sexta-feira, 7 de outubro de 2016

As cidades mais verdes do mundo e suas lições de sustentabilidade
Que tal conhecer algumas delas de perto e depois aplicar suas estratégias na sua própria cidade? Algumas soluções são facilmente repetidas em casa
Fonte: VIAGEM E TURISMO   |   Por: Lívia Aguiar

Uma das grandes maravilhas de viajar é imergir em uma realidade totalmente diferente da nossa. Conhecer como as pessoas de outro lugar se relacionam, quais são os seus hábitos, suas lutas, problemas e maneiras de resolvê-los, contorná-los ou ignorá-los. Da mesma forma que é ótimo conhecer realidades muito melhores que a que vivemos e perceber o quanto ainda falta para melhorar, também é importante entrar em contato com outros lugares não tão legais assim em alguns aspectos e agradecer por tudo que já avançamos. E nem precisa ir a uma região muito pobre para perceber isso: se você reclama da internet no Brasil, basta uma viagenzinha à Itália para ver que nem todo país da Europa é tão bem resolvido nessa área assim.
O Sustainable Cities Index analisou 50 áreas urbanas pelo mundo e elegeu as mais sustentáveis delas, baseados em suas características econômicas, sociais e ambientais. E não se iluda de que elas já são um exemplo perfeito do que deve ser feito. Ainda há muito para mudar nos hábitos das pessoas e nas estruturas das metrópoles para alcançar o equilíbrio entre prosperidade econômica e cuidado com o meio ambiente – mesmo nas cidades da lista – e não existe fórmula mágica do sucesso. Mas as estratégias aprendidas por esses governos acima podem servir como pontapé inicial para a sua cidade.
Que tal parar de comparar o Brasil com a Escandinávia e tentar implantar aqui, com as devidas adaptações, as soluções que eles já testaram e aprovaram por lá? Algumas delas não precisam nem de ser aprovadas em lei ou orçamento participativo para começar a funcionar – já outras vão precisar de políticos engajados com a causa para acontecer (e o seu voto pode fazer a diferença!)

A cidade que é sede do Euro e reconhecida como um dos principais centros financeiros do mundo é também a urbe mais sustentável, de acordo com o Sustainable Cities Index. Há 25 anos, a cidade criou sua própria agência energética e começou a investir em produção de energia renovável produzida localmente. A cidade tem a meta de reduzir 10% das emissões de CO2 a cada 5 anos, o que resultará em um corte de 50% em 2030. Para realizar essa redução, a prefeitura investe em aumento de eficiência energética e redução de demanda residencial, comercial e nos setores de transporte e comunicações

Além do foco na redução energética, 15% de todos os transportes da cidade é feito de bicicleta, estimulados por diversos quilômetros de ciclovias, educação no trânsito fora delas e da possibilidade de levar a bike nos trens e metrô. Os cidadãos de Frankfurt também têm a vantagem de viver junto à maior floresta urbana da Alemanha, com mais de 8 mil hectares (um terço do território da cidade). Este cinturão verde que circunda Frankfurt serve não só como espaço de recreação como também define os limites da cidade, fazendo com que ela permaneça compacta.


Em 1957, o rio Tâmisa, que corta a cidade, foi considerado biologicamente morto, da mesma forma que vários rios urbanos brasileiros. Investimentos pesados na limpeza da bacia desde a década de 1960 fazem com que o rio seja hoje um exemplo de recuperação! Atualmente, vivem nele cerca de 125 espécies de peixes e mais de 400 espécies de invertebrados. Porém ainda há muito para ser feito pela cidade. Londres tem reduzido seus investimentos em infraestrutura nos últimos anos e está lutando para atender às demandas da população já existentes, sem falar no impacto de seu crescimento

Recentemente, o prefeito de Londres lançou um plano de metas para torná-la "A Melhor Cidade da Terra", considerando que a capital inglesa será o melhor lugar para trabalhar, viver, brincar, estudar, investir e negociar do planeta. O foco principal está em melhorias no setor de habitação, em busca de suprir as cerca de 49 mil novas casas que a cidade precisa anualmente para dar conta de sua população crescente. Londres também precisa melhorar sua cultura de consumo de energia, lixo e modalidades de transporte - e existem planos de tornar as águas do rio Tâmisa próprias para banho até 2023, instalando piscinas em seu leito abastecidas com água filtrada do rio. As obras já estão em andamento.


Quando a capital dinamarquesa fechou sua principal avenida do centro para pedestres, houve protestos da população, que acharam a medida um absurdo total. Porém os anos mostraram que a movimentação na rua aumentou exponencialmente, assim como as vendas das lojas e restaurantes da região. Sem dúvidas, é excelente para os turistas, que se movimentam pela cidade a pé, de bicicleta elétrica ou de metrô, nos deslocamentos mais longos.
Hoje, o centro histórico tem diversas ruas fechadas para carros, quase nenhuma vaga de estacionamento e a cidade flui com congestionamentos de bicicletas ocasionais: 55% das pessoas que vivem em Copenhague vão para o trabalho ou escola de bike. Seria de se esperar que o mar fosse poluído dentro da cidade, porém o processo de limpeza já tem 15 anos e hoje o porto conta até com pontos de banho no centro da Copenhague, com estrutura para os banhistas tomarem sol deitados na orla e escadas para entrar e sair das águas.


Amsterdã é uma cidade que encoraja investimentos em iniciativas sustentáveis, que produzem como "lixo" materiais que podem ser reaproveitados, e pesquisas em prol do meio ambiente sem perder o foco na lucratividade e desenvolvimento sustentável. Transporte movido a eletricidade vem crescendo na região e diversas empresas têm desenvolvido produtos verdes que fazem a diferença não só na Holanda, mas também no mundo todo.
A cultura do uso da bicicleta é difundida em toda a Holanda há várias décadas e a cidade estimula seu uso não só entre cidadãos de Amsterdã como também entre turistas, que têm diversos bike-tours, grátis e pagos, para escolher quando visitarem a cidade.

Roterdã – Holanda

Através do Programa de Sustentabilidade de Roterdã, a prefeitura lançou-se à ambição de tornar a cidade limpa, verde e saudável, com sustentabilidade contribuindo para uma economia forte. Um orçamento de 31 milhões de euros foi estipulado para melhorar a qualidade do ar, reduzir o barulho e as emissões de carbono pela metade até 2025.
Investimentos em construção de telhados verdes também tem sido pesado – a cidade conseguiu implantá-los em 160 mil metros quadrados até 2014 e pretende aumentar ainda mais. Os telhados verdes não só ajudam a absorver a água da chuva como limpam a atmosfera, reduzem a erosão do telhado e ajudam a equilibrar a temperatura do edifício, o que resulta em economia de energia para aquecê-lo ou resfria-lo.


Com uma população jovem e engajada, histórico de investimento em transporte público ao invés de carros e disposição para abraçar o novo, Berlim já largou na frente quando o assunto é sustentabilidade. Um eficiente sistema de caronas comunitárias aliado ao aumento do uso de bicicletas reduziu consideravelmente a quantidade de carros na cidade.
Além disso, Berlim tem uma população extremamente engajada na causa verde que disfruta da atmosfera de criação e colaboração estimulada pelo governo. São desenvolvidos projetos de urbanismo open-source do tipo faça-você-mesmo, espaços de co-habitação e coworking, jardins comunitários, arquitetura ecológica, projetos culturais e gastronômicos sustentáveis, entre outras. Existe até uma agência especializada em tours sustentáveis para guiar os turistas pelo que há de interessante e verde na cidade.


Assim como o Tâmisa em Londres, o rio Cheonggyecheon, que passa dentro de Seul, estava biologicamente morto, um esgotão canalizado escondido às vistas de todos e coberto por uma via de trânsito rápido, até que a prefeitura assumiu a responsabilidade de reinclui-lo à vida da cidade. Junto a esforços de limpeza e reabertura dos canais (e destruição da avenida), foi criado um parque linear multifuncional às suas margens, um oásis verde e público no centro da selva de pedra da capital sul coreana.
O governo também investiu pesadamente em transporte público para compensar o fim da via de acesso rápido. Em apenas 29 meses, a rodovia elevada se transformou em parque linear que vem aumentando a biodiversidade da região, reduziu as ilhas de calor do centro e a poluição do ar, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem no centro. Tem sempre alguma coisa acontecendo no parque: atividade esportiva, exposição artística, artistas de rua... Graças à sua eficiente iluminação noturna, ele está sempre cheio de gente em todas as horas do dia – uma inspiração para os milhares de rios escondidos pelo concreto das cidades brasileiras.


Ainda que as propriedades custem caro e haja muita poluição do ar, Hong Kong está na lista devido ao incentivo à criação de empresas sustentáveis e por ser um excelente lugar para se viver, com parques extensos, excelente rede de transporte público e baixas taxas de criminalidade.
Na área de negócios, a cidade é muito eficiente: os destaques vão para boas leis que incentivam negócios sustentáveis, transparência e conexões entre grandes corporações baseadas em Hong Kong, que atraem empresas de todos os continentes.

Madri  Espanha

Ano passado, Madri fechou o centro para carros como parte do projeto de reduzir as viagens em carros particulares de 29% para 23% em 2020. E eles não fazem falta: a cidade tem ampla rede de metrô, que atende o centro especialmente bem.
Outras ações para melhorar o trânsito são a criação e expansão de faixas exclusivas de ônibus, sistema regulamentado de estacionamento para carros e o aumento da frota de bicicletas elétricas públicas, as Bicimad, que podem ser utilizadas tanto por moradores quanto por turistas. Para reduzir o gasto com energia elétrica, todas as lâmpadas de iluminação pública da cidade foram substituídas por LED, que gerou uma economia de 44%!


Apenas 50 anos após sua independência da Malásia, a cidade-estado de Cingapura é um dos maiores centros financeiros do mundo, uma hub de transportes global e sede asiática de diversas empresas multinacionais. Grande parte de seu sucesso se deve a um plano que conecta o planejamento da cidade com requerimentos sociais e de negócios.
Com a população prevista para crescer mais de seis milhões até 2030, o governo se comprometeu a investir em mobilidade e conectividade de baixa emissão de carbono dentro da cidade, com duas novas linhas de metrô, extensão das quatro linhas de MRT (trem rápido), novo terminal aeroportuário, criação de trem de alta velocidade entre Cingapura e Malásia e recolocação de seu porto de contêineres. Com a previsão de envelhecimento da população, mais de 19% acima dos 65 anos de idade em 2030, a cidade também está aumentando sua estrutura para cuidar melhor de seus idosos, com criação e expansão de casas de cuidado comunitárias, hospitais especializados em geriatria e asilos.












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