domingo, 19 de janeiro de 2014

Um quintal para desfrutar

FRESQUINHOS

Um quintal para desfrutar

Bem perto da cozinha, uma respeitável horta atende a família com o maior capricho. Ali, temperos, ervas e até frutas convivem em harmonia à espera da próxima receita


Felipe Gombossy


Todo cozinheiro que se preze sonha em ter alimentos frescos ao alcance das mãos. Assim que conheceu esta casa em Itatiba, no interior de São Paulo, a paisagista Paula Galbi soube que teria espaço de sobra para satisfazer esse desejo do morador de alma gourmet.

Dessa forma, ela reservou uma área de cerca de 40 m² próxima da cozinha para cultivar algumas hortaliças. Plantados diretamente no solo, 12 tipos ocupam os nichos cercados de paralelepípedos e têm espaço livre para crescer. Um sistema de irrigação automatizado molha todo o jardim e mantém o solo úmido na medida certa - em épocas mais quentes, as regas são intensificadas de acordo com a necessidade.

COMO CUIDAR DA HORTA
Coube às crianças da casa a tarefa de fincar as plaquinhas com os nomes das plantas. Assim, elas aprendem a reconhecê-las e se familiarizam com a demanda de cuidados necessários a cada uma
Cebolinha: popular na culinária, gosta de sol pleno, terreno rico em matéria orgânica e de fácil escoamento. Muito rústica e resistente, tem o crescimento dificultado apenas por solos encharcados ou excessivamente ácidos.





Alface: para atingir seu tamanho máximo, pede intervalo de 30 cm entre os pés. Frágil, aprecia clima ameno e sofre com o excesso de calor ou de frio. Evite regá-la demais, pois suas raízes se enfraquecem.





Tomilho: super-resistente, prefere sol pleno e solo bem drenado - regue apenas quando notar que o substrato está seco. Reserve um bom espaço, pois ele cresce bastante em condições favoráveis.





Sálvia: seu aroma forte rende bons chás e afugenta pragas, como as borboletinhas brancas que costumam atacar hortelã e alface. Dá folhas o ano todo e não cresce em solo muito molhado, que apodrece suas raízes.





Kinkan: alcança apenas 3 m de altura, o que faz dela uma frutífera desejada também para ornamentação. As flores perfumadas surgem entre a primavera e o verão. Adube o solo ao redor sem utilizar fertilizantes químicos.





Maracujá: mantenha os frutos afastados do chão - assim, eles escapam das formigas atraídas pelo odor adocicado. Uma saída é erguer um pergolado para que a trepadeira se desenvolva sem sobressaltos.

Árvores capturam 50% das partículas da poluição do ar

ABSORÇÃO DA POLUIÇÃO

Árvores capturam 50% das partículas da poluição do ar, diz estudo

Vanessa Daraya - Info.com - 

Divulgação/Environ. Sci. Technol.


As folhas das árvores podem capturar mais de 50% do material particulado, o principal componente da poluição urbana. Essa foi a conclusão de uma equipe de cientistas que plantou uma sequência de árvores na frente de algumas casas.

Em ambientes urbanos, essas partículas vêm principalmente da exaustão do carro, do desgaste da pastilha de freio e da poeira da estrada. Esse material pode conter metais, como ferro e chumbo. As partículas são pequenas o suficiente para as pessoas as inalarem. Também podem exacerbar doenças do coração, asma, e outras condições de saúde.

Sabendo dos riscos, Barbara A. Maher e seus colegas da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, fizeram uma pesquisa na tentativa de descobrir como as árvores capturam essas partículas para, eventualmente, tirar proveito dessa ferramenta natural para mitigar a poluição.

Os pesquisadores fizeram um experimento em uma rua movimentada da cidade, sem árvores. Rastrearam a quantidade de poeira e de partículas que entravam pelas casas. Coletaram dados sobre os tamanhos e as concentrações de partículas a cada 10 minutos durante cinco dias. Lenços umedecidos também recolheram a poeira de telas de LED ou de plasma no interior das casas.

Depois, a equipe colocou algumas plantas e árvores jovens na frente de algumas casas por 13 dias, formando uma espécie de tela verde em frente às residência. O resultado mostrou que aquelas com árvores tinham concentrações de 52% a 65% mais baixas de partículas metálicas de todos os tamanhos.

Um exame feito com um microscópio eletrônico confirmou que as superfícies das folhas prenderam as partículas metálicas. Como as partículas medidas no interior das casas, essas partículas são, provavelmente, o produto de combustão e desgaste de freio dos veículos que passam

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sábado, 18 de janeiro de 2014

Indonésia terá arranha-céu que gera energia eólica

Indonésia terá arranha-céu que gera energia eólica
02 de Janeiro de 2014 • Atualizado às 13h15


Um arranha-céu sustentável de 100 andares e 500 metros de altura será construído em Jacarta, capital da Indonésia. O enorme edifício será capaz de gerar a sua própria energia, por meio de uma estrutura que capta os ventos e os direciona para as torres eólicas instaladas no próprio terreno. Além de ser  mbientes internos.
O gigante edifício vai abrigar a sede da Pertamina, empresa de energia pertencente ao governo da Indonésia, que tem revelado preocupação com o meio ambiente. Segundo os arquitetos do escritórioSOM, responsáveis pelo projeto, o prédio indonésio será o primeiro arranha-céu do mundo a conquistar independência da rede elétrica, gerando sua própria energia por meio de um sistema – inspirado na forma de um funil – capaz de alimentar diversas torres eólicas.

A conclusão do arranha-céu está prevista para 2020, gerando emprego para mais de 20 mil operários. Além da geração de energia eólica, a sede da empresa estatal também contará com painéis solares, que vão produzir eletricidade limpa para edifícios menores do terreno, como um auditório e uma mesquita.
Os arquitetos do escritório SOM revelaram ao site Fast Co. que o arranha-céu ainda poderá aproveitar o calor gerado nos vulcões da Indonésia para abastecer com energia geotérmica o arranha-céu. Como as formações vulcânicas são bastante comuns no país, este tipo de energia já é bem utilizado na Indonésia.

Apelidado pelos arquitetos de “campus vibrante”, o arranha-céu sustentável também conta com diversas estratégias para a redução dos gastos com energia elétrica, sobretudo no sistema de ar-condicionado. Assim, a torre possui uma fachada especial que possui mecanismos capazes de projetar sombras nos ambientes internos, aliviando, naturalmente, as temperaturas durante os dias mais quentes do ano.
Redação CicloVivo

Campo Grande ganhará árvore para cada carro vendido

CIDADE VERDE

Campo Grande ganhará árvore para cada carro vendido

Redação* - Planeta Sustentável - 

51035610542@N01/Creative Commons




*Colaborou Jéssica Miwa

O Diário Oficial de Campo Grande anunciou, nesta quarta-feira, 08/01, a aprovação da Lei nº 5.285, que obriga as concessionárias a doar uma muda de árvore para cada carro vendido. Por meio da iniciativa, a cidade pretende compensar as emissões de gás carbônico dos veículos.

Para comprovar a doação de plantas, os estabelecimentos devem entregar um relatório anual para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano. Quem descumprir a nova regra estará sujeito a multa de 0,05% do valor do carro comercializado.

O plantio - que deve ocorrer no período de um ano e em áreas predeterminadas - é de responsabilidade do governo, mas também pode ser feito pelas concessionárias, cooperativas e ONGs
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Globo solar também gera energia com a luz da lua

Globo solar também gera energia com a luz da lua



O arquiteto alemão André Broessel desenvolveu e já comercializa os globos solares, equipamentos capazes de produzir até 70% mais energia fotovoltaica do que os painéis convencionais. Chamado de Rawlemon, o coletor é uma esfera de vidro que faz a refração da luz num raio concentrado. Totalmente sensível à luminosidade – até das nuvens –, o dispositivo é capaz de seguir a trajetória do sol ao longo do dia e aproveitar o clarão da lua, gerando energia limpa durante a noite.

O responsável pelo globo solar levou três anos para finalizar o produto, que, ao contrário das placas convencionais, possui um design atraente e ocupa pouco espaço, podendo ser instalado em diversos locais. A intenção é fazer os globos solares entrarem no mercado em larga escala, com preços mais acessíveis do que os painéis comuns. Atualmente, a primeira versão de cada globo solar pode ser adquirida a partir de 150 dólares (algo em torno de 350 reais), pelo site de financiamento coletivoIndieGogo.

O conceito do dispositivo é baseado num princípio básico de física, fazendo a refração da luz num raio. Como uma lente esférica, o globo solar foi chamado pela imprensa internacional de “bola de cristal” e possui um rastreador que acompanha a rota da luz, do amanhecer ao pôr do sol. Durante a noite ou quando o tempo está nublado, o dispositivo busca a orientação da luminosidade mais intensa, gerando energia ininterruptamente.

De acordo com Broessel, a eletricidade é armazenada nas baterias do sistema, e o coletor é capaz de abastecer uma residência ou um estabelecimento comercial. Assim, o criador espera tornar a tecnologia cada vez mais viável. “Nós só podemos tornar isso possível se nossos produtos forem acessíveis a todos, e, para isso, necessitamos do seu apoio na campanha”, explica Broessel no mesmo site em que os globos são vendidos. Quem não levar para casa o produto, também pode apoiar o projeto, com investimentos acima de um dólar. Caso a verba não seja atingida, os doadores serão ressarcidos.
Por Gabriel Felix – Redação CicloVivo

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A Amazônia pode mesmo virar cerrado?

FLORESTA TROPICAL

A Amazônia pode mesmo virar cerrado?

Segundo especialistas, a maior floresta tropical é capaz de resistir com bravura às mudanças climáticas. A questão é até quando

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Bárbara Pereira Libório Exame.com - 
Divulgação

As teorias sobre os feitos das mudanças climáticas e o aquecimento global na Amazônia são muitas. Em 2000, o meteorologista Peter Cox lançou um estudo de grande repercussão, que previa que a Amazônia poderia secar até 2050. A possibilidade foi reforçada anos depois por estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Ong conservacionista WWF.

Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) também considerou que uma área entre 10% e 25% da maior floresta tropical do mundo poderia virar cerrado até 2080.

Segundo Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), membro do IPCC e do Experimento de Larga Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia (LBA), o primeiro estudo de Peter Cox baseou suas previsões em um único modelo climático que, se considerasse a taxa de precipitação da Amazônia atual, chegaria a um índice 30% abaixo do real.

"Se você propaga essa diferença para um aumento de temperatura de 3 a 4 graus nos próximos 50 anos, você não precisa nem ser modelador climático pra prever o resultado: a floresta morre", afirma o cientista.

FLORESTA É MAIS RESISTENTE DO QUE SE ESPERAVA
Em fevereiro deste ano, outro estudo publicado pela Nature, assinado pelo próprio Peter Cox e por cientistas como o espanhol José Marengo, pesquisador do Inpe, trouxe a tona uma teoria conhecida como "Resilience" ("resiliência", no português).

A pesquisa se baseia em 17 modelos climáticos e explica que os danos originados pelo aumento de CO2 na atmosfera - causado pelo desmatamento e queima de combustível de fósseis - serão minimizados pelo poder fertilizante do dióxido de carbono nas plantas.

Artaxo explica que a Amazônia atua hoje como um sumidouro de CO2 e absorve cerca de 0,9 toneladas de carbono por hectare ao ano.

Não quer dizer que a floresta está imune. O grande risco estudado pelos especialistas é que com as mudanças climáticas e a seca, as plantas entrem em estresse hídrico, deixem de fazer fotossíntese e percam biomassa, liberando carbono. Isso, além de causar um enorme dano à camada de ozônio, faria com que a floresta secasse.

O LBA, durante oito anos, realizou experimentos de exclusão de chuva nas regiões de Caxiuanã e Santarém, na floresta amazônica. Imensos painéis de plásticos foram colocados sobre as copas das árvores para coletar a água que cairia no ecossistema.

A descoberta foi que as florestas dessas regiões são resistentes a uma seca sazonal por um ou dois anos, mas começam a morrer depois de quatro anos. "Elas tem uma resistência natural. Conforme tem uma seca, a planta aprofunda suas raízes e tira água de lugares profundos, mas tem um limite pra elas fazerem isso", afirma o físico.

E quando chega ao seu limite, a floresta começa a perder biomassa. Isso também pode ser comprovado nas secas de 2005 e 2010, onde houve redução significativa na absorção de carbono pelas plantas, o que prejudica seu crescimento. Pior, com a morte das árvores, além de se reduzir a absorção de CO2, uma quantidade extra do gás é liberada na atmosfera pela decomposição.

ATÉ QUANDO A FLORESTA AGUENTA?
O que a teoria da resiliência vem mostrar é que, ainda que os efeitos nocivos das mudanças climáticas levem à liberação de bilhões de toneladas de carbono acumulados em terras tropicais, o dióxido de carbono estimularia o crescimento da floresta, levando a um aumento de até 319 bilhões de toneladas de carbono armazenado até o fim do século. Ou seja, as plantas continuariam acumulando CO2.

O pesquisador José Marengo explica que, dessa maneira, mesmo que a floresta fosse afetada, ela não entraria em colapso a ponto de secar. "Há possibilidades dela se transformar em outro tipo de vegetação", explica.

Mas o cientista deixa claro que a fertilização por CO2 tem limites. "A partir de um certo ponto, o CO2 não ajuda mais no crescimento da floresta", explica. Por isso, o que pode acontecer depois que o nível de dióxido de carbono chegar à sua saturação, ainda é imprevisível. O estudo se baseia em modelos climáticos com cenários até 2100.

Além disso, o estudo tem outras ressalvas. Marengo explica que a pesquisa não levou em conta outros gases do efeito estufa - como o metano -, e a capacidade de absorção de nutrientes do solo pelas plantas, um fator primordial para o crescimento da floresta.

O pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) Paulo Brando também aponta algumas incertezas. "Mesmo com o aumento na concentração de CO2 na atmosfera, o crescimento que árvores pode ser restringido por outros nutrientes, principalmente o fósforo, que é escasso nos trópicos", alerta. Segundo ele, estudos mostraram que o nitrogênio teve esse efeito em florestas temperadas, e o composto é abundante em florestas tropicais.

Ele também conta que não há estudos sobre os efeitos de fertilização de CO2 na dinâmica de florestas tropicais, e que todo o conhecimento sobre esse assunto vem de experimentos teóricos ou realizados em laboratórios. "Os resultados da pesquisa devem ser interpretados como hipóteses interessantes e importantes, mas que devem ser testadas com a utilização de diferentes técnicas", ressalta
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Metalúrgicos agradecem empenho de Garotinho, que garantiu 3 mil empregos em Macaé




No final de novembro fui procurado por um grupo de empresários do setor offshore alertando para uma portaria da ANP (Agência Nacional de Petróleo) que desobrigava a PETROBRAS a manter nas licitações de contêineres um percentual de conteúdo nacional. Em reunião com a Presidente da República alertei sobre a mal fadada portaria da ANP e ela acionou o Ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel solucionando o caso após reunião da qual participaram os empresários, o representante do ministro que veio ao Rio para a reunião e a presidente da ANP. Isso garantiu o emprego de pelo menos 3 mil trabalhadores do setor na cidade de Macaé que perderiam seus postos de trabalho já que do contrário os contêineres seriam comprados da China. No próximo dia 17 estarei em Macaé recebendo uma homenagem de trabalhadores e empresários da cidade. Mas quero registrar com alegria a carta que me foi enviada pelo presidente da Federação dos Metalúrgicos.



Cohousings: vilas comunitárias chegam ao Brasil

ESTILO DE VIDA

Cohousings: vilas comunitárias chegam ao Brasil

Criadas na Dinamarca, as cohousings espalham-se pelo mundo e chegam ao Brasil, pregando um morar leve no planeta e que descomplica a rotina das famílias


Giuliana Capello Casa.com 

Divulgação


É quase um condomínio, no qual cada família tem se espaço privativo. A diferença está na possibilidade de reduzir o tamanho das casas ou dos apartamentos em troca de ambientes usados por todos. Um exemplo é a lavanderia comunitária, em que três ou quatro máquinas de lavar resolvem a demanda de dez ou mais grupos.

Nas cohousings - que surgiram na Dinamarca nos anos 70 e hoje são comuns principalmente na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá -, é assim também com a biblioteca, a horta, a oficina, a brinquedoteca, o refeitório, a sala de TV e, em alguns casos, até os carros. "Compartilhar diminui o consumo e o impacto ambiental, além de facilitar o dia a dia dos moradores, que ganham qualidade de vida, com menos necessidade de trabalho e dinheiro", afirma o arquiteto Rodrigo Munhoz, do escritório Guaxo Projetos Sustentáveis, de Piracicaba, SP.

"Desse modo, as pessoas se sentem mais seguras, num clima de vida no interior, embora tenham acesso a tudo o que a cidade grande oferece", completa Munhoz, que está formando um grupo para criar em sua cidade a primeira cohousing brasileira, com habitações sustentáveis, princípios de boa vizinhança e cotidiano menos dispendioso.

SELO VERDE
Abandonado, o projeto Eastern Village Cohousing, da Eco Housing Corporation, em Silver Spring, nos Estados Unidos, renasceu em 2004 com 54 apartamentos. Recebeu o selo do Conselho de Green Building pela boa performance ambiental, que inclui telhado verde, pátio interno com jardins no lugar do antigo estacionamento e soluções de reúso da água da chuva. Ah, as unidades são aquecidas com energia geotérmica.

CENTRO DE EDUCAÇÃO
Na zona rural de Gillingham, na Inglaterra, o The Threshold Centre organiza cursos para disseminar seu modo de vida partilhado, com alternativas que suavizam os danos ao meio ambiente das 14 residências e dos espaços comuns. Há placas fotovoltaicas, sistema de reaproveitamento de água da chuva para abastecer a lavanderia comunitária e hortas orgânicas. Na vila, inclusive bicicletas e carros são divididos.

VERSÃO COMPACTA
Dezenove apartamentos, um salão de encontros e uma área comercial se distribuem em apenas mil m². É assim que os moradores da Quayside Village, em Vancouver, no Canadá, desfrutam das trocas e facilidades de morar numa comunidade sem perder o que a metrópole tem de melhor. E de uma forma sustentável: reutilizando os materiais das construções originais do terreno e reciclando a água da chuva
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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Capivaras: as intrusas de Belo Horizonte

DESEQUILÍBRIO ECOLÓGICO

Capivaras: as intrusas de Belo Horizonte

Roedores instalados na orla da lagoa da Pampulha se alimentam dos recém-inaugurados jardins do paisagista Burle Marx, que adornam as obras de Oscar Niemeyer

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Natália Martino National Geographic Brasil -

JOÃO MARCOS ROSA

Que liberem a caça de capivaras. A sugestão foi de um radialista de Belo Horizonte. Inflamado, ele discutia um dos assuntos mais comentados na capital mineira: a retirada dos roedores do entorno da lagoa da Pampulha. A principal justificativa é a de que elas se alimentam dos recém-restaurados jardins do paisagista Burle Marx, que adornam as obras de Oscar Niemeyer. Ameaçam um investimento de R$ 4 milhões e o título de Patrimônio Histórico da Humanidade, que a cidade pleiteia junto à Unesco.

"As capivaras têm uma taxa de reprodução alta e repovoam rapidamente o local. Por isso o controle da população precisa ser periódico", explica Leonardo Boscoli Lara, especialista em animais silvestres da Universidade Federal de Minas Gerais. "Existe um desequilíbrioque já deveria ter sido acertado há pelo menos uma década."

A prefeitura vai escolher uma empresa para fazer um plano de manejo e retirar de lá até 90% dos animais. Não são apenas as capivaras que foram negligenciadas nos últimos anos. Os jardins e até a lagoa, que sofre com a poluição, não vinham recebendo os cuidados necessários. Agora, para agradar os técnicos da Unesco, todo esse conjunto recebe atenção especial
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40 dias sem jogar nada fora

ACUMULADOR

40 dias sem jogar nada fora

A experiência deixa claro o quanto consumimos e o tamanho do nosso lixo. E chama atenção para um novo distúrbio psicológico

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Felipe van Deursen
Superinteressante - 

Eduardo Svezia
O lixo da minha vizinha é limpinho. Ainda bem. Abri e fucei a sacola preta que ela põe na lixeira do andar. Embalagens de comida congelada, de itens de cozinha e de banheiro. Eu já tinha tudo aquilo de monte, não me interessava. Precisava só de seis garrafinhas de uma marca de cerveja conhecida. Como sei que ela sempre bebe essa marca, achei que poderia repor minha coleção. Por três dias, ao chegar do trabalho, dava um alô ao lixo da vizinha, com cuidado para não fazer barulho e provocar os estridentes latidos de seus mínimos cães. No quarto dia, consegui: ela tinha se permitido tomar umas a mais na véspera, e eu faturei as garrafas. Agora sim, poderia voltar ao meu acúmulo de objetos. Tudo isso porque vacilei ao ir a uma festa sem levar a mochila que vinha servindo para carregar o entulho particular para casa. Naquela noite, não tive onde guardar as garrafas consumidas e não poderia computar o acúmulo. Quando procurei um segurança para pedir uma sacola, ele fez uma cara petulante, como se pensasse "quem é esse trouxa?".

Passei 40 dias juntando tudo o que ganhei ou comprei, sem jogar nada fora, a não serrestos orgânicos. Juntei um bocado. Não me considero consumista, mas é mais fácil se achar uma pessoa econômica, sustentável e tudo mais quando você deixa de pensar no próprio lixo assim que põe os sacos para fora de casa. Se você passa a juntar tudo o que consome, o cenário muda.
Todo dia, somamos mais de um quilo de dejetos, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Sem essa quantia se acumulando debaixo do mesmo teto em que se dorme, fica mais difícil ter noção do quanto de lixo produzimos. Ao decidir não jogar nada fora, tentei aprender a conviver com a porcalhada pegajosa em casa. Se uma pesquisa do Ibope de 2012 diz que dos brasileiros não faz ideia de onde seu lixo vai parar, agora eu sabia para onde o meu ia: debaixo da pia ou, depois de não caber mais nada, ao lado da cama. Evitava olhar, mas ele estava lá, importunando olhos e narizes de quem chegasse perto.

LIXO DE EMERGENTE
A Abrelpe diz que em 2012 as cidades brasileiras geraram quase 64 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Lixo é decorrência de consumo, e consumo é termômetro de a quantas anda uma economia. De modo geral, quanto mais rica uma população, mais poder de consumo ela tem, logo mais lixo ela produz. Noruegueses, americanos, suíços e neozelandeses superam os 2,5 kg diários de lixo per capita. A taxa do Brasil, apesar do enriquecimento do País, ainda é menos que a metade disso. Há dez anos, nossa geração de lixo por habitante era de 955 g. Desde então, a população cresceu cerca de 10%, e o volume de lixo subiu 21%. Sinal do aumento do poder de consumo, graças especialmente às 40 milhões de pessoas que engrossaram a classe média no período. Com isso, dá para sentir o aumento do rastro de bandejas de carne, caixas de leite e sacolas de shopping no caminho. Efeito colateral do enriquecimento.

Consumir faz parte da vida, lindo. Mas precisa tanta embalagem? Fora isso, alguns produtos poderiam ter seu design repensado. Por que escovas de dentes não têm refil, para repor as cerdas gastas? Outro exemplo: dos 7,5 cm de um cotonete comum, 5 cm são a haste de plástico, que poderia ser usada de novo. Mas vai tudo para o lixo (embora eu tenha lavado e, bem, ele fica parecendo um inútil gnomo molhado). Há os excessos de pequenas embalagens, também. Quando fui almoçar em um restaurante japonês, os palitos vieram embrulhados em papel. Ao comer no trabalho ou na rua, se fosse "levar para viagem", invariavelmente eu ganhava de brinde dezenas de guardanapos - às vezes embalados. E sempre muito mais do que precisava, a não ser que fosse alimentar um filhote de urso. Canudos, então... Em todas as ocasiões me deram mais de um. A maioria embrulhada. Por que preciso de três canudinhos? Por que embalados?

Higiene, economia, preservação. Existem motivos para as embalagens existirem, é claro. E também existem profissionais especializados em buscar melhorias nelas, para que sejam mais úteis e menos dispendiosas. Enquanto isso, nós seguimos comprando e consumindo. A Associação Brasileira da Indústria do Plástico prevê que cada pessoa no Brasil consumirá 46 kg de plástico em 2015. Um aumento que acompanha a escalada global. Em 1950, a produção mundial de plástico era de 1,5 milhão de toneladas, coisa à toa. Atualmente, são 265 milhões de toneladas por ano. Com essas e outras, nós chegamos a bizarrices como a ilha de plástico do Pacífico, uma monstruosidade sem tamanho definido, com uma área maior que o Estado de Minas Gerais nas estimativas mais humildes. Um lixão formado pelo encontro mundial de pedaços pequenos da turma do polietileno: garrafas PET, tampinhas e sacolas, entre outros.

EMBRULHOS E ENTULHOSEmbalagens são um símbolo do consumismo. É algo que ficou mais claro nos anos 70, lembra Carlos Anjos, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp. Na época, surgiram os grandes supermercados e os sistemas de pegue-pague e self-service. "As mercadorias deixaram de ser vendidas a granel", diz. Foi a explosão dos saquinhos.

Nos últimos anos, tem gente querendo reverter esse lado menos útil e agressivo das embalagens. A maioria ainda são protótipos ou ações temporárias, mas já mostram um caminho. A Wikipearl, uma loja de Paris, vende sorvetes e iogurtes sem nenhumaembalagem plástica. Seus produtos vêm envoltos em uma tecnologia desenvolvida pelos criadores da empresa, que consiste em uma película feita de partículas naturais de comida que não absorve sujeira. Uma embalagem comestível, em suma. A Natura lançou uma linha de produtos cujas embalagens têm 70% menos plástico. Ano passado, o Bob’s embalou seus sanduíches com papel comestível. Todo ano, designers do mundo todo são premiados por criações que reduzem o desperdício, como o sul-coreano Yeong Keun Jeong, que inventou uma embalagem de manteiga com tampa em forma de faca. Mas são medidas pontuais. Ainda falta muito para termos embalagens mais inteligentes e funcionais em grande escala.

O lixo nosso de cada dia assusta, ainda mais quando não se abre mão dele. Foi o que ocorreu comigo. A mesa no trabalho ficou impraticável com tantos papéis e copinhos de uma água escura e doce que uma máquina no fim do corredor oferece como café. Não encontrava livros sob meus escombros. No 23º dia, a faxineira do andar levou uma bronca de seus superiores por, visivelmente, ter abandonado uma das mesas da redação da SUPER. Na verdade, ela só estava respeitando o aviso "por obséquio, não retire o lixo nem de cima nem debaixo da mesa". Tudo foi resolvido. Após os devidos esclarecimentos, meus dejetos e o emprego dela estavam a salvo.

Só que meu lixo (e o seu e o de todo mundo) é, por incrível que pareça, ridiculamente pequeno perto do que outros setores provocam. O especialista em resíduos sólidos Maurício Waldman, autor de Lixo: Cenários e Desafios, diz que o lixo urbano, aquele acumulado pelas cidades e seus habitantes, representa só 2,5% dos detritos mundiais. Os grandes sujadores do planeta são pecuária, mineração e agricultura. Há uma interseção de geração de lixo entre os setores, por isso a soma dá mais de 100% (veja mais ao lado). Mas como uma fazenda pode causar tanto estrago? Os dejetos dos 7,9 milhões de porcos de Santa Catarina poluem quatro vezes mais que o cocô de todos os brasileiros juntos. E uma mineradora? "Cada parte de ouro gera 5 milhões de partes de resíduos", diz Waldman. "Quem compra aliança pensa na montanha de lixo envolvida?". Por isso que, ao olhar para trás e analisar toda a cadeia de produção, especialistas dizem que cada saco de lixo que geramos representam 60 sacos produzidos anteriormente. Os meus seis grandes sacos de lixo representam, então, 360. O grosso do lixo pode estar longe da cidade, mas ainda é nosso. E, com tanto consumo, criamos um distúrbio psicológico.

A NOVA DOENÇATodo mundo é consumidor. Muitos são consumistas. E há os acumuladores compulsivos, uma das novas doenças descritas no DSM-5, o manual da Associação Americana de Psiquiatria, publicado no primeiro semestre.

O distúrbio, até então, era um subitem do transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Mas uma série de estudos mostrou diferenças entre eles, e agora os especialistas passam a vê-los de maneira separada. Acumuladores compulsivos são pessoas que juntam de maneira patológica objetos de tudo que é tipo. Há os acumuladores de roupa, de lixo e até de gatos. Eles não são colecionadores, pois não fazem a catalogação dos objetos típica de quem coleciona. Acumuladores não têm controle sobre suas coisas. Os pertences ocupam cômodos inteiros e influem drasticamente na vida deles. Muitos são abandonados pela família por não se livrarem de nada. Outros viram questão de saúde pública.

Todo esse problema está ligado a um distúrbio cerebral que deixa a capacidade de tomar decisões extremamente complicada. Sim, pode ser difícil para qualquer um se desfazer de algo. Mas, para essas pessoas, é quase impossível. Dói. Eles nunca sabem quando vão precisar daquilo, se jogam fora ou não, se vão ou não se arrepender. Então, postergam, deixam para decidir em um dia que nunca chegará. "Muitas vezes, o indivíduo sente uma necessidade de comprar objetos associada a uma sensação de culpa", diz o psiquiatra Eduardo Perin, do Consórcio Brasileiro de Pesquisa em TOC.

Existem relatos de acumuladores compulsivos desde o século 14, mas eles nunca estiveram tão em evidência. A abundância de objetos baratos e acessíveis talvez tenha transformado isso em um dos grandes distúrbios do nosso tempo, dizem os especialistas Randy Frost e Gail Steketee em Stuff ("coisas", sem edição no Brasil). Segundo o livro, nos Estados Unidos, há 40 anos, quase ninguém alugava depósitos externos para guardar objetos que não cabem em casa. Hoje, essas áreas ocupam o equivalente à cidade de Vitória, no Espírito Santo: 93 km2 servindo unicamente para acumular posses.

Os EUA têm duas vezes mais shoppings que escolas. Para os autores, é difícil desvencilhar isso do fato de os acumuladores compulsivos terem ganhado mais destaque: entre 2 e 5% da população americana tem a doença. Existem pouquíssimos dados a respeito no Brasil, mas se ela realmente estiver ligada ao comportamento consumista de uma sociedade, como já se vê nos EUA, estamos nesse caminho.

Alguns pesquisadores já começam a citar outro tipo de acúmulo. "Estamos nos transformando em acumuladores digitais", diz Russell W. Belk, especialista em consumismo e professor da Universidade York, no Canadá. "Músicas, e-mails, fotos...". Para ele, é uma forma de entulho que incomoda menos, já que não ocupa espaço físico, mas que não deixa de ser acumulismo. E a internet proporciona muito mais que posses virtuais, é evidente.

Nas três compras online que eu fiz em 40 dias, por exemplo, juntei uma quantidade considerável de papelão, papel, plástico e isopor. Em uma delas, um pote resistente veio todo envolto em plástico-bolha, como se fosse de vidro. Um desperdício. Pagamos o conforto de receber em casa com mais embalagens e mais lixo, talvez mais que o necessário para um transporte seguro.

Mas, para falar a verdade, eu estava menos preocupado com o excesso de papelão e plástico das grandes varejistas online do Brasil do que com a possibilidade de algum rato aparecer no meu quarto. Por mais que não houvesse comida e eu lavasse tudo, as embalagens ainda guardavam uma fração daquilo que preservaram um dia, quando reluziam em uma gôndola ou vitrine. Era uma lembrança nada cheirosa de seu passado recente.

Em um mês, meu banheiro estava impregnado com um cheiro forte de charuto misturado com jornal velho e margarina. Nenhum animal nojento foi visto em meus domínios, ufa, embora tenha recebido um ou outro olhar de estranheza ao viajar de ônibus com uma sacola de lixo. Virei motivo de piada para meus amigos e colegas de trabalho. Fui apelidado de lixão e rainha da sucata. Meus primos perguntaram se virei catador.
Não sou acumulador compulsivo, então se livrar do lixo não foi um dilema. Mas percebi que sou muito mais consumista do que achava. Ganhei ou comprei 20 livros, ainda não li nenhum deles e dificilmente me livrarei de algum em pouco tempo - curioso como acumuladores de livros não são vistos com maus olhos. Em vez disso, folheei um romance inspirado na história real de dois irmãos americanos do começo do século 20, excêntricos e milionários, os Collyer. Um deles, Langley, acabou virando, provavelmente, o acumulador compulsivo mais famoso dos EUA. A história é trágica. Após décadas acumulando objetos tão díspares como jornais, pianos e um Ford T em sua mansão, Langley foi encontrado morto pela polícia, preso entre uma cômoda e uma cama. Ratos já haviam comido parte do seu rosto. A causa da morte foi igualmente triste e estranha. Ele foi soterrado pelos seus próprios objetos. Foi morto pelo seu lixo.