quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Relatório do painel do clima não é alarmista, é estúpido


RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO


O climatologista Richard Lindzen não acredita que as emissões de combustíveis fósseis sejam a principal causa do aquecimento global. Conseguiu, porém, algo raro para alguém de sua opinião: teve seus estudos analisados pelo IPCC, o painel da ONU que avalia as evidências da mudança climática.
As menções a Lindzen no quinto relatório de avaliação do IPCC, porém, não são elogiosas. Seus estudos sobre mecanismos de feedback --que cancelam ou amplificam o efeito estufa-- foram citados e, logo em seguida, contestados. Falharam tentativas de reproduzir seu trabalho sobre "sensibilidade" do clima (medir quanto a Terra aquece se o nível de CO2 dobrar).
A teoria mais conhecida de Lindzen, o efeito íris, afirma que a mudança climática faria as nuvens aprisionarem menos radiação infravermelha, um feedback que cancelaria o aquecimento global.
Mas a análise de outros estudos fez o IPCC concluir que o efeito-íris não tem esse poder. Um trabalho de Lindzen sobre o assunto foi considerado "não confiável", por ter "amostragem limitada".
Divulgação
Climatologista do MIT, Richard Lindzen, questiona conclusão de cientistas do IPCC
Climatologista do MIT, Richard Lindzen, questiona conclusão de cientistas do IPCC
Em entrevista à Folha, Lindzen admite o erro, mas explica por que ainda contraria o IPCC. Alegando ser vítima de perseguição acadêmica, reconhece já ter recebido verba da indústria do petróleo, mas nega ter vínculo fixo com o setor. "Isso é tática diversionista", diz.
*
O sr. acredita que o último relatório do IPCC seja particularmente alarmista?
Na verdade, não. Ele é apenas estúpido. Qual o significado de um cientista esperar para ouvir o que os políticos acham que ele deve dizer?

Agora há uma demanda dos políticos para que, em cada relatório que é feito, os cientistas soem como se tivessem cada vez mais certeza. Isso foi predeterminado.
O que nós temos é uma situação na qual os modelos climáticos [ferramentas matemáticas para projetar o clima futuro] discordam das observações cada vez mais, mas o IPCC tem de concluir que eles são confiáveis, o que é simplesmente insano.
Isso tem relação com a desaceleração do aquecimento global nos últimos 15 anos. Mas o relatório afirma que essa escala de tempo não é relevante para os modelos, e que a tendência no longo prazo continua mostrando subida.
Não existe uma escala de tempo mais relevante. O que existe é que, a cada ano, a previsão se sai mal. Quando os ouvimos dizer que essa é a escala de tempo errada, estão errando o alvo, porque o fenômeno é contínuo.

Não é preocupante que as três últimas décadas tenham sido as mais quentes de todo o registro histórico?
Não. Estamos falando sobre números, certo? E eles estão tentando fazer você pensar que o planeta está esquentando. Dizem a você para não pensar em números porque números indicam que estamos falando de uma mudança pequena. Se pergunto qual tem de ser a sensibilidade do sistema para ser consistente com isso, a resposta seria, mais ou menos 1°C, para o dobro do nível de CO2.

Mas obviamente ninguém acredita que todo o aquecimento dos últimos 150 anos se deva só ao homem, então o número seria um pouco menor. Quase todo economista estudando isso chega à conclusão de que um aquecimento de 1°C ou 2°C, que significaria quadruplicar o CO2, provavelmente traria benefícios líquidos.
Se o novo relatório diz que a estimativa mínima para sensibilidade climática é menor do que costumava ser no anterior, de 2°C, ele não estaria sendo menos alarmista.
Não importa se você começa com o modelo de 1,5°C ou um modelo de 5°C, todos estão exagerando.

Por que o sr. acha que no IPCC, um painel com tantos cientistas independentes uns dos outros, todos estão errando?
Quantas pessoas estão errando? O IPCC diz a você que abriga milhares dos melhores cientistas do mundo. De onde vêm esses milhares? Só existe um punhado de pessoas estudando sensibilidade. O trabalho de tentar convencer o público de que "milhares de cientistas estão de acordo, como diabos alguém pode discordar?" é uma pista de que algo está errado.

Algumas das menções no relatório a seus estudos não são particularmente favoráveis a seu ponto de vista, sobretudo em relação a seu estudo de 2009.
O estudo de 2009 tinha um erro. É verdade. Mas há um estudo de 2011 no qual ele foi corrigido. E a resposta não se alterou. O erro não era um grande problema. O problema é que se você comete um erro que o põe contra o fluxo, eles fazem parecer que foi algo gravíssimo. Ninguém se importa em verificar se aquilo resulta em alguma diferença.

O IPCC diz que o saldo final causado por nuvens é provavelmente positivo [aquece mais o mundo, em vez de resfriar]. Isso derruba sua teoria sobre o efeito-íris?
Bem, até agora o efeito-íris já foi confirmado por quatro estudos independentes, então não estou propenso a me render e dizer que é uma idéia ruim. Há um estudo de Brian Soden e Ákos Horváth no qual eles confirmam nossa principal conclusão.

Para conseguirem publicá-lo, porém, tiveram de incluir um parágrafo dizendo o estudo parece confirmar o que eu, Ming-Da Chou e Arthur Hou [coautores] encontramos, mas é algo geralmente considerado errado. Além deles há Kevin Trenberth e John Fasullo dizendo que o que descobriram é consistente com nosso estudo, mas é claro que eles dão as referências para aquele que estava errado.
O IPCC menciona o estudo de Trenberth e colegas como não favorável aos seus resultados.
Eles tiveram um estudo que foi uma crítica, mas publicaram outro ao mesmo tempo, confirmando nosso resultado sobre o infravermelho.

Uma reclamação de cientistas como o sr. é de que as publicações científicas estão boicotando-os, mas o sr. tem publicado vários estudos...
Você está brincando? É claro que eles estão dizendo a verdade. A prática padrão com qualquer um que tenha críticas é fazer a revisão levar um ano e meio. Quando eu publiquei dois estudos no boletim da Sociedade Meteorológica Americana, ambos foram aceitos após longas revisões, mas o editor foi imediatamente demitido depois.

Isso não é apenas reflexo do consenso? Pesquisas recentes mostram que o papel humano no aquecimento global é reconhecido por algo em torno de 95% dos cientistas da área.
Sim, eu sei. E hahaha: eu estou entre os 95%, porque eles não estão fazendo a pergunta certa nessas pesquisas.

Um estudo perguntou se eles acreditavam que a atividade humana era uma causa significativa do aquecimento global, e só 5% discordaram.
Temos algum impacto, mas não significativo.

Então, nessa pesquisa o sr. estaria no lado dos 5%.
Não! A maioria das pessoas entrevistadas nessas pesquisas dizem apenas que há "alguma" [influência humana].

O sr. se aborreceu quando a Harper's publicou uma reportagem acusando-o de receber dinheiro do petróleo?
Sim, eu cobrei um cachê de palestra de US$ 5.000 uma vez, e escreveram que eu estava recebendo isso todo dia. Eu havia dito ao autor desse texto, Ross Gelbspan, que eu havia comparecido a um encontro patrocinado por uma associação energética no Canadá, e que o cachê era de US$ 5.000. O ambientalista Stephen Schneider também recebeu a mesma coisa. Havia gente de todos os lados lá.

O petróleo também bancou o Centro de Annapolis para Políticas Públicas Baseadas em Ciência, onde o sr. é membro de um conselho?
Calma lá! Já faz mais de 15 anos que isso não existe. E foi muito pouco. Até onde eu sei, não teve influência nenhuma. Não conheço nenhum cientista em atividade que se oponha ao alarmismo e seja apoiado pela indústria do petróleo ou carvão. Então, isso é uma tática diversionista. O petróleo hoje está financiando mais os alarmistas.

5 técnicas para ter a memória afiada, segundo especialistas

Confira como ampliar o poder de memorização e afugentar o fantasma do esquecimento a partir de ferramentas mentais indicadas por especialista


ve Commons

Varal com post-its
Varal com post-its: siglas e frases são bons gatilhos de memória, dizem especialistas
São Paulo - “Lembrar não é uma questão de esforço, é uma questão de estratégia.” Esta frase está presente no livro de Renato Alves, “Faça Seu Cérebro Trabalhar para Você”, da Editora Gente.
Ou seja, apostar em técnicas de memorização pode deixar a mente de qualquer pessoa afiada, caso ela lance mão da tática mais adequada. E Renato Alves, que é campeão brasileiro de memorização, no livro, explica e sugere algumas delas.
O delegado da Polícia Federal, José Roberto Lima, também traz técnicas  que ajudam (sobretudo) que vai prestar concurso público no seu livro “Como passei em 15 concursos”, da Editora Método. “São ferramentas mentais”, diz Lima. 
A seguir conheça 5 técnicas úteis para quem deseja espantar o fantasma do esquecimento e ativar o poder da memória:
1 Do geral para o específico: contexto, análise e síntese
Ao estudar um tema com a finalidade de fixá-lo na memória, o caminho percorrido deve ser do geral para o específico, segundo Lima. As generalidades dão o contexto que permite um entendimento mais claro da evolução do conceito em questão. 
Em seguida, cabe ao interessado em memorizar aquele assunto proceder a uma análise. “Fazer anotações durante uma aula, por exemplo, é analisar aquele conceito”, diz Lima. E, por fim, a síntese é a atitude final para evitar o esquecimento. “Sintetizar é fazer a revisão, reler as anotações e organizar melhor o conteúdo”,diz Lima.
A união das três etapas é o que reforça o poder de memorização do conceito. Lima explica: Contexto sem análise não passa de informações vagas. Contexto e análise sem síntese não passam de conhecimentos condenados ao rápido esquecimento. Síntese sem análises e sem contexto é um dado inútil no cérebro, que você não saberá para que serve”.
2 Siglas
A síntese é o gatilho de memória para recuperar o conceito analisado e contextualizado. É a ferramenta mental que você vai utilizar para lembrar. E uma das formas sugeridas pelos dois especialistas é elaborar siglas com as palavras chave do conteúdo a ser lembrado.
No livro “Como passei em 15 concursos”, Lima dá, entre outros, o exemplo da sigla ViLISP. A sigla é a ferramenta para acessar na memória os direitos previstos no caput 5º da Constituição federal: Vida, Liberdade, Igualdade, Segurança e Propriedade.
3 Frases malucas
Outra forma de sintetizar é criar frases ou histórias “malucas” que, pelo caráter inusitado, são mais fáceis de lembrar e atuam como gatilho para recuperação dos conceitos a ela associados.
Renato Alves, no Livro “Faça Seu Cérebro Trabalhar por Você”, sugere a técnica de associação de palavras. “Fica mais simples memorizar a sequência de informações”, diz ele. Ao associar uma palavra a cada um dos conceitos, o passo seguinte é montar uma frase ou sequência de frases usando as palavras associadas sequencialmente. 
Lima também sugere as “frases malucas” como gatilho de memória. Por exemplo, para os estudantes de Direito Penal memorizarem as finalidades da pena de condenado, é possível montar uma frase maluca: “a pena transforma o condenado em um Saci PeReRê. A palavra Pererê traz as letras iniciais das finalidades da pena: prevenir novas condutas delituosas; retribuir (ao mal do crime o mal da pena), reintegrar o condenado à convivência social.
4 Ensine para lembrar mais
Explicar o que você aprendeu a outra pessoa é também uma maneira de memorizar o conteúdo, propõe Alves. “Imagine-se ou tente dar uma aula. Se conseguir citar todos os detalhes e cobrir todo o assunto, significa que a memória foi consolidada, e o que você aprendeu será lembrado por muito tempo”, escreve o autor.
A tática é eficiente porque ao tentar explicar o que acabou de aprender as conexões de neurônios se expandem e o conteúdo é gravado por mais tempo, na memória de médio prazo. “E com algumas revisões, por um longo período”, indica Alves.
5 A força da visualização
A força da visualização também é uma aliada da memória, de acordo com Alves. É possível usar o próprio corpo e gestos para envolver, o que Alves chama de memória sinestésica. Ele dá um exemplo para memorizar uma receita.
Cada ingrediente é associado a um gesto direcionado a uma parte do corpo. Para memorizar, o autor sugere que a pessoa faça o gesto. E para resgatar na memória a atitude é ir conferindo qual gesto era associado a cada parte do corpo para se recordar do ingrediente em questão.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

12 regras de etiqueta que facilitam a vida no trabalho

12 regras de etiqueta que facilitam a vida no trabalho

Confira o que especialistas consultadas por EXAME.com recomendam quando o assunto é etiqueta profissional

mar Paixão / VOCÊ S/A
Funcionários no escritório da Cisco em São Paulo
Escritório da Cisco em São Paulo: ao eliminar as paredes, o som se propaga mais facilmente e por isso especialistas recomendam equilíbrio no tom de voz
São Paulo – Se em um primeiro momento é a sua capacidade técnica que o leva a se destacar, a sua habilidade comportamental é essencial para encurtar o caminho até o topo da trajetória de carreira.
E é nesse ponto que entram em cena algumas regrinhas fundamentais de etiqueta profissional. Respeitá-las, diz Maria Aparecida Araújo, proprietária da Etiqueta Empresarial Executive Manners Consulting, facilita a convivência com pares, chefes e subordinados e vai colocá-lo na rota mais curta até uma promoção de cargo. 
Por isso, EXAME.com reuniu os principais conselhos dos especialistas em relação a este tema. Confira:
1 Respeito
“A regra de ouro é tratar o outro como gostaria de ser tratado”, diz Maria Aparecida. Ou seja, não faça nunca para o outro o que não quer que seja feito para você. E isso vale para todo os níveis de interação: vertical para cima ( relação com chefes), horizontal ( relação com pares) e vertical para baixo (com seus subordinados). 
Olhar nos olhos de uma pessoa enquanto ela fala com você, em vez de continuar mexendo no celular, é também um sinal de respeito, de acordo com Fabiana Góes, da Search. “ Hoje em dia, com tantas tecnologias, parar para prestar atenção quando falam com você é também um regra de etiqueta”, diz.
2 Privacidade
Você provavelmente passa mais tempo do dia com o pessoal do escritório do que com seus familiares e amigos. “Mas isso não dá o direito de invadir a privacidade deles”, diz Maria Aparecida.
Espere a iniciativa do colega de contar algo pessoal, não force nenhuma situação e evite fazer perguntas invasivas. Ao notar que algo não vai bem, coloque-se à disposição para conversar, se quiser, mas sempre espere a outra pessoa tomar a iniciativa. “Tudo vai depender do tipo de relacionamento que há entre os colegas”, diz Fabiana. Quanto maior o grau de intimidade, maior abertura para entrar em determinados assuntos.
“Uma pessoa que invada a privacidade de outra no ambiente de trabalho vai ser vista como indelicada, inconveniente, e pode ser preterida em uma promoção”, diz Fabiana. 

‘Relatório do IPCC não é apocalíptico’

‘Relatório do IPCC não é apocalíptico’, diz José MarengoDébora Spitzcovsky - site PLANETA SUSTENTÁVEL

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As mudanças climáticas são reais e o homem tem grande responsabilidade nesse fenômeno. Como já comentaram Tasso Azevedo e Suzana Kahn, aqui no blog, esta é a mensagem principal da primeira parte do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), lançada na última sexta-feira (27/09) pelas Nações Unidas.


“Mas não devemos traduzir esse documento como se fosse o apocalipse. Trata-se, simplesmente, de um chamado de atenção para que o mundo entenda que é preciso agir para desfazer esse nó ou a situação ficará insustentável nos próximos 40 ou 50 anos”, afirma José Marengo, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro dos Grupos de Trabalho 1 e 2 do relatório AR5, do IPCC.
Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista exclusiva com o especialista.
OS PONTOS PRINCIPAIS
“A mensagem mais importante que esse novo relatório do IPCC traz é que, de fato, o planeta está esquentando. As análises mostram que, desde 1850, no início da era industrial, o aquecimento foi de cerca de 0,9ºC, sendo que mais de 66% dele aconteceu depois de 1950. Pode não parecer muito, mas, se fizermos analogia com algo que conhecemos bem, como o corpo humano, perceberemos que é grave. O aumento de 1ºC na nossa temperatura já causa febre e mal-estar. O mesmo ocorre com o planeta: mais 0,9ºC provoca forte impacto na biodiversidade.
Outro ponto importante é o fato de haver 95% de certeza de que o homem é responsável por boa parte desse aquecimento global, que é natural, mas está se acelerando por ação antrópica. É como se estivéssemos com o carro em uma descida: ele desce pela lei da gravidade, mas se você pisa no acelerador ele vai muito mais rápido. É hora de assumirmos nossa participação nessa situação para revertê-la”.
AS NOVIDADES 
“Um dado que surpreendeu um pouco nesse novo relatório do IPCC é o fenômeno conhecido como hiato do aquecimento. A partir de 1999, a temperatura global caiu um pouco, o que levou muita gente a dizer que a era do aquecimento global acabou e entrávamos na era do resfriamento. O quarto relatório da ONU não tinha muita literatura sobre isso, mas agora a questão é mais estudada e sabemos que um resfriamento similar aconteceu entre 1950 e 1970. Depois disso, no entanto, a temperatura subiu com mais força. Por isso, o que se prevê é que esse período relativamente mais frio acabe em 5 ou 10 anos, quando voltará a esquentar mais intensamente.
Outro dado relativamente novo do AR5 é o papel dos aerossóis no clima. Essas partículas que vêm das queimadas ou da fumaça dos carros resfriam o planeta. No entanto, o volume de gases do efeito estufa é muito maior. Logo, a tendência de aquecimento global prevalece. Isso fica melhor representado nos modelos de agora”.
AS EXPECTATIVAS 
“O IPCC não recomenda políticas, seu trabalho é fornecer evidências científicas. No entanto, o título do painel leva a palavra ‘intergovernamental’ justamente porque os pesquisadores são escolhidos pelos governos. O que queremos é que os países ouçam os resultados do trabalho daqueles que elegeram – e, portanto, confiam – e que a ciência passe a ser considerada pela política.
Esperamos que esse novo relatório leve as bases científicas necessárias para que os governos atuem nas negociações globais da COP19 e estabeleçam metas de redução de emissões. Se não, podemos chegar ao pior cenário apontado pelo AR5, de aumento de 4,8ºC na temperatura do planeta até o final do século, e aí será realmente um ‘salve-se quem puder’.
Não devemos traduzir esse relatório como se fosse o apocalipse. Mas se trata de um chamado de atenção. É preciso agir para ‘desfazer o nó’ que causamos no planeta ou a situação ficará insustentável nos próximos 40 ou 50 anos”.
O BRASIL
“Acredito que o Brasil esteja em uma boa posição. Os ministérios do Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia e Inovação, por exemplo, uniram-se para implantar o Plano Nacional de Adaptação. E o melhor: essa decisão foi tomada antes da divulgação do AR5 e do relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, o que mostra que o governo está entendendo a importância do assunto.
Como o nosso país é, de certa forma, copiado por outros, essa iniciativa se torna ainda mais importante. A Argentina, por exemplo, já está pensando em fazer o Painel Argentino de Mudanças Climáticas, inspirado no nosso. Então, acho que o Brasil pode assumir liderança nessa área”.
OS DOIS GRAUS 
“O limite de 2ºC no aumento da temperatura do planeta até 2050, sugerido pelo IPCC, chegou a ser mencionado até como compromisso político na COP15, mas eu pessoalmente acho quase impossível não passarmos desse limite. Talvez ultrapassemos muito pouco, mas ultrapassaremos.
Para que isso não ocorresse, seria necessário muito comprometimento e negociação dos países e isso é muito difícil no cenário atual. A economia está muito ruim na Europa, a agenda ambiental foi para segundo plano e é o dinheiro que manda. Um país que está com problemas de desemprego não vai se preocupar em reduzir emissões, porque os governantes não querem ser impopulares.
Os benefícios de manter o desenvolvimento econômico são imediatos, aparecem em 1 ou 2 anos, dentro do mandato do presidente ou do primeiro-ministro. Mas as vantagens ambientais não são vistas tão rapidamente e podem aparecer até dois mandatos depois. Esse é um dos empecilhos das negociações, que já foi sentido em Dohan e na Rio+20, e precisa ser trabalhado para não atravancar a COP19, em Varsóvia, em novembro deste ano”.
Foto: softpixtechie/Creative Commons

Garotinho encontrou a saída para aprovação da MP dos Taxistas


Reprodução do Brasil 247
Reprodução do Brasil 247






Abaixo tem o áudio do trecho do discurso da presidente Dilma, onde cita meu nome e faz justiça à minha proposta que viabilizou a MP dos Taxistas, e foi o caminho para a aprovação. 
fonte:blog do Garotinho

Prêmio e castigo: Por que eles não melhoram a obediência

Escritor Alfie Kohn, autor de Unconditional Parenting, afirma que não se muda comportamento com punições e prêmios

ISABEL CLEMENTE
15/09/2013 10h53 - Atualizado em 30/09/2013 21h09


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Eu sempre me senti desconfortável com essa história de recompensar a criança por um bom comportamento. Do mesmo modo, me sentia mal quando decidia impor como castigo, por exemplo, não contar história na hora de dormir porque ninguém tinha me obedecido. Não me caía bem. 
Como eu não quero embrulhar meu carinho para presente, nem instituir um sistema de trocas sugerido por presentinhos, estrelinhas ou seja lá que nome tiver a moeda da vez, eu busco um ideal de educação que transborde amor, mas que faça essas crianças atenderem a gente pelamordedeus. E olha que, às vezes, a própria vem com a suposta solução. “Se eu passar a dormir cedo você me dá um presente?“. Tentador, mas não obrigada. Elas aprendem rápido a capitalizar, sem necessariamente ter aprendido isso em casa. Bom comportamento não se compra.
Quando compartilhei meu desconforto no texto A pior mãe do mundo (que você pode ler aqui), a leitora Verônica Lacerda me deu uma dica: o livro Unconditional Parenting, de Alfie Kohn, autor de várias publicações sobre educação. Agradeço a Verônica publicamente. O escritor reúne fortes argumentos para mostrar que está tudo errado nessa forma convencional e amplamente utilizada de castigar e recompensar as crianças.
Nesta coluna, vou me ater à primeira parte do livro em que ele explica por que considera a prática de castigar e recompensar nociva. No próximo domingo, vou tratar da parte final em que ele, longe de apresentar uma fórmula como tantos livros de autoajuda parental, aprofunda sua proposta: mostrar as alternativas mais altruístas à mão.
Antes de prosseguir com as ideias de Kohn - como ele mesmo define, um material subversivo por questionar tudo o que vem sendo adotado pelo senso comum como a melhor maneira de educar - abro um parênteses.
Pensar sobre a melhor forma de fazer algo tão importante como criar nossos filhos é um exercício necessário, tanto quanto os aeróbicos para o coração. Deveria estar prescrito por médicos. O correto, no entanto, não existe. Atitudes sensatas não seguem receitas.
Requerem uma avaliação da realidade que se tem à mão, algo sujeito a combinações infinitas entre as necessidades dos pais e das crianças.
Tenho duas meninas pequenas e sei muito bem o que significa dar conta de rituais básicos como fazê-las sair da cama, ir ao banheiro, escovar os dentes, comer, beber, botar a roupa, tirar a roupa, fazer o dever, sair da frente da TV, parar de brigar e também parar de brincar quando eu tenho um horário a cumprir. Por essas e outras, passamos uma boa parte do nosso tempo buscando resultados de curto prazo (obedeça-me pelamordedeus) e sei bem o quanto tudo isso pode se tornar exasperante. Eu já tive os meus momentos de querer jogar as mãos para o céu e perguntar “meu pai, por que me abandonaste?“, mas gosto de olhar pelo retrovisor e rir de mim mesma.
Dito isso, o que eu depreendo da leitura desse livro e passo a compartilhar com vocês é que existe alternativa para tudo, inclusive para a ideia de que precisamos convencer a criança a fazer exatamente o que ditamos para ela o tempo todo.
Em nome da obediência já cometemos nossa cota de frases absurdas da boca para fora e já ouvimos outras ainda piores por aí para nosso consolo, não é verdade? Pais que humilham seus filhos publicamente, ou deixam pra trás uma criança aos berros - que em um minuto estará em pânico - e soltam críticas sorrindo para a pessoa ao lado como se cumprisse um dever cívico. “Que menino feio, esse...“. Esse comentário, Kohn observa dentro de uma outra história, é típico de quem está preocupado em dar uma resposta para o entorno porque, para muitas pessoas, criança bem comportada é aquela que não causa problemas para os adultos agora. Já peguei muito avião com minhas filhas - quando eram ainda menores - e sei o quanto é desconfortável (para não dizer hostil) um adulto fulminar uma criança com o olhar porque ela está falando alto ou tentando se aproximar com brincadeiras.
Neste livro, Alfie Kohn chama a atenção para essas expectativas de curto prazo e rotula como problemática a mais ampla estratégia utilizada com este mesmo fim: castigar e recompensar. Em Paternidade e Maternidade Incondicional (minha livre tradução), Alfie Kohn desenvolve, com o suporte de estudos e pesquisas, uma tese para provar que “há problemas sim em se tentar mudar o comportamento das crianças punindo-as ou recompensando-as“.
O principal questionamento do autor é se a prática diária ajuda os filhos a se tornarem os adultos que esperamos que eles sejam. “Crianças precisam ser guiadas e ajudadas, mas não são pequenos monstros que precisam ser domesticadas ou curadas. Elas têm capacidade para ser agressivas ou amorosas, egoístas ou altruístas, cooperativas ou competitivas. Muito disso dependerá da educação que receberem, incluindo, entre outros fatores, o amor incondicional que receberem“, diz.
Castigos e recompensas, segundo o escritor, ensinam as crianças a agradar para serem amadas. Tanto punir quanto enfatizar elogios, mesmo sendo atitudes tão opostas, derivam de um mesmo conceito problemático, diz. Prêmios são ineficientes como motivações reais. Pesquisas sugerem poucos resultados efetivos no processo de aprendizado porque a motivação parte de fora e não se torna intrínseca. Ela é, no máximo, internalizada, o que não quer dizer a mesma coisa.
“Há uma grande diferença entre a a criança que faz algo por acreditar ser o certo e aquela que faz a coisa certa por compulsão para agradar“, escreve.
Dos castigos mais usuais, Kohn condena o que ele chama de negação de carinho, reproduzida em frases como “se você continuar fazendo isso que eu não gosto, não vou prestar nenhuma atenção em você. Vou fingir que você nem está aqui. Se você quiser que eu te note novamente, me obedeça“. Ele chama essa estratégia de isolamento forçado, um sofrimento emocional tão ou mais prejudicial do que o físico. “Não quero dizer que seu filho está para sempre estragado porque uma vez você o mandou para o quarto pensar sozinho quando ele tinha 4 anos. Ao mesmo tempo, os efeitos dessa prática no longo prazo não é algo que inventei hoje no banho. Não é especulação nem historinha de terapeutas. Pesquisas controladas ligam vários tipos de medos ao uso contínuo da técnica de negação do amor“, diz.
Quem se sentir atacado por afirmações tão duras vai responder “mas eu amo incondicionalmente meu filho“ apesar de recorrer às técnicas que o autor condena. “E é justamente por amá-lo que vou puni-lo“, outros vão argumentar. O autor diz que mais importante do que os nossos sentimentos em relação aos filhos é a maneira como a criança percebe esse sentimento, pela forma como a tratamos. “Os educadores nos lembram que o que conta em sala de aula não é a lição ensinada pelos professores, mas a lição aprendida pelo aprendiz“.
Broncas continuarão fazendo parte dessa história, não tenho dúvidas quanto a isso, mas tem um conteúdo e uma forma de dizer que podem e devem ser trabalhados. Acreditar que castigo é uma lição capaz de ensinar as crianças sobre as consequências de seus atos é, na visão do escritor, uma falácia. A mensagem do castigo é forçar o outro a pensar na consequência do ato para si mesmo.
Educação não é um jogo de causa e consequência direta, mas o que vários estudos de psicologia sugerem é que essa é a lógica do indivíduo que avalia os riscos de uma situação sob uma única perspectiva: o próprio umbigo. Se eu não for pego, então não tem problema, como o político antiético que tenta se justificar de todas as maneiras preso à letra da lei, que não proíbe explicitamente certas práticas condenáveis. São pessoas que não sabem distinguir o imoral do moral, o antiético do ético, o certo do errado.
Parece radical, e é. Dificil encontrar alguém que se enquadre 100% num único padrão. Pais que agem sempre assim. É certo que muitos pais que castigam também se esmeram em transmitir aos filhos conceitos como empatia e solidariedade por palavras e exemplos. Não estariam, portanto, enquadrados no recado do livro. Eu acho que estão. Todos estamos. É certo também que muitas crianças passam incólumes pelas situações mais absurdas e pelas criações mais contraditórias. E o autor faz essas ressalvas. Mas o que várias pesquisas mostram é que a regra geral não é essa. Ao corrigir o rumo de certas atitudes, estaremos tirando do cesto do nosso exemplo a laranja mofada capaz de contaminar todo o resto. É uma questão de lidar com situações de forma a elevar as chances de nossos filhos se tornarem adultos independentes, equilibrados, felizes e capazes de irem atrás do próprio sonho.
Pode ser que muito do que será dito aqui encontre um eco profundo nos nossos instintos. Nunca consegui negar um abraço para a filha que, mesmo chateada com a bronca recebida, procurava em mim (o gatilho da chateação) consolo para a própria tristeza. Muitas vezes eu me perguntava se essa flagrante contradição era algo errado que eu estava fazendo. Sei agora que estava em curso apenas minha maternidade incondicional.
A criança que se sente amada e amparada sob qualquer hipótese desenvolve autoconfiança sem amarras. Ela não está preocupada em agradar para ser aceita. É mais provável que assuma riscos por não ter medo de fracassar. “É do profundo autocontentamento que vem a coragem para alcançar“, diz Kohn.
A leitura ajudou a tirar a nuvem de dúvida que eu ainda tinha sobre certas posturas. Não que eu agora saiba de pronto o que fazer (alguém sabe?) ou esteja contando histórias toda noite, desprendida que só. Se fizerem tudo para postergar a hora do sono, como adoram fazer, elas sabem que estarão consumindo o tempo que temos juntos. Se a hora avançar demais, recebem a informação de que, infelizmente, não haverá história hoje porque elas se importam comigo, sabem que preciso jantar, que tenho interesses para cuidar, ok? Eu temia a ladainha da reclamação, achando que precisava poupá-las do meu desgaste, esse intruso da vida adulta que entra casa da gente adentro. Não é isso. Eu não preciso me queixar o tempo todo mas posso dividir com elas minhas necessidades, quem sabe despertando mais um pouco de solidariedade. E posso garantir que esse papo todo tem surtido mais efeito do que bronca na hora de deitar.
Reproduzo e resumo abaixo alguns trechos dos cinco primeiros capítulos que ajudam a pensar o que pode estar errado. Semana que vem, abordarei os princípios que, segundo Alfie Kohn, devem guiar a paternidade e a maternidade incondicional. Só para não dizer que não adiantei nada disso aqui. São basicamente três caminhos: expressar amor incondicional, dar aos filhos chances de tomar decisões e imaginar como as situações são vistas pelo ponto de vista da criança (empatia!).
SOBRE PALMADAS
Punir crianças, em poucas palavras, é fazer com que algo desagradável aconteça com elas, ou impedir que elas experimentem algo legal, com o intuito de ensiná-las uma lição. Inúmeras pesquisas sugerem tolerância-zero com a ideia de punir crianças espancando-as ou dando palmadas. Se homens batendo em mulheres já é algo doentio, adultos batendo em crianças, independentemente da razão, é ainda pior.
SOBRE GELO O sofrimento emocional de ignorar as crianças é a versão moderna do castigo físico.
SOBRE RECOMPENSAS Não é a quantidade de motivação que importa, mas o tipo. E o tipo de motivação criada por recompensa geralmente tem o efeito de reduzir a motivação que esperamos que nosso filho tenha: um interesse genuíno que persista muito além da duração da recompensa.
A CONTROVERSA AUTO-ESTIMA
Infelizmente, alguns pais que receberam pouco amor incondicional quando crianças terminam diagnosticando mal o problema e assumem que os que lhes faltou foi elogio. Daí eles enchem os filhos de comentários como “bom trabalho“, garantindo o surgimento de uma nova geração que continuará sem receber o que realmente importa.
Muitos pais estão discutindo como fazer com que seus filhos aprendam a ler cada vez mais cedo, em vez de se perguntarem como fazer para que eles realmente gostem de ler.
EXCESSO DE CONTROLE
Particularmente com crianças, e de novo com adolescentes, a meta de controlar prova ser uma ilusão. Mesmo assim, insistimo em perspicazes ou forçadas estratégias com o intuito de fazer com que eles concordem conosco e nos obedeçam. E quando essas técnicas falham, esse fracasso é interpretado como prova de que precisamos fazer mais...do mesmo.
Como pais, precisamos estar envolvidos e estar cientes de detalhes das vidas de nossos filhos. Nada neste livro deve ser interpretado como um argumento a favor de você sentar e deixar as crianças se autogerirem. Podemos até dizer que é nosso papel estar `no controle`, no sentido de criar um ambiente seguro e saudável, dando um rumo e estabelecendo limites, mas não é nossa função ficar controlando, no sentido de exigir absoluta obediência ou contar com pressão e regulação em busca dessa obediência. Na verdade, ainda que soe paradoxal, precisamos estar no controle para ajudá-los a ter controle sobre a própria vida.
POR QUE OS CASTIGOS FALHAM
Deixa as pessoas irritadas. É uma experiência duplamente sofrida, para quem pune e para quem é punido.
Reforça o poder e a hostilidade como meios de solucionar problemas.
Perde a eficiência com o tempo - Quanto mais velha a criança, mais difícil será encontrar castigos suficientemente desagradáveis. Chega um ponto em que as ameaças soam vazias e as crianças dão de ombros. Quanto mais você depender de castigos para se fazer ouvir, menos influência real terá na vida do seu filho.
Mina o relacionamento entre pais e filhos - os pais deixam de ser vistos como aliados carinhosos, algo vital para um desenvolvimento saudável, e são encaradas como os todo-poderosos adultos capazes de fazer as crianças sofrer de propósito.
Funciona como um incentivo à mentira - Crianças com medo dos pais mentem para escapar do castigo.
NOTAS NA ESCOLA
A corrida por boas notas muitas vezes leva os alunos a pensar de forma mais rasa e superficial. Eles podem ler os livros apenas pelas partes que “precisam saber“, fazendo apenas o que é demandado e nada a mais. Podem também considerar truques para tirar notas mais altas. Podem também trapacear. Crianças boas nesse jogo vão tirar A, passar no teste e agradar os pais. Mas eles aprendem realmente o que lhes foi ensinado? Fazem perguntas pertinentes e inteligentes sobre o que o professor disse, ou pensam criticamente sobre o que está no livro? Eles fazem conexões entre ideias diversas e olham para um assunto sob vários ângulos? Às vezes, talvez, elas o façam, mas pequisas sugerem que é menos provável que isso aconteça se o objetivo for apenas produzir um boletim brilhante.
MENSAGENS TOXICAS
Nossas crianças recebem mensagens tóxicas de professores, amigos, companheiros, treinadores, para não citar a mídia e a cultura na qual vivemos. Mas não tem escapatória: a mensagem para ser bem-sucedido, suplantar outros e ser o melhor é uma pressão que muitas vezes começa em casa. De qualquer forma, cabe a nós, pais, desafiar essas mensagens sobre aceitação condicional e garantir que nossas crianças se sintam amadas não importa como nem por quê.