14 meses para ficarem prontas. O custo estimado do projeto de transposição é de R$ 500 milhões para fazer um canal de 15 quilômetros, entre os municípios Iguaratá, onde está a represa Jaguari, e Nazaré Paulista, onde fica a represa Atibainha.
Segundo Alckmin, a ideia não é simplesmente retirar água da Bacia do Paraíba do Sul para abastecer o Sistema Cantareira. Será construído um sistema de bombeamento de “mão dupla”, assim, quando um dos reservatórios tiver excedente de água, o volume será enviado para a outra represa. O objetivo é “interligar os sistemas, as bacias hidrográficas e os reservatórios, buscando maior sustentabilidade e segurança hídrica”, ressaltou o governador.
Para viabilizar o projeto de interligação, o governador esteve com a presidenta Dilma Rousseff. Como se trata de um rio de jurisdição federal, que além de abastecimento também serve a uma hidrelétrica, é necessária a aprovação da Agência Nacional de Águas (Ana) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Alckmin disse ainda que apresentou a proposta aos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e de Minas Gerais, Antonio Anastasia.
Alckmin descartou a possibilidade de a retirada de água do Rio Paraíba do Sul prejudicar o abastecimento no Rio de Janeiro, ou reduzir a qualidade da água. Segundo ele, a Sabesp tem se empenhado para tratar os efluentes lançados do rio. “Nós vamos terminar o ano com os 24 municípios [que ficam ao longo do Paraíba do Sul] operados pela Sabesp, com 100% de esgoto tratado”, disse.  O governador acrescentou que em caso de retirada de água, será mantida vazão mínima capaz de garantir o abastecimento dos municípios atendidos pelo Paraíba do Sul.
A interligação das bacias era um projeto previsto para ser executado em 2020, mas, segundo Alckmin, foi antecipado por causa dos efeitos das mudanças climáticas.
Daniel Mello - Agência Brasi

Saiba como fazer adubo orgânico líquido

Saiba como fazer adubo orgânico líquido
20 de Março de 2014 • 


O CicloVivo frequentemente dá diversas dicas para fazer hortas caseiras. Muitos leitores se deparam com a dúvida de como fazer os fertilizantes para as plantas. Por conta disso, explicamos como preparar um eficiente adubo orgânico líquido.
Este tipo de fertilizante é totalmente sustentável, não degrada a natureza e ajuda no fortalecimento e o cultivo de plantas e hortaliças. O melhor é que ele pode ser feito em casa com a receita caseira a seguir.
Serão necessários os seguintes materiais:
- Esterco, palha ou folharada
- Garrafão plástico de 20 litros
- Restos de verduras e cascas de frutas
- Papel toalha
- Restos de comidas, vísceras de frango ou peixe
- Prego ou faca
- Tampa de garrafa plástica
- Plástico grosso e flexível 20x20 cm
- Mangueira para soro
- Garrafa plástica descartável com tampa (refrigerante, água mineral ou suco)
- Água
O primeiro passo é colocar no garrafão uma camada de aproximadamente 15 cm de esterco, palha ou folharada. Em seguida, preencha com uma camada, da mesma espessura, de restos de verduras e cascas de frutas.
Até aqui você terá preenchido cerca 30 cm do garrafão com os produtos orgânicos. Para completar a metade do volume total do objeto, coloque papel toalha, restos de comida, vísceras de frango ou peixe.
Complete a outra metade com água, de preferência recolha da chuva para aproveitar em seu fertilizante. Deixe apenas dois ou três centímetros (além do gargalo) do garrafão vazios.
Fure a base do garrafão com uma faca ou prego. Se for utilizar a faca, basta esquentar sua ponta. Para ter uma ideia do tamanho do orifício, ele deve ser suficiente para passar a mangueira de soro.
Da mesma forma, perfure uma tampa de outra garrafa plástica descartável. Sobre a boca do garrafão coloque um pedaço de plástico flexível, mas resistente, e prenda com a tampa. Com isso, a fermentação da matéria orgânica produzirá gás metano e é importante que a tampa suporte a pressão.
Insira uma das pontas da mangueira no orifício do garrafão e a outra no da garrafa pequena e sem tampa. Isso funcionará como escape do gás metano que será produzido.
Deixe o garrafão em canto do jardim e lembre-se de agitá-lo ao menos uma vez por semana. Dependendo do clima, passado dois ou três meses a matéria orgânica terá se transformado em um líquido escuro e sem cheiro.
Coloque um litro da substância em dez litros de água e está pronto o adubo orgânico. Agora basta aplicar o líquido nas plantas.
Redação CicloVivo

domingo, 23 de março de 2014

São Paulo quer usar mais o rio Paraíba do Sul

São Paulo quer usar mais o rio Paraíba do Sul

O que era temido por ambientalistas e autoridades de cidades cortadas pelo rio Paraíba do Sul, no estado do Rio de Janeiro, pode ser concretizado após um pedido do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Ele solicitou à presidente Dilma Rousseff (PT) autorização para captar água da bacia do rio federal Paraíba do Sul e despejá-la no sistema Cantareira, que opera com o nível mais baixo de sua história. Nesta quinta-feira (20), em reunião a ser realizada no Hospital Veterinário da Uenf, a partir das 13h, o assunto vai ser colocado em pauta pelos membros do Comitê do Baixo Paraíba.
Alckmin esteve na terça-feira no Palácio do Planalto para uma reunião com a presidente, a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, e dirigentes da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e da Agência Nacional de Águas (ANA). As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Interestadual, o Paraíba do Sul é responsável pelo abastecimento de 15 milhões de pessoas atualmente. O uso de suas águas no abastecimento da Grande São Paulo é discutido há mais de cinco anos e há, inclusive, um projeto de lei na Assembleia paulista sobre o tema. A proposta nunca saiu do papel porque a transposição para as represas do Cantareira sempre enfrentou resistências de técnicos do Rio de Janeiro, onde 10 milhões de pessoas usam água do rio.
Há anos ambientalistas e pesquisadores nas áreas de geologia e oceanografia avaliam o avanço do mar no litoral de São João da Barra, mais precisamente em Atafona, e aponta o enfraquecimento do rio Paraíba do Sul como uma consequência do avanço do mar em sua foz. Outro problema levantado é a salinização do rio, que a cada dia tem estado mais enfraquecido.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Zacarias Albuquerque, destacou que, até o momento, não há nenhuma decisão oficial da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão legalmente competente para liberação da outorga, acerca do interesse do Estado de São de Paulo na transposição do Rio Paraíbado Sul para o sistema Cantareira. No entanto, o tema, segundo Zacarias, tem sido discutido em comitês regionais, como o de Estudo e Integração da Bacia do Paraíba do Sul, e não há consenso técnico para a aprovação do projeto.

Zacarias lembrou que o poder público municipal e órgãos da sociedade civil organizada, bem como a concessionária de água e esgoto de Campos, têm assentos no Comitê de Estudo e Integração da Bacia do Paraíba do Sul, cujo posicionamento é contrário ao projeto desde a apresentação do estudo técnico, o qual foi  analisado e constatadas contradições. De acordo com o secretário, o estudo baseou-se na vazão máxima do rio, isto é, no período de cheia, que ocorre durante o Verão, e não avaliou as condições apresentadas pelo Paraíba durante o Inverno, quando a vazão diminui.
Para Campos, conforme informou Zacarias, o impacto seria a alteração da qualidade ambiental da água a ser captada para distribuição à população. O prejuízo no abastecimento é descartado, inicialmente, uma vez que o município é cortado pelo Rio Muriaé, outro rio de grande porte.
Fonte :Folha da Manha

Cápsula flutuante filtra água do mar e despolui o ar

Cápsula flutuante filtra água do mar e despolui o arMarina Maciel -03/2014 

capsula-agua-mar-potavel-poluicao
Falta de águapoluição do ar e aumento do nível do mar decorrente do agravamento das mudanças climáticas. Imagine estes três grandes problemas enfrentados atualmente pela humanidade, solucionados por um projeto ousado e de design arrojado.
Esta foi a ideia dos arquitetos do escritório francês Sitbon Architectes* ao projetar, especialmente para o Oceano Índico, a cápsula gigante e parcialmente submersa da foto acima. Batizada de Bloom, a “fazenda aquática” promete despoluir o ar, converter a água do mar em água potável e, ainda, monitorar o aumento do nível do mar.
A principal razão de existir da cápsula é a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Para tanto, abrigará aquários gigantes de fitoplânctons - seres microscópicos que habitam o oceano e têm papel de destaque na retirada de dióxido de carbono da atmosfera -, que servirão como estufas orgânicas.
Além disso, a estrutura possuirá uma central de alertas meteorológicos, capaz de avisar a ocorrência ou aproximação de maremotos, tsunamis e outras catástrofes ambientais.
Apesar de ainda não ter saído do papel, em 2013, o projeto foi finalista da competição internacional Architizer A+Awards, na categoria “Arquitetura+Clima”.

sábado, 22 de março de 2014

Hora do Planeta 2014: 'use seu poder' em 29/03

Hora do Planeta 2014: 'use seu poder' em 29/03

Redação* - Planeta Sustentável 

Divulgação





*Colaborou Jéssica Miwa 
Use seu poder para salvar o planeta. Este é o slogan da campanha Hora do Planeta, promovida pela ONG WWF desde 2007 e que convida o mundo a apagar todas as luzes de casa por 60 minutos. Assim, todos estão convidados a aderir a esse gesto simples e simbólico no dia 29/03, entre 20h30 e 21h30. 


Este ano, a campanha ganhou seu primeiro embaixador global: o Homem-Aranha. Por isso, os atores Andrew Garfield, Emma Stone e Jamie Foxx - protagonistas do novo filme do personagem, O Espetacular Homem-Aranha 2, que deve ser lançado em maio próximo por aqui - também aderiram à iniciativa. 



Mas estes não serão os únicos participantes ilustres da Hora do Planeta de 2014. "Ao longo da campanha, vamos apresentar outros embaixadores, reais e fictícios, para mostrar que é possível usar o poder que todos temos para salvar o planeta", conta Renata Soares, superintendente de Marketing do WWF-Brasil. 



Além das pessoas, empresas e instituições podem aderir à campanha. Basta se cadastrar no site e ajudar a divulgar a iniciativa por meio de banners e mídias sociais. As cidades também podem fazer parte desse movimento. Neste caso, as prefeituras devem solicitar o Termo de Adesão Hora do Planeta 2014 para oficializar seu envolvimento. Até agora, 15 cidades brasileiras confirmaram participação - no ano passado foram 113. 



A campanha começou em Sidney, na Austrália, em 2007. E não parou de crescer: mais de um bilhão de pessoas aderiram em cinco mil cidades de 152 países diferentes. As pirâmides do Egito, a Torre Eiffel, a Acrópole de Atenas, o Cristo Redentor (RJ) e a Ópera de Manaus estão entre os monumentos mais famosos que apoiam a iniciativa e se mantêm no escuro durante 60 minutos na data marcada.

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Engenheiro civil dá dicas para quem quer fazer um jardim vertical

Engenheiro civil dá dicas para quem quer fazer um jardim vertical
Março de 2014 • 

Em mundo cada vez mais urbano e cinza surge a necessidade da criação de áreas verdes. No entanto, as casas e apartamento estão cada vez menores e conseguir um cantinho para criar o tão sonhado espaço verde se torna quase impossível. O que muitos não sabem é que pode haver uma solução simples e viável: o jardim vertical.
A ideia é uma ótima opção para quem busca realizar uma mudança em casa ou mesmo no escritório e também melhorar a qualidade de vida. "Essa é uma solução tanto para ambientes internos quanto externos. Serve como decoração e embelezamento dos centros urbanos. Também pode ser combinado com um jardim suspenso", afirma o engenheiro civil e fundador da rede Rei da Reforma, René Conter.
Pode ser aplicada em espaços que vão desde varandas de apartamento até muros de casas. As espécies também variam: trepadeiras, suculentas, samambaias e outras. "O jardim vertical, conhecido também como eco parede, normalmente é composto de floreiras e cremalheiras, e são especialmente projetados para reservar água e repassar o excedente ao vaso debaixo, formando um efeito cascata até o último recipiente", explica.
Segundo Conter, para fazer um jardim vertical é possível encontrar no mercado blocos de concreto e de cerâmica pré-moldados, que já são vendidos com os formatos ideias para colocação de plantas e também para a correta drenagem. Outra opção mais simples são os kits de sistema modular, feitos de estrutura de plástico, onde os vasinhos são adquiridos separadamente.
"Obviamente também pode ser feito de uma forma mais artesanal e caseira. Você deve estar se perguntando como é possível? É muito fácil. Pregando vários vasinhos de diversos tamanhos na parede, formando uma composição harmoniosa. Para uma melhor drenagem, a dica é utilizar vasos e placas de fibra de coco", revela.
Esse tipo de vegetação nas construções oferecem muitos benefícios. Confira alguns deles:
- Conforto térmico e acústico para ambientes internos;
- Diminui a temperatura tanto do micro quanto do macro ambiente externo pelo controle de energia solar;
- Fácil montagem e manutenção;
- Diminui a amplitude térmica, contribuindo para maior durabilidade das edificações;
- Aumento da biodiversidade, pelos jardins verticais;
- O jardim vertical externo colabora com a diminuição dos efeitos da emissão de carbono, atenuante da poluição do ar.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Para economizar água, uso de energia térmica é ampliado no Brasil

Para economizar água, uso de energia térmica é ampliado no Brasil
 Março de 2014 • 


O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou em 6,9% a carga de energia elétrica proveniente de usinas termelétricas para suprir o baixo potencial das usinas hidrelétricas, que estão com os reservatórios de água com níveis abaixo do usual. Este acréscimo teve início no último sábado (8) e prosseguirá até 14 de março.
Por ser uma geração energética mais cara, os gastos são repassados para o consumidor final. No ano passado, o consumo deste tipo de energia, que é mais poluente, exigiu investimentos adicionais de R$ 9,5 bilhões, e neste ano, com os reservatórios mais baixos, a carência dessa alternativa será maior.
A necessidade de poupar água dos principais reservatórios do país fez com que o ONS elevasse o volume autorizado para despacho das usinas térmicas para 17.442 megawatts (Mw) médios ao longo da semana, ante 16.308 Mw médios da semana anterior (01 a 07).
De acordo com o ONS, o armazenamento de água melhorou um pouco em alguns reservatórios, que estavam em situação mais crítica, e são os que abastecem o Subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que responde por mais de 70% da capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional.
A situação nas demais regiões é mais tranquila, pois os reservatórios do Subsistema Sul armazenam 40,62% da capacidade instalada, o nível sobe para 42,12% nos reservatórios do Nordeste e dobra para 82,95% na Região Norte.

Bairro nobre de SP pode perder 5 mil árvores em troca de prédios de luxo

Bairro nobre de SP pode perder 5 mil árvores em troca de prédios de luxo
10 de Março de 2014 • Atualizado às 18h09


Moradores do bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, entraram com ação no Ministério Público Estadual para proteger uma área de preservação ambiental ameaçada por empreendimentos imobiliários.
A faixa verde, à beira da Marginal Pinheiros, possui 717 mil metros quadrados de área e comporta mais de cinco mil árvores numeradas e catalogadas individualmente. Mesmo que seja considerada um patrimônio histórico tombado, a área pode ser substituída por 16 torres e um shopping. Caso saia do papel, o empreendimento será uma espécie de parede de concreto ao redor do Parque Burle Marx.
A região já foi alvo de problemas envolvendo empreendimentos luxuosos e os órgãos municipais de proteção ambiental. Em 2011, o condomínio Panamby ganhou as páginas dos jornais por despejar todo o seu esgoto diretamente no Rio Pinheiros. Mesmo com apartamentos que chegam a R$ 5 milhões, o condomínio não possuía sistema de tratamento de esgoto.
Agora foram os próprios moradores que resolveram se juntar para impedir que as novas construções sejam feitas. Em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, o advogado Roberto Delmanto explicou que já é possível perceber clareiras abertas em meio à floresta. Segundo ele, esse desmatamento em diferentes pontos é comum antes que as construtoras façam o pedido de licença. A justificativa é de que quando a prefeitura fizer as análises serão encontrados menos exemplares e menos espécies de árvores, o que facilita a autorização municipal.
Os moradores contam com fotos, vídeos e também com as plantas dos empreendimentos que estão planejados para a região. Há um ano a prefeitura já autorizou a retirada de 1.787 árvores nativas para a construção de um condomínio. E a população local garante que o novo desmatamento já começou.
As incorporadoras responsáveis pela área são a Camargo Corrêa e a Cyrela. A primeira delas já possui autorização da prefeitura, mas ainda aguarda a liberação das licenças ambientais para prosseguir com o projeto. A segunda admite que tenha interesse em construir na área, mas ainda não solicitou as licenças oficiais.
A região do Morumbi, mais especificamente a Vila Andrade, onde está localizado o Parque Burle Marx, é uma das últimas faixas de floresta nativa de Mata Atlântica que restou entre a represa de Guarapiranga e o Rio Pinheiros. Além disso, a região é uma das mais nobres da cidade, gerando alto interesse imobiliário.
Redação CicloVivo