quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Moacyr Araújo: ‘Brasil precisa cuidar melhor da saúde do seu oceano’

Moacyr Araújo: ‘Brasil precisa cuidar melhor da saúde do seu oceano’Débora Spitzcovsky - 29/11/2013 às 13:11

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Aumento de temperatura, acidificação, perda de oxigênio… O acúmulo de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera está castigando os oceanos do planeta. Para o especialista Moacyr Araújo, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, no Brasil, o aumento do nível do mar será o principal desafio a ser enfrentado.

“Em termos de pesquisa, nos últimos dez anos o Brasil tem tomado iniciativas importantes no Atlântico Sul, motivado inclusive por questões econômicas, como o pré-sal. Mas esquecemos de investir na resiliência do nosso oceano, de apostar em medidas que aumentem sua capacidade de reagir às pressões que está sofrendo”, disse Araújo, que, ao lado do climatologista Tercio Ambrizzi, coordenou o Grupo de Trabalho 1 do primeiro relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (leia também O que diz o Primeiro Relatório sobre Mudanças Climáticas no Brasil).
O especialista em oceanografia concedeu entrevista exclusiva ao Planeta Sustentável. Confira, abaixo, os principais momentos dessa conversa.
O novo relatório do IPCC apontou que os oceanos estão sofrendo forte pressão por conta do acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera. Como está o oceano brasileiro?
Apesar de ainda ser pouco estudado, em comparação com outros oceanos – como o Índico, o Pacífico e o Atlântico Norte –, o oceano que banha o Brasil, o Atlântico Sul, sofre os mesmos impactos dos demais e todos os problemas estão interligados. O aumento das emissões deixa os oceanos mais quentes, o que, por sua vez, implica na alteração do PH, ou seja, na acidificação, e na menor concentração de oxigênio na água.

Mas, em médio prazo, a questão que talvez tenha maior impacto no planeta, onde metade da população ou mais vive na beira dos oceanos, é o aumento do nível do mar – que também é reflexo do aumento da temperatura, que causa expansão da água. Esse problema merece destaque, em particular no Brasil, onde cerca de um terço da população vive na costa. Não foi à toa que o assunto ganhou capítulo exclusivo no novo relatório do IPCC. O aumento do nível do mar apontado nesse documento foi maior do que a maioria da comunidade científica esperava. Ou seja, vamos chegar em 2050 com um aumento maior do que o que havia sido previsto há 10 anos.
Quais os principais impactos desse aumento do nível do mar no Brasil?
Quando falamos sobre o aumento do nível do mar, logo pensamos no oceano ‘engolindo’ porções de terra, mas não é só isso que pode acontecer. Associado a esse fenômeno, há mudanças em todos os processos de interação ‘oceano-atmosfera’, uma vez que o nível do oceano está aumentando porque ele está mais quente e, se ele está mais quente, significa que está trocando mais energia com a atmosfera para buscar equilíbrio térmico. Em resumo, essa situação se reflete na intensificação de eventos extremos, porque ao receber mais energia, o sistema atmosférico também vai começar a buscar seu próprio equilíbrio.

É importante frisar que o aumento na ocorrência de eventos extremos não significa, apenas, que ocorrerão mais chuvas em determinadas regiões onde já chovia, ou mais furacões em uma região em que já ocorriam. Significa, também, a ausência de chuvas em regiões onde há seca, porque o fenômeno puxa para os extremos, tanto em intensidade, quanto em frequência.
Quais são as regiões brasileiras que serão mais impactadas?
Com certeza, a região costeira. Nela, eu ainda destacaria os estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina, que vão sofrer bastante com o aumento do nível do mar. No Sul do Brasil, ainda na costa, também existe propensão à entrada de frentes que geram instabilidades atmosféricas e provocam, mais frequentemente, fenômenos como furacões e tornados. Se formos para o interior, o problema da seca no Nordeste será agravado, e no Sudeste o excesso de chuva será um problema importantíssimo. 

E, claro, os mais pobres sempre serão os mais vulneráveis a esses impactos, não só porque estão mais expostos ao problema, mas porque não têm condições de reagir a ele. Esse é o conceito clássico da vulnerabilidade.
O Brasil tem se dedicado a questão dos oceanos?
O Brasil está participando de grandes fóruns internacionais, dando boas contribuições e sendo consultado sobre o assunto, o que é ótimo. Em termos de pesquisa, nos últimos 10 anos, o país também tem tomado iniciativas importantes no Atlântico Sul, motivado inclusive por questões econômicas, como o pré-sal. Entre elas, vale destacar a criação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias, este ano.

Esse olhar para os oceanos veio de forma tardia. Outros países – como França, Alemanha e Inglaterra – acordaram muito mais cedo para essa questão, também porque têm uma história de conquistas econômicas pelo mar. Mas, em comparação com outras nações em desenvolvimento, o Brasil está bem, dando passos para tratar o oceano como um viés importante de seu desenvolvimento, que de fato é.
No entanto, esquecemos de investir na resiliência do nosso oceano, de apostar em medidas que aumentem sua capacidade de reagir às pressões que está sofrendo. Parar de lançar gases poluentes na atmosfera é importante, claro, mas cuidar localmente dasaúde do oceano – que já mostrou ser um grande aliado no processo de combate aoaquecimento global – também é fundamental. Aumentar a resiliência é como dar uma vitamina ao oceano para que ele ‘suporte cada vez melhor a barra’. Afinal, não está fácil.
E como isso pode ser feito?
Há uma série de medidas. É importante, por exemplo, cuidar da saúde do estuário, dos mangues e dos recifes de corais, da região costeira… Parar de jogar lixo nos oceanos também é fundamental.

Mas uma política importantíssima, que inclusive é uma recomendação do Painel Brasileiro, é a criação de áreas de proteção ambiental, porque você cria focos de saúde, de fortalecimento dos oceanos. Muito ainda deve ser feito no Brasil nesse campo. O mar territorial brasileiro é, praticamente, do tamanho da Amazônia e só 0,5% dessa área é protegida. O ideal seria proteger, pelo menos, 10% em áreas espalhadas. Ou seja, identificar os hotspots, que são os sistemas importantes para aumentar a resiliência dos oceanos, e protegê-los. Não há a menor dúvida de que o Brasil precisa investir nisso. Já assinamos vários acordos, inclusive na Convenção da Biodiversidade da ONU, prometendo aumentar essas áreas de proteção, mas ainda não fizemos nem de forma mínima o que é necessário ser feito.
Por que há tanta resistência na criação de áreas de proteção ambiental no Brasil?
Muitos desses hotspots, importantes para aumentar a resiliência do oceano brasileiro, já estão mapeados – embora ainda haja muito para mapear –, à espera de ações concretas, da criação de unidades de conservação, mas isso não acontece por conta de forçantes econômicas, como sempre. A pesca é um grande conflito e existem, também, interesses do setor de óleo e gás para que isso não seja feito.

Além disso, há a questão do turismo. Mundo afora, já se percebeu que os turistas procuram por lugares preservados, gostam de ir para locais onde há preocupação com o meio ambiente, mas no Brasil essa ficha ainda não caiu. Muitos governos – esferas municipais, estaduais e, até mesmo, federais – têm receio de fechar determinadas áreas, porque não vão mais poder colocar um resort ali ou convidar o turista para pisar em um coral de recifes. É preciso uma mudança de mentalidade. Pesar na balança o que é mais importante.      
Foto: © Conservation International/Sterling Zumbrunn 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Camisa que dura até 100 dias sem lavar poupa água e dinheiro


A camisa é um dos itens do vestuário masculino que mais costumam bater ponto na máquina de lavar. Ao contrário de outras peças, como calças e blazers, um único dia de uso pode ser suficiente para deixá-la em mau estado, sem possibilidade de ser usada novamente. Já calculou quanta água, energia, sabão e dinheiro são gastos nesse processo?
Pensando em resolver esses problemas, e otimizar a durabilidade da roupa, a startup americana Wool&Prince afirma ter desenvolvido uma camisa que pode ser usada por até 100 dias sem precisar lavar. Na prática, três lavagens por ano seriam mais do que suficientes.
Para provar que isso é possível, a empresa convidou 15 pessoas de várias partes do mundo para fazer a prova dos “100 dias”. Cada uma deveria usar a mesma camisa todos os dias e sem mudar a rotina. E o próprio criador da roupa resolveu fazer o teste.
Além das atividades comuns do dia-a-dia, como ir ao trabalho, ao supermercado ou sair para beber com os amigos, ele usou a camisa em situações que estimulam a produção de suor. Participava de maratonas, brincava de forma eufórica com animais de estimação em casa, chegando a rolar no chão, e ainda se acabava de dançar em baladas à noite – sempre com a mesma camisa.
O resultado? Segundo a empresa, nada de cheiro ruim, nada de amassados, nenhum sinal de que a camisa fora usada tantas vezes. A tecnologia por trás dessa proeza não é conhecida em detalhes. A empresa revela apenas que a camisa é feita de material mais resistente que algodão e que é composto por fios de lã superfinos, usados pela indústria da moda de luxo.
De acordo com a W&P, o tecido de fios de lã teria a capacidade de absorver o suor ( que depois evapora no ar) mais rápido que o algodão. Outra vantagem, segundo a empresa, é que a camisa feita com o material especial também se recuperaria mais rápido de amassados.
VIABILIDADE COMERCIALA supercamisa, que demorou seis meses para ser criada, ainda não está disponível no mercado. Para conseguir isso, a Wool&Prince busca fundos no Kickstarter, um site de financiamento coletivo que busca apoiar projetos inovadores. Em apenas oito dias, o projeto arrecadou 167 mil dólares de mais de mil pessoas, sendo que o objetivo era apenas de 30 mil dólares. A arrecadação vai atá dia 22 maio.

Cativeiro selvagem

Cativeiro selvagem

Com a entrada de Brasília na rota do tráfico internacional, mais de quatro animais silvestres são apreendidos por dia

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Teresa Mello Veja Brasília - 

Michael Melo

A primavera do Planalto Central marca a chegada das chuvas. Na mesma época, ganha força um fenômeno perverso, também relacionado ao meio ambiente. Como o período engloba a reprodução de boa parte da fauna, os traficantes de animais silvestres intensificam suas atividades predatórias. Antes mesmo do início da estação, os números já se mostram preocupantes. De janeiro a setembro, foram apreendidos 1.194 bichos, ou cerca de 4,5 por dia, número 20% maior do que os 995 dos primeiros nove meses de 2012.


Os dados se referem apenas aos animais retirados de traficantes. Quando se levam em conta as apreensões feitas em gaiolas e cativeiros domésticos, a estatística da atual temporada ultrapassa 3.500 indivíduos. 



Enquanto não são devolvidos à natureza ou entregues a criadores autorizados, os bichos permanecem no Centro de Triagem de Animais Selvagens (Cetas), órgão ligado ao Ibama e com sede na Floresta Nacional de Brasília, em Taguatinga Norte. 



Aves como canários-da-terra, papagaios e tucanos representam 80% dos espécimes abrigados. Além de pássaros, répteis e vários mamíferos constam na lista dos mais visados. “O comércio só é permitido depois da segunda geração em criadouros autorizados pelo Ibama”, afirma Benedito Fortes de Arruda, presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária.



O aumento das apreensões se deve, em parte, à abertura de voos da capital para Europa, Estados Unidos e Panamá nos últimos seis anos, o que ajudou a colocarBrasília na rota do tráfico internacional de animais. 



Para driblar a fiscalização, os criminosos usam artifícios inusitados. Quando pegos, eles se beneficiam de uma legislação branda. A venda de animais silvestres é considerada um delito menor no país. “Em 25 anos, nunca vi um traficante ficar preso”, afirma o coronel Claudio Ribas de Sousa, comandante do Batalhão da Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal
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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Brasil é referência mundial na reciclagem de embalagens de agrotóxicos

Brasil é referência mundial na reciclagem de embalagens de agrotóxicos

LEGISLAÇÃO DETERMINA OBRIGAÇÕES DE GOVERNO, AGRICULTORES, REVENDEDORAS E FABRICANTES NO PROCESSO. TRATAMENTO CORRETO DO MATERIAL DESCARTADO EVITA A CONTAMINAÇÃO DO AR, DO SOLO E DA ÁGUA.

O Brasil é líder mundial na reciclagem de embalagens de agrotóxicos. Grande parte delas se transforma em recipientes para substâncias químicas ou em produtos que não têm contato contínuo com pessoas. Apesar do sucesso, em algumas regiões o programa ainda é deficiente e há dificuldades de lidar com os descartes dos defensivos agrícolas ilegais.
Em 2012, foram recolhidas no país 94% das embalagens descartadas. A distância para o segundo colocado no ranking mundial, a Alemanha (76%), exemplifica o sucesso do programa. Em terceiro lugar aparece o Canadá (73%), seguido por França (66%) e Japão (50%). Para especialistas, a parceria entre agricultores, governo federal e empresas é responsável pelo resultado positivo brasileiro.
Desde 2000, o país estabeleceu políticas públicas para o recolhimento desses recipientes. A primeira medida foi a criação de uma legislação que determinou o papel de cada um dos envolvidos – desde o agricultor até o fabricante, passando pelos distribuidores.
“Essa obrigatoriedade aliada à criação de uma instituição própria das empresas para organizar e implementar essa logística fez com que o sistema de recolhimento e reciclagem tivesse pleno êxito no Brasil”, afirma Luís Eduardo Rangel, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para Renata Nishio, coordenadora de projetos do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), entidade criada pelos fabricantes de agrotóxicos para gerir esse processo, a criação de uma legislação foi fundamental. “Não é somente um acordo entre as partes, mas uma responsabilidade legal de seguir as atividades que essa lei indica para cada um deles”, reforça.

Diferença regional

A taxa de recolhimento varia conforme a região. “Os modelos de devolução funcionam melhor em áreas de índice de desenvolvimento humano maior e onde há maior qualidade e tecnologia da agricultura”, conta Rangel.
Água da lavagem é a mesma usada para diluir o produto
Água da lavagem é a mesma usada para diluir o produto
Segundo o coordenador geral da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Marcos Rochinski, em alguns locais os agricultores não recebem orientação adequada sobre o que fazer com essas embalagens e como armazená-las. Além disso, a falta de fiscalização e a venda ilegal de agrotóxicos também contribuem para que muitas embalagens não recebam a destinação correta.
“Como não há uma fiscalização mais contundente, nem todas as empresas orientam o agricultor onde levar esse produto. E, além do problema legal, há ainda a ilegalidade. Infelizmente aqui no Brasil há muitos agrotóxicos vendidos sem receituário agronômico e importado clandestinamente”, reforça Rochinski.
Para o agricultor, se a coleta desses resíduos fosse realizada pelos próprios municípios, boa parte desse problema seria resolvido. Rangel também argumenta que a fiscalização contribui para universalizar a devolução. “A fiscalização agropecuária ou ambiental associada a coibir a pratica de desvio de embalagens também pode aumentar o índice de devolução”, diz.
Impactos ambientais

Essa liderança também é importante para reduzir os impactos ambientais causados pela destinação incorretas dos recipientes. Antes da adoção do programa, muitas deles eram queimados, enterrados ou reutilizados para armazenar outros produtos.
Destinação incorreta pode poluir meio ambiente
Destinação incorreta pode poluir meio ambiente
Segundo Robson Barizon, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), quando queimadas o risco de contaminação atmosférica é grande, devido à volatilização de produtos petroquímicos e moléculas de agrotóxicos. Enterradas podem contaminar o solo, além de lençóis freáticos e rios.
“O descarte incorreto das embalagens pode trazer riscos tanto para os agricultores, que estão em contato direto com as embalagens, quanto para a população em geral, que pode ser exposta pela contaminação atmosférica e dos corpos d´água”, reforça Barizon, especialista em dinâmica de pesticidas no ambiente.
Mais de 15 produtos diferentes
O processo que leva à reciclagem é simples. Ao comprar defensores agrícolas, o agricultor recebe na nota fiscal a orientação sobre a unidade de recebimento onde as embalagens devem ser entregues. Geralmente o prazo de devolução é um ano ou seis meses após a data de vencimento do produto.
No caso de produtos que devem ser diluídos para a aplicação, o agricultor deve lavar as embalagens três vezes com água limpa. Em casos de defensores que não podem ser diluídos, as embalagens não serão lavadas. Depois de vazios, os recipientes devem ser devolvidos nas unidades de recebimento.
Essas centrais são gerenciadas pelas revendas. Nesse local, as embalagens são separadas, por exemplo, por tipo de plástico. As informações são repassadas para um sistema de computação gerenciado pelo Inpev, que recolhe os recipientes e os direciona para empresas licenciadas para reciclagem ou incineração.
“A grande maioria, ou seja, 92% delas, segue para a reciclagem e os 8% restantes que são as não lavadas seguem para incineração, feita de forma controlada e em postos licenciados”, afirma Nishio. Mais de 15 produtos diferentes são produzidos a partir do material reciclado, como embalagens para outras substâncias químicas ou caixas de descarga e elétrica.
DW (Deutsche Welle)

Primeiro livro vermelho da Flora..

Primeiro Livro Vermelho da Flora do Brasil será lançado no Rio de Janeiro

    Orquídea: uma das espécies sob o risco de extinçãoOrquídea: uma das espécies sob o risco de extinção
    Publicação científica reúne avaliações sobre o risco de extinção de espécies de plantas no país

    LUCIENE DE ASSIS

    Pesquisadores ligados ao Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), entidade vinculada à Diretoria de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, elaboraram o “Livro Vermelho da Flora do Brasil”. A publicação será lançada nesta terça-feira (03/12), às 18h, Escola Nacional de Botânica Tropical, Solar da Imperatriz, no Rio de Janeiro.

    O livro, organizado por Gustavo Matinelli e Miguel Ávila Moraes, revela que, do ponto de vista espacial, a maioria das espécies ameaçadas encontra-se nos nas regiões Sudeste e Sul. De um total de 4.617 espécies avaliadas, 2.118 (45,9%) foram classificadas como ameaçadas e enquadradas nas categorias Vulnerável (VU), Em Perigo (EN) e Criticamente em Perigo (CR). As demais entraram nas categorias Menos Preocupante (LC), Deficiente de Dados (DD) e Quase Ameaçada (NT).

    AÇÕES DE CONSERVAÇÃO

    Para os cientistas, um dos grandes desafios que os países enfrentam, atualmente, é conhecer sua biodiversidade e avaliar o risco de extinção das espécies nativas de seus territórios, para planejar as ações de conservação. O Brasil concentra de 11% a 14% da diversidade de plantas do mundo, com quase 44 mil espécies catalogadas e milhares ainda desconhecidas pela ciência. No País estão localizadas duas das 34 áreas de grande diversidade de espécies com alto risco de extinção (hotspots), que são a Mata Atlântica e Cerrado.

    Entre os Estados, Minas Gerais tem a maior quantidade de espécies nas três categorias de risco de extinção (VU, EN e CR). Na sequência, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia encabeçam a lista da flora em risco de extinção. Mata Atlântica e Cerrado são os dois biomas em que se verificou o maior número de espécies ameaçadas, seguidos da Caatinga e dos Pampas.

    A Amazônia ocupa o quinto lugar do ranking, o que pode ser explicado pela vasta rede de áreas protegidas (38% de seu território), pelas várias regiões de difícil acesso e pelas lacunas de informação sobre suas espécies. De acordo com os pesquisadores, o livro permitirá a atualização da “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção”.

    “O conjunto da obra oferece ao leitor todo o conteúdo necessário para consultar o risco de extinção de espécies da flora avaliadas”, esclarece Gustavo Martinelli, coordenador do CNCFlora. “Nesse contexto, acreditamos que o livro terá grande utilidade para municiar tomadores de decisão com informações científicas que possam nortear o estabelecimento de prioridades de ação para conservação de plantas, ou mesmo para direcionar pesquisas científicas que possam preencher lacunas de conhecimento sobre determinados grupos taxonômicos”.

    DEGRADAÇÃO

    O trabalho do CNCFlora foi elaborado a partir de ferramentas tecnológicas, obtidas em um portal online integrado, que viabilizaram a criação de um acervo único sobre as espécies em risco de extinção, constatando-se que a perda de hábitat e a degradação são as principais ameaças à flora nacional. Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Cavalcanti, a publicação apresenta avaliações de risco que servirão de subsídio essencial à elaboração da lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção. “É, por isso mesmo, um trabalho importantíssimo de pesquisadores brasileiros e internacionais sobre a flora do País”, acrescenta.

    Em relação às espécies avaliadas no livro, o grupo das samambaias, avencas e xaxins (Pteridófitas), por exemplo, é o mais ameaçado, enquanto o de musgos, entre outros (Briófitas) é, proporcionalmente, o menos ameaçado. O estudo apontou, ainda, que a família das bromélias (Bromeliaceae) apresenta o maior número de espécies consideradas criticamente em perigo, seguida das famílias das orquídeas (Orchidaceae) e das que fazem parte, por exemplo, girassóis e margaridas (Asteraceae).

    PREOCUPAÇÃO

    O Centro Nacional de Conservação da Flora tem a missão de coordenar os esforços nacionais de conservação de plantas. A primeira fase desse trabalho avaliou, cientificamente, 4.617 espécies da flora brasileira já incluídas em listas oficiais de espécies ameaçadas. A meta é, até 2020, concluir a avaliação de risco de extinção de todas as espécies conhecidas de plantas brasileiras.

    O sistema do CNCFlora contabilizou 5.642 ameaças incidentes sobre a flora brasileira. Dentre elas, 3.400 (60,2%) afetam espécies consideradas em risco de extinção. A perda de hábitat e a degradação são responsáveis por 87,35% (2.970) dessas ameaças. A agricultura é a causa primária de perda de hábitat e degradação (36,1%). Infraestrutura e planos de desenvolvimento (23,5%), bem como o uso de recursos naturais (22,3%), também contribuem, de forma significativa, com esse processo. O fogo causado por pessoas (11%) é, igualmente, uma fonte de grande preocupação dos pesquisadores.
    Outras informações:
    Assessoria de Comunicação do CNCFlora
    (21) 987531419 / lucianagcm@gmail.com

    Assessoria de Comunicação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
    (21) 3204-2498 / ascom@jbrj.gov.br

    Minha Casa, Minha Vida terá 'aula' de convivência em condomínio

    Conflitos entre moradores é desafio para síndicos dos empreendimentos que receberam benefícios governamentais

    Agência Estado 
    Agência Estado
    Quando empurraram o cargo de síndico para Sanjer da Silva, em janeiro do ano passado, uma das primeiras medidas que ele teve de tomar foi rever a decisão do regimento interno entregue pela construtora.
    Era preciso alterar a regra que impedia que os carros se locomovessem no condomínio Jardim das Acácias, em Brasília, em velocidade superior a 5 km/h. "Era impossível não ser multado pelo descumprimento dessa norma", afirma.
    Nesses quase dois anos como síndico, Sanjer diz que o mais problemático do cargo não é a administração contábil nem a cobrança dos calotes na taxa de condomínio, que já alcançaram R$ 700 mil em menos de dois anos de existência, mas tentar manter "pacífica e harmoniosa" a convivência entre os condôminos, cuja maioria é beneficiária do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida.

    Thinkstock/Getty Images
    Conflitos entre vizinhos fazem parte da rotina dos imóveis beneficiados pelo programa do governo


    "A casa é minha e faço o que eu quiser" é a frase que mais escuta a qualquer hora do dia ou da noite, quando vai cobrar um morador por reclamação de barulho ou reformas que não respeitam a padronização votada em assembleia.
    Para ensinar os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida a morar em condomínios, o governo recorreu, mais uma vez, aos maiores bancos públicos - Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
    Com o intuito de não ter desconfigurados os empreendimentos imobiliários entregues pelo programa de habitação popular e para evitar conflitos entre vizinhos, as instituições financeiras receberam autorização para contratar uma empresa especializada em gestão condominial 30 dias antes da entrega dos imóveis.
    Com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), abastecido com dinheiro do Orçamento da União, Caixa e BB se encarregarão de negociar com uma empresa a forma como se dará a gestão condominial e patrimonial do empreendimento, caso a prefeitura, que deveria fazer o trabalho, opte por não executá-lo.
    As administrações municipais que manifestarem desejo de fazer esse trabalho precisam entregar um plano de ação de até 60% da execução das obras - caso contrário, a responsabilidade vai para os bancos públicos.
    Por um ano de assistência, a empresa vai receber até 0,5% do valor de cada unidade habitacional, ou seja, da casa ou do apartamento, cujo valor máximo financiado é de R$ 190 mil no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio.
    Educação
    O objetivo, segundo o Ministério das Cidades, responsável pela publicação da portaria, é que a empresa, contratada pelo banco público, desenvolva um "trabalho pedagógico" com os moradores para ensinar diretrizes das atividades que devem ser desenvolvidas nos condomínios.
    De acordo com a secretária nacional de Habitação, Inês Magalhães, além de subsidiar a compra do imóvel, o governo tem de garantir condições para a "sustentabilidade" dos empreendimentos.
    "Precisamos fazer o acompanhamento forte dessas famílias. Muitas delas vieram de áreas de extrema vulnerabilidade, de uma outra realidade, em que não era preciso seguir regras tão rígidas", explica.
    Além do "trabalho pedagógico", na fase inicial do trabalho, estipulada em um mês, a empresa terá de elaborar a previsão orçamentária e auxiliar na eleição do síndico e do conselho fiscal.
    Depois, na implantação e organização do condomínio, terá de emitir CNPJ e abrir uma conta Pessoa Jurídica, como também auxiliar na elaboração e adequação do regimento interno.
    Na terceira fase, após a eleição do síndico e do conselho fiscal, a função se resume a assessorá-los nas assembleias.
    Desde 2009, o Minha Casa, Minha Vida já contratou 3 milhões de moradias, e 1,4 milhão delas foram entregues. A meta é entregar 490 mil unidades habitacionais neste ano, o que representa, segundo o ministério, 32% do total de construções de moradias no País em 2013.
    Para Pedro Wähmann, presidente do Secovi-Rio e coordenador da Câmara Brasileira do Comércio e Serviços Imobiliários (CBCSI), o governo sempre se preocupou com a produção dos imóveis, mas não dava a atenção necessária ao pós-entrega das chaves.
    "A gestão condominial é um trabalho de gente grande. O governo deveria ter acordado há mais tempo sobre sua importância." 


      sábado, 7 de dezembro de 2013

      Primeiro Livro Vermelho da Flora do Brasil será lançado no Rio de Janeiro

      Primeiro Livro Vermelho da Flora do Brasil será lançado no Rio de Janeiro

        Orquídea: uma das espécies sob o risco de extinçãoOrquídea: uma das espécies sob o risco de extinção
        Publicação científica reúne avaliações sobre o risco de extinção de espécies de plantas no país

        LUCIENE DE ASSIS

        Pesquisadores ligados ao Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), entidade vinculada à Diretoria de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, elaboraram o “Livro Vermelho da Flora do Brasil”. A publicação será lançada nesta terça-feira (03/12), às 18h, Escola Nacional de Botânica Tropical, Solar da Imperatriz, no Rio de Janeiro. 

        O livro, organizado por Gustavo Matinelli e Miguel Ávila Moraes, revela que, do ponto de vista espacial, a maioria das espécies ameaçadas encontra-se nos nas regiões Sudeste e Sul. De um total de 4.617 espécies avaliadas, 2.118 (45,9%) foram classificadas como ameaçadas e enquadradas nas categorias Vulnerável (VU), Em Perigo (EN) e Criticamente em Perigo (CR). As demais entraram nas categorias Menos Preocupante (LC), Deficiente de Dados (DD) e Quase Ameaçada (NT).

        AÇÕES DE CONSERVAÇÃO

        Para os cientistas, um dos grandes desafios que os países enfrentam, atualmente, é conhecer sua biodiversidade e avaliar o risco de extinção das espécies nativas de seus territórios, para planejar as ações de conservação. O Brasil concentra de 11% a 14% da diversidade de plantas do mundo, com quase 44 mil espécies catalogadas e milhares ainda desconhecidas pela ciência. No País estão localizadas duas das 34 áreas de grande diversidade de espécies com alto risco de extinção (hotspots), que são a Mata Atlântica e Cerrado.

        Entre os Estados, Minas Gerais tem a maior quantidade de espécies nas três categorias de risco de extinção (VU, EN e CR). Na sequência, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia encabeçam a lista da flora em risco de extinção. Mata Atlântica e Cerrado são os dois biomas em que se verificou o maior número de espécies ameaçadas, seguidos da Caatinga e dos Pampas. 

        A Amazônia ocupa o quinto lugar do ranking, o que pode ser explicado pela vasta rede de áreas protegidas (38% de seu território), pelas várias regiões de difícil acesso e pelas lacunas de informação sobre suas espécies. De acordo com os pesquisadores, o livro permitirá a atualização da “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção”. 

        “O conjunto da obra oferece ao leitor todo o conteúdo necessário para consultar o risco de extinção de espécies da flora avaliadas”, esclarece Gustavo Martinelli, coordenador do CNCFlora. “Nesse contexto, acreditamos que o livro terá grande utilidade para municiar tomadores de decisão com informações científicas que possam nortear o estabelecimento de prioridades de ação para conservação de plantas, ou mesmo para direcionar pesquisas científicas que possam preencher lacunas de conhecimento sobre determinados grupos taxonômicos”.

        DEGRADAÇÃO

        O trabalho do CNCFlora foi elaborado a partir de ferramentas tecnológicas, obtidas em um portal online integrado, que viabilizaram a criação de um acervo único sobre as espécies em risco de extinção, constatando-se que a perda de hábitat e a degradação são as principais ameaças à flora nacional. Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Cavalcanti, a publicação apresenta avaliações de risco que servirão de subsídio essencial à elaboração da lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção. “É, por isso mesmo, um trabalho importantíssimo de pesquisadores brasileiros e internacionais sobre a flora do País”, acrescenta. 

        Em relação às espécies avaliadas no livro, o grupo das samambaias, avencas e xaxins (Pteridófitas), por exemplo, é o mais ameaçado, enquanto o de musgos, entre outros (Briófitas) é, proporcionalmente, o menos ameaçado. O estudo apontou, ainda, que a família das bromélias (Bromeliaceae) apresenta o maior número de espécies consideradas criticamente em perigo, seguida das famílias das orquídeas (Orchidaceae) e das que fazem parte, por exemplo, girassóis e margaridas (Asteraceae). 

        PREOCUPAÇÃO

        O Centro Nacional de Conservação da Flora tem a missão de coordenar os esforços nacionais de conservação de plantas. A primeira fase desse trabalho avaliou, cientificamente, 4.617 espécies da flora brasileira já incluídas em listas oficiais de espécies ameaçadas. A meta é, até 2020, concluir a avaliação de risco de extinção de todas as espécies conhecidas de plantas brasileiras.

        O sistema do CNCFlora contabilizou 5.642 ameaças incidentes sobre a flora brasileira. Dentre elas, 3.400 (60,2%) afetam espécies consideradas em risco de extinção. A perda de hábitat e a degradação são responsáveis por 87,35% (2.970) dessas ameaças. A agricultura é a causa primária de perda de hábitat e degradação (36,1%). Infraestrutura e planos de desenvolvimento (23,5%), bem como o uso de recursos naturais (22,3%), também contribuem, de forma significativa, com esse processo. O fogo causado por pessoas (11%) é, igualmente, uma fonte de grande preocupação dos pesquisadores. 
        Outras informações:
        Assessoria de Comunicação do CNCFlora
        (21) 987531419 / lucianagcm@gmail.com

        Assessoria de Comunicação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
        (21) 3204-2498 / ascom@jbrj.gov.br

        Na web: 
        CNCFlora 
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        Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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