domingo, 22 de dezembro de 2013

Rua Senador Viana de cara nova com paisagismo

Por Ulli Marques
A Rua Senador Viana, próxima à ponte de ferro, está de cara nova com o projeto paisagístico executado pela Secretaria de Obras, Urbanismo e Infraestrutura. A rua foi totalmente reestruturada e ganhou vagas para estacionamento e plantio de mudas, que deram cor e vida ao ambiente. 

Segundo informações da Secretaria de Obras, Urbanismo e Infraestrutura, foi erguido um novo muro no local, já que o antigo estava com problemas estruturais. O meio-fio também foi reconstruído, criando vagas para estacionamento. 

O paisagismo na área chama a atenção de quem passa. Mudas de espécies, como barba de serpente, ixórias e hibiscos foram plantadas no meio-fio, seguindo o modelo das praças, canteiros e órgão públicos municipais. No local, também foram utilizados pneus reciclados, que agora servem como vasos de plantas, decorando o espaço. 

O mecânico Fábio Marins, 28 anos, trabalha em frente ao novo espaço. Segundo ele, a reestruturação foi além das expectativas. “Não esperávamos tanta mudança. Agora a rua está bonita, com um novo aspecto. Nós que trabalhamos nas proximidades estamos muito felizes com o trabalho que foi realizado aqui”, comemorou. 



Postado por: Secom - PMCG

O que é irradiação de alimentos?

O que é irradiação de alimentos?

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A irradiação é um dos processos utilizados pela indústria de alimentos para aumentar a vida útil e o tempo de prateleira dos produtos. Além de conservar, o mecanismo também mata insetos, bactérias patogênicas, fungos e leveduras, retarda a maturação e senescência (envelhecimento) de frutas e inibe o brotamento de bulbos e tubérculos. “Os tecidos irradiados não brotam. A irradiação destrói tecidos vivos e seu uso é proibido em alimentos orgânicos em qualquer fase da produção, armazenamento, transporte e processamento. A irradiação é também conhecida como pasteurização fria e é mais cara que processos térmicos de pasteurização”, explica Elaine de Azevedo, pós-doutorada pela Faculdade de Saúde Pública da USP e professora adjunta da Universidade Federal do Espírito Santo, no livro “Alimentos Orgânicos – ampliando os conceitos de saúde humana, ambiental e social”.
O alimento – embalado ou a granel – é submetido a uma quantidade controlada de radiações ionizantes por tempo pré-determinado. E o que é isso? O livro explica que a radiação ionizante transforma um átomo estável em um átomo eletricamente carregado ou com desequilíbrio entre suas cargas, ou seja, um íon. Esse fenômeno possui grande intensidade de energia e pode causar alterações na matéria, dependendo da forma como a radiação for usada. As fontes utilizadas para irradiar alimentos são isótopos radioativos, como Césio 197, Cobalto 60, raios X ou elétrons acelerados lineares.
Um pouco da históriaApós a descoberta da radioatividade, na última década do século XIX, verificou-se em laboratório que as irradiações ionizantes afetavam os sistemas biológicos. Por meio delas, era possível exterminar organismos vivos e alterar a estruturas dos tecidos. Na década de 50, a Comissão de Energia Atômica e o Exército dos Estados Unidos financiaram pesquisas sobre o uso de radiações ionizantes na preservação dos alimentos. Em 1963, a FDA (Food and Drug Administration – similar à Anvisa no Brasil) permitiu seu uso no trigo e derivados e no bacon.
O Brasil faz pesquisas sobre alimentos irradiados desde 1975. Gradativamente, o leque de alimentos que poderiam ser irradiados foi aumentando. Entre os mais comumente irradiados estão a carne de vaca, porco e aves, nozes, batata, trigo, farinha de trigo, frutas, verduras e variados tipos de chás, ervas e condimentos. No Brasil irradiam-se principalmente cebolas, batatas, peixes, trigo e farinhas, papaia, morango, arroz e carne de porco.
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O que isso significa?O processo de irradiação expõe o alimento a uma carga equivalente à necessária para realizar cerca de 30 a 150 milhões de radiografias de tórax. Os níveis de radiação envolvidos compreendem uma faixa entre 5 mil a 4 milhões de rádios (medida-padrão para mensurar a radiação absorvida). Para se ter uma ideia dessa radiação, os aparelhos de raios X emitem menos que um rádio por sessão.
Como nos demais métodos de conservação de alimentos (pasteurização e congelamento, por exemplo), a irradiação ocasiona perdas de macro e micronutrientes, bem como variações na cor, sabor, textura e odor. Muitas vitaminas são praticamente extintas do alimento: até 90% da vitamina A na carne de frango, 86% da vitamina B em aveia e 70% da vitamina C em suco de frutas. À medida que o tempo de estocagem aumenta, outros nutrientes são perdidos: proteínas são desnaturadas e as vitaminas A, B12, C, E e K sofrem alterações semelhantes às do processo térmico (pasteurização).
No entanto, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP) defende que, apesar da perda nutricional, as alterações químicas não são nocivas ou perigosasEm entrevista ao site da Unicamp, um físico do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) da Universidade atribui o receio que a população tem de consumir esses alimentos à constituição de um “imaginário negativo” ligado à questão nuclear. A não aceitação por parte das pessoas decorre, entre outros fatores, da relação que se faz entre irradiação e radioatividade. Segundo ele, a contaminação radioativa pressupõe o contato físico com uma fonte radioativa, enquanto a irradiação é a energia emitida de uma fonte de radiação. Desta forma, os alimentos irradiados não se tornam radioativos, pois não contêm a fonte de radiação (apenas recebem a energia).
Elaine de Azevedo diz que “apesar de os especialistas afirmarem não ser sua intenção a utilização de radiações de alta energia (como a dos nêutrons, que tornariam os alimentos radioativos), é fundamental uma análise crítica em relação ao seu uso, pois até o momento não existem estudos suficientes que garantem sua inocuidade em seres humanos. E, por si só, é suficiente para avaliação da relação risco/benefício”.
A autora ainda discute a relação entre a irradiação e o incentivo a práticas agrícolas insustentáveis, baseadas em cultivos que ameaçam a biodiversidade. Leia um trecho:
“Ela sacrifica a sustentabilidade ecológica, ao encorajar a produção maciça, aumentando a dependência em relação à maior utilização de agrotóxicos. Além disso, teme-se que os resíduos radioativos das instalações das empresas de irradiação, transportados por grandes distâncias, possam causar acidentes que danificariam ecossistemas locais e ameaçariam a saúde pública. A irradiação encoraja o transporte dispendioso de alimentos que, quando cultivados e consumidos localmente, não precisam de irradiação. A adoção massiva desse recurso limita o direito das pessoas de escolherem onde e como seus alimentos serão produzidos. Um sistema democrático e que concede poder aos cidadãos para fazerem suas escolhas sensatas não precisa de irradiação. Essa prática é uma solução muito cara para o problema da segurança sanitária, atuando nos sintomas em detrimento das causas”
Um relatório da FDA de 2000 não associa a irradiação a riscos alimentares, mas ressalta que tal resultado não é aceito por diferentes grupos de consumidores em campanhas como a da instituição Public Citizen (Cidadão Público) e a Campanha contra Irradiação de Alimentos Europeia (The European Food Irradiation Campaing).
Fontes:Livro Alimentos Orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana, social e ambiental. Elaine de Azevedo. Editora SENAC, 2012;
Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP);
UNICAMP;
Anvisa.

'Geleia do mar' pode ter sido ancestral de todos os animais

'Geleia do mar' pode ter sido ancestral de todos os animais

  • Estudo diz que os ‘Ctenóforos’ apresentam relações genéticas com todos os outros grupos de animais



Animais marinhos gelatinosos conhecidos como geleias pente teriam sido os primeiros a evoluírem, há cerca de 600 milhões de anos
Foto: Divulgação / Alexander Semenov

Animais marinhos gelatinosos conhecidos como geleias pente teriam sido os primeiros a evoluírem, há cerca de 600 milhões de anos Divulgação / Alexander Semenov
MARYLAND (EUA) - Entre os cientistas, muito já se debateu a respeito de qual grupo de animais se originou primeiro. Versões tradicionais apontam que a primazia coube às esponjas e a outras criaturas do mar que mais parecem rochas ou corais.
No entanto, um novo estudo genético aqueceu a discussão ao sugerir que os “Ctenóforos” — animais marinhos gelatinosos conhecidos como geleias pente e que se assemelham às medusas — são, na verdade, os primeiros animais a evoluírem, há cerca de 600 milhões de anos.
Andy Baxevanis, co-autor da pesquisa e geneticista do National Human Genome Research Institute, em Maryland, nos Estados Unidos, disse à BBC News que a polêmica vai muito além de um simples debate acadêmico. “Essa conclusão é fundamental para que possamos entender a natureza da evolução animal. As esponjas são simples, não têm músculos ou sistema nervoso. As geleias pente, por exemplo, têm essas duas estruturas. E manter esses organismos seria uma grande vantagem para a sobrevivência”, observou.
A novidade tem causado grande polêmica entre os especialistas na área. Segundo Hervé Philippe, pesquisador do “National Center for Scientific Research”, que fica em Moulis, na França, diz que avaliar transformações que ocorreram há mais de 600 milhões de anos é sempre complicado. “Usar dados genéticos atuais para comparar com mutações tão longínquas pode não apontar resultados corretos”, observou.

Leia mais sobre esse assunto 

Carro embaixo d’água: o que fazer para seguradora cobrir danos provocados pela chuva

Carro embaixo d’água: o que fazer para seguradora cobrir danos provocados pela chuva

  • Idec orienta a observar preenchimento de questionário e contrato do seguro
  • Órgãos públicos não estão obrigados a se responsabilizar por prejuízos desse tipo
O GLOBO (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
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Leonardo Rangel empurra o carro enguiçado no alagamento na Avenida Brasil nesta quarta-feira / Foto: Marcelo Carnaval

Leonardo Rangel empurra o carro enguiçado no alagamento na Avenida Brasil nesta quarta-feira / Foto: Marcelo Carnaval
RIO - Estacionar o carro em local aparentemente seguro e, depois, encontrá-lo embaixo d’água é situação comum durante chuvas fortes, como as que atingiram o Rio nesta terça e quarta-feira. E estar com o seguro do veículo em dia pode não ser suficiente para ter os prejuízos ressarcidos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O motivo é quase sempre o mesmo: o questionário preenchido quando o consumidor contrata o serviço.
Caso tenha sido informado que o carro fica sempre em estacionamento e o prejuízo com a enchente acontecer quando o carro está estacionado em local qualquer da rua, por exemplo, o consumidor perde o direito de receber o seguro.
A entidade orienta o consumidor a responder com sinceridade ao questionário. “Informar que estaciona o carro na rua, deixa o seguro mais caro. Porém, o segurado não corre o risco de ter o direito ao seguro cancelado por ter sofrido o incidente quando o carro estava em uma situação diferente da informada”, esclarece o Idec.
Atenção ao contrato
Além do questionário, o consumidor também deve ter atenção redobrada com o contrato do seguro. “Por isso, antes de fechar o acordo com a seguradora, peça para ver o contrato ou ao menos as condições gerais da apólice. Se tiver alguma dúvida, mostre o documento para algum advogado de sua confiança”, orienta o instituto.
Ainda de acordo com o Idec, para resgatar o seguro em caso de danos causados por enchente ou alagamento, o primeiro passo é entrar em contato com a seguradora. Um funcionário credenciado pela empresa realizará uma vistoria. Se o dano for parcial, o seguro cobrirá somente o custo do conserto. Em caso de perda total, a seguradora desembolsará o valor integral do veículo, sem desconto de franquia.
Desde 2004, quando a Superintendência de Seguros Privados (Susep), responsável pela regulação do setor de seguros no Brasil, incluiu a submersão total ou parcial do veículo ao rol de coberturas obrigatórias, todas as seguradoras são obrigadas a cobrir esse tipo de incidente. A lista inclui cobertura contra colisão, incêndio e roubo.
O Idec lembra que os órgãos públicos não se responsabilizam por prejuízos causado pelas enchentes


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/carro-embaixo-dagua-que-fazer-para-seguradora-cobrir-danos-provocados-pela-chuva-11039526#ixzz2ndktqaf3 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Lévy: “O que acontece aqui não é por democracia, mas contra a corrupção"

Lévy: “O que acontece aqui não é por democracia, mas contra a corrupção"

O filósofo francês diz que os protestos foram importantes para a evolução da sociedade brasileira e que os governantes ainda não ouviram a voz das ruas

AMANDA POLATO



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O filósofo Pierre Lévy (Foto: Reprodução/ Twitter)
O filósofo Pierre Lévy já falava sobre inteligência coletiva antes mesmo da popularização da internet e da criação de comunidades virtuais e projetos como a Wikipédia. Em 2002, oito anos antes da Primavera Árabe, foi um dos primeiros a publicar um livro sobre ciberdemocracia, em que dizia que movimentos poderiam organizar-se pela web e desafiar o sistema político. A recente onda de manifestações no Brasil empolgou o filósofo, que participou delas pela internet, divulgando informações e palavras de ordem. “Os protestos foram muito positivos, houve uma tomada de consciência”, afirmou a ÉPOCA na semana passada, após participar do I Congresso Internacional de Net-Ativismo da Universidade de São Paulo (USP).
Para Lévy, a multiplicidade de expressões na internet enriquece a política e permite a formação de uma esfera pública mundial. “O monopólio das expressões públicas não existe mais. Todo mundo está se expressando pelas redes sociais. Essa é a verdadeira liberdade de expressão.” Mesmo com a ampla divulgação de textos e vídeos feitos por pessoas não ligadas aos grandes grupos de mídia, o filósofo não crê que os meios tradicionais de comunicação desaparecerão. “As coisas se tornam mais complexas.”
Nascido na Tunísia em 1956 e atualmente professor da Universidade de Ottawa, no Canadá, Lévy continua a pesquisar o poder da inteligência coletiva. Hoje, um dos seus interesses é a customização do processamento de dados na internet. Governos, empresas e diferentes grupos precisarão, segundo ele, ser capazes de organizar grandes massas de dados (o chamado big data) para se orientar na realidade. Nas últimas eleições americanas, por exemplo, Barack Obama contava com uma equipe de engenheiros para levantar, filtrar e classificar informações sobre seus eleitores e, então, conduzir sua campanha. Lévy diz que, no futuro, todos os jogos de poder se darão pelo mundo dos softwares.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista de Pierre Lévy a ÉPOCA:
ÉPOCA – Qual é a sua avaliação sobre os protestos no Brasil?Pierre Lévy – Eu nasci na Tunísia, depois me tornei francês e depois me tornei canadense. Eu sou um pouco tunisiano, um pouco francês, um pouco canadense e também um pouco brasileiro, porque eu venho aqui há 25 anos. Venho para cá a cada três anos e tenho muitos amigos aqui. Quando eu soube dos protestos no Brasil, que foram organizados pelas mídias sociais, eu entrei no Twitter e participei. Eu retuitei em português alguns temas dos protestos. Eu dei algumas entrevistas sobre isso, mas não muitas. Há muitos anos, a internet é uma nova ferramenta de expressão da população, uma nova forma de coordenar movimentos sociais. Eu achei ótimo que isso estava ocorrendo no Brasil, que também é meu país.
ÉPOCA – A violência dos protestos prejudica seus objetivos principais?Lévy – De maneira geral, eu sou contra a violência. Jogar coquetéis molotov nas ruas não é algo bom. E também sou contra a violência da polícia. Existem algumas formas de mudar um governo: pode ser pela violência, pelos meios constitucionais e pela atuação de grupos políticos e pela liberdade de expressão. Vocês não estão combatendo a democracia, já estão nela. É bem diferente do que acontece nos países árabes. O que acontece aqui no Brasil não é pela democracia, e sim contra a corrupção, para que o país tenha melhores equipamentos e infraestrutura, melhores sistemas de saúde e de educação. Vocês já têm democracia, mas o que está bom para umas pessoas não está para outras.
ÉPOCA – Grandes mobilizações têm ocorrido sem a definição de líderes e sem uma lista unificada de demandas. É possível ter mudanças sociais profundas dessa maneira?Lévy – No caso do Brasil, os protestos foram muito positivos, houve uma tomada de consciência. E havia uma agenda. Eu discordo de que não há listas de reivindicações. Houve protestos contra o aumento de tarifas do transporte público, por mais transparência dos governos e melhores serviços. Tem sido uma experiência muito importante e de evolução da sociedade brasileira.
ÉPOCA – Os governantes ouviram as vozes da população nas ruas?Lévy – Uma das principais reivindicações dos protestos foi o fim da corrupção. Eles ouviram? A corrupção acabou? Não, eles não ouviram.
ÉPOCA – Com o amplo uso da internet e das redes sociais para publicar informações, os meios de comunicação de massa estão ameaçados?Lévy – Eu odeio a mídia tradicional [risos]. A questão do monopólio das expressões públicas não existe mais. Todo mundo está se expressando pelas redes sociais. Essa é a verdadeira liberdade de expressão.
ÉPOCA – Os grandes grupos tendem a desparecer?Lévy – Todo o sistema se transformará e continuará a evoluir. Não existe isso de algo desaparecer e ser substituído por outra coisa completamente nova. Sempre surgem novas camadas, as coisas se tornam mais complexas. Se você tem Twitter, pode ver que as pessoas estão sempre publicando links de meios de comunicação tradicionais. E esses meios têm blogs e também têm perfis nas redes sociais. A mídia tradicional imita a redes sociais. E as redes sociais citam os meios tradicionais. Dessa forma, todo o sistema se torna mais complexo, como sempre.
ÉPOCA – A profissão de jornalista também está ameaçada?Lévy – No século XVIII, o trabalho de milhares de pessoas era, unicamente, carregar água. Então, porque eu quero proteger o trabalho dessas pessoas, vou deixar de instalar encanamentos nas casas? No futuro, iremos precisar de pessoas que são muito competentes em comunicação em geral. Nós sempre vamos precisar delas.

Livro Vermelho: plantas do Brasil ameaçadas de extinção

FLORA EM PERIGO

Livro Vermelho: plantas do Brasil ameaçadas de extinção

Mais de duas mil espécies da flora brasileira correm o risco de desaparecer para sempre. As plantas estão listadas no “Livro Vermelho da Flora do Brasil”, publicação do Centro Nacional de Conservação da Flora que busca incentivar medidas de proteção às espécies

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zanastardust/Creative Commons

Estima-se que o Brasil abrigue mais de 10% de toda a flora do planeta, com quase 44 mil espécies catalogadas e milhares ainda desconhecidas pela ciência, mas o país precisa melhorar a forma como cuida de toda essa riqueza natural. 


Levantamento feito pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), vinculado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, analisou 4.617 espécies de plantas que vivem no país e concluiu que 2.118 - ou seja, mais de 45% - estão ameaçadas de extinção, nas categorias Vulnerável, Em Perigo e Criticamente em Perigo, segundo os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN)



Os resultados do estudo científico foram publicados no Livro Vermelho da Flora do Brasil, lançado nesta terça-feira (03/12) no Rio de Janeiro. Segundo a publicação, a maioria das espécies avaliadas que estão ameaçadas encontra-se nas regiões sul e sudeste do Brasil, nos biomas Mata Atlântica e Cerrado. O grupo das pteridófitas - como samambaias, avencas e xaxins - é o que possui o maior número de plantas que correm o risco de desaparecer para sempre. 


A intenção da iniciativa é oferecer à sociedade e ao poder público informações de qualidade a respeito da atual condição da flora brasileira para que medidas efetivas de conservação sejam adotadas. Entre elas, os cientistas envolvidos no estudo sugerem a criação de unidades de conservação, já que mais de 87% das espécies de plantas listadas como ameaçadas encontram-se em situação vulnerável por conta da perda de hábitat e da degradação. 



"O Livro Vermelho terá grande utilidade para municiar tomadores de decisão com informações científicas que possam nortear o estabelecimento de prioridades de ação para a conservação de plantas, ou mesmo para direcionar pesquisas científicas que possam preencher lacunas de conhecimento sobre determinados grupos taxonômicos", acredita Gustavo Martinelli, coordenador do CNCFlora.



Thom Mayne: "Cidades já são como países"

Thom Mayne: "Cidades já são como países"

O arquiteto rebelde mais premiado do mundo diz que mudar radicalmente o projeto de edifícios é uma questão urgente de sobrevivência urbana

GUILHERME EVELIN


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GAROTO PROBLEMA Thom Mayne em São Paulo. “Honestamente, sou meio tedioso”,  diz ele (Foto: Letícia Moreira/ÉPOCA)
Metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil, ou San Francisco, nos Estados Unidos, reúnem mais habitantes que a Holanda – um país. Para Thom Mayne, arquiteto americano ganhador do Prêmio Pritzker de 2005, o crescimento levou essas cidades ao ponto de exaustão. “Devemos repensar as cidades, por uma questão de sobrevivência biológica”, diz. Mayne defende uma visão da arquitetura menos ligada à estética dos edifícios e mais voltada à integração urbana. Uma proposta, afirma, próxima ao trabalho de Oscar Niemeyer ao conceber Brasília, nos anos 1950.

ÉPOCA – Qual a diferença entre fazer um projeto para o Estado e para uma empresa privada?
Thom Mayne –
 O Estado é um cliente complexo, de várias cabeças. Um projeto público é mais pé no chão, do ponto de vista de orçamento, e mais coletivo, do ponto de vista do uso. Deve ter mais áreas abertas, praças externas ou saguões internos. Numa empresa privada, você trabalha com um contratante só. Há uma ideia central mais clara.
ÉPOCA – O arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) recebeu uma série de encomendas do setor público brasileiro. Seus colegas de trabalho o chamavam de arquiteto do Estado, uma forma de desmerecer seu trabalho. É correto favorecer um arquiteto?
Mayne – 
Esse é um assunto realmente complexo. Niemeyer conquistou uma posição singular na arquitetura brasileira e alguns, parece, o desafiaram. Ele era um arquiteto muito, muito bom. Oito anos atrás, fui barrado num aeroporto de Los Angeles, a caminho do Brasil. Pediram meu visto, e eu não tinha. Então, disse: “Preciso viajar, tenho uma reunião com Oscar Niemeyer”. A funcionária da empresa aérea respondeu: “Oh, ele é uma das pessoas mais conhecidas do país. É Pelé e Niemeyer”. Quantos países têm, entre suas pessoas mais conhecidas, um arquiteto? Ele era escolhido para os grandes projetos, mas foi um arquiteto singular. A singularidade não era um problema dele. Talvez, dos outros arquitetos.
ÉPOCA – O que o senhor acha do projeto de Brasília, desenvolvido nos anos 1950 por Lúcio Costa e Niemeyer?
Mayne –
 Brasília é o mais ambicioso e inovador exemplo de planejamento urbano do século XX. Aqui, no Brasil, vocês puderam repensar inteiramente uma cidade. Isso deveria ser feito mais vezes. O desafio que temos no século XXI é menos na cidade inteira e mais em prédios individuais. Mas a proposta de Niemeyer é muito atual. Como arquiteto, ele mudou comportamentos sociais.
ÉPOCA – Usar a arquitetura para mudar comportamentos sociais, como fez Niemeyer, ainda é uma ideia atual?
Mayne –
 Os problemas atuais são evidentes. O crescimento da urbanização é um problema do fim do século XX. E tem a ver com mudanças radicais na força de trabalho, nas condições socioculturais e na transição de uma natureza agrária rumo a indústrias e serviços. Com isso, vieram grandes agregações urbanas jamais experimentadas. Estamos trabalhando em nível governamental para encarar isso? Estudamos astrofísica, estudamos matéria escura, a natureza do mundo, a fim de entender o Universo, mas não há ninguém realmente olhando para esse problema dos grandes aglomerados urbanos.
" Repensar as cidades deveria
envolver a todos, como a viagem
à Lua, nos anos 1960"
ÉPOCA – Nem nos Estados Unidos?
Mayne –
 Os políticos de meu país estão interessados em contradições ridículas, como direito ao aborto, quando os problemas de hoje são questões reais de sobrevivência. A população urbana triplicou em 40 ou 50 anos. Não temos uma cultura ecológica capaz de sustentar isso. O adensamento crescente está limitado não apenas por recursos naturais, mas por infraestrutura, instituições sociais e estratégias políticas. Em junho, a população no Brasil protestou. Estão todos perto do ponto de exaustão. No ano passado, andei por São Paulo por três dias. Nunca vi o trânsito da cidade tão horrível. Não dá mais para dirigir. Se você olha um modelo – como cientistas fazem ao estudar microbiologia ou astrofísica –, o modelo cresce mais e mais, até um ponto em que quebra.
ÉPOCA – Como tal crescimento das cidades muda a natureza da discussão?
Mayne –
 Cidades já são como países. A área metropolitana de Los Angeles reúne por dia 7,9 milhões de pessoas. É igual à Holanda. Equivale a duas Suíças. Se você entender aquela cidade como um país, começa a entender a complexidade de hoje. O prefeito de Los Angeles equivale ao líder de Estado da Holanda. Por sinal, Los Angeles é mais complicada que a Holanda. Tem uma base econômica e social muito mais diversa. Então adicionar mais uma pista às autoestradas não resolverá o problema. Os deslocamentos de carro em Los Angeles, por dia, somam uma distância equivalente a 6 mil voltas ao mundo. São viagens pequenas, individualmente, mas quando olhamos para o conjunto... Um arquiteto é parte desse problema, pois transportes e edifícios consomem 70% da energia da cidade. Edifícios, sozinhos, consomem 40%.
ÉPOCA – Quando o senhor ganhou o Prêmio Pritzker, em 2005, disseram que o prêmio havia ido para...
Mayne –
 ...o bad boy (garoto problema).
ÉPOCA – Disseram que o senhor era um filho dos anos 1960 e tinha permanente desejo por mudança.
Mayne –
 A história de bad boy começou anos atrás. A repercussão da conquista do Pritzker ajudou a aumentá-la. Fizeram centenas de textos a meu respeito, mas só um jornalista ligou para mim. Ele disse: “Todo mundo diz que você é um bad boy. E você vem fazendo escolas, tribunais e edifícios do governo... isso não bate. Você não deve ser tão difícil, para trabalhar com toda essa gente”. Honestamente, sou meio tedioso. Sou completamente devotado a meu trabalho e a minha família. Sou um cara reservado. Tenho 69 anos. Na minha idade, vejo essa história de bad boy como uma piada. Mas é preciso ter assunto para escrever e, infelizmente, não há muita gente interessada em ideias de arquitetura. Apareci num momento em que os Estados Unidos eram um país muito rico e conservador. Os anos 1960 foram feitos para mim. O centro artístico do mundo estava em Los Angeles, e eu morava lá. Foi um momento fantástico. Havia sexo, drogas e rock’n’roll, que são ótimos, mas não é o que importa. Houve uma revolução social. As conquistas sociais dos negros, a campanha contra a Guerra do Vietnã... Os problemas que enfrentamos hoje são desafios ainda maiores.
ÉPOCA – Como o desejo de mudança aparece em seu trabalho?
Mayne – 
Ao projetar o San Francisco Federal Building, um prédio de escritórios do governo federal, tiramos o sistema de ar-condicionado. Abrir o prédio à circulação do ar ambiente foi complicado, por questões de segurança. Mas a economia de energia é suficiente para alimentar 600 lares. Seiscentos lares! Isso pode ser a parte mais importante do projeto. Um arquiteto deveria dar prioridade ao visual do prédio? Não, não, não, não. A decoração é uma escolha pessoal, não traz consequência. Nos importamos com o que o prédio acrescenta à cidade no aspecto social, econômico, cultural, ecológico, urbanístico, de infraestrutura... Nosso edifício não tem estacionamento. Você pode ir de metrô. Estamos desencorajando o carro. As pessoas podem ir até lá dirigindo, mas estacionar é problema delas, não nosso. Voltamos nossas atenções a uma creche para os filhos dos trabalhadores, em vez de ter um saguão bonito ornado com esculturas. Dissemos: “Vamos fazer um lobby com um lugar onde os pais possam descer e ver seus filhos o dia todo, porque 55% da força de trabalho é de mulheres, e elas sentem falta de ver seus filhos. Podemos ter uma creche nesse prédio grande, onde trabalham 4 mil pessoas”.
ÉPOCA – Qual o papel do arquiteto em cidades do tamanho de países, como Los Angeles?
Mayne – 
O urbanismo caminha para o lado da política. Da liderança de ideias. Arquitetura é design, mas é também organizar grupos de pessoas. Creio que a discussão a respeito de Niemeyer sempre se deu no nível estético. As pessoas aprovam ou reprovam seu trabalho esteticamente. É um erro. Deveriam discutir mais a proposta. Deveriam questionar o trabalho dele pelo aspecto do desempenho, pelo aspecto da função. Queira o arquiteto ou não, não existe mais edifício sozinho, indiferente aos outros. Eles são conectados a seu redor. Repensar as cidades é uma ideia que tem de contagiar todos, algo como a corrida espacial para a Lua, nos anos 1960. Isso não parece um foguete espacial, não é algo especialmente bonito, mas o desafio pode se tornar atraente e interessante. O trabalho de hoje nos leva de volta a Niemeyer. O assunto ainda é estética, mas temos de nos conectar a uma realidade maior.