segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Vai faltar água em São Paulo?

Vai faltar água em São Paulo?

BRUNO CALIXTO

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Represas do Sistema Cantareira registram menor nível de abastecimento de água dos últimos dez anos (Foto: Reprodução / Facebook / Sabesp)

No começo desta semana, os moradores de São Paulo se assustaram ao ver um comunicado em rádios e TVs. A Sabesp, empresa que cuida do abastecimento de água na região, está veiculando uma propaganda dizendo que o nível de algumas represas que abastece a cidade chegou a um estado crítico. A empresa pede que moradores evitem o desperdício e economizem o máximo de água possível. Os paulistanos devem ficar preocupados com um possível racionamento de água na maior cidade do país?
Segundo Paulo Massato Yoshimoto, diretor da Sabesp para a região metropolitana de São Paulo, sim. O risco de racionamento de água é real. "De fato, temos um risco. Por isso estamos atuando para evitar um possível rodízio", diz. Isso acontece porque o sistema de represas que abastece cerca de 9 milhões de pessoas está com menos de 23% de sua capacidade total.
Yoshimoto afirma que a Sabesp decidiu pedir ajuda da população após análise da temperatura e das chuvas do último mês de dezembro. Os resultados não foram nada animadores. Toda a água usada no abastecimento de São Paulo vem de várias represas que, juntas, formam sistemas. As represas do Sistema Cantareira, que ficam na região de Bragança Paulista, abastecem quase metade da população da Grande São Paulo. A análise mostrou que essas barragens estão na pior situação de abastecimento desde que o sistema foi criado, em 1975.
Segundo Yoshimoto, São Paulo viveu condições climáticas excepcionais nos últimos anos. Nunca fez tanto calor na região – já é o verão mais quente registrado na área do Sistema Cantareira. As chuvas ficaram abaixo da média por dois anos consecutivos. Em dezembro do ano passado, a região bateu o recorde de menor quantidade de chuvas para o mês. Em janeiro de 2014, o recorde deve ser repetido.
Quem acompanha o Blog do Planeta sabe que cientistas preveem maior frequência de eventos extremos, como as condições que São Paulo está enfrentando, no Brasil e no mundo. Não é possível dizer se a falta de chuva foi causada pelo aumento das médias de temperatura no planeta. Mas um dos principais efeitos do aquecimento global no Sudeste brasileiro será uma mudança no ciclo de chuvas, e o país precisará se adaptar e se preparar para enfrentar secas e enchentes.
Segundo Yoshimoto, ainda dá tempo de evitar o racionamento de água neste começo de ano. A Sabesp traçou duas estratégias para tentar contornar a situação. A primeira foi passar bairros inteiros abastecidos pelo Sistema Cantareira para o Sistema Alto Tietê. Grande parte da Zona Leste de São Paulo, por exemplo, passou a receber água das barragens do Tietê. A outra é uma campanha de comunicação para convencer a população a não desperdiçar água. "Se houver uma boa redução no consumo, devemos conseguir postergar a situação crítica até a segunda semana de fevereiro, quando as chuvas devem voltar ao normal."
Os paulistanos devem economizar água mais do que nunca. E a tendência é de que a cada ano isso se torne mais e mais necessário – não apenas para São Paulo.

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