segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Observatório do Clima lança sistema pioneiro para estimar emissões brasileiras

Observatório do Clima lança sistema pioneiro para estimar emissões brasileirasDébora Spitzcovsky 

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O Observatório do Clima lançou nesta quinta-feira, 07/11, em São Paulo, o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Trata-se de ferramenta inédita, desenvolvida para calcular anualmente as emissões brasileiras e identificar sua origem.
“É uma iniciativa pioneira. Não há nenhuma outra ferramenta desse tipo desenvolvida pela sociedade civil, com este grau de detalhe, para estimar as emissões de gases de efeito estufa”, conta Tasso Azevedo, coordenador de desenvolvimento do SEEG e consultor do Blog do Clima, do Planeta Sustentável.
Desenvolvida entre julho e novembro de 2013, a ferramenta apresenta, ano a ano, as estimativas de emissões brasileiras de forma consistente e acessível. “No Brasil, já existem dados oficiais a respeito do assunto, mas demoram tanto para ser publicados que se tornam defasados. Em julho desse ano, por exemplo, o governo apresentou as estimativas referentes às emissões até 2010. Nesse ritmo, fica difícil desenvolver políticas públicas eficazes, que reajam ao problema a tempo”, explica Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Além de dados atualizados, o SEEG pretende produzir informação acessível a todos os públicos. Na plataforma online do sistema, os internautas podem acessar, de forma simples, todo o conteúdo produzido pela equipe do SEEG. Eles ainda têm a oportunidade de fazer os recortes que quiserem. “Por exemplo, é possível enxergar, dentro das emissões provenientes das atividades agropecuárias, qual a contribuição do gado de leite para qualquer período entre 1990 e 2012. O internauta pode escolher a área que quer pesquisar e em que intervalo de tempo”, afirma Tasso Azevedo.
A expectativa é de que o SEEG leve conhecimento técnico aos diferentes grupos da sociedade civil, incentivando-os a contribuir para a criação de políticas que visem a redução das emissões brasileiras e a inserção do tema mudanças climáticas nas políticas de desenvolvimento do país. “Hoje, no Brasil, não vemos nenhuma decisão política vinculada à economia de baixo carbono, porque as mudanças climáticas ainda não são vistas como desafio estratégico para o nosso desenvolvimento. Isso precisa mudar”, diz Carlos Rittl, que completa: “Espero que os dados do SEEG gerem análises ricas para promover essa mudança no Brasil”.
Durante o evento de lançamento do SEEG, que acontece o dia todo, ainda será apresentado o documento Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Brasil 2012, que reúne dados a respeito da liberação de poluentes no país entre 1990 e 2012. 

Foto: Mikael Miettinen/Creative Commons

Como escolher frutas e verduras

Como escolher frutas e verduras

Alguns cuidados são gerais: evite os produtos com pontos pretos (podem indicar podridão) e rachaduras (podem ter sido contaminados por bactérias ou produtos químicos). Confira sinais específicos de cada alimento

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usdagov/Creative Commons

BATATA

Não compre as brotadas, pois o amido já virou açúcar. Também fuja da casca esverdeada, efeito da solanina, um tóxico.

BETERRABA OU CENOURAPrefira as médias ou pequenas. Quando estão muito grandes, a parte interior pode estar endurecida.

CEBOLANão escolha cebolas já brotadas ou com indícios de podridão (o cheiro forte pode denunciar a má qualidade do produto).

ABACATEEvite os de casca clara e brilhante (indicam que foram colhidos antes da hora). Compre sempre os mais foscos.

COUVE OU BRÓCOLISNão compre se as folhas ou flores estiverem esbranquiçadas ou amareladas.

TOMATENão compre tomates com partes murchas: já estão passando do ponto. Também fuja dos verdes: eles não amadurecem.

LARANJAA cor da casca (verde ou laranja) não tem a ver com a maturação interna, mas se estiver muito alaranjada pode ser que esteja velha.

UVAUva não amadurece fora do pé. E, se estiver meio branca, é sinal de que foi colhida antes da hora. Portanto, não estará tão doce.

ABACAXIAnalise as escamas: se os gominhos estiverem chatos e afastados (ou seja, se a casca estiver mais lisa), a chance de estar doce é maior.

MARACUJÁO melhor indicativo é o peso da fruta. Chacoalhe e veja se não está muito leve (sinal de pouco suco). Prefira os menores.

LIMÃO
Fora do pé, cítricos não amadurecem - compre-os maduros. No caso do limão, os de casca lisa e brilhante têm mais suco.

BANANAPrefira sempre as mais gordas. As finas mostram que foram colhidas antes da hora e têm menos sabor e nutrientes.

*Consultoras Alessandra Coelho e Juliana Dragone, nutricionistas, e Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida, engenheiro agrônomo da Ceages
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Recordar é viver: Promoção "Gol de Placa", criada por Garotinho, levou o povo de volta aos estádios





Fiquei muito satisfeito ao tomar conhecimento dessa notícia. A minha idéia do projeto Gol de Placa, criado por mim no governo Rosinha deu frutos. Ainda na semana passada relembrei aqui a nossa iniciativa (relembrem logo abaixo). O torcedor juntava notas fiscais e comprava uma raspadinha por R$ 1, com isso ganhava um ingresso para o futebol e ainda podia ganhar dinheiro. No caso de Goiás a diferença é que no lugar da raspadinha, o torcedor precisa levar um quilo de alimento não perecível.

Enquanto isso, os ingressos para o jogo do Flamengo na final da Copa do Brasil custam R$ 250, o mais barato. 
Garotinho observa a governadora Rosinha assinar no lançamento do projeto Gol de Placa, com dirigentes do futebol do Rio, à direita está Romário
Garotinho observa a governadora Rosinha assinar no lançamento do projeto Gol de Placa, com dirigentes do futebol do Rio, à direita está Romário


No domingo passado, no Fla - Flu, o ingresso mais barato, nas piores localizações do Maracanã custou R$ 60. É elementar que o povo não pode ir mais torcer pelo seu time. Um pai que leve o filho vai gastar entre os ingressos, deslocamento e um lanchinho, uns R$ 150. É fora da realidade para a maioria.

Os jornais mostraram que no Campeonato Carioca deste ano (2013) os estádios estavam vazios. No próximo ano o campeonato voltará a ter jogos no Maracanã. Podem imaginar pelo preço dos ingressos o fracasso de público que virá.

Isso me lembrou uma idéia que bolei na época do governo de Rosinha, "Gol de placa" que fez o maior sucesso e revitalizou o futebol carioca em 2005. O torcedor tinha que juntar notas fiscais no valor de R$ 50 (valor da época), comprava uma raspadinha da LOTERJ por R$ 1 e trocava por um ingresso de arquibancada. O Campeonato Carioca é claro, bateu recorde de público.

E é importante destacar que essa promoção não beneficiava os clubes diretamente, quem se dava bem era o torcedor que podia adquirir o seu ingresso usando as notas fiscais das compras da família no dia-a-dia, e por apenas R$ 1 ia ao estádio dar força ao seu time, e ainda se desse sorte podia ganhar na raspadinha. O Estado por sua vez passou a arrecadar mais porque os torcedores pediam a nota fiscal nas lojas. E os clubes no final também lucravam porque as rendas eram maiores.

Não custa relembrar também que fui que reformei e reabri o Maracanã, que em 1999 quando assumi estava fechado, o governo anterior queria demoli-lo, e os jogos do Campeonato Carioca chegavam a ser disputados em Juiz de Fora (MG).

É uma pena que Cabral só pensa em vantagens para empresários, não quer saber de uma promoção que beneficia o povo, e que deveria voltar.


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domingo, 17 de novembro de 2013

Mais de 30% da economia global está ameaçada por mudanças climáticas

Mais de 30% da economia global está ameaçada por mudanças climáticas



Mais de 60 países cuja produção econômica chega a 44 trilhões de dólares correm o risco de enfrentarem consequências diretamente relacionadas aos eventos climáticos extremos que irão ocorrer no planeta até 2025. Isso significa que uma fatia de 31% do PIB mundial será comprometida por enchentes, secas, nevascas e tempestades nos próximos anos.
Os dados foram apurados pela Maplecroft, empresa de análise de riscos que produziu o estudo e fez sua divulgação na última quarta (30). De acordo com o Instituto Carbono Brasil, o Atlas de Risco de Mudanças Climáticas e Ambientais considera diversos fatores para avaliar a situação de cada país, como exposição aos fenômenos naturais e eventos extremos, infraestrutura, eficiência do governo, capacidade de adaptação das populações e segurança dos recursos.
As economias mais ameaçadas pelas mudanças climáticas figuram também entre as mais frágeis do mundo: o primeiro lugar é ocupado por Bangladesh, na Ásia. Na sequência, aparecem Guiné-Bissau, Serra Leoa, Haiti, Sudão do Sul, Nigéria, Congo, Camboja, Filipinas e Etiópia. Além destas nações, o estudo também classificou a China e a Índia, que têm muita relevância no cenário econômico.
O estudo também elencou os centros urbanos com menor e maior risco de passar por eventos climáticos extremos. Entre os mais seguros, aparecem Londres e Paris, e, entre os que possuem alto risco, destacam-se Guangzhou, Bancoc e Manila. O relatório mostra um preocupante cenário para todo o território da Nigéria, que é o sexto mais vulnerável e o país mais populoso do continente africano.
O Brasil não aparece entre as economias mais atingidas pelas mudanças climáticas, no entanto, é consenso que os eventos e fenômenos extremos interfiram no desempenho da economia do país – tanto na produção agrícola, como na produtividade dos trabalhadores de todos os setores.

Da feira à mesa


HÁBITOS SAUDÁVEIS

Da feira à mesa

Hábitos simples como ir à feira ou preparar a comida em casa podem fazer toda a diferença na nossa saúde. É nisso que acredita Marlene Monteiro da Silva e Veruska Magalhães Scabim. Leia, abaixo, a entrevista com a dupla de especialistas em alimentação


Nancy D. Regan/Creative Commons

O jeito como nos alimentamos mudou, certo? Sim. E isso não é de hoje. Começou junto com a Revolução Industrial (meados do século 18), que mudou nosso padrão de alimentação e também de gasto energético. Com o tempo, fomos dando preferência para alimentos cada vez mais fáceis de fazer. E, nas últimas décadas, a disponibilidade desses itens também teve um aumento brutal. Os alimentos preparados tiveram um crescimento de mais de 200%.

Estamos comendo mal?O que existe hoje é um desconhecimento dos alimentos. Em torno de 15% das pessoas consomem frutas e hortaliças na medida recomendada, que é de cinco porções por dia. A maior parte da população quer alimentos de preparo fácil. O feijão, prato básico do brasileiro, teve uma redução de seu consumo em 30%. Mas o consumo de comidas preparadas na rua ou processadas só aumentou. As pessoas não vão mais à feira, nem ao campo. E com isso acabam se distanciando das formas de produção. Muitas crianças não sabem reconhecer uma fruta. Os resultados disso já são visíveis. Na década de 1970, o governo se preocupava com a desnutrição. Hoje, mais de 30% das crianças estão com excesso de peso.

Qual a influência da família na alimentação?É grande. Se não existe o hábito de comer alimentos saudáveis em casa, não tem como incorporar isso na vida dos pequenos, por exemplo. É na família que se tem a construção da personalidade. Hoje, muitos meninos e meninas não têm tempo para brincar, para sentar à mesa, e as guloseimas estão sempre à mão. O preparar a refeição em casa é importante na formação dos filhos. Eles precisam sentir o cheirinho da comida pela casa, precisam sentar para comer. Uma cena comum em um restaurante é ver todos juntos, mas cada membro da família está mais interessado no seu gadget no que em conversar.

É possível mudar essa situação?Para isso é preciso formar o hábito alimentar. E é em casa que isso começa. As famílias precisam olhar para trás e reaprender como fazer algo tão simples, mas tão importante: preparar sua própria refeição e sentar-se à mesa.

Estado do Mundo 2013: a sustentabilidade ainda é possível?


PELO CONSUMO CONSCIENTE

Estado do Mundo 2013: a sustentabilidade ainda é possível?

Novo relatório do Worldwatch Institute reúne a opinião e os caminhos apontados por alguns dos maiores pensadores mundiais sobre sustentabilidade. O estudo, lançado no Brasil em parceria com o Instituto Akatu, revela que é preciso uma mudança urgente nos atuais modelos de produção e consumo globais

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Suzana Camargo Planeta Sustentável 



Nas últimas duas décadas, o planeta ganhou 1,6 bilhão de novos habitantes. Até 2030, a estimativa é que 3 bilhões de pessoas entrarão na classe média. A consequência imediata desta ascensão social é o crescimento do consumo, da produção agropecuária e um inchaço ainda maior da população das grandes cidades. E os limites planetários, que já foram ultrapassados há algum tempo, serão ainda mais pressionados. 



Compilados em um extenso e detalhado relatório, artigos de 17 grandes autoridades internacionais sobre o tema discorrem sobre o panorama atual da humanidade e o imediatismo necessário para reverter a situação. Estado do Mundo 2013 - A Sustentabilidade Ainda é Possível? é a 30ª edição elaborada pelo Worldwatch Institute (WWI), que ganhou versão em português, lançada esta semana, em São Paulo, graças à parceria com o Instituto Akatu



O documento - que estará disponível em PDF no site da instituição a partir do dia 01/11/2013 - tem 243 páginas e reúne textos de Carl Folke, Annie Leonard, Robert Costanza, Pavan Sukhdev e Tim Jackson, entre tantos outros nomes de peso nesse debate. Sukhdev e Jackson são autores de livros lançados pelo selo Planeta Sustentável: o primeiro escreveu Corporação 2020 e o segundo esteve pessoalmente esta semana no Brasil para lançar Prosperidade sem Crescimento



Para responder à pergunta "a sustentabilidade ainda é possível? ", o relatório do WWI foi dividido em três seções. A primeira delas - A métrica da sustentabilidade - é dedicada ao uso abusivo dos recursos do planeta e traz como referência um conjunto de métricas já utilizadas em certos países. 



Na segunda seção, intitulada Chegando à Verdadeira Sustentabilidade, os autores defendem ações, políticas e mudanças comportamentais e institucionais necessárias para a economia sustentável. Pavan Sukhdev é um dos que falam sobre o tema, no artigo Transformando a Corporação num Vetor de Sustentabilidade. O economista afirma que o fracasso dos esforços intergovernamentais aponta para a necessidade de reconhecimento do papel vital que o setor privado tem em determinar o direcionamento econômico e o uso de recursos em escala global. "O mundo corporativo precisa ser trazido à mesa de negociações como administrador do planeta", diz. 



Na última parte de Estado do Mundo 2013 - Abra em Caso de Emergência -, como o próprio título já revela, especialistas falam sobre como enfrentar os problemas provocados pelas mudanças climáticas, caso a transição para uma economia sustentável não seja feita a tempo. Discutem-se iniciativas e estratégias para mitigar as migrações do clima e fortalecer a resiliência das populações



Durante o lançamento do novo relatório do WWI, o sociólogo da Faculdade de Economia da USP, Ricardo Abramovay - primeiro autor do selo Planeta Sustentavel com o livro Muito Além da Economia Verde -, o diretor do WWI-Brasil, Eduardo Athayde, e o diretor-presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar debateram a respeito dos principais assuntos levantados pela publicação. 



Para Athayde, já existe base científica para o desenvolvimento sustentável, o que ainda falta é colocar em prática métricas. Ele também concorda que é preciso rever opapel das corporações e o Brasil tem protagonismo importantíssimo na nova realidade. "Já somos a 7ª economia do mundo e temos ativos ambientais enormes", disse o diretor do WWI-Brasil. 



Abramovay defendeu o crescimento econômico tendo como única finalidade o bem estar da sociedade. O sociólogo prega a chamada economia partilhada. "O uso partilhado substitui o privado. É a supressão do indivual para que o coletivo exista", afirmou. 



Mattar, do Akatu, ressaltou como o indivíduo pode ter função transformadora na sociedade através do consumo consciente. "Ele não está sozinho, é exemplo para o grupo e tem o poder de mudar e estimular hábitos ao seu redor", completou.

sábado, 16 de novembro de 2013

Combate ao abandono de animais

GUARDA RESPONSÁVEL

Combate ao abandono de animais

Nova série de livros traz dicas de como tratar os cães e reforça a importância de ser um dono consciente

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Carolina Giovanelli  Veja SP 
Lucas Lima
O empresário Richard Civita com alguns de seus 38 cães: "Eles não são bichos de pelúcia"

É só bater à porta de qualquer instituição de proteção animal para ouvir os casos mais escabrosos de abandono de bichos de estimação. Em sua sede, em Ribeirão Pires, na região metropolitana de São Paulo, o Clube dos Vira-Latas acolhe cerca de 500 cachorros. Todos os que foram resgatados estavam desamparados, muitos doentes ou idosos. 


Entre eles, aparece uma cocker preta de 8 anos deixada na Rodovia Fernão Dias. Ela esperou por dois dias sem sair do lugar até que fossem salvá-la. Outro caso é de um vira-lata que foi levado até uma estrada e, vendo o carro de seu dono sumir no asfalto, correu para alcançá-lo. Foi atropelado por outro veículo e acabou com a bacia quebrada. “Recebo cerca de 190 ligações por dia de pessoas que querem se livrar de seus cachorros”, dizCláudia Demarchi, presidente da ONG. “Elas dão explicações como ‘vou viajar’, ‘fiquei grávida’...” 



No Centro de Recuperação de Animais Silvestres do Parque Ecológico do Tietê, outro local muito procurado para essa finalidade, todos os dias cerca de cinco donos tentam deixar ali seus papagaios, aves que podem viver até os 80 anos, apenas porque se cansaram de sua companhia. Nem sempre há vagas. Tudo isso sem falar dos que largam na rua (ou matam) gatos, coelhos, répteis...



Frequentemente, as pessoas compram um animal por impulso, sem pensar que serão um compromisso por muitos anos. Sabem que os pets se mostram ótima companhia, porém se esquecem do fato de que dão trabalho e causam despesas inesperadas. 



Pensando em como poderia atenuar o problema do abandono, o empresário Richard Civita acaba de publicar quatro livros pela sua editora, a Nova Cultural, sobre o passo a passo para cuidar de um cão. A série está à venda nas bancas da cidade e pelo siteLoving Dogs. Um dos volumes é escrito pelo próprio Civita e três pelo veterinárioMarcelo Quinzani, sendo um deles em parceria com o adestrador Wilson de Oliveira.



Ensinam, respectivamente, como conhecer o amigo de quatro patas, recebê-lo, cuidar dele e educá-lo. “É fundamental perceber que não se trata de um bicho de pelúcia ou um enfeite, mas sim algo vivo, que faz xixi, fica doente, chora, late e, acima de tudo, precisa ser amado e cuidado”, diz ele, um ativo protetor dos animais.



Civita ganhou sua primeira mascote quando tinha 11 anos. Hoje, aos 74, dezesseis cachorros compartilham com ele sua casa na Zona Oeste. Além disso, cuida de outros 22 cães em um sítio no interior. Parte da matilha costuma viajar de avião anualmente com ele para os Estados Unidos durante as férias. Apenas um deles, um poodle, não é vira-lata. 



Seu novo xodó é a cadela Bianca, resgatada há duas semanas. Ela sofre de diabetes, está cega por causa de uma catarata e muito abaixo do peso. Outra, Bela, que está sempre com a língua pendurada para fora devido a uma cinomose – doença viral que atinge o sistema nervoso –, também é só chamego com o dono. “Todos os animais têm histórias trágicas de rejeição”, conta o dono. “As ONGs com as quais tenho contato me ligam pedindo ajuda quando sabem que o cachorro não tem chance alguma de ser adotado.” 



Os bichos já foram castrados e vacinados. Três fazem sessões periódicas de acupuntura. “Não cogitaria nunca deixar meus ‘filhos’ caninos”, diz ele, pai de seis filhos. “A fidelidade deles é incondicional. As pessoas cometem uma maldade enorme ao trair seu amor quando os abandonam.” 

DEZ REGRAS DE OURO 
O que é necessário saber antes de adotar um cão 



1- O animal vive normalmente entre nove e dezesseis anos, dependendo de sua raça e tamanho;



2- Não é aconselhável adquirir um filhote antes que ele complete 3 meses;



3- Coloque no bichinho uma coleira com seu telefone, para evitar perdê-lo;



4- Educar um cão é possível, porém a tarefa demanda paciência e persistência



5- Seu paladar não muito desenvolvido é compensado pelo olfato aguçado, com trinta vezes mais receptores que o dos humanos;



6- Uma vez conquistado o direito de dormir na cama do dono, é difícil reverter a situação;



7- Os bichos conseguem reconhecer o azul e o amarelo e diferenciar diversos tons de cinza;



8- É necessário agendar, no mínimo, duas visitas por ano ao veterinário, uma delas para vacinação;



9- Evite alimentá-lo com carnes temperadas, alho, cebola, chocolate, embutidos e leite; 



10- A fêmea tem gestação de cerca de sessenta dias. Se quiser evitar a reprodução, opte pela castração
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Um táxi ecológico

AQUECIMENTO GLOBAL

Um táxi ecológico

Para compensar a poluição causada pelo próprio táxi, o motorista João Batista criou um sistema de plantação de mudas de pau-brasil

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Débora Zanelato Vida Simples -

Divulgação

Em 2007, o taxista João Batista já tinha uma clientela fiel em São Paulo, mas estava descontente com o trabalho. Nada relacionado ao trânsito – ele já tinha resolvido isso com bom-humor, revistas e até bebidas para os clientes. O problema agora era o aquecimento global. Descobriu que os carros eram verdadeiros vilões nessa história.

“Um táxi polui muito o ambiente, mas eu não poderia parar de trabalhar. Foi aí que comecei a pesquisar sobre como neutralizar o que eu mesmo sujei”. Também na rádio, fiel companheira dos taxistas, foi que João encontrou uma luz. “Eu estava ouvindo o (colunista da CBN) Gilberto Dimenstein, que falava sobre sustentabilidade. Falei ‘vou escrever para ele’”.

Com a ajuda de Dimenstein, João encontrou ONGs ambientais e, juntos, calcularam quanto CO2 o automóvel liberava por dia e quantas mudas ele deveria plantar para que elas absorvessem tudo. Depois, João chegou ao valor que precisava sugerir aos clientes para a compra das mudas.

Em seis anos, o taxista plantou quase 250 mudas de pau-brasil em praças da cidade de São Paulo. No início, os amigos não colocavam muita fé na ideia; eles lhe diziam que o vandalismo ia arrancar as mudas. Não foi o que aconteceu: as primeiras árvores, plantadas na praça do bairro onde mora, na zona leste, continuam lá, cada vez maiores.

Com uma tabela, o taxista apresenta no final da corrida quantos quilos de CO2 a viagem depositou no ambiente e quanto o passageiro desembolsa se quiser ajudar a comprar uma muda. Um trajeto de uma hora, por exemplo, deposita 11,7 kg de dióxido de carbono e gera uma contribuição de 62 centavos. “Se o cliente não quiser colaborar, não precisa. Mas todo mundo se sensibiliza. Tem gente disposta a ajudar mais e doa até R$ 50, R$ 100 (hoje, a muda custa cerca de R$ 100)”.

As subprefeituras oferecem a praça e a mão de obra. Pelo site de João* (oseutaxi. com.br), dá para se cadastrar num programa de fidelidade em que o usuário troca pontos por mais mudas de pau-brasil.

PRODUÇÃO ORGÂNICA: Uma fazenda no fim do mundo



PRODUÇÃO ORGÂNICA

Uma fazenda no fim do mundo

De invernos brutais à pressão por mais tecnologia, acompanhamos o dia a dia de um camponês que luta para manter sua pequena produção de alimentos orgânicos em uma ilha remota no Círculo Polar Ártico

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Lívia Aguiar, de Hestmona  Superinteressante -
Caco Neves

Mesmo no verão, o céu estava cinza. E era o auge da estação. Com uma geleira a oeste e uma montanha a leste, eu era a última passageira do barco, a única a desembarcar no ponto final: a ilha de Hestmona, um pedaço de terra cortado pelo Círculo Polar Ártico, no norte da Noruega. 


À minha espera, um homem baixo, encurvado, com uma indefectível barba branca, farta e sem bigode, boina, galochas, macacão surrado e uma bicicleta. Kurt Randeker, 64 anos, parecia o Mestre, dos Sete Anões. Sobrava simpatia, faltavam dentes. Alemão radicado na Noruega, o camponês é um ex-socialista, ex-sindicalista e um grande professor em assuntos de cultivo de alimentos orgânicos ("a única forma de agricultura possível", dizia). Eis minha principal companhia por dez dias.



Kurt e sua mulher, Marie Louise, fazem parte de um movimento de volta à terra, que prega o uso do campo por pequenos fazendeiros com agricultura de subsistência. Mas nem sempre eles foram assim. No final da década de 1960, largaram o movimento sindicalista, o emprego na Mercedes-Benz e a casa em Stuttgart, no sudoeste da Alemanha, para se instalar em uma chácara que produzia queijo pecorino na cordilheira do Jura. Não tinham mais do que dez ovelhas. Em 1999, pressionados por grandes fazendeiros na região, venderam a terrinha e se mudaram para essa ilha remota no mar da Noruega, na esperança de trabalhar com a terra do jeito deles. Até morrer. 



E assim eles seguem, aqui na Hestmonvågen, a pequena fazenda onde vivem. E para onde Kurt me trouxe para viver e trabalhar de graça. O lugar é do tamanho de uns dois campos de futebol, não tem televisão nem internet. Mas tem energia elétrica, que alimenta aquecedores, rádio, chaleira, chuveiro e a máquina de fazer manteiga. Não há geladeira. Nesse canto do mundo, um quarto frio do lado de fora é o suficiente para conservar queijo, leite e sobras do jantar. Mesmo no verão. 



Tudo bem ficar sem luxos tecnológicos, eu já sabia o que me esperava. Cheguei ali por meio da organização Wwoof ("Oportunidades de Trabalho em Fazendas Orgânicas ao Redor do Mundo", na sigla em inglês). É uma rede presente em 99 países (inclusive o Brasil) que conecta fazendas orgânicas e pessoas que querem trabalhar nelas. Soa nobre, mas Kurt não gosta do rótulo. "Não faço isso pelo planeta. Estou muito velho para ligar para o planeta."



Além de um ou outro trabalhador voluntário ("geralmente mulheres intelectualizadas da cidade", diz Kurt, me fazendo vestir a carapuça), quem trabalha ali é o próprio casal, que conta com uma égua e um trator da década de 1950. A Hestmonvågen tem também duas vacas leiteiras. O que não é consumido na produção diária vira manteiga e ricota. 



A alimentação do casal segue a premissa da fazenda, ou seja, consumo responsável,agricultura sustentável e pouco desperdício. Tudo é pensado para otimizar a produção sem a necessidade de aditivos químicos, fertilizantes etc. As frutas colhidas no verão viram geleia para o resto do ano. Já as batatas, por exemplo, são armazenadas junto com as maçãs, que têm hormônios que ajudam na conservação mútua. Tudo muito simples. 



Mas Hestmona não é toda assim. Da janela de casa, Kurt vê a fazenda do vizinho, o maior proprietário da ilha e seu antagonista declarado. "Coitadas das vacas, presas o dia inteiro", lamenta. Em grandes fazendas, normalmente há um padrão industrial a se cumprir, com metas e pressão por produtividade. Na propriedade vizinha, o gado fica confinado por nove meses. Máquinas ordenham as vacas, e o leite já sai da fazenda pasteurizado para ser envasado e vendido. Em Hestmonvågen, as vacas ficam no curral só em dias de tempestade. Quem tira o leite é o próprio casal, na mão. E os voluntários. Bem, quando acordam na hora certa...



É com vergonha que admito que nunca consegui acordar para a ordenha das vacas, às 5h. Mas não fiquei à toa. Fiz queijo e manteiga e, especialmente, cuidei do pasto: cortei, empilhei e sequei capim para servir de comida aos animais no inverno. O clima úmido da Noruega impede que o feno seque sozinho, mas um varal de aço resolve o problema. Basta pendurar o capim cortado, que seca entre uma e duas semanas e aí então fica pronto para ser armazenado. Em anos de dificuldade extrema e muita chuva, Kurt engole o orgulho e compra algumas das bolas de feno embaladas em plástico do vizinho, que, amparado pela tecnologia, não fica tão sujeito às intempéries do clima. Adaptar-se à natureza e tentar tirar vantagem disso é o que guia fazendeiros como Kurt. Por mais que às vezes ele precise dos "antagonistas".



Trabalhar com a terra na Noruega é bem diferente do que no nosso tropical país. Em Hestmona, o termômetro no verão fica entre 10ºC e 25ºC. No inverno, pode cair para uns -15ºC. Com tanto frio, aqui não cresce trigo, soja, milho, mandioca. Nem chuchu, que dá na serra e em qualquer cerca brasileira, dá as caras por aqui. Mesmo assim, Kurt nem pensa em mudar de vida. "Gosto de ficar longe dos problemas do capitalismo."



O casal planta cenoura, rúcula, rabanete e outros vegetais, que vende a compradores de outras ilhas da região. O resto da produção segue o sistema de rotação de terra. Isso significa que o terreno é dividido em lotes que revezam ciclos de aveia, batata e capim com trevo. A rotação é feita para que o solo se recomponha dos nutrientes absorvidos por cada uma das espécies plantadas e, assim, esteja sempre fértil. Isso, por sua vez, fortalece as plantações, que dispensam agrotóxicos e aditivos químicos. A rotação caiu em desuso nas últimas décadas, com a mecanização e industrialização do campo. Dá mais trabalho e geralmente o retorno financeiro é mais instável. Kurt não dá a mínima. Ele tem problemas mais triviais. Mas coube a mim limpar a merda com ele. Literalmente.



Uma imensa poça de lama, entre o curral e o pasto, é problema recorrente da fazenda. As vacas passam por ali, se sujam e acabam se machucando. Isso porque muitas vezes sobram grãos de areia nas tetas, que ficam raladas com o esfrega-esfrega diário da ordenha. Por mais que Kurt as limpe com uma pomada especial, o jeito é secar a poça. A lama tem muita bosta de vaca. Muita! Vesti botas e luvas, deixei o nojinho no quarto e pus a mão na massa com um mantra na cabeça: "Se você ama o leite, tem de amar a bosta". Afinal, ela também faz parte do ciclo da fazenda. Tirei o cocô da poça e o coloquei em montinhos de algas marinhas e outros restos orgânicos. Toda a gororoba viraria compostagem, que seria usada como um fertilizante natural (e essencial) na horta.



Felizmente, exerci funções mais aprazíveis, como guiar a égua Brownie. Tive de seguir um ritual matinal de amizade que imita a troca de afeto equina. Funciona assim: primeiro você faz carinho na base do pescoço, onde acaba a crina. Depois, abraça sua cabeça e assopra as narinas. Diversas vezes. Brownie adora isso e, se ela decide ser sua amiga, funga de volta. Nojento? Talvez, se o focinho dela não fosse a coisa mais macia do mundo. Dá vontade de fazer carinho para sempre. Mas tínhamos de arar o campo de batatas. Então, de volta ao trabalho. 



Nós, da cidade, nos afastamos tanto da natureza que esquecemos de onde vêm o leite, o macarrão, a carne que é vendida cortada e temperada. Nosso dia a dia tem químicos que turbinam vegetais, alteram o crescimento de animais e conservam a comida por mais tempo. E nos acostumamos a isso. Mas tudo começa ali, com um pé na água, outro no cocô, as mãos ásperas, os braços cansados e os animais como companheiros do dia a dia. A vida pode ser mais simples, embora o simples nem sempre seja fácil. "É mais desafiador. Você tem de prestar atenção no que a terra está falando", diz um filosofal Kurt. "É mais inteligente que só comprar fertilizante e máquinas que fazem tudo por você."



E o que a fazenda fez por mim? Bem, é difícil adotar uma vida como a que levam Kurt e Marie Louise. Mas hoje penso mais nas pessoas que fazem nossa comida. E nos animais, que também são seres com suas particularidades. Urbana que sou, paro mais para escutar o silêncio. Observo a chegada da chuva no horizonte sem pensar só no trânsito para voltar para casa.