quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Brasil usa tecnologia da Noruega em projetos de gerenciamento costeiro

Brasil usa tecnologia da Noruega em projetos de gerenciamento costeiro

    Martim Garcia/MMASchive (E), Maranhão e Coimbra: experiência vem do Mar do NorteSchive (E), Maranhão e Coimbra: experiência vem do Mar do Norte
    Dois países já desenvolvem ações conjuntas na Amazônia e na redução da emissão de gases

    LUCAS TOLENTINO

    O litoral do país ganhou um aliado no desenvolvimento de medidas de proteção. Os governos do Brasil e da Noruega trabalharão juntos para desenvolver ações de gerenciamento costeiro em território nacional. As experiências e políticas realizadas por ambos estão sendo discutidas entre esta terça (15) e quarta-feira (16/10), em Brasília, por representantes das duas nações no Workshop sobre Gestão Marinha Integrada.

    A medida representa o fortalecimento da cooperação internacional entre os governos dos dois países. Ambos trabalham juntos há dois anos, com foco no combate ao desmatamento da Floresta Amazônica e em ações de redução das emissões de gás carbônico na atmosfera. O objetivo é estender os esforços para o estabelecimento de políticas em outras áreas de relevância ambiental.

    INTERESSES COMUNS

    A experiência norueguesa no Mar do Norte, situado entre o país e a Dinamarca, servirá para complementar as políticas já em curso criadas pelo governo federal para a costa brasileira. "É o início de um trabalho para percorrer temas de interesses comuns", declarou o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ney Maranhão. 

    O planejamento da ocupação territorial, o monitoramento de espécies marinhas e a documentação de origem do pescado estão entre os pontos que serão trabalhados. "Os assuntos do mar têm grande prioridade para os ministérios do Meio Ambiente dos dois países", destacou o assessor internacional do MMA, ministro Fernando Coimbra. "Essa é uma área extremamente dinâmica que vem avançando como deve."

    A intenção da Noruega é estreitar os laços com o Brasil na área ambiental. O diretor-adjunto do Ministério do Meio Ambiente norueguês, Per Schive, afirmou que ambos têm experiências significativas para trocar. "Temos muito que aprender um com o outro", ressaltou. "A cooperação começou, há dois anos, com outro foco e, agora, vamos nos aprofundar nas questões marinhas. O intuito é expandir o trabalho para outros campos."

    Banco Mundial: pobres sofrerão mais com mudança do clima

    Banco Mundial: pobres sofrerão mais com mudança do climaJosé Eduardo Mendonça - 


    Relatório aponta África e Ásia como mais atingidos
    O Banco Mundial, muito criticado por seus investimentos em usinas a carvão – postura que, afirma, anda abandonando – está começando a comprometer bilhões de dólares em prevenção de enchentes, gerenciamento de água e outros projetos, na tentativa de ajudar grandes cidades asiáticas a evitar o impacto esperado da mudança do clima. Este é mais um exemplo de como se tornou curto o horizonte para o alívio dos efeitos do aquecimento global.
    Lugares como Bangkok, Jacarta e Ho Chi Minh são agora considerados “hot spots” e sofrerão muito com a elevação do nível do mar e a violência maior de tempestades tropicais.
    Funcionários do banco disseram esta semana que os efeitos não são mais considerados um risco distante, mas quase uma certeza “em nosso período de planejamento” nos próximos 20 anos.
    Em estudo divulgado hoje, a instituição projetou que grandes partes de Bangkok serão inundadas em 2030. Um sistema de controle de enchentes construído em Ho Chi Minh há apenas uma década não é mais considerado adequado e precisa de uma reforma de U$ 2 bilhões, disse Rachel Kyte, sua vice-presidente para o ambiente e desenvolvimento sustentável. O sistema “foi feito para um cenário que não existe mais,” afirmou ela.
    Cientistas em todo mundo concordam que o aquecimento global deve ficar contido em 2Cº até o final do século para que se evite consequências catastróficas. Há estudos mostrando ser possível se chegar ao dobro disso. Mas o Banco Mundial resolveu se ater à perspectiva mais sóbria em seu estudo.
    O impacto é substancial, e recai com mais peso sobre nações menos desenvolvidas, como as da África Subsaariana, assim como sobre partes da Ásia mais sujeitas a enchentes e tempestades tropicais.
    Ruim para os milhões que vivem abaixo da linha de pobreza, e para aqueles que serão forçados de volta a ela, porque a mudança do clima está solapando o desenvolvimento econômico em países mais pobres, alerta o documento, segundo o Euractiv.
    A escassez de alimentos estará entre as primeiras consequências em duas décadas, além de danos a cidades e a intensificação de processos migratórios, causas potenciais de conflitos.
    Foto: Håkan Tropp/SIWI/Divulgação

    Livro: Saga Brasileira

    Livro: Saga Brasileira



    Livro: Saga Brasileira

    Autora: Miriam Leitão
    Editora: Record
    Páginas: 476
    Preço médio: R$ 29,90
    Livro 100% nacional!

    A longa luta de um povo por sua moeda
    Muitos dizem o que brasileiro tem “memória curta” e que pouco aprende com seus erros, voltando a cometê-los em pouco tempo. Se hoje temos uma moeda estável, com inflação sob controle (baseado em um sistema de metas), e que representa parte da grande transformação econômica vivida na última década, muito se deve ao fato de termos passado momentos difíceis e angustiantes ao lado de muitos planos e tentativas de estabilização monetária.
    Erramos muito e, contradizendo o ditado, aprendemos e mudamos. Miriam Leitão, jornalista premiada e referência na área, aborda essa “travessia” brasileira rumo ao Real e à construção de uma economia confiável. Seu livro “Saga Brasileira” narra em detalhes as agruras vividas pelos brasileiros diante de planos econômicos fracassados, políticos despreparados e ideias mirabolantes (e falhas). O livro mostra como a batalha pela cidadania e soberania terminou com o país vencendo a inflação.
    Muitos de nossos leitores são jovens e não viveram o período de inflação, razão pela qual decidi escrever essa resenha. Para se ter uma ideia do que era a inflação por aqui há algumas décadas, cabe citar o cálculo realizado pelo professor Salomão Quadros, da FGV (e citado no livro). De julho de 1964 a julho de 1994, data do Plano Real, a inflação acumulada, medida pelo IGP-DI, foi de 1.302.442.989.947.180,00%. Isso mesmo, 1 quatrilhão e 302 trilhões por cento. Parece piada? Não foi!Um século de inflação
    O alerta inicial de “Saga Brasileira” é direto: nossos primeiros 100 anos de República, comemorados em 1989, foram marcados por inflação elevada (e vários períodos de hiperinflação). Lembrando Visconde de Taunay e sua obra “O Encilhamento”, Miriam destaca o que antes não se via: “Nesses 100 anos de encilhamento à hiperinflação o país aprendeu, dolorosamente, a lição de que a ordem monetária é a única base do progresso duradouro”.
    Nossa democracia é bastante jovem, assim como é a estabilização da moeda. Ler“Saga Brasileira”, no entanto, parece nos remeter a um país completamente diferente, antigo e despreparado. Nossa constituição tem pouco mais de 20 anos, o Plano Real nem isso. A verdade é que o país se transformou, mas o fez também porque sofreu com inúmeros planos econômicos e seus desdobramentos (que serviram de aprendizado, assim me parece).
    Muitos planos, muitos problemas, mas muito aprendizado
    O Plano Cruzado surgiu com Sarney em 1989 e, com o congelamento de preços, ele logo se tornou uma esperança. Os juros quase em zero fizeram o consumo estourar e muita gente então passou a satisfazer seus desejos represados de consumo. Quem mexesse nos preços sofria a intervenção dos famosos “fiscais do Sarney”. Funcionou por um tempo, mas logo o desabastecimento e o ágio passaram a fazer parte da vida dos brasileiros.
    Então surgiu o Cruzado II, um plano cujo mote era aumentar os preços de serviços públicos, mas ao mesmo tempo descongelar os preços e deixá-los a cargo dos empresários. A ideia era enganar mesmo, mantendo um índice de preços arbitrário que não captasse os aumentos de preços reais. A mágica não funcionou!
    “Qualquer moeda estável exige fundamentos fiscais mais sólidos. Seria necessário, nos anos seguintes, pôr ordem nas contas públicas, abrir a economia, desmontar oligopólios públicos e privados, incentivar a competição, modernizar a estrutura produtiva, mudar o Brasil. A grande lição de 1986 foi que a moeda estável não se conseguiria por mágica”
    Em 1987, foi a vez do Plano Bresser, que surgiu depois de anunciado o calote na dívida externa brasileira. A credibilidade do país perante os agentes externos era ridícula – e só viria a ser recuperada anos depois. O Plano Bresser durou pouco e fracassou, entre outras coisas, simplesmente porque os empresários se anteciparam a um novo congelamento. O resultado foi a remarcação preventiva e a prática de esconder produtos com preços que poderiam subir.
    Em janeiro de 1989 apareceram o Plano Verão e a moeda Cruzado Novo. O verão nem bem terminou e o plano foi considerado um fracasso. Naquele ano, a inflação batia 40% ao mês, chegando a 55% no último mês do ano. O período merece um destaque especial no livro “Saga Brasileira”:
    “Dar calote era um grande negócio. Vários pequenos e médios empresários deixavam títulos irem a protesto. Assim ganhavam tempo. Nunca, como naquela época, tempo foi igual a dinheiro. Quando quitavam a dívida no cartório, semanas depois, podiam pagar sem correção monetária. Um excelente negócio para quem devia”
    O ano de 1989 terminou com uma inflação de 1.782%. O alho subiu 3.471%; O azeite, 3.400%. Em 1990 viria Collor, tão conhecido por permitir a abertura econômica do país (renegociação da dívida externa e início de privatizações), mas também como sendo o “caçador da poupança”. Seu plano congelou as aplicações de muitos brasileiros e colocou diante da nação uma equipe econômica fraca e despreparada.
    “Apesar de a economia ter ficado em estado de coma com o ippon dado por aquele plano amalucado, apesar do imediato colapso do consumo, a inflação sobreviveu ao golpe, provando que a economia é terreno de intervenções elegantes e não de grosserias como aquela. Naquele 1990, o país teve a pior recessão da sua história”
    Mudanças estruturais entraram em pauta
    Todos os planos entremearam mudanças mais profundas, que foram realizadas pouco a pouco. A profissionalização da gestão monetária foi um dos passos, com a instituição do Banco Central (função antes a cargo do Banco do Brasil). O aspecto administrativo também passou por mudanças, contando a criação de um orçamento unificado e um sistema bancário mais inteligente (sem a conta-movimento).
    A abertura econômica, e a consequente concorrência dos produtos brasileiros com os importados, também teve papel fundamental na modernização de nossas bases econômicas. Vivemos por muito tempo com incentivos sem contrapartida, ou seja, dinheiro público muito fácil e sem exigências de qualidade e retorno ao cidadão. Neste sentido, o Plano Collor foi um divisor de águas. Miriam aborda profundamente a questão em “Saga Brasileira”:
    “Pela falta de competição de importados, os produtores locais sabiam que podiam combinar preços e baixar qualidade. O consumidor nada podia contra esses efeitos da economia. A inflação crônica tinha várias raízes, mas uma, sem dúvida, era o fechamento da economia à competição externa”
    Sobre a privatização, Miriam também é enfática:
    “O Brasil começou naquele tempo a desmontar um Estado que se agigantou em áreas onde o melhor é ter o setor privado com boa regulação e boa defesa da concorrência. O desmonte foi mostrando o quanto as estatais eram onerosas, cabides para os políticos, e como a descuidada administração produziu déficits, pagos por todos os brasileiros”
    O Plano Real
    Depois da forçada saída de Collor do poder, Itamar Franco assumiu o país e, por indicação de Roberto Freire, trouxe Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda – até então ele ocupava a pasta de Relações Exteriores. FHC fora o quarto ministro de Itamar para a Fazenda e aquele que deu os primeiros passos rumo ao Plano Real. A inflação em 1993 fora de mais de 1000% ao ano e era hora de fazer alguma coisa.
    Fernando Henrique, então Ministro da Fazenda, assustou-se com a falta de informações e controle econômico do governo. Montou uma equipe multidisciplinar e passou a elaborar o que viria a ser o Plano Real. Participavam das reuniões e definições profissionais como Pedro Malan, Edmar Bacha, Persio Arida, Gustavo Franco, André Lara Resende e Clóvis Carvalho, entre outros.
    O sucesso do plano dependia, em grande parte, da atuação do governo diante da população. A adoção da Unidade Real de Valor (URV) como padrão monetário facilitou a transição, que começou em fevereiro de 1994. Em março, FHC lançou-se candidato à Presidência da República. O Plano Real foi oficialmente lançado em 1º de julho de 1994.
    “As estatísticas do IBGE registram o tamanho da saga brasileira: nos 15 anos anteriores ao Plano Real (jan/1980 a dez/1994), a inflação acumulada foi de 13.342.346.717.617,70%, em resumo, 13 trilhões e 342 bilhões por cento. Nos 15 anos posteriores ao Real (jan/1995 a dez/2009), a inflação acumulada foi de 196,87%”
    Turbulências de um país que rumava para a estabilidade econômica
    Os anos que se seguiram à adoção do Plano Real mostraram-se desafiadores. O controle da inflação exigiu correções de rumo importantes, mas que mexeram com diversos aspectos da nossa economia. Os bancos sofreram com problemas de falta de transparência e gestão (muitos “viviam” da inflação) e viveram anos complicados. Três dos dez maiores bancos brasileiros quebraram (ao todo, 30 bancos sumiram). Outros foram reestruturados, capitalizados e vendidos.
    Dos 300 bancos, 100 sofreram algum tipo de intervenção do Proer. A crise bancária gerou aprendizado e deu origem ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma entidade privada, administrada pelos bancos, e capitalizada com uma fração dos depósitos bancários. A entidade hoje garante até R$ 70 mil por CPF em caso de quebras bancárias.
    O ano de 1996 foi marcado por voltar a ter uma inflação de apenas um dígito, fato não ocorrido em quarenta anos. Desde então surgiram problemas com o câmbio, que era alvo de desavenças no governo. Alguns defendiam a livre flutuação da moeda, enquanto outros eram contra. O câmbio fixo havia contribuído para segurar a inflação, mas o calote russo em 1998 e o clima político do início do segundo mandato de FHC aceleraram o funcionamento do câmbio flutuante.
    Armínio Fraga assumiu o Banco Central e enfrentou a crise de 1999 liberando o câmbio, criando o sistema de metas de inflação e propondo um ajuste fiscal inteligente. Fraga recuperou a credibilidade brasileira no exterior e colocou em prática a tão sonhada autonomia do Banco Central.
    Lula lá!
    As Eleições de 2002 foram marcadas pelo temor do mercado. Como diz Miriam em“Saga Brasileira”, era preciso que “a moeda sobrevivesse à transição política”. Apesar de membros do PT apelidarem o Plano Real de “plano eleitoreiro”, Lula decidiu focar seus esforços em manter a política econômica e melhorá-la. As mudanças recentes mostram que o caminho da economia estável precisa ser mantido e defendido.
    Avaliação final
    O livro “Saga Brasileira” é um livro muito gostoso de ler. Aprender mais sobre nosso país é dever de cada cidadão, especialmente sobre tudo aquilo que vivemos e passamos para finalmente conquistar melhoras e poder usufruí-las. O Brasil de hoje é muito diferente daquele que originou o Plano Real. É ainda mais diferente daquele que deu os primeiros passos rumo à democracia. Aprendemos muito, mas ainda há muito que fazer. Sobre o livro, opino:
    Linguagem e narrativa: 9
    • Exemplos práticos: 9,5
    • Temas abordados: 9,5
    • Preço: 8
    • Custo/Benefício: 9
    Você deve ter ficado bastante curioso com a breve história comentada nesta resenha. Pois saiba que “Saga Brasileira” reserva detalhes ainda mais especiais sobre nossa caminhada rumo à estabilização da moeda. Miriam Leitão é uma especialista em jornalismo cidadão e aborda com inteligência e muitos exemplos cada etapa dessa travessia. O quanto sofremos está bem detalhado no livro; mas o quanto aprendemos e mudamos também. Leitura recomendada especialmente para os mais jovens!

    Mônica Nador: paulistana nota dez

    Mônica Nador: paulistana nota dez

    A artista, que se define como especialista em reciclagem estética de favelas, criou a ONG Jardim Miram Arte Clube, em que capacita moradores da periferia da Zona Sul de São Paulo para revitalizar o bairro por meio da pintura

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    Ricky Hiraoka  Veja SP - 

    Lucas Lima

    Na última década, várias ruas do Jardim Miriam, na periferia da Zona Sul, ganharam novas cores que alegram a vida dos seus residentes e chamam a atenção de quem passa por ali. Ao longo desse tempo, cerca de 500 residências tiveram a fachada, as paredes ou os muros decorados com uma técnica especial em que desenhos em cartolina são transpostos para o acetato (uma espécie de plástico flexível), colados com verniz e aplicados na superfície, para depois então receberem a pintura


    As imagens incluem figuras abstratas, plantas, bichos, instrumentos musicais e até carros. Quase metade dos imóveis, antes de passar por essa intervenção, precisou ser reformada, com aplicação de reboco. 



    Os artistas responsáveis pelo trabalho? Os próprios moradores, aglutinados em torno do Jardim Miriam Arte Clube (Jamac). Ele foi criado em 2003 pela pintora Mônica Nador. Antes de chegar ao bairro, a artista já exibia no currículo trabalhos de reciclagem estética de favelas em São Paulo e no México. 



    A fim de acelerar a ação na Zona Sul e se integrar à sua rotina, Mônica mudou-se para o lugar em 2004 e vive por lá até hoje. Quase uma década depois, o Jamac virou uma espécie de ateliê multiuso, onde jovens e adultos sem formação artística acadêmica aprendem na prática a produzir imagens. “Sempre digo a eles: essa técnica vale tanto para a pintura em um pano de prato quanto para a parede de um museu”, conta a pintora. Atualmente, cerca de vinte garotos do Jardim Miriam trabalham na ONG, cuidando do dia a dia.



    Com a ajuda de uma linha de financiamento da Secretaria Municipal de Cultura, Mônica começou a realizar por ali várias atividades. Entre outras coisas, a programação cultural inclui hoje sessões do Café Filosófico, com palestras de artistas, e o curso Cinema Digital, que desde 2008 forma fotógrafos e cineastas. “O trabalho já tirou moradores da depressão e mostra que todos podem ser artistas”, completa Mônica
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    quarta-feira, 23 de outubro de 2013

    Para mudar o olhar e encantar a alma

    Para mudar o olhar e encantar a alma

    Incentivados pela professora Vera Cristina Terrabuio Lucato, alunos do interior de São Paulo foram ao campo conhecer e fotografar a realidade dos trabalhadores rurais

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    Beatriz Vichessi Nova Escola - 01/2013

    Guilherme Mazzieiro

    Marina de Camargo

    Certa vez, o fotógrafo francês Henri Cartier Bresson (1908-2004) disse: "Temos de ver, olhar. É tão difícil fazer isso. Estamos acostumados a pensar, todo o tempo. É um processo muito lento e demorado, aprender a olhar. Um olhar que tenha certo peso, um olhar que questione". 


    A ideia expressa pelo artista está refletida no trabalho da professora Vera Cristina Terrabuio Lucato, da EMEFEI Oscar Novakoski, em Dois Córregos, a 255 km de São Paulo. Seu objetivo era levar os estudantes do 9º ano a fotografar o trabalhador rural de modo que, por meio da arte, eles fossem tocados pela realidade e refletissem sobre ela. "Os alunos, ainda que inconscientemente, tinham preconceito contra o homem que trabalha no campo." 

    O primeiro passo foi convidar a moçada para organizar uma exposição fotográfica sobre o assunto. Até então, fotografar era uma prática mecânica para os jovens. Eles clicavam freneticamente a si mesmos e aos colegas e as fotos eram publicadas nas redes sociais. "Ninguém pensava no motivo de fazer essa ou aquela foto", diz Vera. A turma adorou a ideia. 

    A etapa seguinte foi de apreciação de imagens que tinham o trabalho camponês em foco. A seleção reuniu três pintores: o francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) e os brasileiros José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1899) e Candido Portinari (1903-1962), além do fotógrafo contemporâneo Sebastião Salgado. Eles retrataram o assunto em diferentes épocas. Wladimir Fontes, fotógrafo e professor de Fotografia do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), diz que a importância de apreciar pinturas para trabalhar com foto se dá pelo fato de as primeiras serem precursoras do registro fotográfico e de ambas se valerem da relação entre luz e sombra. 


    Em grupos, os estudantes foram orientados a pesquisar a vida e a obra de um dos artistas e preparar uma apresentação com destaque para uma pintura ou fotografia. 

    Na biblioteca da escola, consultaram os livros da coleção Mestres do Brasil (Ed. Moderna), para conhecer mais sobre a bibliografia dos pintores, além de livros de Salgado. O laboratório de informática também foi visitado: Vera orientou os alunos a acessar sites para que conhecessem em detalhes as obras dos artistas. Questionadora, ela fez intervenções durante a pesquisa e as apresentações. "Ela instigou a turma sobre coisas que iam para além do que os olhos podem ver", fala Marisa Szpigel, coordenadora de Arte da Escola da Vila, em São Paulo. Assim, surgiram interpretações sofisticadas sobre o trabalho escravo, por exemplo.

    Na sequência, a professora deu aulas expositivas sobre a história da fotografia e aspectos técnicos. Era preciso explorá-los para que os jovens alcançassem bons resultados na hora de fotografar. Fontes ressalta a importância de, nesse momento, destacar que a escolha do foco, do enquadramento e dos outros elementos deve ser feita de acordo com a intenção do fotógrafo. Ou seja, não existe certo ou errado - tudo depende da imagem que se quer obter. 

    Depois disso, a ideia era liberar os estudantes para clicar. Mas Vera notou que eles tinham dúvidas. Então, reorganizou o planejamento e propôs uma saída fotográfica. Todos foram até a feirinha do agricultor, um espaço onde os produtores locais vendem frutas, verduras e outros alimentos à população. O grupo fotografou à vontade, praticando o que foi visto em sala, e a professora ficou à disposição para orientações.

    Segundo Fontes, essa é uma chance para a turma perceber, por meio de discussões, que o mesmo assunto pode ser tratado de muitos jeitos. Na escola, as imagens foram analisadas coletivamente no que diz respeito à técnica e ao valor do trabalho camponês. Uma nova visão despontava! Na feira, os alunos conheceram e conversaram com quem cuidava dos legumes e queijos saboreados na casa deles. Falaram sobre a rotina e as dificuldades do campo.
    Lucas Scaranelo
    Na hora de produzir as imagens que iriam compor a exposição, os alunos foram liberados para, em grupos ou individualmente, visitar hortas, cafezais, canaviais, galinheiros e outros ambientes. As imagens foram mostradas para Vera, que as expôs na lousa digital para uma segunda análise, dessa vez coletiva. A turma elegeu as que seriam expostas e deu um título a cada uma delas. 

    Para a educadora, já estava claro que a consciência dos estudantes sobre as dificuldades, a pouca valorização e a importância do trabalho no campo tinha sido despertada. "Não só as fotos revelavam isso. Eles ficaram encantados com as conversas que tiveram com os trabalhadores durante as visitas e repensaram seus conceitos e suas atitudes." 

    Embora a fotografia seja um tema trabalhado todos os anos, Vera não é especialista e enfrentou um problema: as imagens não tinham resolução suficiente para impressão. A dificuldade se transformou numa oportunidade. Ela reorganizou o planejamento para explorar o conceito e aprendeu com a turma. Por fim, algumas fotos foram manipuladas e outras refeitas. 

    Questão resolvida, os jovens montaram a exposição em um supermercado da cidade e as obras ficaram ao alcance dos olhos do público. Vera observou e avaliou tudo durante o processo. Com imagens delicadas e intensas, os alunos mostraram o que aprenderam com Debret, Almeida Júnior, Portinari e Salgado e também com quem, de sol a sol, faz da terra seu ganha-pão. 

    PINTORES DO CAMPO
    1. Debret
    Retrata o trabalho escravo, incluindo o que é feito no campo e vendido na cidade. Sobre a mão de obra escrava, admite que é fundamental para a riqueza brasileira da época.
    Para apreciar: O Vendedor de Cestos e Pequena Moenda Portátil. 



    2. Almeida Júnior
    Apresenta os hábitos e o ambiente do caipira e o valoriza moralmente. Destaca seu corpo, no modo com que o enquadra na tela, ao mesmo tempo que o confunde com o chão de terra batida. 
    Para apreciar: Caipira Picando Fumo, Cozinha Caipira e Derrubador Brasileiro. 



    3. Portinari
    Filho de camponeses, evidencia a força física do homem do campo e o retrata de modo agigantado. Com isso, também aproveita para reforçar sua força simbólica. 
    Para apreciar: O Mestiço e O Lavrador de Café. 

    Catador usa o lixo para transformar sua vida e das pessoas

    Catador usa o lixo para transformar sua vida e das pessoas


    As pessoas que têm o nobre trabalho de transformar toneladas de resíduos em dinheiro e oportunidades muitas vezes se passam por invisíveis, escondidas entre milhões de garrafas de plástico e de vidro, caixas e embalagens usadas, latinhas, papel e tudo aquilo que um dia já foi jogado fora. Transformando as sobras do consumo em matéria-prima, os catadores cumprem papel fundamental para a sociedade, para o meio ambiente e para a economia.
    Muito antes de as empresas adotarem ações e ideologias voltadas para a sustentabilidade, homens e mulheres já percorriam as ruas em busca das sobras desprezadas nas residências, indústrias, empresas e locais públicos. Enfrentando o preconceito na própria pele, a profissão de catador tem remuneração obrigatória e significa oportunidade de vida para milhares de brasileiros.
    “Com a coleta seletiva, é possível gerar muitos postos de trabalho, tirando muita gente da situação de rua, da dependência do álcool e das drogas. Lixo não existe: uma sucata que você acha, você transforma”, afirma Sérgio Bispo, presidente da Cooperativa de Catadores Cooperglicério, em São Paulo.
    Bispo nasceu em Salvador e se mudou para a capital paulista em busca de melhores condições de vida, motivado por uma propaganda de margarina. Depois de 80 dias de viagem, o catador chegou a aproveitar os resíduos até mesmo em sua alimentação. No entanto, com o tempo, os rumos de sua vida mudaram completamente: aos 50 anos, é presidente da cooperativa e já fez mais de 280 palestras no Brasil e no exterior, sendo considerado como referência em reciclagem e ecologia.
    “Com o lixo, a ideia não é fazer só a minha vida mudar, mas a transformar a realidade de várias pessoas”, conta. “Quero viver até os cem anos. Daqui a mais cinquenta, quero que o CicloVivo publique mais uma matéria mostrando que ainda sou capaz de mudar a vida das pessoas”, contou à reportagem o presidente da cooperativa, que lutou para que os carrinhos de tração humana fossem substituídos por caminhonetes, e, depois, por caminhões.
    Bispo é um dos personagens retratados na exposição itinerante “Reciclarte”, que fica abrigada no Memorial da América Latina até o dia 19 de outubro e reúne materiais multimídia sobre as histórias da reciclagem em São Paulo. Peter Milko, curador da mostra, conta que um dos objetivos é quebrar preconceitos na sociedade. “A exposição vem tirar do anonimato tanto os catadores, como outras pessoas que fazem parte da cadeia produtiva da reciclagem”, diz o curador. “É preciso respeitar o trabalho digno dos catadores, e, até, ajudando a vida deles sem jogar as coisas no meio da rua, e separando o lixo”, finaliza Milko.

    Aplicativo ajuda a monitorar problemas urbanos

    Aplicativo ajuda a monitorar problemas urbanos


    Da revista Exame
    Estudantes e ex-alunos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um aplicativo que possibilita a identificação e o mapeamento de irregularidades nas cidades.
    Chamada de Cidadera, a plataforma permite que qualquer pessoa aponte problemas como buracos nas ruas, entulho e falta de iluminação. O aplicativo foi desenvolvido para funcionar em smartphones com sistemas IOS e Android e ainda de forma on-line por meio do site.
    A ideia é construir um mapa colaborativo que mostre a localização e as fotos dos problemas encontrados nas cidades. E seja um facilitador na divulgação das reclamações, além de auxiliar no processo das soluções.
    Lançado em agosto, o Cidadera, em apenas uma semana, registrou mais de cem problemas mapeados só na cidade de São Carlos, no interior de São Paulo.
    “Também já estamos com uma presença forte em cidades da região como Ribeirão Preto, Rio Claro e Piracicaba, o que aconteceu muito mais rápido do que esperávamos”, afirmou Carlos Fialho, aluno do curso de Ciências da Computação da USP.
    Segundo Victor Morandini Stabile, engenheiro físico formado pela UFSCar, “com o Cidadera é possível ter uma visão geral de tudo que está errado na cidade e há quanto tempo as coisas estão sem solução”. “Isso cria uma pressão maior para que a prefeitura trabalhe rápido”, afirmou.
    Como a plataforma não é exclusivamente direcionada ao Brasil, até o fim do ano os idealizadores pretendem estar presentes em outros países. O Cidadera está disponível para download gratuito na App Store e no Google Play Store.
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    Espionagem: Dependência, Insegurança e Invasão de Privacidade

    Espionagem: Dependência, Insegurança e Invasão de Privacidade, artigo de José Rodrigues Filho


     espionagem dos EUA
    por Regi para o Amazonas em Tempo cedido ao Humor Político

    [EcoDebate] Entre os países que compõem o bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil é considerado como tendo feito os maiores investimentos em tecnologia da informação, ficando atrás apenas da China. Mesmo assim, as últimas notícias de espionagem demonstram a fragilidade do nosso país em termos de dependência, insegurança e invasão de privacidade. A China, por exemplo, tem sua internet própria, dificultando os ataques no ciberespaço praticados pelos Estados Unidos.
    Apesar destes elevados investimentos, não se sabe quais as tecnologias de informação que o governo tem dado prioridade, além das tecnologias de controle, a exemplo dos sistemas de informações financeiras, receita federal, voto eletrônico, recadastramento biométrico e outras da educação e previdência social. Boa parte destas tecnologias não só servem para o governo nos controlar e espionar, como para facilitar a espionagem externa, sobretudo dos países de onde elas são adquiridas. O escândalo da espionagem americana e canadense no Brasil e no mundo deixaram claro a capacidade tecnológica destes países, não só de controlarem as tecnologias do nosso país como de invadirem a privacidade individual, das empresas e dos negócios.
    Não somos contrários investir em tecnologias de informação, mas o país precisa priorizar os tipos de tecnologias de informação que possam acelerar o desenvolvimento e ampliar a nossa cidadania. Infelizmente, o nosso país tem feito grandes investimentos em tecnologias de informação que contribuem, em muito, para deteriorar a nossa cidadania, a exemplo de voto eletrônico e recadastramento biométrico. Além de serem inseguranças, contribuem para invadir a privacidade das pessoas. Só através de um processo de avaliação destas tecnologias, o que não é feito no país, é possível determinar quais as que merecem grandes investimentos.
    As últimas notícias de espionagem evidenciaram a nossa insegurança e de nossas organizações, que vem acontecendo desde há muito tempo. Muitos, em vão, vinham alertando o lado perverso das tecnologias de informação. Mas só com a denúncia de Edward Snowden, enquanto funcionário da Agência de Inteligência dos Estados Unidos, o mundo começa a se preocupar com o tema. Os países dotados de maior competência tecnológica tem se protegido mais. No caso do Brasil ficou evidenciado que a nossa segurança é limitada, conforme demonstrado pelo próprio governo. O governo tem que tomar as providencias para mostrar a sociedade brasileira o que foi espionado na Petrobras e no Ministério das Minas e Energia, deixando de fazer comentários apenas em cima das denúncias de Edward Snowden, noticiadas pela mídia. Snowden deu uma grande contribuição ao mundo, ao denunciar a espionagem americana. Deu a sua vida por isto. Mas, doravante, cada país deve se prevenir e mostrar claramente onde surgem as tentativas de espionagem. Edward Snowden não vai mais voltar para a agência de inteligência americana para dizer como cada país está sendo espionado.
    Há poucos dias uma empresa de comunicações da Bélgica denunciou as tentativas externas feitas para espioná-la. Segundo o Jornal alemão, Spiegel, o ataque cibernético à empresa Belgacom foi feito pela agência de inteligência inglesa, denominada de GCHQ. Uma auditoria externa constatou o fato. Como a empresa deveria ter uma boa proteção, os alvos foram seus funcionários. A tentativa, portanto, foi a de penetrar nas tecnologias usadas pelos funcionários da empresa. Neste caso, o fato foi comprovado e, ao contrário do que está acontecendo no Brasil, não dependeu simplesmente de notícias da mídia.
    No caso da Petrobras e do Ministério das Minas e Energia, quais as comprovações das tentativas de ataques cibernéticos, além do que a mídia tem comentado sobre o caso Snowden? No tocante ao ataque ao Ministério das Minas e Energia, as autoridades canadenses ficaram surpresas, uma vez que o Brasil parece indicar a ausência de capacidade de contra-espionagem, ou seja, ausência de capacidade de proteger informações valiosas contra a espionagem internacional. Assim sendo, o governo deve demonstrar ao mundo que tem capacidade de se proteger contra a espionagem internacional. Ademais, a sociedade não poderá continuar sendo enganada quando o governo afirma que nossas tecnologias são altamente seguras, a exemplo da tecnologia de voto eletrônico, mundialmente reconhecida como altamente insegura. Já está demonstrado que a capacidade tecnológica dos Estados Unidos permite acessar informações da tecnologia de voto eletrônico sem nenhuma dificuldade. Comenta-se que a proteção tecnológica de nossas organizações por empresas americanas sempre deixa “as portas de fundos” para que a inteligência americana possa entrar.
    Por fim, a definição de prioridades é fundamental quando se trata de investimentos em tecnologias de informação, que deve levar em consideração a segurança, desenvolvimento e cidadania e não os modismos, mitos e o chamado determinismo tecnológico, que aumentam a nossa dependência, insegurança e invasão de privacidade. O acervo tecnológico do Brasil ainda é mínimo, quando comparado com outros países. Enquanto a China possui mais de 66 super-computadores, a Suécia 7 e os Estados Unidos 252, no Brasil temos apenas 3 super-computadores. Com esta disparidade de estrutura tecnológica estamos diante de um grande dilema, enquanto país em desenvolvimento: será que poderemos nos manter independentes e suportar os ataques dos Five Eyes? O que nos alegra é a constatação de que programas como Fome Zero e Bolsa Família foram reconhecidos como tendo impulsionado o nosso desenvolvimento nos últimos anos, talvez mais do que o nosso acervo em tecnologia da informação.
    A decisão da Presidente Dilma em determinar que a tecnologia de e-mail (Expresso) seja utilizada por órgãos da Administração Federal merece elogios. O que nos alegra é que não conhecemos ainda a nossa capacidade, em termos de tecnologia da informação. Não há dúvidas de que as denúncias de Edward Snowden vão contribuir para uma mudança no setor de tecnologia de informação. É chegado o momento de se mapear este setor no Brasil e privilegiar as empresas brasileiras interessadas em desenvolver ferramentas tecnológicas para ampliar o nosso desenvolvimento e nossa cidadania.
    José Rodrigues Filho é Professor da Universidade Federal da Paraíba. Foi pesquisador nas Universidades de Harvard e Johns Hopkins (EUA). Mantém o bloghttp://jrodriguesfilho.blogspot.com/.
    EcoDebate, 18/10/2013

    terça-feira, 22 de outubro de 2013

    FLASH:Pomar do conjunto Morar feliz Santa Clara.

    "caminhão de árvores " chegando ao local do plantio.
    Presença de companheiros da PMCG e vereador Albertinho.

    Momento alegre do plantio de 188 árvores frutíferas.
    Participação de moradores conjunto morar feliz Santa Clara.Além do pomar,a Prefeita Rosinha Garotinho constrói uma creche padrão e uma quadra de esportes com área coberta .