sexta-feira, 22 de maio de 2015

Poluição do ar custa US$ 1,6 trilhão por ano aos países da Europa

Publicado por http://www.ecodebate.com.br/
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poluição do ar

Mortes prematuras e doenças causadas pelo ar poluído geram ao continente europeu um prejuízo de US$ 1,6 trilhão. Foto ONU

Primeiro estudo do tipo na região foi produzido pela Organização Mundial da Saúde; além de causar doenças, ar poluído gera 600 mil mortes prematuras todos os anos no continente.

Por Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, divulgou esta terça-feira um estudo inédito sobre os custos econômicos da poluição do ar para os países da Europa. Mortes prematuras e doenças causadas pelo ar poluído geram ao continente um prejuízo de US$ 1,6 trilhão.

O total equivale a um décimo do Produto Interno Bruto registrado pela União Europeia em 2013. Segundo a OMS, os impactos da poluição do ar na saúde dos europeus geraram 600 mil mortes prematuras em 2010.

Doenças do Coração

Mais de 90% dos cidadãos da Europa estão expostos a níveis de partículas finas acima das recomendações da OMS sobre qualidade do ar. As mortes prematuras são causadas por doenças respiratórias e do coração, derrames e câncer de pulmão, sendo que a maioria das mortes ocorre em países de rendas baixa e média.

Segundo a agência da ONU, o “valor econômico das mortes e das doenças causadas pela poluição do ar corresponde ao total que as sociedades devem estar dispostas a pagar com intervenções necessárias para evitar mortes e enfermidades”.

Políticas
A OMS destaca que reduzir a poluição do ar precisa ser uma prioridade política, com os países europeus trabalhando juntos para reduzir os impactos.

A diretora da OMS para a Europa, Zsuzsanna Jakab, declarou que os números fornecem aos governos razão suficiente para agir e assim, salvar vidas. Os resultados do estudo foram apresentados numa reunião sobre meio ambiente e saúde na Europa, que ocorre na cidade israelense de Haifa.

Publicado no Portal EcoDebate
Equador entra para o Guinness ao plantar 647 mil plantas em um só dia
Maio de 2015 • 


Das ideias mais loucas até as mais interessantes, é possível encontrar quase tudo no Guinness Book, o livro dos recordes. Imagine um país inteiro entrar na lista por uma ação ambiental? Parece difícil, mas o Equador conseguiu após plantar 647 mil plantas em um único dia.
No último sábado (16), o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou que o país bateu o recorde de reflorestamento. Foram mais de 200 espécies nativas plantadas simultaneamente.
Para alcançar tal feito, foi necessária a boa ação de 44.883 pessoas em 1.997 hectares do país, de acordo com a ministra do Meio Ambiente, Lorena Tapia. Batizado de Siembratón, o projeto ganhou um registro no Guinness devido a maior quantidade de espécies de árvores plantadas pela maior quantidade de pessoas em diferentes lugares ao mesmo tempo.
Quem está achando muito, talvez não tenha ficado sabendo que, em 2014, as Filipinas entrou para o Guinness após plantar quase três milhões de árvores em várias localizadas ao mesmo tempo. Mais de 100 mil pessoas participaram do ato.
A diferença no Equador foi a variedade das plantas. De acordo com o delegado do Guinness World Records, Carlos Martínez, não há registro na história de eventos que superem 150 espécies.
Muitos equatorianos compartilharam fotos de suas ações no Twitter:

FONTE CICLO VIVO

Mais sobre o projeto da Ferrovia Transoceânica entre o Peru e o Açu: complexidade, riscos e oportunidades em meio à entrada no jogo global

Há sempre um frisson muito grande com o anúncio de projetos de porte como este da Ferrovia Transoceânica (ou Bioceânica, como prefere alguns).

Trata-se ainda mais de intenções do que definições. É um projeto de longo prazo e ninguém mais sério nunca tece dúvidas disso. Muitas questões ainda estão em aberto.

A participação da China como se tem ventilado é uma possibilidade, mas, até que se prove em contrário dependerá de participação em processo licitatório, no trecho brasileiro.

Forma de participação da China
Neste caso, a participação da China teria que ser definida, se como investidora ou financiadora. Estas são duas formas diferentes de participação: a primeira seria como acionista; na segunda como banco, com empréstimo e valores pagos em dinheiro, ou em mercadoria, como quase sempre prefere os chineses.

Há ainda a possibilidade mista da China participar como construtora, assim, como atuou, por exemplo, a Sinopec, há cerca de uma década, na construção do gasoduto Cabiúnas, RJ, ES e Bahia. A discussão aí seria sobre o uso de mão de obra chinesa em parte do empreendimento, que o Brasil tem se manifestado contra.

Interesse chinês com escoamento de aço que sobra na produção siderúrgica chinesa
Há que ser considerado que a China além de possuir boa expertise em tecnologia e construção ferroviária, os chineses têm interesse em escoar o aço produzido em grande quantidade em seu país.

Assim, o projeto da ferrovia serviria para dar vazão à produção de aço para os trilhos a serem usados nos 4.400 quilômetros que é a extensão prevista para a ferrovia só em solo brasileiro, desde o litoral fluminense até a localidade de Boqueirão da Esperança, no Acre, de onde seguiriam em direção ao sul do Peru.

Traçados da ferrovia e os impactos socioambientais
Há ainda que se considerar o traçado desta ferrovia. Antes ele já envolveu o Porto de Santos no lado sudeste brasileiro, a passagem pelo Mato Grosso, saída no Atlântico pela Bolívia. Outro de Mato Grosso pelo Peru e agora, envolvendo também o Acre, o que mostra que há muitas indefinições.

Inclusive, não deve ser considerado um aspecto menor em todo este planejamento, aqueles que dizem respeito à questão ambiental e também aos impactos sobre as comunidades originárias e tradicionais, instaladas ao longo deste imenso trecho de ferrovias. Indenizações, desapropriações, remoções e deslocamentos, são processos difíceis, demorados e conflituosos.

A ligação transoceânica tem concorrência
Como comentamos na nota anterior (na segunda-feira) este projeto na íntegra, concorre de alguma forma, não apenas com o atual Canal do Panamá que está tendo sua ampliação ainda concluída em projeto bastante caro bancado por fortes grupos europeus e americanos.

Além disso, ele concorre também com o projeto de um empresário privado chinês que pretende construir um canal cortando toda a Nicarágua, na América Central, como forma de também ligar os dois oceanos e ser alternativa ao Canal do Panamá.

Como o blog já comentou aqui, a ligação transoceânica interessa aos chineses para reduzir fretes entre os dois lados e ser uma alternativa às caras tarifas do Canal do Panamá.

Porém, não é preciso ser especialista no assunto para saber que ninguém vai colocar carga no litoral fluminense numa ferrovia e retirar do outro lado da América do Sul, em um Porto do Peru e julgar que isso possa ser mais barato do que o não dar a volta no continente, ou pagar as tarifas do Canal do Panamá.

As rotas entre o litoral fluminense, os EUA, seguindo em direção à Ásia, passando pelo sul da América, ou pelo Panamá pode variar entre 20 mil e 22 mil quilômetros. Porém, desde o Pacífico no Peru, elas caem para cerca de 16/17 mil quilômetros.

Esta é a grande diferença, tanto em gastos de combustíveis, poluição com seus resíduos, como ocupação dos grandes navios em tempo no transporte entre os continentes asiáticos e americanos.

À China interessa mais permuta do que devolução ou pagamento do dinheiro investido
Os chineses preferem atuar e têm se dedicado especial interesse em investimentos de infraestrutura que agregue valor a negócios de seus interesses. Neste sentido, o traçado da ferrovia, além de integrar o continente sul-americano, área de seu grande interesse (por alimento, mineral e energia) cria facilidades e redução de custos de logísticas de transporte para minério, soja (outros agronegócios).

O lado do Pacífico no Peru tem mais probabilidade de ser o start
Desta forma, juntando os dados acima é possível intuir que um maior interesse dos chineses pelo escoamento de cargas minerais e do agronegócios (alimentos, em especial soja), possa se dar mais pelo lado peruano, já saindo pelo Pacífico, do que pelo Porto do Açu.

A partir daí é possível interpretar que seria muito mais provável o início da construção pelo lado do Pacífico, no Peru, do que no extremo leste no litoral fluminense do Açu. E nesta hipótese há ainda que ser observada em que porto peruano o modal ferroviário seria interligado.

Infográfico da FSP em 13-05-15
Hoje, seriam três opções portuárias. Porém, em qualquer um deles, novos investimentos para novos terminais, diques e quebra-mar, aumento da profundidade dos canais de atracação, ampliação de cais, automação da movimentação de cargas, etc. consumiriam, uma outra enorme quantidade de recursos.

Do lado do Porto do Açu, o interesse maior se dá no petróleo
Do lado brasileiro e fluminense, há como grande vantagem a conexão para apoio à produção petrolífera, onde hoje se tem a presença de quatro petroleiras chinesas: Sinochem, Sinopec e CNPC e CNOOC.

Hoje, as duas primeiras já produzem (números do último boletim da ANP de maio, sobre produção de março de 2015), um total de 82 mil barris por dia (equivalentes óleo e gás) nas Bacias de Campos e Santos.

Enquanto isso, as outras duas petrolíferas, China National Petroleum Corporation (CNPC), China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) participam com 10% cada do consórcio para exploração do gigante campo de Libra, nas reservas do pré-sal brasileiro.

No caso da Sinopec, com a descoberta de campo produtor gás na Bacia de Campos, anunciado recentemente, cresce as chances de formalização do negócio de um gasoduto até o porto para atendimento e geração de energia elétrica, através de uma UTE à gás.

Há ainda em negociação a operação, junto ao terminal 1 do Porto do Açu para a operação de troca de navios, entre embarcações de alívio e petroleiros de grande capacidade (ship-to-ship), para transporte de óleo até à China.

Projeto complexo, mas estratégico, potente e de grande influência geopolítica
Enfim, pelas razões resumidas acima, se percebe que se trata da construção de um grande projeto que tem costura financeira, técnica e política complexa, mas simultaneamente de uma articulação estratégica muito potente, envolvendo importantes cadeias produtivas e com imensa influência no poder estratégico na geopolítica mundial.

É fácil compreender que a decisão de executá-lo não significará no dia seguinte a montagem dos canteiros de obras, sem que diversas questões sejam antes articuladas. Porém, de outro modo, nada indica que ele só será iniciado se todas as questões sejam antes resolvidas.

Certamente já existem enormes resistências a que este projeto siga em frente. Rotas comerciais, muitos outros interesses e disputas intercapitalistas, além das estratégicas, já se movimentam e são perceptíveis até para quem não acompanha de perto este projeto.

Assim, é fácil deduzir que a questão política-estratégica vem antes de tudo isto. Nesta linha, as informações dão conta de que haveria vontades bem determinadas pela sua execução. Desta forma, ela é explicada pelas várias mudanças que se vê na conjuntura em curso na Economia Global.

O risco e a oportunidade de surfar sobre a onda com o risco de ser capturado e “encaixotado”
Trata-se de decisão estratégica com poder de interferir na superestrutura e não apenas na periferia dos negócios. Está em jogo um esforço entre a tentativa de superar a dependência e a subordinação no jogo global e se inserir nas cadeias de valor de forma cooperativa e numa perspectiva de novos alinhamentos mundiais.

Riscos e oportunidades continuam sobre o tabuleiro, ou, visto sobre o simbolismo da “onda global” (aproveitando a boa performance da garotada do surfe brasileiro), o que se tenta é surfar sobre ela, com todos os riscos de cair e levar “o caixote”, com a cooptação das riquezas e dos excedentes de nossa emergente economia.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Pelo fim dos lixões

Programa Sou Resíduo Zero quer engajar empresas e sociedade a acabar com a geração de lixo. Ao reduzir o consumo de embalagens e dar destino correto aos resíduos, será possível dar adeus aos lixões do país

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Suzana Camargo - Planeta Sustentável - 22/04/2015
reprodução
reprodução Estima-se que o brasileiro produza por dia um quilo de resíduos sólidos. Esta seria a quantidade de embalagens, restos de alimentos e outros tipos de materiais que o cidadão joga no lixo diariamente. Em 2013, este volume todo somado chegou a 76 milhões de toneladas.

Apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) já ter entrado em vigor e ter estabelecido agosto de 2014 como prazo para que resíduos sólidos e rejeitos tivessem destinação final ambientalmente adequada, em muitas cidades do Brasil os lixões ainda estão funcionando livremente.  

Com o objetivo de engajar pessoas, comunidades e empresas a reduzir a geração de resíduos e estimular ao máximo o reaproveitamento, reciclagem e compostagem, foi lançado este mês, em São Paulo, o Programa Sou Resíduo Zero, idealizado pelaconsultoria Eccaplan

A iniciativa está baseada em cinco pilares: não geração, redução, reutilização, reciclagem e compostagem. As empresas que aderem ao programa desenvolvem uma série de ações para modificar seu modo de lidar com o lixo. Para ajudá-las neste desafio, a Eccaplan criou ferramentas como mapas, infográficos, selos e certificações. 

Os resíduos potencialmente recicláveis, gerados pelas empresas do Sou Resíduo Zero, são coletados por cooperativas de catadores e o rejeito orgânico (resto de comida) é destinado à compostagem e produção de adubo. Segundo a organização Zero Waste International Alliance (ZWIA), da qual o programa brasileiro é parceiro, para que empresas e comunidades sejam consideradas bem sucedidas na implementação da iniciativa, elas precisam desviar de aterros e incineradores mais de 90% de seus resíduos.

Para a entidade internacional, o conceito "resíduo zero" tem como intuito desenvolver um sistema ético, econômico, eficiente e visionário, para orientar as pessoas a mudarem seus estilos de vida e práticas para fomentar ciclos naturais, onde todos os materiais descartados sejam projetados para tornarem-se recursos para a produção de outros materiais.

O Programa Sou Resíduo Zero já ganhou a adesão do Hotel Hyatt, em São Paulo, e da Feira World Trade Market 2015 Latin America e da Feira da Associação Paulista de Supermercados 2015 (APAS), evento este que deve ter um público estimado de 70 mil pessoas. 

Até este momento, a campanha já conseguiu reaproveitar 211 mil quilos de resíduos, que foram destinados para a coletiva seletiva. A quantidade é atualizada online em um cronômetro digital na página do programa. 

Além de diminuir a geração de resíduos e aproveitar os que sobram da maneira mais correta, o Sou Resíduo Zero promove a inclusão social dos catadores de lixo. O movimento ajuda ainda na redução da emissão de CO2 e do consumo de água e energia. 

Empresas e pessoas que querem participar do programa, podem acessar o site do Sou Resíduo Zero e preencher um questionário para saber como se engajar nesta causa. A ideia é que todos participem

Confira abaixo algumas dicas do que você já pode começar a fazer na sua casa:
- compre alimentos naturais e sem embalagens;
- escolha produtos com embalagens menores e que incentivem a reciclagem;
- destine corretamente seus resíduos: lixo orgânico para compostagem, dejetos no lixo e recicláveis para a coleta seletiva;
- privilegie empresas com o selo Resíduo Zero;
- questione marcas e fabricantes sobre seus resíduos;
- compartilhe a campanha #souresiduozero

Empresários relatam reunião sobre repasse às campanhas de Cabral e Pezão

Empresários ouvidos pela PF confirmaram a ocorrência de uma reunião para acertar repasses de recursos à campanha de Sérgio Cabral (PMDB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB) a governador e a vice-governador do Rio de Janeiro em 2010. Os depoimentos integram o conjunto de diligências feitas como parte do inquérito que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e investiga a participação dos dois peemedebistas no desvio de recursos da Petrobras. Segundo a delação do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, a reunião ocorreu em um hotel do Rio e serviu para definir repasse de R$ 30 milhões, em caixa dois, à campanha. O dinheiro seria propina de contratos de obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Cabral: “Todas as eleições que disputei tiveram suas prestações aprovadas pelas autoridades competentes” - Por meio de sua assessoria, Cabral reiterou “seu repúdio a essas mentiras” e afirmou que nunca solicitou ao delator apoio financeiro. “Todas as eleições que disputei tiveram suas prestações aprovadas pelas autoridades competentes”, afirmou. Segundo sua assessoria, esse também foi o teor do depoimento que Cabral prestou à PF como parte de suas diligências.
Pezão: “Depoimento não é verdadeiro” - O governador Luiz Pezão também disse que o depoimento de Costa não é verdadeiro. “O governador reafirma que o depoimento do ex-diretor da Petrobras não é verdadeiro. O governador disse estar certo de que a investigação vai comprovar que a acusação é falsa e que continua à disposição das autoridades para dar esclarecimento sobre suas ações”, cita resposta do governo do Rio.
Além de empresários e Cabral, a PF quer ouvir pessoas que participaram da citada reunião. O ministro Luis Felipe Salomão, relator dos autos, determinou que a PF recolha documentos, imagens e registros de entradas e saídas de um hotel em Ipanema, onde, no primeiro semestre de 2010, o encontro teria ocorrido.
FONTE BLOG DO BASTOS

quarta-feira, 20 de maio de 2015


Manchete de O Dia online
Manchete de O Dia online


Infelizmente foi adiada pela segunda vez a votação na Comissão de Assuntos Econômica do Senado, do projeto de resolução 15 / 2015, apresentado pelos senadores Marcelo Crivella e Rose de Freitas (PMDB - ES), a partir de uma sugestão minha. Esse projeto permitirá às prefeituras recuperar uma parte da perda com queda dos royalties. A situação vem se agravando nos municípios produtores de petróleo. Espero que na próxima semana o projeto possa ser votado e aprovado. Aliás, é lamentável que o governador Pezão, que já não ajuda em nada os municípios, não use a força política do PMDB para ajudar os municípios fluminenses. Pezão mais uma vez dá as costas ao povo do Rio de Janeiro. 
FONTE BLOG DO GAROTINHO

A Cassandra de nosso tempo?

A Cassandra de nosso tempo?

01/04/2014

*Magno Castelo Branco
Para os que não conhecem, Cassandra é uma personagem da mitologia grega, que recebeu um dom e uma maldição do deus Apolo: conseguia prever o futuro, mas como maldição ninguém acreditaria nos seus vaticínios.
Na madrugada da segunda-feira (31), foi oficialmente publicado o relatório Grupo de Trabalho II, que estuda o tema “Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade”, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Ele estava sendo muitíssimo aguardado pela comunidade científica, ambientalistas e autoridades das mais diversas esferas no Brasil e no mundo. E qual o porquê de tanta expectativa?
Para entender o que gerou a ansiedade, precisamos relembrar as principais conclusões apontadas pelo Relatório do Grupo de Trabalho I – “Bases Físicas e Científicas”, publicado formalmente em setembro de 2013:
  1. O aquecimento global é uma realidade e a contribuição do ser humano é significativa para a ocorrência de fenômenos ligados às mudanças climáticas;
  2. Este aquecimento é, em grande parte, irreversível;
  3. Grande parte do calor está sendo absorvido pelos oceanos, cujas taxas de acidificação se encontram em um patamar sem precedentes e extremamente perigoso para o futuro da biodiversidade marinha;
  4. Temos que agir em escala global imediatamente;
  5. Por fim, seria necessário zerar nossas emissões de gases de efeito estufa (GEE), ou seja, a grande maioria dos combustíveis fósseis precisaria se manter enterrada no subsolo e as energias renováveis teriam que assumir um papel fundamental e preponderante na matriz energética mundial para ficarmos abaixo de um aumento de 2°C até 2100.
E o que muda em relação ao último relatório, publicado em 2007? Basicamente, temos uma constatação mais segura de três conclusões:
  1. O aquecimento é certo, tem ocorrido e continuará a acontecer enquanto a participação humana nesse cenário só tem sido mais relevante;
  2. O aquecimento é irreversível em uma escala que deverá atingir séculos ou mesmo milênios;
  3. A ação imediata, mais que urgente, é essencial e em escala global.
Além disso, os cenários utilizados no relatório de 2007 foram substituídos por quatro cenários mais simplificados, chamados de “Representative Concentration Pathways” (RCPs), a saber: RCP2.6, RCP4.5, RCP6.0 e RCP8.5 (veja nas fiduras abaixo). Eles se referem à quantidade de energia absorvida pelos gases de efeito estufa (GEE). O RCP8.5 é considerado o pior cenário, imaginando como será caso a sociedade não tome nenhuma medida para lidar com o clima. Gradualmente, o RCP2.6 é o cenário de menor dano, onde o comprometimento da humanidade para evitar o aquecimento seria máximo.

No cenário mais ameno (RCP2.6), mudanças agressivas por parte da sociedade resultam em concentrações de GEE que se estabilizam e até continuam a diminuir depois de um certo período. Este cenário assume que a humanidade desenvolverá tecnologias que removeriam ativamente GEE da atmosfera, uma opção que é inviável no curto prazo. Neste cenário utópico, o aumento de temperatura até 2100 não chegaria a um grau centígrado. Já no pior cenário, o RCP8.5, o aumento poderia chegar em média a quase 4 ºC.
Quando olhamos para outro impacto do aquecimento global, a elevação no nível dos oceanos, espera-se um aumento médio de 0,7 metros até 2100, segundo o cenário RCP8.5.

Por conta dessas conclusões obtidas no Relatório do Grupo I, que sustenta essas assertivas com um grau de certeza estatístico ainda maior, é que o Relatório do Grupo II, que trata dos impactos e da adaptação, tem sido tão esperado.
E o que o relatório do Grupo II nos traz de importante? Assim como o documento do Grupo I, muita coisa não mudou em relação ao que foi publicado em 2007. Mas o nível de certeza do que pode acontecer está bem maior que antes, porém com uma incerteza maior sobre os danos que ocorrerão.
Explico: uma crítica aos relatórios anteriores era a pouca diversidade de artigos consultados para sustentar o nível dos impactos que nos aguarda. Agora, esse problema foi sanado. O Relatório do Grupo II prevê uma diversidade de impactos maior que antes, devido principalmente aos avanços científicos na área, porém não é taxativo em relação à intensidade desses mesmos impactos. Ou seja, hoje sabemos melhor que tipos de impacto esperar, mas temos uma certeza menor sobre a intensidade dos mesmos.
Ainda segundo o relatório do Grupo II, a humanidade já está sofrendo alguns desses impactos da mudança global do clima: aumento na frequência de eventos extremos, maior taxa de extinção de espécies, incêndios florestais, etc. Além disso, o documento apresenta uma visão mais aprofundada dos impactos na sociedade abordando, principalmente, a questão da segurança alimentar.
Como exemplo, o relatório reconhece que, em algumas áreas da Terra, a produtividade agrícola aumentará. Porém, no geral, podemos esperar uma perda global de produtividade com o consequente aumento no preço dos alimentos. E isso poderá aumentar, inclusive, as migrações humanas e os conflitos gerados por períodos extremos de seca. Neste cenário, obviamente, as populações mais pobres serão as que sofrerão mais.
Dissertando ainda sobre os outros vários impactos previstos pelos cenários modelados pelo IPCC, a principal conclusão do documento é que não estamos de forma alguma prontos ou adaptados para lidar com o futuro mais quente que se avizinha. A maciça transformação do nosso ambiente em escala planetária nos pegou, digamos, de surpresa. Por isso mesmo, a partir de agora a humanidade deve se juntar em um esforço comum resultando em iniciativas de adaptação e de direcionamento de nossas ações rumo a um modo de vida menos agressivo ao meio ambiente.
Se assim não agirmos, estaremos fazendo do IPCC a Cassandra de nosso tempo.
*Biólogo, Doutor em Ecologia e Recursos Naturais. 

terça-feira, 19 de maio de 2015

"Gases do efeito estufa alcançam novo recorde mundial"


  • DIÓXIDO DE CARBONO
  • |  ISTOÉ Online
  • | 06.Mai.15 - 14:31
  • | Atualizado em 12.Mai.15 - 22:57
"Gases do efeito estufa alcançam novo recorde mundial"
AFP
Cientistas do governo dos Estados Unidos indicaram nesta quarta-feira (6) que as concentrações globais de dióxido de carbono atingiram um recorde de média global de 400 partes por milhão em março. Em grandes quantidades, o dióxido de carbono é um poderoso e perigoso gás de efeito estufa, produto das atividades humanas, entre as quais a combustão de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, e o desmatamento.
"Pela primeira vez desde que medimos a concentração de dióxido de carbono na atmosfera global, a concentração mensal deste gás de efeito estufa ultrapassou 400 partes por milhão (ppm), em março de 2015", informou a Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) .
Em abril de 2014, as concentrações mensais de CO2 na atmosfera ultrapassaram 400 partes por milhão (ppm), mas apenas no hemisfério norte seu nível mais alto nos últimos 800.000 anos, ressaltou a NOAA.

O papa Francisco no redemoinho do clima

TEMPO

O papa Francisco no redemoinho do clima

Ele abraça a tese de que mudanças climáticas são resultado da ação humana e enfurece céticos do aquecimento global

CRISTINA GRILLO
 FONTE REVISTA ÉPOCA
10/05/2015 - 10h00 - Atualizado 10/05/2015 10h00
QUESTÃO MORAL O papa recebe uma lufada de vento na Praça São Pedro. Para ele, aderir  à causa tem conotações sociais (Foto: Gregorio Borgia/AP)
Ele já discorreu sobre temas controversos, como a aceitação de gays pela Igreja Católica e a ação de religiosos pedófilos. Negou a existência de fogo no inferno, de Adão e de Eva. Disse que católicos não precisam “procriar como coelhos” e que qualquer pessoa, quando provocada, tem o direito de revidar – esqueça aquela conversa de oferecer a outra face. Afirmou que justiça social “não é invenção comunista”. Em uma favela carioca, no auge das manifestações de 2013, ateou fogo aos jovens: pediu que fossem revolucionários e que se rebelassem. Na semana passada, chamou de machistas aqueles que atribuem às mulheres que trabalham fora a culpa pela crise das famílias – e disse que o fato de elas ganharem menos que os homens é “escandaloso”. Agora o papa Francisco se prepara para meter o santificado bedelho em mais um vespeiro: o aquecimento global.

Francisco prepara uma encíclica sobre meio ambiente, a primeira a se concentrar na relação dos seres humanos com a máxima criação divina – o planeta Terra. Uma encíclica é uma espécie de carta circular endereçada a bispos e cardeais, com diretrizes sobre determinados temas. Para desespero daqueles que contestam a responsabilidade dos seres humanos nas mudanças climáticas, o documento dirá que a ação do homem nesse campo é uma verdade comprovada pela ciência, e que reduzir esse impacto é um imperativo moral. No entender de Francisco, o aquecimento global afeta a todos, e principalmente os mais pobres – já que enchentes e maremotos, por exemplo, podem se tornar calamidades sociais. Daí a motivação moral e religiosa de se tratar do tema. Combater as mudanças climáticas seria, assim, uma questão de justiça social.
>> Leia mais no Blog do Planeta

Como bom estrategista de comunicação, o papa escolheu criteriosamente o momento para divulgar a preparação do documento, que deverá vir a público em junho. Em setembro, a ONU realizará em Nova York uma reunião para discutir metas de desenvolvimento sustentável. Francisco, que estará em visita aos Estados Unidos nesse período, foi convidado pelo secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, para participar do encontro. Três meses depois, em dezembro, Paris sediará a 21ª Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas (COP 21), na qual se espera que países se comprometam com metas de redução de emissão de gases e com regras  para a diminuição do aquecimento global. Ban Ki-moon conta com a pressão papal para que as negociações deslanchem.

Um rascunho da encíclica foi discutido no Vaticano, em encontro organizado pelas Pontifícias Academias de Ciências e de Ciências Sociais. Participaram líderes políticos, religiosos, empresários e cientistas. Na declaração final do encontro, afirma-se que a COP 21 pode ser a última oportunidade para a concretização de acordos que mantenham o aquecimento global em limites seguros para a humanidade. “A redução das mudanças climáticas exigirá uma rápida transformação para um mundo movido a energias renováveis e de baixa emissão de carbono; e de gerenciamento sustentável de ecossistemas”, diz o texto.
>> Aquecimento global, possível causa da guerra na Síria?

A possibilidade de intromissão papal na seara científica provocou a reação dos defensores da tese de que o homem não é responsável pelo aquecimento global.  No alto de sua página na internet, a ONG Heartland Institute, fundada pelos irmãos milionários americanos Charles e David Koch, do setor de petróleo, estampava o título: “Digam ao papa Francisco: aquecimento global não é uma crise”. Enquanto as lideranças se reuniam no Vaticano, a Heartland organizou um seminário em Roma sobre o tema. “O papa está sendo induzido ao erro pelos experts da ONU. Ele prestaria um desserviço a sua batina e ao mundo ao colocar sua autoridade moral sob a agenda não científica do clima das Nações Unidas”, disse Joseph Bast, presidente da Heartland.
 
ALIANÇA Francisco e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ban conta com “a autoridade moral” do papa para avançar em negociações sobre o clima (Foto: L’Osservatore Romano/AP)
A reação antecipada à encíclica papal não vem apenas de empresários como os Kochs. Robert Peter George, pensador da ala conservadora da Igreja, escreveu no jornal First Things que os católicos devem ter em mente que papas não são autoridades em assuntos científicos. Nem precisou citar Urbano VIII, que condenou Galileu Galilei por defender a tese de Copérnico – segundo a qual a Terra não era o centro do Universo, mas sim orbitava ao redor do Sol. O recado foi claro. Autor de livros como O que é casamento: homem e mulher, uma defesa, George diz que Francisco tem o direito e a responsabilidade de ensinar e unir católicos em questões de moral, inclusive quando se trata de suas obrigações com relação ao meio ambiente. Mas George afirma que o papa não sabe se, e em qual extensão, as mudanças climáticas das últimas décadas são causadas pelo homem. “E Deus não vai lhe contar isso”, escreveu.

Francisco não é o primeiro papa a se preocupar com questões ambientais. Seu antecessor, Bento XVI, costumava escrever sobre o tema. Em 2008, em encontro com padres na Itália, Bento disse que “Deus confiou ao homem a responsabilidade pela criação” e que enfrentar os problemas das mudanças climáticas era uma obrigação moral dos católicos. Ainda em 2008, ele acrescentou a poluição ambiental à lista de pecados capitais pelos quais os seguidores da religião devem pedir perdão. Bento, no entanto, era considerado excessivamente intelectualizado e com pouco carisma, de forma que suas advertências não foram adiante.
 
A possibilidade de encíclica papal sobre o aquecimento gerou críticas de empresários do petróleo e de católicos conservadores
Já a encíclica de Francisco, cujo rascunho tem o título provisório de Mudanças Climáticas e o Bem Comum, não deverá ficar restrita às discussões acadêmicas. Com seu carisma e sua forte visão de como usar os meios de comunicação, o papa levará adiante a discussão sobre a responsabilidade dos seres humanos na degradação ambiental. Ao tratar de um tema não exclusivamente religioso, a encíclica de Francisco poderá ter um impacto político tão forte quanto a Rerum Novarum (Das Coisas Novas), sobre as condições dos operários, escrita por Leão XII em 1891. Nela, o papa apoiava o direito de criar sindicatos e discutia as relações entre governo, empresários, operários e Igreja.

“Bento XVI vivia em uma torre de marfim. Escrevia livros e tinha a esperança de que eles mudassem as pessoas. O papa Francisco sabe como vender suas ideias”, diz o pensador católico Charles Reid Jr. O ringue da polêmica está armado. Para alguns ecologistas, a recusa da Igreja em aceitar métodos de controle de natalidade contribui para a degradação ambiental, já que a explosão demográfica pressiona os recursos do planeta. Nada que tire o sono de alguém que já disse que os católicos não precisam se reproduzir como coelhos. Um papa que, ao se despedir do presidente do Equador, Rafael Corrêa, aproveitou para contar mais uma de suas piadas sobre o ego dos argentinos. “Eles ficaram surpresos quando eu decidi me nomear Francisco. Esperavam que eu fosse Jesus II”, disse o ex-cardeal Jorge Mario Bergoglio. Francisco sabe que quem não tem bom humor não merece ser levado a sério – e, com convicção e sorrisos, coloca discussões espinhosas e atuais na agenda dos católicos.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

"Presidente da Sabesp descarta rodízio de água em SP neste ano"

  • CRISE HÍDRICA
  • |  ISTOÉ Online
  • | 13.Mai.15 - 14:59
  • | Atualizado em 17.Mai.15 - 02:48
"Presidente da Sabesp descarta rodízio de água em SP neste ano"
AE
O presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, descartou a necessidade de rodízio em São Paulo por causa da crise hídrica e esquivou-se de perguntas espinhosas feitas por vereadores da Câmara Municipal de São Paulo nesta quarta-feira, 13, durante audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura o contrato da empresa com a Prefeitura de São Paulo.

Kelman conseguiu deixar de responder qual seria o gatilho que detonaria o rodízio de água caso a crise permanecer Kelman afirmou que 'uma série de fatores' determinaria o rodízio, não apenas um volume mínimo de reserva de água nos reservatórios . Kelman afirmou que "uma série de fatores" determinaria o rodízio, não apenas um volume mínimo de reserva de água nos reservatórios. A afirmação foi feita depois de ele descartar, inicialmente, a necessidade de rodízio. "Não temos nenhuma previsão de rodízio porque diminuímos a dependência do Sistema Cantareira."