quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Previdência Privada: oportunidade de ter um futuro tranquilo

Previdência privada, VGBL e PGBL: entenda o básicoOntem participei de uma atividade que me trouxe muita alegria, reencontrando alguns antigos amigos de faculdade, pessoas que tiveram um peso importante durante uma fase importante de minha vida.
Como acontece com frequência, o tempo vai passando e nem sempre conseguimos manter o contato próximo com todos. Felizmente, através das redes sociais hoje podemos ainda acompanhar o que vai acontecendo na vida de muitos colegas e manter contato. Ainda assim, o encontro presencial é sempre muito importante.
Lembramos dos planos que fazíamos e de como, no decorrer do tempo, os pensamentos mudaram. Alguns (como eu) se casaram e constituíram família e outros ainda vivem na casa dos pais. Não existe certo ou errado, apenas percebemos que muito do que acreditávamos naquele passado não tão distante, acabou mudando. Assim é a vida.
Como não poderia ser diferente, alguns amigos mais próximos que conhecem meu trabalho no Dinheirama começaram a falar sobre dinheiro e futuro. Lembraram que o brasileiro está vivendo cada vez mais e que por isso é fundamental pensar no que vem pela frente.Brasileiros vivendo mais
Eu não perdi a deixa e lembrei a todos de que atualmente é mesmo fundamental planejar e construir o desejado padrão de vida futuro. Fui além e afirmei que só viver mais não é importante. Eu sempre acreditei que o bom da vida é justamente ter saúde e a possibilidade de viver com liberdade de escolhas.
Um dos colegas que se entusiasmou com o rumo da prosa lembrou com nítida preocupação dos problemas por que atualmente passa boa parte dos aposentados, sem dinheiro suficiente para garantir uma vida digna e passando por privações diversas e ainda dependendo da boa vontade (e do dinheiro) dos filhos.
Previdência oficial: problemas pra fechar as contas
Outro colega lembrou que a previdência oficial já passa por dificuldades na hora de fechar as contas e concordei com ele quando foi taxativo ao afirmar que, mais cedo ou mais tarde, uma reforma ampla precisará ser realizada, com maior tempo de contribuição para conquistar o direito de se aposentar.
Como educador financeiro, fiquei pensativo, afinal tudo isso que foi dito por meus colegas já faz parte do meu discurso. Aqui mesmo no Dinheirama já escrevi inúmeras vezes, usando como base esses mesmos argumentos: para termos um futuro confortável vamos precisar, cada vez mais, adotar uma postura ativa em relação ao trato com dinheiro.
A importância da previdência privada
Hoje existem no mercado várias oportunidades de conseguir formar uma poupança, conquistar uma aposentadoria melhor e garantir realização de um objetivo relevante (estudo dos filhos, por exemplo), sempre com planejamento e disciplina.
Uma das boas possibilidades são os planos de previdência privada, criados justamente com a ideia de oferecer às pessoas a composição de renda para o futuro. Alguns planos de previdência privada trazem vantagens interessantes, como é o caso do PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livre).
Quem opta pelo PGBL tem dedução de até 12% da renda bruta anual tributável na declaração de Imposto de Renda pelo modelo completo. Interessante, não é mesmo?
Bem, se você quer começar a planejar seu futuro, a formatura de seu filho na universidade ou até quem sabe planejar uma forma de aproveitar os benefícios fiscais, fica o convite para pesquisar e conhecer um pouco mais sobre a previdência privada e suas peculiaridades.
Este texto foi oferecido pela Brasilprev. A Brasilprev oferece uma gama de planos de previdência privada que variam de acordo com seu perfil e você pode saber mais sobre a construção de seu futuro clicando aqui.
Não espere o tempo passar, clique aqui para ver como aproveitar seu 13º salário e investir em você, conquistando, desde já, a garantia de que um futuro feliz. Um grande abraço e até a próxima.
Foto “Happy retirement“, Shutterstock
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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Chico Mendes é declarado patrono do meio ambiente brasileiro

Chico Mendes é declarado patrono do meio ambiente brasileiro



Foi sancionada hoje (16), pela presidenta Dilma Rousseff, a lei que torna Chico Mendes patrono do meio ambiente do Brasil. O líder seringueiro, morto há 25 anos, ficou conhecido internacionalmente por sua luta em favor da categoria, cujos meios de subsistência dependiam da preservação da floresta e suas seringueiras nativas.
Nesta segunda-feira, haverá sessão solene no Congresso Nacional em memória dos 25 anos da morte do líder seringueiro.  O evento ocorrerá às 11h, no plenário do Senado.
Biografia
Filho do migrante cearense, Francisco Alves Mendes e de Maria Rita Mendes, começou no ofício de seringueiro ainda criança, acompanhando o pai em excursões pela mata. Só aprendeu a ler aos 20 anos, já que na maioria dos seringais não havia escolas, nem os proprietários de terras tinham intenção de criá-las em suas propriedades.
Iniciou a vida de líder sindical em 1975, como secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos "empates" - manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organizava também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos.

Chico Mendes com sua esposa Ilsamar Mendes l Foto: Wikimedia Commons
Chico Mendes formou uma aliança entre sua gente e os índios amazônicos, o que persuadiu o governo a criar reservas florestais para a colheita não predatória de produtos como o látex e a castanha do pará.
A proposta "União dos Povos da Floresta" em defesa da Floresta Amazônica buscava unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta, além de ser um instrumento da reforma agrária desejada pelos seringueiros.

Chico Mendes com seu filho, Sandino, cinco semanas antes de seu assassinato l Foto: Wikimedia Commons
Chico Mendes foi assassinado a tiros, no quintal de sua casa, em Xapuri, no Acre, no dia 22 de dezembro de 1988, uma semana depois de completar 44 anos. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção.

Casa de Chico mendes em Xapuí, Acre, onde foi assassiando l Foto: Wikimedia Commons

Informações Agência Brasil.

As 10 áreas protegidas mais insubstituíveis do mundo


As 10 áreas protegidas mais insubstituíveis do mundo


Um estudo divulgado na revista Science reúne os locais protegidos, que, na visão dos cientistas, são os mais “insubstituíveis” do mundo. O relatório foi desenvolvido por organizações internacionais, que listaram 78 lugares em 137 áreas protegidas.
As regiões compreendem 34 países, que, juntos, abrigam a maioria das populações de mais de 600 aves, anfíbios e mamíferos, dos quais metade está globalmente ameaçada.
Há casos em que as áreas protegem espécies que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar, como o pato Laysan (Anas laysanensis) - endêmico do Refúgio Nacional de Animais Selvagens das Ilhas Havaianas, nos Estados Unidos, e categorizado como “criticamente em perigo”, na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Também servem de exemplo, pelo menos, treze espécies de anfíbios que são restritas ao Parque Nacional Canaima, na Venezuela.
As Ilhas Galápagos, no Equador, o Parque Nacional Manú, no Peru, e os Gates Ocidentais da Índia são exemplos de lugares que já constam na Convenção do Patrimônio Mundial da UNESCO. Entretanto, o estudo ressalta que, metade da terra coberta por essas áreas, ainda não tem reconhecimento.
A pesquisa é baseada na análise de dados de áreas protegidas terrestres, e em mais de 20 mil espécies que estão na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN.
Veja abaixo as 10 áreas mais insubstituíveis:
- Parque Nacional Kakadu (Austrália)
- Shark Bay (Austrália)
- Trópicos Úmidos de Queensland (Austrália)
- Apolobamba (Bolívia)
- Carrasco (Bolívia)
- Alto Rio Negro (Brasil)
- Serra do Mar (Brasil)
- Serra da Mantiqueira (Brasil)
- Vale do Javari (Brasil)

Funai/Divulgação
- Monte Camarões (Camarões)
Redação CicloVivo 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Barragem em MG ameaça o Paraíba

Barragem em MG ameaça o Paraíba

O governo do Estado do Rio está preocupado com a barragem de contenção de rejeitos de uma empresa de sucos em Cataguases, Minas Gerais, que corre o risco de romper. Caso isso aconteça, o material pode atingir o rio Pomba, que banha os estados de Minas e Rio de Janeiro,além de ser afluente do Paraíba do Sul, que abastece vários municípios do Norte e Noroeste fluminense. O assuntou foi divulgado na coluna de Ancelmo Gois, no “O Globo”.
A preocupação é que se repita os dois acidentes ambientais de 2003 e 2007, quando milhões de litros de material tóxico foram despejados no  Pomba, após rompimentos de duas barragens de contenção de uma indústria de celulose. Segundo o secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, o município não recebeu nenhuma notificação,  mas está em alerta. “É de responsabilidade da Defesa Civil Estadual e do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) fiscalizar essa situação por se tratar de outro Estado. Espero que não se rompa outra vez, porque as últimas vezes que aconteceu isso foi uma tragédia para Campos”, disse Oliveira.
Passado – O primeiro grande vazamento de lixívia – sobra industrial da produção de celulose – foi 29 de maio de 2003 e provocou um dos maiores acidentes ecológicos do país, atingindo oito municípios  fluminenses. Foram despejados 500 milhões de litros do produto no Rio Pomba. Em 2007, um novo rompimento de barreira culminou com por 400 milhões de litros de argila misturada com óxido de ferro e alumínio no Pomba.
(M.S.)

RJ pode fechar todos os seus lixões em 2014

RJ pode fechar todos os seus lixões em 2014



O secretário do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, disse, na última sexta-feira (13), que o estado deve ser o primeiro do país a acabar com os lixões, o que está previsto para ocorrer no próximo ano. Ele apresentou, na última sexta (13), o balanço de 2013 do Programa Coleta Seletiva Solidária, da Secretaria de Estado do Ambiente, que reuniu cerca de 180 pessoas, entre representantes de prefeituras, cooperativas de catadores de lixo e agentes ambientais.
“Em 2014 vamos acabar com todos os lixões do estado. Talvez seremos o primeiro estado do Brasil a cumprir a lei, segundo a ministra [do Meio Ambiente] Izabella Teixeira”, adiantou Minc. Segundo ele, no entorno da Baía de Guanabara já foram fechados todos os grandes lixões, citando Itaoca, em São Gonçalo, na região metropolitana; e Babi, em Belford Roxo, e Gramacho, em Caxias, ambos na Baixada Fluminense. “Em matéria de lixão, em seis anos, invertemos de 90% do lixo em lixões para 10%, e os 10% de lixo em aterros, para 90%”, assegurou
De acordo com ele, o Rio de Janeiro deu um grande salto com o fechamento dos lixões e a abertura de aterros sanitários para substituí-los. No entanto, como ocorre segundo ele em todo o Brasil, está atrasado na coleta seletiva e na reciclagem. “Do ponto de vista da reciclagem, nesses mesmos anos, passamos de 1% de coleta seletiva domiciliar para 3%. Ou seja, 95% das residências ainda não fazem a separação e a coleta seletiva”, admitiu Minc.
Durante o evento, foram avaliadas duas estratégias para solucionar o problema da coleta seletiva e reciclagem no estado. A primeira sugestão da secretaria é apoiar os municípios a organizarem a coleta seletiva, dividindo as cidades por bairros, fazendo galpões, organizando a distribuição de material reciclado para as cooperativas e conseguindo transportes.
A outra proposta é apoiar as cooperativas, qualificando os catadores, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Ministério do Trabalho, porém com recursos e orientação do órgão estadual. Além disso, a secretaria disponibilizaria às cooperativas instrumentos, como compactadores e esteiras.
No encontro, também foi abordada a hipótese das licenças estaduais e municipais concedidas às empresas agregarem uma condicionante ambiental. Nele, as empresas entregariam seu lixo reciclável às cooperativas de catadores, já que esse insumo é vital para a categoria.
O Programa Coleta Seletiva Solidária foi criado em 2011, a fim de assessorar os municípios fluminenses na elaboração, implantação e acompanhamento da coleta seletiva, valorizando a categoria dos catadores de materiais recicláveis. Ao longo desses dois anos, a Secretaria de Estado do Ambiente apoiou ações em 60 prefeituras, qualificando mais de 60 cooperativas de catadores.
“Essas ações estão em curso, mas vimos que é necessário um maior volume de recursos, mais setores das prefeituras envolvidos, orientar as empresas para que forneçam seu resíduo limpo. Essas medidas vão impulsionar para que o resultado da reciclagem atinja outra escala”, explicou Carlos Minc.
Pela Lei 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, após 2014 o Brasil não poderá mais ter lixões, que serão substituídos pelos aterros sanitários. Além disso, os resíduos recicláveis não poderão ser enviados para os aterros sanitários e os municípios que desrespeitarem a norma podem ser multados.
Texto originalmente publicado na Agência Brasil.

Pesquisadores descobrem água doce no fundo do mar

Pesquisadores descobrem água doce no fundo do mar



Um grupo de pesquisadores australianos descobriu que a parte de baixo das plataformas continentais guardam reservas massivas de água potável, para a surpresa da maioria das pessoas. O estudo encontrou grandes quantidades do recurso nas regiões mais profundas da costa australiana, da China, dos países da América do Norte e da África do Sul.
Segundo apuraram os cientistas, as reservas de água potável debaixo das plataformas continentais se formaram numa época em que o nível dos oceanos era bem mais baixo do que no período atual, o que facilitou o acúmulo da água das chuvas nestas regiões. No fim da última era glacial, as reservas foram preenchidas com parte do derretimento das geleiras, e, então, a água doce ficou protegida pelas lâminas sedimentárias que existem no planeta.
De acordo com o Discovery News, o estudo revela que, somadas, as reservas hídricas submarinas representam cinco vezes o volume dos lagos de água doce da Terra. Segundo Vincent Post, coordenador do estudo e professor da Universidade de Flinders, as quatro formações de água doce nos oceanos chegam a 500 mil quilômetros cúbicos – quantidade que serviria como alternativa para a escassez de água no planeta, agravada, principalmente, pela poluição dos corpos hídricos.
 Uma vez descobertas as reservas de água potável no mar, um dos principais desafios é desenvolver meios para vencer as profundidades, sem causar impactos no meio ambiente para a utilização deste recurso. Assim, acredita-se que a exploração dos corpos hídricos submarinos demande altos custos e muitos cuidados para evitar a contaminação e deterioração das águas – não só da potável, mas também dos oceanos.
Por Gabriel Felix – Redação CicloVivo

Como o aquecimento provoca tempestadesMatthew Shirts 

Este texto faz parte da Revista do Clima, volume 2, publicada pelo Planeta Sustentável em dezembro de 2013
como-aquecimento-provoca-tempestades
A diminuição de gelo no polo Norte responde por novos padrões de furacões, chuvas e secas no hemisfério Norte
Quem segue o debate sobre o aquecimento global sabe que os cientistas evitam ligar eventos climáticos específicos ao aumento da temperatura no planeta. Fazem ressalvas e cultivam analogias sempre que são chamados para explicar furacões, tempestades, chuvas, secas ou incêndios. “O aquecimento injeta esteroides no clima”, é uma das frases ouvidas com frequência, “aumentando a probabilidade de eventos extremos”. Mesmo assim, muito dificilmente os cientistas atribuem uma tempestade qualquer às mudanças provocadas pela emissão de gases de efeito estufa por parte de nós, humanos. Mas isso já começa a mudar.
É o que se conclui da aula magistral proferida por Jennifer Francis, professora da Universidade Rugters (New Jersey, EUA), na COP19 do Clima, da ONU, no dia 18 de novembro de 2013, em Varsóvia, na Polônia. Nela a cientista afirmou, com todas as letras, que a mudanças provocadas pelo homem no clima (climate) tem um impacto claro sobre o tempo (weather).
A diminuição da quantidade de gelo no polo Norte responde por novos padrões de furacões, chuvas e secas no Hemisfério Norte, diz. Nos últimos sete anos, resume, quebraram-se basicamente todos os recordes de extremos do tempo. Não é por acaso. O aquecimento é duas vezes maior no Polo Norte do que em outras latitudes do hemisfério, mais ao sul, segundo a professora Francis.
Nos últimos 30 anos, o aumento das temperaturas resultou na diminuição da área coberta por gelo no Polo Norte em 50% e uma queda, ainda maior, de 80% no volume de gelo no topo do mundo. A redução do gelo no Polo Norte, explica Francis, tem um impacto forte na trajetória e na velocidade do jet stream, o corredor de vento que nasce entre o ar quente tropical e o ar frio polar nas regiões temperadas do globo. Com menos gelo e temperaturas mais altas no Polo Norte, os ventos do jet stream perdem fôlego e se tornam mais sinuosos, com uma trajetória mais verticalizada em sentido norte e sul (veja o gráfico no final deste post).
Não há dúvida, mostra a professora, de que essa transformação nos corredores de vento muda o tempo, prolongando as secas nas áreas presas ao sul do jet stream e tornando as áreas acima dela, ao norte, mais vulneráveis a tempestades de duração maior. A má notícia é que o aumento da temperatura no Polo Norte só tende a aumentar. Mas pelo menos a ciência começa a entender melhor como o aquecimento global provoca eventos climáticos extremos, inclusive nevascas. No Hemisfério Sul a dinâmica é outra, segundo a professora Francis.
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domingo, 5 de janeiro de 2014

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Invasão silenciosa no Lago Paranoá

Em cinquenta anos, as margens do Paranoá encolheram 15%. Mas há boas notícias também para o futuro do nosso lago: pelos planos oficiais, a partir de 2016 ele pode se converter em fonte de água potável

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Lilian Tahan Veja Brasília 

FOTOS: Beto Barata / BRASÍLIA SUBMERSA / DIVULGAÇÃO

Foi o botânico francês Auguste Glaziou quem primeiro vislumbrou, em 1894, o imenso potencial da profusão de nascentes, córregos e rios na região do Planalto Central onde, 66 anos depois, se ergueu Brasília. O naturalista europeu integrava a missão Cruls, grupo de especialistas encarregado de buscar uma área adequada para construir uma grande cidade. A descrição deixada pelo estudioso para a posteridade anteviu o cenário que apareceria muito tempo depois em pleno cerrado: "Além da utilidade de navegação, a abundância de peixe, que não é de somenos importância, e o cunho de aformoseamento que essas belas águas correntes haviam de dar à no­va capital despertariam certamente a admiração de todas as nações". Décadas depois, a previsão de Glaziou se tornou realidade com o surgimento, no fim dos anos 50, de um dos símbolos mais fortes da aguardada cidade: o Lago Paranoá.

A cor esmeralda das águas represadas dos rios admirados pelo botânico francês é coerente com as riquezas acumuladas no maior reservatório do Distrito Federal. Os 40 km² do lago artificial transformaram-se em fonte de lazer, umidade, energia e multiplicação de dezenas de espécies animais e vegetais. Muitas originárias da própria região. Outras trazidas de diversos pontos do Brasil ou do mundo.

Abastecido por 21 córregos de cinco bacias diferentes, o Paranoá em breve poderá se tornar fornecedor de um bem precioso para quem vive na capital. Pelos planos oficiais, a partir de 2016 o lago também vai se converter em fonte de água potável para 600 mil pessoas, contingente superior à população prevista para a cidade no projeto original.

A despeito do crescente aumento de sua importância, o reservatório que abraça Brasília encolheu nas últimas décadas. Essa relação inversamente proporcional é considerada um risco de efeitos devastadores em caso de negligência dos moradores e, principalmente, das autoridades do DF. Desde que os rios foram represados, em 28 de setembro de 1959 (há exatos 54 anos), uma área gigantesca ficou alagada e uma onda de prosperidade se formou no coração da capital. Ao mesmo tempo, iniciou-se uma ação contrária. Em um movimento contínuo, a pressão urbana força as margens e come o Paranoá pelas beiradas.

Exposto a um ininterrupto processo de assoreamento, o reservatório já perdeu 15% de seu tamanho inicial. Mais de dois km de seu espelho-d’água deixaram de existir. Projeções mais catastróficas feitas por especialistas advertem que, se nenhuma providência for tomada, em 300 anos esse oásis poderá virar uma miragem. O cenário desalentador ganha contornos mais dramáticos nas previsões do secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Eduardo Brandão. "Esse tempo será mais curto, porque a cidade hoje cresce em ritmo muito mais frenético do que há vinte anos", acredita o ambientalista, também presidente do Partido Verde no DF. O lago, evidentemente, não vai secar, mas nenhum especialista ouvido por VEJA BRASÍLIA deixou de ressaltar os perigos do processo de desgaste do Paranoá.

Diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), o geólogo Diógenes Mortari confirma que o aumento da população e o incremento das construções provocaram impacto direto no seu uso. A ponto de a Adasa, em conjunto com outras empresas do governo, como a Companhia de Saneamento do DF (Caesb) e a Companhia Energética de Brasília (CEB), ter de controlar sistematicamente a cota de água. Uma régua de medição revela o grau de gravidade do nível do reservatório. No estágio amarelo, significa atenção. No vermelho, determina que a vazão de água deve ser proibida. "O crescimento urbano explodiu, mais pessoas passaram a se valer do lago e então começaram os conflitos", diz Mortari.

O diretor da Adasa não acredita no desaparecimento, mas admite que as pontas atingiram um nível preocupante de assoreamento, nome técnico do acúmulo de sedimentos no fundo. "Em termos de volume é algo pequeno, mas, se olharmos os braços do lago, veremos um excesso fora do comum."

Diante desse cenário, a Adasa também passou a fazer o controle da drenagem pluvial por meio de bacias de contenção e de caixas de decantação, capazes de filtrar as águas que correm para o Paranoá. Cuidados como esses se tornaram obrigatórios para os novos empreendimentos da cidade. O procedimento ajuda a reverter o assoreamento associado à urbanização, que impermeabiliza o solo e impede a penetração de água no lençol freático. Mas isso não é suficiente para estancar o problema. Em um programa chamado Caminho das Águas, técnicos do governo percorrem o trajeto inverso ao do curso dos ribeirões que abastecem o lago do DF. Cada uma dessas veias de água será replantada com mata ciliar, medida cujo objetivo é reter boa parte dos sedimentos antes que eles cheguem à barragem.

O projeto está sendo custeado por meio de compensação ambiental paga pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), responsável por boa parte das recentesintervenções urbanas na capital. Dragar, ou cavar a terra das bordas do lago, é mais uma medida na contramão do processo de encolhimento da represa do DF, mas sua eficiência é questionada pelas próprias autoridades. "Quando vieram falar em dragar o Paranoá, eu fui o primeiro a dizer que compraria uma máquina, pois isso me renderia lucros até a quarta geração. Não resolve", afirma o secretário Eduardo Brandão.

Manter a extensão do Paranoá e o volume de águas é um desafio tão grande quanto o que enfrentaram gestores e ambientalistas no fim da década de 70. Na ocasião, o Paranoá chegou a ter quase 100% de poluição. A represa passou a ser depósito de águas servidas, processadas em nível secundário, ou seja, sem a remoção completa dos poluentes.

Naquela época ainda não havia no Brasil estação de tratamento de esgoto terciário, aquela na qual fósforo e nitrogênio são removidos. Em 1978, o excesso desses compostos orgânicos, conhecido como eutrofização, ocasionou a mortandade de milhares de peixes. "Era um cheiro insuportável, e o Paranoá passou a ser associado à poluição e à sujeira, marcas que levaram anos para ser desfeitas", lembra Fernando Starling, Ph.D. em ecologia aquática aplicada pela Universidade de Stirling, na Escócia.

Funcionário da Caesb, Starling é um dos maiores conhecedores do Paranoá. Ele participou de várias frentes do programa de despoluição do lago. A reversão das condições impróprias foi um sucesso e virou referência no mundo.

O nível de pureza conquistado a partir do fim da década de 90 encorajou estudos sobre a captação de água do lago para consumo. Tal projeto partiu das evidências de que os cinco sistemas que abastecem o DF (Descoberto, Torto, Santa Maria, Cabeça de Veado e Pipiripau) estavam em seu limite máximo. "Era preciso trazer água de outras fontes", diz Antônio Luís Harada, técnico que assessora a diretoria de engenharia da Caesb.

Segundo Harada, Corumbá IV, ainda em obras, foi a solução encontrada para garantir água ao sul do DF, embora ainda faltasse atender a população que vive mais ao norte da capital. O Rio São Bartolomeu surgiu como uma possibilidade, mas o abastecimento via Paranoá se mostrou mais central e viável. A captação se dará próximo à Ermida Dom Bosco, onde haverá uma estação de tratamento junto ao Parque Bernardo Sayão, pouco acima da QI 27 do Lago Sul. Dois conjuntos de tubulação, com braços de adutoras, chegarão a Sobradinho, Paranoá, Taquari e região do Grande Colorado.

Estima-se que sejam atendidas 600 mil pessoas com o novo sistema, a uma vazão de 2 100 metros cúbicos por segundo. "Não é a captação que vai afetar o nível do lago", assegura Harada. Ele informa que a barragem, já em grande parte despoluída, será submetida a um sistema moderno de tratamento de água, que inclui a decantação, a flotação, a filtração e a desinfecção ultravioleta.

Os editais para o sistema de captação serão lançados ainda neste ano. As obras, orçadas em 418 milhões de reais, têm início previsto para 2014. Se o plano for posto em prática, o sistema ficará pronto até 2016. Então, finalmente, o conteúdo verde-esmeralda do Paranoá será encanado para servir a milhares de moradores do DF. Pelo que se conhece dos grandes projetos públicos, no entanto, até tudo ficar pronto muita água ainda vai rolar
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Menos lixo, mais comida

NA PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO

Menos lixo, mais comida

Submetidos a um processo rápido de compostagem, o lixo vira matéria orgânica, que serve para o cultivo de alface, tomate, berinjela, ervas e até morangos


Zizi Carderari Casa Claudia -

Manu Oristânio

Todos os dias, cerca de 300 kg de restos de comida descartados na praça de alimentação do Shopping Eldorado, em São Paulo, são salvos do lixo. Submetidos a um processo rápido de compostagem, eles viram matéria orgânica, que serve para o cultivo de alface, tomate, berinjela, ervas e até morangos.

Esse círculo virtuoso acontece na cobertura do centro de compras, na Zona Oeste da cidade. É lá que, desde fevereiro de 2012, fica a horta de três mil m².

"As sobras não teriam outro destino senão o lixo. Enzimas desenvolvidas especialmente para esse fim as transformam em composto 100% orgânico, num processo que não gera mau cheiro", explica a agrônoma Cristina Signori, da empresa de gestão de resíduos Projeto Compostagem.

Fissuras natalinas

Fissuras natalinas

  • Assim vamos nós, manada humana, rumo ao consumismo, cientes deque nos arrancarão o dinheiro e a alma
FREI BETTO

A vida é breve; brevíssima. Eis que o Natal, de novo, chega. Se outrora a vida nos parecia mais longa, não se deve a que as pessoas morriam mais

cheias de anos. Pelo contrário. Hoje, nossa idade média dilata-se graças aos avanços da medicina, do saneamento público, dos excessivos cuidados com o corpo, propalados e propagados. Tudo faz mal à saúde, do cigarro ao ar que se respira, do sedentarismo aos alimentos envenenados pelos pesticidas. Até que se descubra como viver sem comer e respirar, vamos sobrevivendo entre percalços e esperanças.
Antes, os dias tinham ritmo cadenciado. Cada coisa no seu lugar — a casa, a cidade, o país, o mundo. E no seu tempo: infância, estudo, juventude, casamento, trabalho, aposentadoria. Hoje, tudo se embaralha. O mundo invade nosso lar pela tela de TV, as crianças presenciam atos sexuais antes de saberem o que é sexo, a publicidade exacerba o apetite insaciável do desejo. São tantos os apelos, as seduções e as preocupações que o tempo se nos faz breve.
Outrora, se um parente adoecesse em outra região do país, a notícia chegava em doses homeopáticas, via correios. Agora o celular nos alcança no banheiro e na rua, no bar e na igreja. Não há tempo nem espaço. Estamos condenados à simultaneidade. Em um único momento somos exortados ao prazer e à dor, à alegria e à tristeza, ao afeto e à indiferença.
Quando menos esperamos, as festas natalinas se acercam. O que suscita, no fundo da alma, um certo pânico. Não pelo significado do Natal, perdido nos porões da memória e escondido nos desvãos do sentimento religioso. Falo daquela sensação que o gado experimenta remetido ao matadouro. Rumam todos num empurra-empurra, como se disputassem o privilégio de morrer primeiro. Já não são bois e vacas, mas rebanho condenado ao atavismo de trilhar o caminho do próprio suplício.
Assim vamos nós, manada humana, rumo ao consumismo, cientes de que nos arrancarão o dinheiro e a alma. Bombardeados pela publicidade, ornada com sinos, velas, neves de algodão e belas mamães noeis, somos impelidos a comprar o que não necessitamos e a gastar o que não podemos.
Como é tempo de férias, há que programar a viagem, a praia, o sítio, arrumar e desfazer malas, enfrentar a maratona dos supermercados (leve um livro para ler na fila do caixa) e suportar os engarrafamentos na cidade e na estrada. E os shoppings? Ah, os shoppings! São os templos da concupiscência — palavra grega que bem expressa esse sentimento ambíguo de atração e repulsão. Entra-se fissurado e sai-se aliviado.
Por que o imperativo de dar presentes no Natal? A central única dos consumidores deveria decretar uma greve geral ao consumo. Em plena época de Natal. Não se compraria mais do que em outros meses do ano. E, em vez de presentes, daríamos carinho, atenção, alegria, apoio, solidariedade. Os pais levariam os filhos aos hospitais para doarem, no valor dos presentes, algo indispensável aos doentes mais pobres. A família ofertaria uma cesta básica a outra carente. Seriam presenteados os sofredores de rua, os presos, os loucos, os que se tratam de dependências químicas, os portadores do vírus da Aids e os que vivem sem terra, sem teto e sem pão. Trocar-se-ia Papai Noel pelo Menino Jesus, o shopping pela igreja, a mercadoria pela compaixão. Aquecidos pela fé, celebraríamos assim uma verdadeira festa, aquela que, no dia seguinte, não deixa ressacas de farturas, faturas e fissuras, mas enche o coração de júbilo.Leia


  em http://oglobo.globo.com/opiniao/fissuras-natalinas-11144789#ixzz2oaNwfuyM 
 

sábado, 4 de janeiro de 2014

Vivendo de pescaria

Vivendo de pescaria

Só com a tarrafa, o pernambucano sustentou dez filhos em Brasília


Lilian Tahan Veja Brasília -

sxc.hu

Joédson Alves
Na Vila Telebrasília, onde mora, poucos conhecem Abiesel Alves Cavalcanti pelo nome completo. Lá ele é Bisa, o pescador. Há 35 anos, o pernambucano veio atrás do progresso na capital. Acompanhado pelo irmão, trouxe algumas roupas e a tarrafa, sua ferramenta de trabalho. "Eu falei para o mano: se lá tem água, tem peixe. De fome a gente não morre", lembra Bisa. 
Mais do que garantir a própria sobrevivência, o Lago Paranoá alimentou toda a família dele, composta de mulher e dez filhos. No começo, quando a pesca com tarrafa era proibida, Bisa saía na madrugada em uma canoa e trabalhava escondido. Depois, quando a captura com malha foi autorizada, ele se destacou entre os colegas. Chegava a voltar com até 300 quilos de peixe na embarcação.

Hoje, o lago já não é tão abundante quanto há uma década e meia, mas ele ainda chega com o barco cheio. Entre tilápias, tucunarés, carpas e traíras, soma 250 quilos por semana e perto de 2 mil reais por mês. "Vendo para restaurantes e para clientes do Entorno", conta Bisa. Ele rema quase sete horas para chegar até a altura da Ermida Dom Bosco e, às vezes, dorme na mata e retorna para casa só na manhã seguinte. "É uma vida de muito trabalho, mas necessidade eu nunca passei", diz o pescador Bisa.

Nenhum de seus filhos seguiu sua profissão. Assim como Bisa, outras oitenta famílias vivem da pesca no Lago Paranoá.