terça-feira, 25 de agosto de 2015


Instituições financeiras anunciam US$ 400 bilhões para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

 O valor será financiado pelos bancos multilaterais de desenvolvimento e o FMI ao longo dos próximos três anos, buscando alcançar o desafio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Proteger o meio ambiente, reduzir a fome e a pobreza no mundo são alguns dos objetivos de desenvolvimento sustentável: Foto: ONU
Proteger o meio ambiente, reduzir a fome e a pobreza no mundo são alguns dos objetivos de desenvolvimento sustentável: Foto: ONU
Os bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sinalizaram nesta sexta-feira (10) planos para estender para 400 bilhões de dólares o financiamento ao longo dos próximos três anos. As entidades prometeram ainda trabalhar mais estreitamente com os parceiros dos setores público e privado para ajudar a mobilizar os recursos necessários para enfrentar o desafio histórico de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).
O anúncio veio às vésperas da Terceira Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento, em Addis Abeba, que terminará na próxima quinta-feira (16). O financiamento do desenvolvimento dos MDBs cresceu de 50 bilhões em 2001 para 127 bilhões de dólares em 2015. Para cada dólar investido por seus acionistas, os MDBs são capazes de aplicar entre dois e cinco dólares em novos financiamentos a cada ano. O voto para aumentar a sua contribuição para mais de 400 bilhões de dólares ao longo dos próximos três anos reflete os esforços para tornar ainda melhor a utilização de seus balanços.
Satisfazer as necessidades espantosas, mas alcançáveis da agenda de ODSs requer que todos possam fazer o melhor uso de cada dólar de cada fonte, e atrair e aumentar o investimento público e privado. A assistência oficial ao desenvolvimento, estimada em 135 bilhões de dólares por ano, fornece uma fonte fundamental de financiamento, especialmente nos países mais pobres e mais frágeis. Entretanto, as necessidades de investimento em infraestrutura por si só chegam a 1,5 trilhão de dólares por ano em países emergentes e em desenvolvimento.
“Temos de jogar fora os estereótipos de ajuda e pensar sobre o desenvolvimento de forma diferente. Trata-se da criação de oportunidades para todos, dando às pessoas uma chance igual para ter sucesso na vida, e preparar o mundo para lidar com os desafios da mudança climática e da próxima pandemia. Precisamos de trilhões, não bilhões, de dólares para atingir esses objetivos, e o dinheiro vai vir de várias fontes”, disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim. “Esses investimentos em pessoas irão ajudar a acabar com a pobreza extrema em apenas 15 anos”.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A ciência contra a fome

Não vai ser fácil alimentar 10 bilhões de pessoas. Mas, apertando um pouco e pesquisando muito, a gente pode chegar lá
POR Redação Super Daniel Azevedo



Para alimentar mais alguns bilhões de terráqueos, o lema entre cientistas e empresas é: produzir mais com menos. Para começar, é possível verticalizar a produção. Estamos falando de pilhas de miniestufas, prédios-horta que ocupariam muito menos área territorial para produzir muitas variedades de verduras e hortaliças. Em cada andar dessas estruturas poderia se criar um ambiente controlado, permitindo desenvolver todo o potencial genético das culturas e mais colheitas por ano.

Com o clima e manejo perfeitos, é possível triplicar a produtividade de rúcula, quadruplicar a de pimentão. Com tomates, a performance vai de 9 kg/m² para 80 kg/m², 800% de aumento. Uma verdadeira "fábrica" de hortifrútis. A técnica é muito cara para culturas que exigem maior escala, como grãos; ainda assim, pesquisadores brasileiros colheram 15 toneladas de trigo em um hectare (10 mil m2) controlado, quando a média é de apenas duas toneladas. Outra solução nesse sentido é a hidroponia, em que o vegetal é "plantado" em uma solução nutritiva de água e sais minerais num ambiente fechado. (Quando a solução é vaporizada, chama-se aeroponia.) A absorção de nutrientes é facilitada, as plantas crescem 50% mais rápido e costumam ter o dobro de volume - 4 m² podem render 30 pés de alface por mês. No Japão, a técnica já é utilizada para produzir vegetais até no subsolo de restaurantes. No futuro, se cada condomínio tivesse uma horta hidropônica, além de legumes e verduras fresquinhos, reduziríamos o trânsito, a poluição e abriríamos "espaço" para outras culturas no campo.

O prédio também pode ter inquilinos animais. Isso porque muitas pesquisas indicam que o gado e as aves se desenvolvem melhor quando suas "condições de vida" são mais confortáveis. O exemplo literal de mais com menos é a produção moderna de peixes. As tilápias em aquários chegam a ganhar 1 kg vivo com apenas 760 gramas de ração. A explicação é que elas também comem algas microscópicas que surgem espontaneamente nos reservatórios.

Por falar em algas, seu potencial de crescimento impressiona: pesquisadores de uma empresa brasileira conseguiram gerar 20 toneladas de matéria seca a partir de apenas 150 ml da alga Chlorella em nove dias. Verdade que, por enquanto, algas são mais usadas para produzir biocombustíveis, o que, de certa maneira, já é bom para liberar espaço para lavouras.

Mas nada supera o aproveitamento do que a ONU classificou como "uma excelente alternativa para alimentação da humanidade", "rica em nutrientes, barata, ecológica e deliciosa": insetos. Com técnicas apropriadas, traças, besouros e gafanhotos poderiam ser produzidos em casa, em recipientes de até 1 kg, garantindo 10% da dieta. Antes de virar a cara, saiba que estamos falando só do filé, o 1% comestível do conjunto de 1,5 milhão de espécies.

Genes contra a fome

As fundações dos edifícios-fazenda do futuro estão surgindo nos laboratórios de hoje. A seleção genética é uma velha aliada, permitindo que animais gerem mais carne com menos ração. Exemplo: em 1970, para engordar 1 kg, um suíno precisava comer 4 kg; hoje, precisa comer 2 kg; até 2030, será apenas 1,6 kg. Tudo isso pela escolha dos exemplares com melhores genes, sem qualquer hormônio. Na agricultura, especialistas calculam que a genética contribuiu com 2/3 do aumento de produtividade que as lavouras tiveram nos últimos 50 anos, a chamada Revolução Verde. (O resto se deve à evolução do manejo e dos melhores defensivos.) Até 2050, ela deve permitir mais 1/3 de produtividade, e até quadruplicar culturas cruciais como trigo ou cana.

Também já se investe muito em nutrigenômica, a interação entre a nutrição e os genes. Funciona assim: técnicas de mapeamento em nível molecular identificam os genes de interesse comercial que estão "desligados" e, a partir dos nutrientes certos, eles são ativados. Os animais alcançam o peso ideal comendo 20% menos ração - produzida com 75% menos minerais. Isso melhora a quantidade e a qualidade da carne produzid.

A próxima aposta é a nanotecnologia, que poderia ser uma alternativa aos transgênicos. Em vez de inserir um gene exótico na planta, a técnica permitiria "colar" nanopartículas no DNA sem alterá-lo. Isso possibilitará enriquecer os alimentos com vitaminas e outros nutrientes. Além disso, reduziria o uso de defensivos agrícolas - com um combate muito mais eficiente a doenças e pragas. Essas intervenções em nível atômico trariam benefícios na produtividade em geral, na minimização de perdas e na redução do impacto ambiental.

Cultivo controlado urbano. Novas técnicas de produção. Modificação em laboratório. Insetos e algas no cardápio. São avanços que podem resolver o problema de alimentação do mundo, mas que também podem trazer consequências inesperadas. A Revolução Verde deixou um legado de danos ambientais, exagero no uso dos agrotóxicos e modelos de produção que estão se esgotando. Da mesma forma, esta nova revolução também pode trazer obstáculos inesperados. Faz sentido trazer produção a agrícola e pecuária para metrópoles onde a falta de água já é um risco real? Soluções odem trazer novos problemas.
Mas, com ou sem edifícios-horta, uma solução é necessária. Ou vai faltar comida no prato.
Avanços no prato

Nutrigenômica

Alimentos que ligam genes bons aumentam a produção pecuária.

Bem-estar animal

Pesquisas mostram que rebanhos bem cuidados rendem mais.

Concentração de CO²

Há provas de que ele turbina lavouras. Ponto para fazendas urbanas.

Nanotecnologia

Partículas que deixam a planta imune a doenças e pragas.

Sem desperdício
Otimizar o processo é chave: hoje, 1/3 dos alimentos vai para o lixo.

Condomínio fazenda

Verticalizar a produção de comida já é possível. No futuro, deve ser comum

Cobertura

Ambientes controlados


No Japão, restaurantes e famílias já têm suas próprias hortas hidropônicas - às vezes até no subsolo. A produção controlada de cereais é mais cara, mas pesquisadores brasileiros já testaram a técnica em um hectare de trigo e conseguiram quintuplicar sua produtividade.

3º andar

Algas

Elas são excelentes fontes de proteína e algumas espécies são capazes de quadruplicar sua biomassa a cada dia. Só isso seria motivo para imaginá-las cada vez mais presentes no cardápio humano.

2º andar

Insetos


A ONU recomenda. Um recipiente de 1 kg é o suficiente para garantir 10% da dieta de uma família. Além do alto índice de proteína (barata, 60%, boi, 28%), são ecológicos: com a mesma ração de um bovino, geram oito vezes mais comida.

1º andar

Fábrica hortifrúti


O gerenciamento do clima e o manejo científico da horta geram um crescimento exponencial da produção de alimentos como tomate, rúcula, pimentão e pepino.

Térreo

Peixes e pecuária


Na piscicultura, os peixes ganham mais peso do que comem - beliscam microalgas que se formam nos tanques. E a criação moderna de gado e aves alia espaços pequenos com bem-estar animal.

Subsolo

Aves e Suínos

Melhorar as "condições de vida" aumenta a produtividade. Porcos ganham massageadores e brinquedos, e aves ganham mais espaço e ar-condicionado.
Fonte: Super Interessante



Desde 2001, quando era governador do Rio de Janeiro (assumi em 1999) e anunciei que seria candidato a Presidente da República comecei a ser perseguido pelas Organizações Globo, pela Veja, por outros veículos da mídia, pelos bancos e outros poderosos que pelo meu perfil popular viam em mim uma ameaça.

Em 2002 enfrentei esses poderosos, pelo PSB, um partido pequeno na época, que nem existia em todos os estados e tive 15 milhões de votos, quase fui para o 2º turno da eleição presidencial. Nessa mesma eleição, Rosinha Garotinho foi eleita no 1º turno para o governo do Rio de Janeiro. E é bom frisar que não tínhamos a máquina estadual nas mãos. Em abril de 2002 eu renunciei ao governo do Rio para disputar a eleição presidencial e quem assumiu foi minha vice, Benedita da Silva, portanto era o PT quem tinha nas mãos a máquina estadual. Isso deixou os poderosos em polvorosa. Diziam que era preciso dar um jeito no Garotinho. Lula, eleito presidente me convidou para ser seu ministro. Como recusei, o PT, com José Dirceu à frente, também decidiu que era preciso barrar o Garotinho.

Começou então na mídia uma campanha insidiosa, com ataques, mentiras, tudo para atingir a minha imagem. Em 2005, Rosinha vinha fazendo um bom governo e as pesquisas me apontavam como forte candidato à presidência, agora pelo PMDB. Dentro do partido tinha o apoio das maioria que vibrava porque pela primeira vez em muitos anos o PMDB tinha a possibilidade de disputar com muitas chances a presidência. Foi aí que começaram a pipocar manchetes dos veículos das Organizações Globo sempre negativas, com acusações a mim e a Rosinha. A Veja chegou ao ponto de fazer uma capa onde colocava a minha imagem com chifres de diabo. Dentro do PMDB, os caciques tinham medo da minha independência. Mesmo eu tendo vencido as prévias do PMDB, a turma da velha política do partido deu um golpe e impediu minha candidatura para apoiar Lula à reeleição.

Por conta do medo dos poderosos, do PT e da turma do "toma lá, dá cá" do PMDB os ataques contra mim se acirraram com a colaboração de setores do MP Estadual que agiam politicamente. Me acusaram de tudo, sempre com manchetes de primeira página, mesmo quando tudo não passava de ilações dos repórteres. Até sentença contra mim armaram. Tive que lutar muito na Justiça para provar que tinha mãos limpas.

As acusações foram caindo uma a uma, a Justiça foi me inocentando de cada acusação, mas o prejuízo moral não teve reparação, atingiram minha honra, fizeram muitas pessoas acreditarem que eu era um mau político. O PT chegou ao ponto de usar a Polícia Federal para dar uma batida na minha casa à procura de armas, pasmem. Depois, Rosinha já eleita Prefeita de Campos, em 2010, foi afastada o cargo por uma decisão judicial absurda do TRE-RJ, ficou sete meses fora, só este ano a ação transitou em julgado no TSE com a decisão que inocentou Rosinha e a mim. Mas ninguém viu isso nos jornais. Nem uma linha foi dada sobre a decisão que nos inocentou, enquanto na época do afastamento de Rosinha foram páginas e mais páginas, manchetes e mais manchetes, tudo contra nós.

E porque estou relembrando tudo isso agora? Porque, como disse o tempo tem se encarregado de mostrar quem tem as mãos limpas, como eu tenho. Jamais um político foi tão atacado e tantas suspeitas foram lançadas sobre ele, como aconteceu comigo. Há algum tempo só se ouve falar de políticos que vivem viajando para farras no exterior, que andam de jatinhos e helicópteros, que têm mansões, fazendas, iates, que levam vida de milionários. É bom deixar claro que continuo morando na mesma casa de classe média, em Campos, onde moraram meus pais, uma casa simples, sem luxos. No Rio de Janeiro, alugo um apartamento no Flamengo. O meu padrão de vida é de classe média. Não tenho dinheiro no exterior, fui vasculhado de todas as formas e não acharam nada, porque não havia nada para achar.

Enquanto isso, para citar casos do Rio de Janeiro, Cabral e Pezão estão sendo investigados por suspeita de corrupção de R$ 30 milhões do Petrolão. Eduardo Cunha está denunciado sob acusação de ter recebido propina de US$ 5 milhões. Lindbergh Farias (PT) e outros políticos do Rio de Janeiro também são acusados de receberem dinheiro do Petrolão. Acharam US$ 8 milhões em contas não declaradas da família de Eduardo Paes, no Panamá. A roubalheira tomou conta do Rio de Janeiro, o superfaturamento de obras e contratos ultrapassa todos os limites já vistos, a ponto de quebrarem o nosso estado. A cada dia surge um novo caso de corrupção. Como deputado federal cansei de ocupar a tribuna da Câmara para mostrar os desvios de dinheiro, a corrupção no Rio de Janeiro, sempre dando nome e sobrenome dos envolvidos, e mostrando documentos. Aliás, mesmo com todas essas perseguições me elegi em 2010, como o deputado federal mais votado da história do Rio de Janeiro com 700 mil votos.

Que cada um se defenda, mas que as autoridades responsáveis não se omitam, investiguem a fundo, como sempre fizeram comigo. Existem muitos escândalos de corrupção no Rio de Janeiro que foram abafados, nunca foram apurados. Muitos políticos do Rio de Janeiro enriqueceram nos últimos anos. Eu tenho minha consciência tranquila, mas o povo do Rio de Janeiro tem o direito de saber quem não tem as mãos limpas. Que a Justiça faça justiça não é pedir demais. 

domingo, 23 de agosto de 2015


Reprodução do Diário do Poder
Reprodução do Diário do Poder


A jogada de marketing de Eduardo Cunha era marcar a posição de ser o grande opositor do governo. É o mesmo que Aécio tenta consolidar. E com o governo afundando, Cunha até conseguiu o apoio de setores que passaram a vê-lo como mal necessário, de repente passaram a relevar toda trajetória dele. Cunha queria que a percepção da população fosse de que ele é quem enfrenta o governo.

Cunha só não percebeu que a delação premiada de Julio Camargo fez a maré, que estava a seu favor, virar. Uma coisa é os jornais dizerem que um delator da Lava Jato acusou Cunha de receber propina. Mas no caso em questão foram divulgadas as imagens. Todo mundo viu na televisão ou na internet Júlio Camargo contar com todas as letras como Cunha cobrou a propina de US$ 5 milhões (relembrem abaixo). O efeito foi muito mais devastador. Ali Cunha, se não estivesse descontrolado, cego pelo ódio, movido pelo desejo de vingança deveria ter escolhido outro caminho. Estava na cara que aquela delação teria consequências inevitáveis, como aconteceu agora com denúncia do MPF. Cunha poderia ter começado a plantar junto aos seus aliados a semente da solidariedade para receber apoio na hora mais difícil. Mas não, preferiu ir para a guerra aberta contra o governo e o MPF, ignorar os aliados, usar a Câmara em benefício pessoal - como frisou o Procurador Rodrigo Janot - enfim, plantou mal, agora vai começar a colher os frutos ruins.

A percepção sobre Cunha mudou. Muita gente que chegou a ver nele o grande opositor do governo, hoje colou nele a imagem de envolvido no Petrolão, das propinas milionárias. Claro que ele tem direito a defesa, mas na cabeça da maioria já está consolidada outra imagem.

Ontem mesmo, um grupo de parlamentares de 10 partidos começou a cobrar a renúncia do cargo de presidente da Câmara. Hoje, mesmo entre seus aliados, muitos já não querem se expor o apoiando. O acordo entre a Presidente Dilma, Michel Temer e Renan Calheiros isolou ainda mais Cunha. Na próxima semana será travada mais essa batalha na Câmara. Cunha está cada vez mais enfraquecido, mas vai se agarrar ao cargo de todas as maneiras. Pode até sobreviver por um tempo, é imprevisível, mas já perdeu grande parte do poder que detinha. Isso é irreversível.


 
FONTE BLOG DO GROTINHO

‘É possível tornar o direito à água e ao saneamento uma realidade para todos’, diz especialista da ONU

Casas à beira da Via Estrutural, no Distrito Federal: saneamento deve chegar aos mais pobres, diz relator da ONU. Foto: Elza Fiúza/ABr
Casas à beira da Via Estrutural, no Distrito Federal: direito ao saneamento foi declarado um direito humano pela Assembleia Geral da ONU em 2010. Foto: Elza Fiúza/ABr
Marcando o quinto aniversário da resolução da Assembleia Geral sobre o direito humano à água e ao saneamento, o relator especial das Nações Unidas sobre o tema, o brasileiro Léo Heller, disse na segunda-feira (27) que apesar de grandes desafios, transformar esse direito em realidade é possível.
“Cinco anos atrás, hoje, os Estados-Membros das Nações Unidas reconheciam explicitamente o direito humano à água e ao saneamento na Assembleia Geral. E isso significa que, como um direito humano, todas as pessoas, sem discriminação, devem ter acesso à água potável e ao saneamento, que é acessível, aceitável, disponível e segura”, declarou Heller.
O relator especial lembrou que ainda há um longo caminho a percorrer para tornar este direito uma realidade para todos, para ter um mundo onde o acesso universal à água, ao saneamento e à higiene seja atingido por todos os que vivem em assentamentos informais. Citando o conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que deverão ser adotados em setembro, Heller destacou que esse acordo global representará uma oportunidade para chegar a esta realidade nos próximos 15 anos, através do forte empenho de todos os países. “Com uma forte vontade política, isso é possível”, adicionou.
Léo Heller é o segundo relator especial da ONU sobre o direito humano à água potável e ao saneamento, nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos, em novembro de 2014. Heller atualmente é pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz, no Brasil. Anteriormente, foi professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais, no Brasil entre 1990 e 2014.
Fonte: Nações Unidas do Brasil

sábado, 22 de agosto de 2015

No Ano Internacional da Luz, 1,5 bilhão de pessoas vivem no escuro pelo mundo

Aproximadamente 190 mil famílias brasileiras ainda vivem sem energia elétrica, a maior parte, na zona rural

por Maiana Diniz - Agência Brasil
     
Fagner Drayton Martins/Sua Foto

Apagando a luz em São Tomé das Letras, Minas Gerais

Ano Internacional da Luz, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para sensibilizar os governos do mundo sobre o acesso à energia elétrica, será comemorado ao longo de 2015. De acordo com a ONU, apesar de todos os avanços científicos da humanidade, 1,5 bilhão de pessoas ainda vivem sem energia no mundo.
Os desdobramentos do problema são muitos, entre eles, a impossibilidade de estudar à noite, dificuldade de acesso à informação, desperdício de comida por falta de geladeira e insegurança. Segundo a Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco), a prática cultural no continente africano de usar querosene como combustível para lamparinas mata 1,5 milhões de pessoas por ano e é uma das principais causas de problemas respiratórios em milhões de moradores da região.
No Brasil, há 12 anos, o governo tenta universalizar o acesso à energia elétrica por meio do Programa Luz para Todos. Entretanto, boa parte da população continua sem luz. Segundo o diretor do programa, Aurélio Pavão, do Ministério de Minas e Energia, aproximadamente 190 mil famílias brasileiras ainda vivem sem energia, a maior parte, na zona rural.
Para o diretor, o avanço foi significativo desde 2002, quando o ministério estimou que 10 milhões de pessoas, cerca de 2 milhões de moradias, não tinham luz no país. “Em maio de 2009, o programa cumpriu a meta dos 10 milhões. À medida que avançamos, identificamos novas famílias e novos domicílios no meio rural que também precisavam de energia. O programa já levou energia a 15,5 milhões de pessoas”, esclareceu Pavão.
Ele explicou que são três as razões para a construção de muitas novas casas no país nos últimos anos: “O crescimento econômico, que gerou mais construções nas propriedades familiares, retorno de muitas famílias ao campo e os programas de assistência social, como Bolsa Família, que incrementou a renda das famílias".
Segundo Aurélio Pavão, nas regiões Sul e Sudeste e parte do Nordeste o acesso à luz já está universalizado. “A partir de agora, nosso maior desafio são alguns estados do Nordeste, principalmente Bahia, Piauí, Maranhão e Alagoas, além de Goiás, no Centro-oeste, e toda a Região Norte", listou. O novo prazo para universalização de energia no país é 2018.
Além das 190 mil residências mapeadas pelo ministério, Aurélio Pavão destacou a existência de comunidades isoladas na Amazônia. Elas não estão contabilizadas, mas não têm energia. Pavão explicou que o problema de levar energia para a região são as dificuldades de logística e obstáculos naturais.
Para superar os problemas, o programa foi modernizado com o uso de novas tecnologias, como cabos subaquáticos, postes de fibra de vidro, que boiam facilitando transporte pelos rios, e uso de energia solar. “Em tese, ainda temos uma população grande para atender nessa região, mas a o ministério está conseguindo avançar bastante”, acrescentou.
Até maio de 2015, os investimentos no programa Luz para Todos chegavam a R$ 22,7 bilhões.

Arquiteto cria torre que coleta água potável a partir do ar

Estrutura foi desenvolvida para beneficiar comunidades carentes na Etiópia.
Cerca de um terço da população mundial não tem acesso a água limpa.

Taís LaportaDo G1, em São Paulo
Torre do projeto WarkaWater é instalada em comunidade carente na Etiópia (Foto: Divulgação/Architecture and Vision)Torre do projeto WarkaWater é instalada em comunidade carente na Etiópia (Foto: Divulgação/Architecture and Vision)
Um projeto criado na Itália pode ajudar a ampliar o acesso a água potável em locais afetados pela falta de chuvas. Pelo menos um terço da população mundial – cerca de 2,4 bilhões de pessoas – ainda não consome água tratada, segundo relatório da Unicef e da World Health Organization (WHO) divulgado em junho.

Arquiteto e designer italiano Arturo Vittori criou uma espécie de torre de cerca de 10 metros de altura que coleta água adequada para beber a partir do ar. Batizado de WarkaWater, o projeto foi concebido para comunidades rurais em áreas da Etiópia, na África, que sofrem com a falta de água limpa.
Segundo o site oficial do projeto, do Architecture and Vision, a torre pesa em torno de 90 quilos e possui cinco módulos que podem ser construídos pelos próprios moradores das comunidades beneficiadas.
A torre pode ser montada em qualquer local sem a necessidade de usar equipamentos elétricos ou andaimes. A estrutura, explica o escritório de Vittori, é feita de materiais recicláveis e biodegradáveis.
A torre tem capacidade para coletar cerca de 100 litros de água potável por dia por meio de um tecido especial que fica no interior da torre. Cada unidade custa US$ 500.
De acordo com o escritório de Vittori, Architecture and Vision, o formato de cone melhora a estabilidade e otimiza o transporte e armazenamento da torre. A estrutura em formato de "coroa" sobre a torre foi projetada para espantar pássaros e manter a água protegida destes animais.
Acesso a água potável no planeta
O último relatório da Unicef mostrou que o acesso à água potável no planeta avançou em vários países nas últimas décadas, mas a falta de progresso nos serviços de saneamento básico ameaça minar os avanços obtidos.
Cerca de 2,6 milhões de pessoas passaram a acessar o recurso desde 1990, e 91% da população mundial já viu melhorias na qualidade de água que consomem para beber – e esse número continua crescendo.
Comunidade recebe torre que transforma ar em água potável (Foto: Divulgação/Architecture and Vision)Comunidade recebe torre que transforma ar em água potável (Foto: Divulgação/Architecture and Vision)Fonte: Globo.com

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Líbano: país está à beira de uma catástrofe por crise dos resíduos
planetasf.wordpress.com
Beirute, Líbano
O Ministro de Saúde do Líbano, Wael Abu Faur, advertiu em 17/08 que o país está próximo de "uma catástrofe sanitária" e que o ar, os alimentos, a água e a saúde dos libaneses estão em risco por causa da atual crise do lixo. "O governo deve tomar medidas imediatas. O lixo está empilhado perto de restaurantes, hospitais, creches e colégios, o que me obriga a dizer que estamos à beira de uma grande catástrofe sanitária", disse o ministro.

Segundo o Ministro, o ministério emitirá recomendações e ordens, e aumentará os controles nas empresas alimentares e em hospitais para "diminuir o perigo".

A crise dos resíduos começou após o fechamento do despejo de Naame, em 17 de julho, e o fim do contrato com a sociedade Sukleen, encarregada de recolher o lixo.

Isto afeta, sobretudo as regiões de Beirute e Monte Líbano, no centro do país, e até agora o governo fracassou em encontrar soluções, alternativas devido as divergências entre as forças políticas. "Estamos em um beco sem saída. Os responsáveis devem de deixar de lado seus cálculos políticos", acrescentou Abu Faur, que anunciou que tentará alcançar acordos com os municípios para a gestão da crise.

O ministro insistiu que os cidadãos não são responsáveis, mas sim o governo, e propôs formar um comitê de crise com as pastas de Saúde, Meio Ambiente, Economia, Indústria, Interior e Agricultura.

O parlamento e o governo estão paralisados pelas desavenças entre os grupos políticos, que impediram a escolha de um novo presidente, posto vago desde 25 de maio de 2014.

Em 30 de julho, o primeiro-ministro libanês, Tamam Salam, voltou a levantar a possibilidade de renunciar se a paralisia do Executivo não for desbloqueada e a crise do lixo resolvida.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Justiça nega criação de camarões em manguezais no RN
06/2015


Uma boa notícia para a costa e mangues brasileiros: o Tribunal Regional Federal negou o recurso da  Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC) que pedia a liberação da prática da criação de camarões (carcinicultura) em áreas de preservação permanente (APP) no Rio Grande do Norte, para viveiros consolidados até 22 de julho de 2008. A carcinicultura é reconhecida por pesquisadores e ambientalistas como causadora de danos ambientais e às condições de vida das comunidades tradicionais estabelecidas nas áreas em que a atividade se instala.
O recurso da ABCC questionava uma sentença da Justiça Federal no Rio Grande do Norte, que já havia negado o pedido da entidade para que esses criadouros pudessem funcionar em manguezais. Segundo o argumento da ABCC, a carcinicultura deveria ser caracterizada como atividade de natureza agrossilvipastoril. Com isso, estaria enquadrada nos artigos 61-A e 61-B da Lei 12.651/12 (Novo Código Florestal), que permite a continuidade de práticas agrossilvipastoris em APPs, como no caso dos mangues, desde que estivessem consolidadas até 22 de julho de 2008.
A decisão, emitida pela Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF5), acolheu o parecer do Ministério Público Federal (MPF), emitido pela Procuradoria Regional da República da 5ª Região (PRR5). Para o MPF, o termo agrossilvipastoril se refere a uma prática sustentável envolvendo a integração dos componentes agrícola, pecuário e florestal, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área, o que não é o caso da criação de camarões, que, na verdade, implica a destruição da floresta de mangue. “A prática da carcinicultura não se insere nas atividades agrossilvipastoris, que correspondem à prática simultânea ou sucessiva, em uma mesma área, das atividades de agricultura, silvicultura e pecuária”, disse o parecer.
Além disso, o MPF ressaltou que o §6.º do artigo 11-A do Código Florestal trata especificamente da atividade de carcinicultura e prevê anistia apenas aos criadouros estabelecidos antes de julho de 2008 que estivessem localizados em apicum ou salgado, e desde que fosse garantida a integridade absoluta dos manguezais arbustivos adjacentes. “Não se pode, portanto, anistiar justamente quem desmatou manguezal, como pretende a ação proposta pela ABCC”, diz o MPF.
Com informações do Globo Rural 
Energia solar produz água no sertão potiguar

Publicado por http://www.ecodesenvolvimento.org/
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Sistema é alimentado por energia solar
Foto: Rayane Mainara
O assentamento Maria da Paz, situado no município de João Câmara (RN), recebeu na quarta-feira, 17 de junho, o primeiro sistema de dessalinização alimentado por energia solar. O projeto piloto do governo federal, em parceria com o governo do Rio Grande do Norte, ofertará água potável para 220 pessoas só nessa localidade.
O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ney Maranhão, destacou três vantagens significativas do sistema de dessalinização solar: "Agora podemos atender localidades que tenham energia deficitária”, disse. “Os painéis fotovoltaicos garantem maior autonomia às comunidades, que deixam de depender da prefeitura ou outra instituição para arcar com a conta de luz e o custo per capita da adaptação para captar a energia do sol é baixo."
Os moradores do assentamento assistiram a cerimônia de entrega deste e de outros cinco sistemas que já estão operando em comunidades vizinhas, que beneficiarão 1.500 pessoas. Foram entregues os dessalinizadores das comunidades Açucena e Boa Sorte, também no município de João Câmara, Limão/Limoeiro, no município de Parazinho, Bom Sucesso, no município de Pedra Grande e Catinga Grande no município de São José do Seridó.
O convênio com o Estado do Rio Grande do Norte tem como meta a implantação, recuperação e gestão de 153 sistemas de dessalinização
Sofrimento
Dona Maria de Fátima, merendeira da única escola local e moradora do assentamento há mais de 12 anos, relatou o grande sofrimento da comunidade com a falta d'água. Ela contou que, enquanto algumas famílias conseguiam comprar água mineral para beber, outras tinham que beber a água que colhem da chuva (hábito comum na região).
"A água da chuva que a gente junta de cisterna é suja, vem das telhas, carrega até inseto. É água que serve pra gente lavar roupa, usar no banheiro, mas não para tomar, mas como não tinha outra a gente tomava", lembrou. "As crianças tinham muito verme, diarréia. Era muito difícil."
Ela se anima ao contar como mudou depois da chegada do Água Doce: "Hoje nós temos água boa, limpa. Essa água é de qualidade, é melhor que água mineral e é suficiente para a comunidade toda beber e cozinhar. É uma riqueza, a maior riqueza que poderíamos ter. Parece que estamos no céu", afirmou.
O presidente da Associação Comunitária do Assentamento Maria da Paz, João Maria Martins, afirmou que o PAD veio para mudar a situação local: "A gente tinha dois poços desativados e com o programa conseguimos reativar um dos poços. O Programa Água Doce foi um sonho, resolveu muita coisa aqui", assegurou.
Tendência
O coordenador Nacional do Programa Água Doce, Renato Ferreira, explicou que a unidade é um projeto piloto e a tendência é que ela seja implantada em outras comunidades rurais, pois o sistema aumenta a sustentabilidade energética, ambiental e social da comunidade. “Esse sistema utiliza energia limpa e ainda fornece uma autonomia para a comunidade que deixa de se preocupar com conta de luz”, ressaltou.
Para a coordenadora estadual do PAD e secretaria adjunta de Recursos Hídricos, Ieda Cortez, o programa é muito importante para essa região marcada por assentamentos, pois traz uma solução permanente diante da escassez de recursos hídricos vivenciada no local. “O Rio Grande do Norte é o estado que tem uma incidência solar altíssima e temos que aproveitar isso, levar para outras regiões do estado como o Seridó, Autoeste e o Agreste", destacou.
Saiba mais
O Programa Água Doce tem por objetivo estabelecer política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano, por meio do aproveitamento sustentável de águas subterrâneas, incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na implantação, recuperação e gestão de sistemas de dessalinização. É uma ação realizada em parceria com diversas instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil.
O convênio com o Estado do Rio Grande do Norte tem como meta a implantação, recuperação e gestão de 153 sistemas de dessalinização, no valor de R$ 20 milhões, beneficiando 61,2 mil pessoas.
(Por Rafaela Ribeiro, do Ministério do Meio Ambiente)