domingo, 15 de dezembro de 2013

Os oceanos ficarão corrosivos até o fim do século

Os oceanos ficarão corrosivos até o fim do século

ALEXANDRE MANSUR



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Peixes-palhaço aproveitam o aconchego dos corais enquanto podem (Foto: Janine/Wikimedia)
Quando se fala em mudanças climáticas, pensamos primeiro em aumento de temperaturas. Mas a elevação das concentrações de gás carbônico na atmosfera tem outras consequências, não menos ruins. Uma delas é a acidificação dos oceanos. A maior parte do gás que jogamos na atmosfera é absorvida pelos mares. Graças a isso, a Terra não esquenta tanto. Por outro lado, o incremento de gás carbônico muda a química do mar. E essa alteração pode ter grandes consequências para a vida marinha. Inclusive a que nos alimenta.
Os números mais atuais sobre a tragédia oceânica em curso saíram de um simpósio sobre o tema, patrocinado pelas maiores academias de ciência do mundo e pela Unesco, o braço científico das Nações Unidas. O prognóstico não é bom.
Segundo os cientistas, o grau de acidez dos oceanos caiu 26% desde o início da revolução industrial. As águas dos polos ficam ácidas primeiro porque os mares frios são mais ricos em gás carbônico. Quanto mais quente a água, menor sua capacidade de reter o gás. É por isso que o refrigerante solta mais gás quando sai da geladeira. No ritmo atual de emissões, a acidez do mar deve aumentar em cerca de 170% até o final do século.
Algumas espécies de algas crescem com água mais ácida. Outras sofrem. Com a acidez crecente, as mais frágeis devem se extinguir. Isso vai reduzir a biodiversidade do oceano. Estima-se que a acidez crescente terá efeito negativo para 60% das espécies de moluscos e neutro para as outras. Será ruim para 70% dos peixes e neutra para os outros.
A situação é pior para os corais. Eles estão permanentemente construindo estruturas de calcário. Dependem de uma baixa acidez para crescerem. Se as altas emissões continuarem na atmosfera, o mar tropical ficará desfavorável para os corais crescerem em 2100. Mesmo com uma redução radical nas emissões, 50% do mar será ácido demais para os corais. O cenário fica mais complicado quando se soma outro fator negativo: o aquecimento da água. Os oceanos têm ficado mais quentes década após década. Além de tornar os furacões mais fortes e destrutivos, o calor da água causa a morte dos corais. Somando a acidez com o calor, os pesquisadores estimam que os corais parem de crescer no mundo em meados deste século. Isso têm grande impacto porque essas estruturas são o principal berçário do mar. Várias espécies de peixes, inclusive de valor comercial, dependem da saúde dos corais.
Em algumas regiões mais polares, o mar já está corrosivo demais para o crescimento de conchas de organismos marinhos. É caso de partes do Oceano Ártico.
Os pesquisadores estimam que em 2100 a decadência dos moluscos gere perdas de US$ 130 bilhões no mundo, se as emissões continuarem no ritmo atual. No caso dos corais, o prejuízo é orçado em US$ 1 trilhão no ano de 2100.
A acidificação atual do mar não tem precedentes na história conhecida da Terra. Não há nenhum evento parecido pelo menos nos últimos 300 milhões de anos. O único acontecimento comparável foi a grande extinção de 55 milhões de anos atrás. Mesmo assim, naquele período, o ritmo de acidificação do mar era só um décimo do atual. A nova velocidade acelerada de transformação do mar, dificulta as previsões do que pode acontecer com os ecossistemas marinhos. E conosco, que dependemos deles.

sábado, 14 de dezembro de 2013

A riqueza, o dinheiro e as verdades da vida

A riqueza, o dinheiro e as verdades da vida



A riqueza, o dinheiro e as verdades da vida
Ontem, ao passar por uma livraria alguns livros me chamaram a atenção. Não pela só pela qualidade de alguns (ou pela falta de qualidade em outros), mas pelo tema abordado: “como ficar rico?”. Obviamente, existem algumas formas de enriquecer, seja através do trabalho ou mesmo da sorte; ou ainda, como acontece na maioria das vezes e com os grandes profissionais, com a soma de trabalho, oportunidade e sorte.

O que mais me intrigou foi justamente a forma como a riqueza[bb] é tratada e discutida – ou pelo menos como a idéia de enriquecer é vendida. Reparei que tudo soa como uma receita milagrosa e certeira, do tipo compre e fique rico. Riqueza, creio eu, vai muito além do dinheiro. Penso assim: alguém só consegue ser rico a partir do momento em que se torna uma pessoa realizada.
O dinheiro vem com o sucesso e a disciplina. O que fazer com o dinheiro é um assunto pouco explorado e quase ninguém se preocupa, de verdade, como o fato de que ter dinheiro modifica a vida das pessoas, para o bem ou para o mal. Fala-se pouco de dinheiro como algo natural.

Tenho verdadeiro medo daqueles que vivem para o dinheiro e vêem nele um fim – e não um meio. São os mesmos que elevam artificialmente seu padrão de vida e aproveitam pouco da vida em seus pequenos detalhes. Afinal, temos muito mais do que uma vida para cuidar; devemos lutar pela família e fazê-los crescer conosco, com humildade e amizade.
Independência Financeira 
Prefiro pensar na independência financeira[bb] como um grande objetivo, mas que seja parte de um todo que envolva realização pessoal. No final, o dinheiro será uma condição para a independência financeira, algo que propicie tranqüilidade e oportunidade de busca por novas realizações.

Aliás, as amizades são os maiores valores que o ser humano pode guardar. Poucos percebem o hiato que existe entre o dinheiro e o sentimento de ser querido pelos amigos e pela família. Alguns pensam nos amigos e os misturam com dinheiro. É triste, mas é verdade.
Como anda a sua família?
Você dedica tempo e atenção para sua família? Se não, é uma pena. Família deve ser prioridade, afinal é ela que nos move, nos guia e nos auxilia nos momentos bons e ruins. É por eles que nos esforçamos mais e desejamos fazer a diferença. Os melhores negócios que consegui em minha vida foram graças ao pensamento e ao planejamento, sempre levando em conta o nosso futuro (meu e de minha família).

Escrevo para vocês e para mim. 
Por muito pouco, eu mesmo não percebi isso. Mesmo sempre dizendo e escrevendo sobre os verdadeiros tesouros das pessoas, por pouco não coloquei meu barco à deriva. No mundo, as coisas acontecem em uma velocidade impressionante e eu estava perdendo momentos preciosos que dificilmente vou conseguir recuperar.

Muitos de vocês devem estar pensando que é difícil conciliar família, sucesso, dinheiro e trabalho. Vocês têm razão, isso não é nada fácil. Mas perder a verdadeira simplicidade da vida é muito mais difícil. A solidão pesa e transforma pessoas em robôs, em escravos de sua própria vida. Você já assistiu ao filme de comédia “Click”[bb], com Adam Sandler? A lição clara, embora em um contexto engraçado, é a de que viver intensamente é muito importante para nossa felicidade.
Não deixe de estar ao lado de quem você ama.
Falamos muito de dinheiro, mas ele sozinho não resolve nada. A ausência custa muito mais do que qualquer taxa de juros, seja ela de cartão ou cheque especial. Ao investir tempo ao lado de quem amamos temos as melhores rentabilidades possíveis – e de longo prazo. Teremos como recompensa a sinceridade, a honestidade e o companheirismo de quem amamos. Isso, o dinheiro[bb] não compra.

A vida é bela para quem aposta nela. Os sofrimentos a que muitas vezes somos submetidos são oportunidades de aprendermos e mudarmos. Nunca é tarde para mudar, especialmente enquanto aqueles que te amam ainda te olham nos olhos. Dedique o final de semana para analisar como anda sua relação familiar: é a oportunidade para colocar em ação sua estratégia pessoal, ser uma pessoa rica de verdade; ser uma pessoa feliz.

Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante credenciado pelo Instituto DiSOP, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.


Crédito da foto para stock.xchng.

Quatro bons motivos para sua empresa medir emissões de carbono

VANTAGENS PARA EMPRESAS

Quatro bons motivos para sua empresa medir emissões de carbono

Lygia Haydée - Exame.com -

teegardin/Creative Commons



Muitos empreendedores ainda não sabem, mas medir as emissões de carbono pode trazer diversos benefícios para o próprio negócio não restritos às questões ambientais. As vantagens são, inclusive, legais e econômicas.


"Isso, antes de ser uma barreira, é um diferencial. Muitas empresas com forte empenho nas questões ambientais se preocupam com a elaboração completa de seus inventários. Neste caso, necessitam dos dados de seus fornecedores para complementarem as próprias estatísticas", salienta Guy Ladvocat, gerente de Certificação de Sistemas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).



Nesses casos, ter as informações em mãos pode ser uma necessidade para o negócio. Hoje, em diversos processos de aquisição de bens e serviços, é cada vez mais requerido que os fornecedores sejam certificados ou tenham o inventário da emissão de gases verificado.



Se não por isso, a empresa pode se beneficiar também com vantagens comerciais, particularmente em relação aos gastos com energia e tratamento de dejetos e efluentes.



"A adoção de lâmpadas, aparelhos eletrodomésticos, motores, veículos e máquinas mais eficientes em termos energéticos pode significar uma grande redução de gastos numa empresa", ressalta Carlos Roberto Sanquetta, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e diretor do Instituto de Pesquisas em Biomassa e Sequestro de Carbono (Biofix).



Pensar na sustentabilidade, em vários casos, pode ser sinônimo de maior competitividade e melhor imagem da marca no mercado. Veja a seguir quatro razões para fazer a medição de emissões de carbono.



ALCANCE DE NOVOS MERCADOS
Esse é um importante fator que o inventário bem feito pode trazer. Além da empresa se manter em solos já conquistados, com os dados em mãos ela consegue ampliar o campo de atuação.



"Lembre-se que muitos clientes importantes somente serão alcançados com a implantação de um sistema de gestão ambiental nas corporações. Essa já é uma exigência de grande parte do mercado", avalia Sanquetta, da UFPR.



Os dados servem, ainda, para avaliar o desempenho no setor. "Com o inventário disponível no Programa Brasileiro GHG Protocol, muitas empresas têm acesso aos dados de seus concorrentes e podem comparar o seu desempenho", analisa Ladvocat, da ABNT.



OBTENÇÃO DO SELO AMBIENTAL
Para que a sua empresa tenha um desses selos, tão relevantes nos dias de hoje, a apresentação do inventário de emissões de GEE é um dos requisitos básicos.



ANTECIPAÇÃO À LEGISLAÇÃO
"O conhecimento adquirido na elaboração dos primeiros inventários e na sua melhoria contínua permite que a empresa já esteja preparada para futuros marcos regulatórios", afirma Guy Ladvocat.



Afora isso, a realização de um inventário de GEEs pode representar a antecipação de futuras legislações nacionais. "Isso ocorre devido ao fato do Brasil ter assumido compromissos internos e também no âmbito de tratados internacionais sobre o clima global. Se a empresa estiver preparada, ela não será surpreendida diante de futuras exigências legais", diz Carlos Roberto Sanquetta.



MELHOR GESTÃO AMBIENTAL = MENOS EFEITO ESTUFA
Com o inventário em mãos é possível gerenciar as emissões de carbono. "E esse conhecimento adquirido faz com que o uso dos recursos seja feito de maneira eficiente para as emissões de gases de efeito estufa", afirma Ladvocat, que é também coordenador na ABNT do projeto "Fomento à Gestão dos Gases de Efeito Estufa e à Verificação em Pequenas e Médias Empresas".



Isso evita possíveis danos ambientais e até mesmo multas, autuações e outros enfrentamentos que poderiam surgir com a falta de atenção ao tema.

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Menos sujeira, mais dinheiro para as empresas

Menos sujeira, mais dinheiro para as empresas


São Paulo – A americana P&G, uma das maiores empresas globais de bens de consumo, anunciou recentemente com alarde que 48 fábricas, de um total de 158 que tem por todo o mundo, realizaram a façanha de não enviar mais para aterros sanitários sequer 1 grama de lixo.
Entre elas a fábrica da companhia em Manaus, que desde 2012 converte o lodo de sua estação de tratamento de efluentes em combustível para fornos de cimenteiras e reutiliza rebarbas das hastes das lâminas da Gillette, antes descartadas, na produção de novos aparelhos de barbear. O anúncio da P&G é fruto de um movimento que começou lá fora há menos de uma década e vem ganhando força no Brasil: a onda zero waste, por aqui chamada de “aterro zero” ou “resíduo zero”.
A primeira fábrica da P&G a abandonar os aterros foi a de Budapeste, na Hungria, em 2007. Outras companhias, como a empresa química DuPont e a montadora GM, entraram na onda logo depois. Todas elas motivadas por uma razão pragmática: nos países ricos, o custo da disposição dos resíduos em aterros está cada vez mais alto.
Na Europa, desde 2004 a legislação ambiental impõe uma série de impostos sobre a prática. Lá, o preço médio que uma empresa paga hoje para aterrar 1 tonelada de lixo é 140 euros. Aqui, mandar o lixo para os aterros é bem mais barato: o valor oscila de 60 a 120 reais por tonelada devido à concorrência desleal com formas inadequadas de disposição, como lixões clandestinos.
Há, porém, uma tendência inexorável de que esse custo suba e, por isso, as empresas estão se mexendo. Além disso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010, prevê que as companhias façam uma gestão mais criteriosa de seus resíduos. Outro fator é que a maioria não quer ter suas fábricas associadas a imagens de poluição e sujeira.
Na corrida rumo ao “aterro zero”, as empresas no Brasil estão em estágios diferentes de evolução. A fábrica da P&G em Manaus é a única da companhia no país que já se livrou dos aterros, mas suas outras quatro unidades localizadas aqui devem se juntar ao grupo em breve — todas têm um índice de aproveitamento de resíduos igual ou superior a 80%.
O desempenho da Ambev, que tem 36 fábricas, é ainda mais surpreendente. Sua unidade de Manaus já rea­proveita 100% dos resíduos, e todas as demais estão prestes a chegar lá. O que move a companhia de bebidas não é só o desejo de não mandar nada para aterros. Os gerentes das fábricas perseguem metas agressivas de geração de receita a partir de tudo o que sobra da produção de cervejas e refrigerantes.Rico em proteínas, o bagaço de malte, um subproduto do mosto — mistura de água, malte e lúpulo que forma a base da cerveja —, é vendido a fabricantes de ração animal. Com essa e outras práticas de reaproveitamento, 96 milhões de reais foram adicionados ao caixa da empresa em 2012. “Somos pressionados para que essa receita cresça a cada ano”, diz Beatriz Oliveira, gerente de meio ambiente da Ambev.

Nova York cria plano bilionário de proteção contra mudanças climáticas

Nova York cria plano bilionário de proteção contra mudanças climáticas


O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, apresentou nesta terça-feira (11) um plano de US$ 19,5 bilhões de dólares para obras que protejam a cidade o impacto das mudanças climáticas. Contenções como muros e diques devem ajudar a prevenir inundações e danos causados por furacões como o Sandy, relata a agência de notícias France Presse. A estimativa é que, próximo do fim do século, um quarto de toda a cidade de Nova York esteja em área inundável, numa área onde devem viver cerca de 800 mil pessoas, avalia Bloomberg.
Ele divulgou um relatório de 400 páginas sobre os riscos que as mudanças climáticas representam para a metrópole.Durante a passagem do Sandy, no fim de outubro, que chegou à Nova York como supertempestade, foi determinada a evacuação de 375 mil pessoas, aponta o estudo da prefeitura. Danos materiais de bilhões de dólares e um apagão que durou vários dias também atingiram a cidade, na qual 43 pessoas morreram devido ao fenômeno climático, de acordo com a France Presse.
Próximos 40 anos
O estudo realizado pela cidade prevê que nos próximos 40 anos, o número de dias muito quentes no verão pode dobrar ou até triplicar. O nível do mar próximo à Nova York poderá subir mais de 0,6 metros do que é atualmente, de acordo com a agência de notícias Reuters.O plano apresentado por Bloomberg visa garantir que o metrô, os esgotos, a oferta de água, o trânsito, o sistema de distribuição de energia e de alimentos continuem a funcionar sem serem afetados por estes efeitos no futuro.Diante desta perspectiva, são propostos “37 projetos de defesa costeira”, entre eles uma rede de muros, diques, dunas e outros tipos de proteção no entorno da cidade, de acordo com o prefeito.
Seis metros
Alguns dos muros poderiam ter até seis metros de altura, e bloqueariam a vista da costa da cidade em Staten Island, na parte sul de Manhattan; Brooklyn, no sudeste da cidade, e em Queens, no nordeste, aréas muito afetadas pela supertempestade Sandy.”Algumas das nossas proteções costeiras podem ser controversas. Algumas podem bloquear a vista. Mas a alternativa é ficar inundado ou pior. Não podemos frear a natureza. Então, se vamos salvar vidas, vamos ter que viver com nossas realidades”, argumentou. Quanto aos custos do plano, Bloomberg afirmou que a chegada de um furacão como Sandy em 2050 custaria à cidade quase cinco vezes mais que os US$ 19 bilhões registrados como danos e prejuízos no ano passado.”Sandy custou à nossa cidade US$ 19 bilhões em danos e atividade econômica perdida. Estimamos que uma tempestade como Sandy pode custar ao redor de US$ 90 bilhões em meados do século”, disse o prefeito de Nova York.
Fonte: g1.globo.com

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Cutucaram a Constituição

 Cutucaram a Constituição

Enquanto no Brasil manifestantes saíram do Facebook e foram para a rua, na Islândia eles saíram às ruas e depois voltaram para reescrever a Constituição no próprio Facebook. O cientista político islandês Eiríkur Bergmann conversou com a SUPER sobre o processo.

por Reportagem: Valquíria Vita Edição: Cristine Kist
Até cinco anos atrás, a Islândia é que parecia estar deitada em berço esplêndido: todo mundo sabia ler, 95% da população tinha acesso à internet, a economia ia muito-bem-obrigado e não existia desemprego. Só que durante a crise financeira que tomou conta do mundo em 2008, o pequeno país nórdico (pequeno mesmo, 82 vezes menor que o Brasil) passou por uma barra tão pesada que a situação chegou a ser descrita pelo FMI como uma "crise financeira de proporções catastróficas". Os maiores bancos da região faliram e a moeda local sofreu uma desvalorização de 80% em relação ao euro. A taxa de desemprego aumentou nove vezes, a dívida do país chegou a 900% do PIB e, bom, as pessoas começaram a empobrecer.

Os islandeses deram uma de argentinos e foram às ruas protestar batendo panelas quando o governo quis aplicar medidas exigidas pelo FMI em troca de uma ajuda financeira bilionária. Bateram tanta panela que o primeiro ministro foi obrigado a renunciar, e novas eleições foram convocadas. Mesmo assim, eles não ficaram satisfeitos. De repente, os protestos já não eram mais contra as medidas de austeridade, mas contra tudo que parecia errado no país (parece familiar?). No caso da Islândia, o que o povo realmente queria era uma nova Constituição. Foi aí que o Facebook entrou na jogada.

A rede social foi a principal plataforma escolhida pelos islandeses para recolher contribuições para a nova Constituição. O processo foi mediado por um conselho de 25 voluntários apartidários, que postava os textos no Facebook depois de cada reunião para que o resto da população pudesse debater a respeito. E foi assim que a Islândia ficou conhecida mundialmente por ter elaborado a primeira Constituição crowdsourced da história. O texto final passou por referendo e foi aprovado por dois terços dos islandeses em 2012. Está até agora aguardando aprovação do Parlamento (Brasil e Islândia também têm suas semelhanças), mas já serviu de exemplo para destacar a força das redes sociais na construção de uma nova forma de democracia.

Um daqueles 25 conselheiros, o cientista político Eiríkur Bergmann, diretor do Centro de Estudos Europeus da Bifröst University, enfrentou uma viagem de 24 horas da Islândia para o Brasil para fazer uma palestra sobre o futuro dos Estados democráticos. Aproveitou para falar sobre o uso da tecnologia pela democracia e para dar sua opinião sobre a viabilidade de um processo parecido por aqui.

Como vocês receberam sugestões para a nova Constituição?
Por alguma razão, todos na Islândia estão no Facebook, então esse foi o principal portal. Criamos uma página onde as pessoas podiam mandar sugestões e comentar, e nos dividimos em comitês para analisar os assuntos. As pessoas também mandaram sugestões pelo Twitter, e-mail, correspondências, ligaram e vieram pessoalmente até nós. A decisão que tomamos foi que não importava de que maneira elas viriam, só queríamos que participassem. Se quisessem mandar um pombo com uma mensagem, podiam fazer isso também. Recebemos 3.600 sugestões formais.

Como foi tomada a decisão de criar um canal no Facebook para que a população se manifestasse?
Existiram muitos motivos para isso. Um foi que existia alguma animosidade entre o conselho eleito e o Parlamento, e sabíamos que isso poderia ser uma estratégia para ter o apoio do público. E como ter o envolvimento do público? Botando no Facebook. Entre os 25 conselheiros representantes, houve quem dissesse que devíamos desligar o celular, fechar a internet e apenas escrever o texto e trazer ao público quando estivesse completo. Mas decidimos fazer completamente o oposto. Nosso time técnico cuidou de todas as portas de entrada de opinião. Invocamos toda a população a participar. Postamos até nossos telefones particulares para as pessoas ligarem se quisessem. Postávamos todo o nosso trabalho online imediatamente para as pessoas debaterem. E desse debate tirávamos a vontade do público e integrávamos no próximo round de postagens.

E as pessoas levaram isso a sério?
Essa foi a parte maravilhosa disso. Normalmente, na Islândia, temos discussões acaloradas sobre tudo, as pessoas atacam as gargantas umas das outras nos comentários, temos discursos muito negativos e comentários muito duros e pessoais. O que as pessoas já postaram sobre mim, meu deus! E isso acontece com todo mundo. Mas, com esse assunto, por alguma razão, ninguém fez comentários negativos. A questão é que todos queriam causar impacto. Quando você convida as pessoas, tem de escutar o que elas têm a dizer. E elas levaram a sério porque sabiam que o que dissessem também seria levado a sério. Deixamos claro para elas que seus comentários realmente importavam, e como resultado tivemos comentários muito mais responsáveis. Quando você dá poder às pessoas, e diz a elas que suas vozes realmente importam, elas tomam mais cuidado com o que dizem. Eles sentiram que estavam participando de verdade, não apenas assistindo à recuperação da Islândia. Isso teve efeito de cura na sociedade. Foi um jeito construtivo de avançar, em vez de ficar nos protestos.

Se o povo não tivesse sido parte desse processo, você acha que a Constituição teria sido diferente?
Sim. Por exemplo: capítulos importantes sobre recursos naturais e direitos humanos sofreram grande impacto com a participação do público. Se a Constituição tivesse sido criada pelos parlamentares, teria sido mais conservadora.

O quanto a crise econômica que afetou a Islândia influenciou esse movimento?
Em 2008, a Islândia foi a primeira a entrar em colapso. Nossos bancos foram à falência em apenas uma semana. Isso foi um choque e houve um grande senso de crise. E crises abrem espaço para discursos políticos, fazem surgir novos pensamentos. Além disso, tivemos uma sociedade receptiva, homogênea o suficiente para compreender algo assim, e tecnológica o bastante para que as pessoas participassem.

Além da crise, o que mais colaborou para que esse projeto desse certo na Islândia?
Foi uma vantagem sermos um país pequeno, onde é fácil conseguir que as pessoas se envolvam. Somos poucos, mas o suficiente para causar impacto, se quisermos. Fora isso, mais de 95% da população tem internet e 100% é alfabetizada. Os islandeses são educados, têm acesso à mídia.

Uma iniciativa como essa poderia funcionar em um país maior?
O processo aconteceria de um jeito diferente, mas poderia funcionar, sim. Acho que o que vale é o convite para que as pessoas participem, que é quase mais importante do que elas participarem de fato. Também é fundamental saber que as necessidades são diferentes em lugares diferentes. Você não pode forçar uma mudança em uma sociedade que não precisa dela. Tem de haver uma demanda por mudanças.

Isso daria certo no Brasil?
Sim, talvez mais certo do que em outros países, porque vocês têm uma herança muito interessante de participação popular. Claro que a maioria não participaria, mas uma parte, sim. Eu acredito que esse tipo de exercício vai ser cada vez mais comum.

Há quem chame essa de uma nova forma de democracia direta por meio da internet. Você concorda?
A nova Constituição foi criada por 25 pessoas, que foram impactadas pelo público em geral. Então houve um filtro, isso não é democracia direta.

Mas o senhor acredita que esse é o caminho? Transformar pela internet?
Estamos em um ponto de virada no que diz respeito ao desenvolvimento da democracia. Agora, estamos nos movendo para uma forma mais participativa de democracia. Eu sinto que essa é a primeira vez que a tecnologia pode ser usada democraticamente. Temos essa tecnologia há anos, mas não tínhamos uma população pronta para isso. Até agora. Quando começarmos a ver esses exemplos se acumulando, vai ser mais fácil dar um passo para frente e realmente integrar mecanismos participatórios na tomada de decisão. Eu acredito que organismos participativos são importantes para aumentar processos democráticos representativos tradicionais, trazendo a tomada de decisões de volta para as pessoas. As mudanças estão vindo, quer você goste ou não, concorde ou não. O desafio é se organizar para que essas mudanças sejam construtivas. Não sabemos o que vai acontecer. E isso pode ser usado para o bem ou para o mal.

84 espécies brasileiras entram na lista de ameaçadas de extinção

84 espécies brasileiras entram na lista de ameaçadas de extinção

Atualização da "Lista Vermelha" mostra que situação piorou para o sapo-de-barriga-vermelha e melhorou para a tartaruga-de-couro BRUNO CALIXTO



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Uma tartaruga-de-couro. Espécie está menos ameaçada graças a esforços de conservação (Foto: Projeto Tamar)

A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), uma rede de pesquisadores, agências governamentais e ONGs que avalia o estado da conservação de plantas e animais em todo o mundo, divulgou uma atualização da sua Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção. A nova versão conta com mais de 21 mil espécies com algum grau de ameaça.
A pedido do Blog do Planeta, a IUCN separou os dados das espécies brasileiras que entraram na lista e das que mudaram de status. Segundo a organização, o Brasil tem hoje 5.376 espécies com algum grau de ameaça. Dessas, 14 já estão extintas e duas estão extintas na natureza.
Os números mostram que 84 espécies entraram para a Lista Vermelha. Elas não estavam classificadas antes por falta de informação, mas novos estudos e pesquisas permitiram fazer essa avaliação. A maioria aparece classificada como "pouco preocupante", mas alguns anfíbios e plantas foram classificados como "criticamente em perigo". Outras sete espécies mudaram de status também por novas informações.
Quatro animais passaram por "mudanças genuínas" na classificação, quando a situação da conservação da espécie mudou, para melhor ou pior. Segundo a IUCN, três espécies estão mais ameaçadas hoje do que na edição anterior da lista: o sapo-de-barriga-vermelha, o albatroz-de-cabeça-cinza e o bicudo-verdadeiro.  O sapo-de-barriga-vermelha enfrenta a situação mais complicada: esse pequeno sapinho, de 3,5 centímetros, só existe em um único lugar no mundo, o município de Arvorezinha (RS), em um rio onde se pretende construir uma pequena central hidrelétrica.
Já a tartaruga-de-couro recebeu uma boa notícia. A espécie, uma das maiores tartarugas do mundo, era classificada como "criticamente em perigo". Esforços de conservação diminuiram a ameaça, e hoje ela está classificada como "vulnerável".
Atualização das espécies ameaçadas do Brasil:
Extintas: 14
Extintas na natureza: 2
Criticamente em perigo: 147
Em perigo: 289
Vulnerável: 501
Quase ameaçada: 303
Baixo risco: 31
Pouco preocupante: 3.473
Dados insuficientes: 616
Total: 5.376

Projeto de lei proíbe transferência de resíduos sólidos de um Estado para outro

Projeto de lei proíbe transferência de resíduos sólidos de um Estado para outro

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ONUONUProibir a transferência de resíduos sólidos de um Estado para outro, e assim corrigir uma lacuna na legislação atual é o que prevê o Projeto de Lei 4.337/2012. A proposta vai alterar a Política Nacional de Resíduos Sólidos – instituida pela Lei 12.305/2010. Ela já foi aprovada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados durante deliberação, no dia 20 de novembro.
Se o projeto for aprovado, o tratamento ou a destinação final de resíduos sólidos terá de ser feita no Estado em que se localiza a unidade geradora. De acordo com a justificativa do projeto, alguns estabelecimentos despacham grande quantidade de rejeitos e resíduos em outros Estados, em flagrante desconforto e risco para a população residente na área receptora.
O PL prevê a regra para os Municípios, salvo se lei municipal autorizar o contrário. A proposta, do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), tramita em caráter conclusivo. Ela, agora, será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Veja o PL aqui 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Londres vai usar calor do metrô para aquecer residências

Londres vai usar calor do metrô para aquecer residências


Por Vanessa Barbosa, da revista Exame
Pensa em quantas vezes já não passou sufoco dentro do metrô em dias abafados? Atento a essa experiência “sudorenta”, que não é exclusividade brasileira, a prefeitura de Londres vai utilizar o calor produzido no agitado metrô para suprir a demanda de energia para aquecimento das residências.
Com a iniciativa, a prefeitura espera não só reduzir a conta de energia, mas cortar as emissões de carbono da cidade em 60%, já que ao invés de usar termelétricas a carvão, extremamente poluentes, a cidade aproveitará uma energia limpa e disponível que vem de baixo da terra.
O projeto vai desviar o calor de um grande poço de ventilação para uma rede térmica que se conecta a centenas de casas. A ideia é aproveitar o calor gerado pelos passageiros, vagões e por outras máquinas para suprir a necessidade de aquecimento das residências durante os dias frios.
O plano nasceu de uma colaboração entre o irreverente prefeito da cidade, Boris Johnson, o Conselho de Islington e o Transport for London. "Nós precisamos fazer todo o possível para gerar energia de forma mais segura, rentável e sustentável. Ao apoiar a energia de origem local e redes de calor, podemos não só poupar dinheiro, mas também impulsionar a inovação, o emprego e o crescimento neste setor" , disse Matthew Pencharz , conselheiro sênior do prefeito sobre o meio ambiente e energia.

Parque Jacques Cousteau recebe jardim vertical

Parque Jacques Cousteau recebe jardim vertical 




Um jardim vertical de bromélias é a novidade do Parque Jacques Cousteau, que fica na rua Augusto José dos Santos, 366, no bairro Betânia. Proposta diferenciada e pioneira nos parques municipais de Belo Horizonte, o jardim construído em blocos de concretos encaixados chama a atenção dos frequentadores da área verde que se encantam com a criatividade e beleza.

A iniciativa foi da chefe de Departamento de Parques Sudoeste da Fundação de Parques Municipais, Edanise Reis, que aplicou seus conhecimentos na área de paisagismo nesse projeto piloto. Segundo ela, esta também é uma oportunidade para os funcionários do Parque Jacques Cousteau usarem formas criativas de implantar jardins.

Edanise explica que existem várias técnicas para implantar os jardins verticais e formar verdadeiras paredes vivas com um paisagismo extremamente interessante. No caso do Parque Jacques Cousteau, a proposta foi criar vasos nos espaços vazados dos blocos de concretos encaixados e plantar diferentes espécies de bromélia, como neoregelia-caroline, neoregelia-fireball, aechmea-blanchetiana e acanthostachys-strobilacea. “Foi um projeto piloto que agradou os olhares dos frequentadores”, conta.

A boa recepção do público no Parque Jacques Cousteau motivou Edanise a preparar a implantação de um jardim vertical de plantas medicinais no Parque Ecológico Roberto Burle Marx (Parque das Águas), no Barreiro, na horta de medicinais que está sendo revitalizada, e outro, de plantas floríferas, no Parque Aggeo Pio Sobrinho, no bairro Buritis.
Bebedouros

Além do novo jardim, o Parque Jacques Cousteau recebeu no dia 20 de novembro a instalação de dois bebedouros. De acordo com Edanise Reis, essas benfeitorias só têm a contribuir com as áreas verdes e trazer benefícios para seus frequentadores.