quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Balé no Mar(BALEIA FRANCA)

Balé no Mar

As melhores alternativas para avistar as baleias francas no litoral sul de Santa Catarina

-  A  A  +
Fabrício Brasiliense
Viagem e Turismo - 11/2014
Luis Esnal/Creative Commons


Qual é a melhor época para ver as baleias em Santa Catarina e como funciona o passeio de barco para observá-las? A pergunta foi feita pela leitora da revista Viagem e Turismo, Paôla Sebben, de Curitiba.

A diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca Brasil,Karina Groch, alerta que os passeios de barco na área de proteção ambiental Baleia Franca, que vai da praia da Pinheira à do Rincão, estão proibidos desde maio do ano passado. Como não existem estudos de impacto desse tipo de turismo na re¬gião, a Justiça entendeu que a atividade poderia colocar as ba¬leias em risco.

A suspensão não é definitiva, mas não há previsão de revogação. Karina Groch avisa: “As baleias francas podem ser facilmente observadas da terra. Elas são uma espécie de hábitos costeiros, se aproximam da praia no período reprodutivo e ficam logo depois da arrebentação ou próximas aos costões. Nos dias de mar calmo e céu aberto, a avistagem é mais fácil, especialmente nas praias da Gamboa, em Garopaba, e da Ribanceira, em Imbituba. É lá que elas ficam por mais tempo na temporada, que vai de julho a novembro – setembro costuma ser o mês em que elas aparecem em maior quantidade”.

Karina revela que na sede do projeto, na Praia de Itapirubá, há um deque bacana para observação e biólogos à disposição dos visitantes. “Nosso site* mantém um mapa atualizado com a localização mais recente das baleias”. 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O que acontece se o sistema Cantareira secar ?

O que acontece se o sistema Cantareira secar

As sete represas do sistema Cantareira, que abastecem mais de 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, estão com apenas 6% do volume total de sua capacidade

BRUNO CALIXTO 12/2014 
Fundo seco em uma represa em São Paulo (Foto: Luis Moura / Parceiro / Agência O Globo)
As sete represas do sistema Cantareira, que abastecem mais de 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, estão com apenas 6% do volume total de sua capacidade. O governo de São Paulo já utilizou duas cotas do volume morto, a reserva de água que fica abaixo do sistema de captação, e ainda assim os níveis continuam caindo. Para piorar, a previsão do tempo não é nada boa: ao que tudo indica, as chuvas neste verão ficarão abaixo da média mais uma vez. A possibilidade de a água dos reservatórios acabar é real. O que acontece se o sistema secar?
Segundo o professor Antonio Carlos Zuffo, pesquisador da área de recursos hídricos da Unicamp, se a Catareira secar, São Paulo ficará completamente dependente da vazão natural dos rios. "Não será um desabastecimento completo porque ainda poderemos contar com a vazão natural." É a água que chega na Cantareira pelas nascentes, rios e chuvas. Acontece que a vazão natural é insuficiente para atender a região metropolitana de São Paulo e as cidades da bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que também dependem da Cantareira.
Segundo Zuffo, se isso acontecer, São Paulo viverá um cenário de privação. "Será uma restrição brutal do uso da água. A vazão natural não consegue abastecer a todos, então teríamos uma situação de privação, de racionamento. As pessoas não terão água o tempo todo - elas serão abastecidas uma, duas vezes por semana, durante algumas horas por dia", diz. Nesse cenário, os consumidores só serão atendidos se chover e entrar água no sistema, já que não haverá água nos reservatórios.
A matemática para evitar o cenário mais extremo não é simples. Depende de chuvas próximas da média, o que até o momento não aconteceu, e diminuição do consumo. Segundo o pesquisador da Unicamp, para que 2015 não seja pior do que este ano, precisamos recuperar toda a água utilizada do volume morto – já retiramos o equivalente a 23% do sistema de água do volume morto – e chegar a abril com 10% do volume útil da Cantareira. Qualquer recuperação menor do que essa significará uma situação ainda mais complicada para São Paulo no ano que vem.

Ginseng brasileiro: da várzea aos holofotes

Ginseng brasileiro: da várzea aos holofotes

Combate de agentes causadores de doenças, produção de energia e matéria prima para a indústria de cosméticos. Conheça as utilidades dessa planta medicinal

por Liana JohnFonte: Planeta Sustetável
     
Costa PPPR – Creative Commons

NG - Folhas de ginseng brasileiro (Pfaffia glomerata)

Folhas de ginseng brasileiro (Pfaffia glomerata)
As raízes se parecem: tuberosas, bifurcadas, às vezes com o formato de troncos humanos, com pernas e braços. Os usos populares se confundem: dizem que todos são afrodisíacos, tônicos, tranquilizantes, cicatrizantes, regeneradores do sangue e ainda tratam diabetes, reumatismos, diarreias, inflamações, febre, hemorroidas, distúrbios gástricos e anemias. Os nomes vulgares começam todos com ginseng: asiático, americano, paraguaio, brasileiro.
Mas essas semelhanças pedem muito cuidado e boas doses de pesquisa: antes de tomar um ginseng por outro, é melhor prestar atenção ao nome científico da planta e checar o que de fato já foi comprovado por estudos confiáveis para aquela espécie.
Veja o exemplo do ginseng brasileiro, cujo nome científico é Pfaffia glomerata. Trata-se de uma planta perene de meio metro a 2,5 metros de altura, mais comum na bacia dos rios Paraguai e Paraná, sobretudo no Mato Grosso do Sul, onde ocorre nas matas ciliares, nas margens dos rios, nas capoeiras úmidas e nos campos de inundação. Apesar de ter uma raiz parecida com a do ginseng asiático – o “original”, digamos assim, consumido há pelo menos 5 mil anos na China – tem folhas bem diferentes, flores brancas em lugar de vermelhas e pertence a outra família: Amaranthaceae. O ginseng asiático (Panax ginseng), o americano (Panax quinquefolius) e o paraguaio (Panax japonicus) são da família Apiaceae.
Apesar da fama de servir “para-tudo”, nos circuitos mais sérios o ginseng brasileiro é consumido apenas como fitoterápico auxiliar no tratamento da perda de memória, sobretudo a memória de curto prazo e a declarativa. O princípio ativo associado a esse uso é a b-ecdisona.
Os demais poderes atribuídos ao ginseng asiático e transferidos ao ginseng brasileiro por semelhança ainda não são comprovados. A atividade antidiabética atribuída a seu extrato, por exemplo, não passou nos testes com ratos, em um estudo realizado nas faculdades de Farmácia das universidades Estadual de Maringá (UEM) e Paranaense (Unipar), por uma equipe coordenada por Diógenes Aparício Garcia Cortez. Os pesquisadores não verificaram redução de glicemia nos animais tratados com o ginseng brasileiro.
Em compensação, o mesmo grupo de cientistas atestou a eficácia da planta nacional para matarmoluscos como o caramujo Biomphalaria glabrata, hospedeiro dos vermes do gênero Schistosoma, causadores da esquistossomose ou barriga d’água. Após 24 horas em contato com extratos brutos metanólicos de Pfaffia glomerata a temperatura ambiente, a mortalidade dos caramujos foi de 100%. A solução inicial era de 400 ppm e depois foram testadas outras concentrações, chegando a uma dose ideal de 200 ppm com os mesmo 100% de mortalidade dos moluscos.
O ginseng brasileiro também tem uma boa dose de saponinas, substâncias de usos diversos na indústria de cosméticos, por suas propriedades na separação de líquidos de densidades diferentes. Essas saponinas podem ser extraídas de modo economicamente viável com um novo método desenvolvido por Renata Vardanega, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sem contar que os restos da planta normalmente descartados no campo após a colheita das raízes servem para produzir energia, a exemplo do que é feito com o bagaço e a palha de cana nas usinas de etanol. De acordo com um dos co-orientadores de Renata, Diego Tresinari dos Santos, também da Unicamp, metade da biomassa descartada nos campos de produção do ginseng brasileiro seria suficiente para suprir toda a eletricidadee o calor necessários à produção dos extratos das raízes, se usados os métodos desenvolvidos na universidade e já patenteados.
E o melhor de tudo é o fato de o ginseng brasileiro ser uma planta fácil de multiplicar, seja por semente, seja por estaquia (galho) ou pela raiz. Já há cultivares disponíveis no mercado e, com as plantações comerciais, dá para evitar a coleta predatória de plantas nativas, em locais onde elas devem ser preservadas. Além disso, com o cultivo da espécie certa, o controle de qualidade é maior e o consumidor deixa de comprar gato por lebre.
Tem mais: segundo divulgou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) a pesquisadora Renata Vardanega obteve uma bolsa de doutorado para continuar pesquisando extratos das raízes do ginseng brasileiro e para avaliar o potencial de extração, a partir do resto da planta, de metabólitos secundários, substâncias que podem ter novos usos farmacêuticoscosméticos e alimentícios. Ou mesmo energéticos.
Valeu ou não valeu tirar o ginseng brasileiro das várzeas (e da confusão com outros ginsengs) para colocá-lo sob holofote próprio?

Município gaúcho aprova lei de proteção animal para atender TAC do MP

CONTRA O ABANDONO

Município gaúcho aprova lei de proteção animal para atender TAC do MP



A partir de março de 2015, a permanência e a circulação de animais domésticos soltos pelas vias públicas serão proibidas em Cachoeira do Sul (RS). A prefeitura terá autorização para apreender cães, gatos, cavalos entre outros, que apresentarem sintomas de raiva, estiverem mal-alojados, submetidos a maus tratos ou que estiverem em propriedade alheia.
A autorização legal vem com a promulgação da Lei Municipal 4.345, pelo prefeito Neiron Viegas, no dia 28 de novembro, atendendo pedido do Ministério Público estadual e em consonância com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com a municipalidade em dezembro de 2011. Na época, a prefeitura resistia às tentativas de construir um canil municipal e de castrar e colocar chip nos animais soltos, o que, aos olhos da Promotoria de Justiça local, impedia a construção de uma política pública que resolveria o problema do abandono animal e suas consequências — obrigação da municipalidade prevista na Constituição.
Segundo o MP, cães e gatos abandonados e em situação de risco, além de se constituir num problema ambiental, que envolve o direito dos animais, é também caso de saúde pública, pois atenta contra o direito do ser humano ao meio ambiente urbano ecologicamente equilibrado. Muitos desses animais são portadores de doenças transmissíveis ao ser humano, colocando em risco a saúde da população.
Além de controlar e identificar animais soltos nas ruas, por meio de chips eletrônicos, a lei vai promover a castração, campanhas de adoção, peças educacionais e parcerias com instituições de proteção animal, prevendo até multas para quem desobedecer seus dispositivos.
Assim, ferir, espancar ou mutilar um animal sujeitará o infrator à multa 12 Unidades de Referência Municipal (cada URM vale R$ 46,27), sem prejuízo de outras penalidades previstas na legislação ordinária. Não alimentá-lo diariamente, por exemplo, rende multa de 20 URMs. A lei discrimina 28 tipos de infrações, classificando-as como leves (de 0,25 a 3 URMs), graves (de 4 a 13 URMs) e gravíssimas (14 a 25 URMs).
A nova lei embasa o já em funcionamento Centro Municipal de Proteção Animal (Cempra) e marca o início da política pública de proteção animal em Cachoeira da Sul. A iniciativa introduz o conceito de responsabilidade para quem vende e adquire os animais, detalha medidas para manter o controle das populações errantes e garante proteção e conforto aos que vivem sob a responsabilidade de seus donos.
Legislação moderna
“Acredito que seja uma das leis mais completas do estado sobre a matéria, construída juntamente com esta Promotoria”, reconheceu a promotora de Justiça Giani Pohlmann Saad, que batalhou incansavelmente para colocar um ponto final nesta chaga, presente em todos os municípios gaúchos.
A grande vantagem da nova lei é que as iniciativas do Poder Público municipal não serão interrompidas, pois passam a se constituir em política permamente — e com previsão de recursos no orçamento municipal. O Cempra, que já conta com abrigo, segundo a promotora, deve ganhar mais dois locais para acolher novos cães e gatos em 2015. Também estão previstas a construção de um ambulatório, de sala pós-parto, de sala de banho e de uma área administrativa. Após a castração, os animais recolhidos e tratados são encaminhados para adoção.
A redação do projeto que criou a ‘‘Política Municipal de Gestão Animal’’ esteve a cargo do advogado Rafael Rochembach, servidor do quadro da Procuradoria Jurídica do município.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Exploração do gás de xisto no Oeste Paulista preocupa MPF

Exploração do gás de xisto no Oeste Paulista preocupa MPF

Publicado por G1
Publicidade  
 Ação civil pede a suspensão dos efeitos da 12ª rodada da ANP. Blocos exploratórios estão sob 37 municípios da região
O Ministério Público Federal está preocupado com a exploração do gás de xisto no Oeste Paulista, devido a degradação ao meio ambiente. A ação civil pública com pedido de liminar, que pede suspensão dos efeitos da licitação realizada no ano passado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que leiloou a exploração de gás de xisto na bacia do Rio Paraná.
De acordo com o procurador da República, Luís Roberto Gomes, “o MPF pede a suspensão dos efeitos da 12ª rodada da ANP e a suspensão dos contratos de concessão entre os contatos firmados entre a Petrobrás, a Bayar e a Petra Energia, tendo em vista os blocos exploratórios da região de Presidente Prudente, presentes no Estado de São Paulo”.
São cinco blocos que estão no Oeste Paulista, em uma área de 11.090,21 km². Os blocos estão sob 37 municípios das regiões de Presidente Prudente, Dracena e Tupã, e foram arrematados por R$ 10,2 milhões, em um investimento previsto em R$ 55 milhões.
O xisto é um gás natural, barato e que é utilizado principalmente por indústrias e para geração de eletricidade. O gás está concentrado em uma camada profunda de rochas impermeáveis e de difícil acesso. Nos últimos anos, a exploração deste combustível cresceu, principalmente nos Estados Unidos da América (EUA), mas em outros países, ela foi proibida por causa dos danos causados ao meio ambiente.
De acordo com o Ministério Público Federal, a técnica utilizada para fazer a extração do gás coloca em risco os recursos hídricos, localizados na bacia do Rio Paraná. O procurador da república disse que ainda faltam estudos específicos sobre os impactos que o processo poderá causar à região.
“Nenhum estudo com a profundidade necessária com a avaliação ambiental de áreas sedimentares, de forma que não se sabe os efeitos da exploração de gás de xisto na região”, disse o procurador da República. Ele acrescenta ainda que “isto viola o princípio da precaução ao tempo e também não obedece o princípio do desenvolvimento sustentável”.
O processo chamado de "fraturamento hidráulico" consiste na perfuração do solo com uma sonda a mais de 3 mil metros de profundidade. Além disso, para obter o xisto é necessário provocar explosões e, injetar no solo, uma mistura de areia, água e compostos químicos, que criam fissuras nas rochas permitindo que o gás escape. Este processo controverso libera no lençol freático boa parte dessas substâncias e, de acordo com os ambientalistas, colocam em risco a saúde da população e também a atividade econômica.
O advogado ambientalista Carlos Arraes ponta que o processo “vai trazer grandes transtornos ambientais, na forma de como isso será explorado”. “A tecnologia moderna ainda não descobriu como explorar o xisto e o gás sem danificar e sem causar danos ao solo, à água e ao lençol freático. Isso vai ser explorado em cima do lençol freático, que é o aquífero guarani, e causa um grande risco nesse sistema de exploração".
Para o presidente da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema, Ênio Magro, os municípios estão preocupados com a preservação ambiental dos recursos hídricos e por isso, são contra a exploração. “O comitê fez um estudo, tentou se aprofundar e fez uma moção, que foi contrária no sentido de que a preservação dos recursos hídricos aconteça”, destacou.
“A preocupação com a possível poluição do lençol freático, sobre tudo os aquíferos, nós precisamos de mais estudos, que possa dar condições para saber dos impactos ambientais. O comitê continua observando para evitar essa poluição e, se acontecer, que aconteça com toda segurança", acrescentou o presidente da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema.
Por meio de nota, a ANP disse que houve a devida manifestação positiva do órgão estadual ambiental competente e, caso venha ocorrer a exploração, ela será feita de acordo com as melhores práticas da indústria mundial e com respeito ao meio ambiente.
Fonte: G1

Chuveiro a vapor pode ser alternativa para economia de água

Chuveiro a vapor pode ser alternativa para economia de água

Publicado por http://www.ecodesenvolvimento.org/
Publicidade  
                 chuveiro-ecod.jpg
Funcionamento do chuveiro foi inspirado nas saunas a vapor
Imagem: 
Yanko DesignQuem é que não gosta de tomar um bom banho de chuveiro, principalmente no inverno? O problema é que essa prática é uma das principais vilãs das contas de luz e água. Só para se ter ideia, cerca de 135 litros de água são gastos a cada 15 minutos embaixo do chuveiro.
Está certo que o ambientalmente correto seria que deixássemos a água correndo apenas para nos enxaguar, mas o banho perderia toda sua graça. Ao pensar nisso, os estudantes da universidade de ZheJiang, na China, desenvolveram um chuveiro a vapor.
Um painel controlado com sistema touch screen ajusta a temperatura, a quantidade de água e a concentração de vapor.
Batizado de "Vapo", o produto inovador ainda é apenas um projeto conceito, mas tem tudo para dar certo. O funcionamento do chuveiro foi inspirado nas saunas a vapor e permite que o usuário varie entre o módulo de fluxo de água, como um chuveiro normal, e o modo vapor. 
A ideia é que, enquanto nos ensaboamos ou passamos xampu nos cabelos, apenas o vapor fique ligado, permitindo uma sensação boa, mas sem desperdiçar água. Dessa forma, o chuveiro pode ser ligado apenas no momento de enxaguar o corpo, o que permitiria uma grande economia de água.
Quente e úmido
A parte interna do chuveiro verte água para o enxágue e a externa fornece vapor para quando nós estamos aplicando produtos ou nos ensaboando.
Um painel controlado com sistema touch screen ajusta a temperatura, a quantidade de água e a concentração de vapor. Ao tomar banho, as pessoas tendem a deixar a água correndo mesmo quando estão apenas se ensaboando ou passando xampu. Usando o Vapo, os usuários podem ajustar o aparelho para oferecer vapor, mantendo o banho quente e úmido.

domingo, 11 de janeiro de 2015

COP20 em Lima: um passo tímido, mas para frente e na direção correta

COP20 em Lima: um passo tímido, mas para frente e na direção corretaTasso Azevedo - 12/2014 

cop20-em-lima-um-passo-timido-mas-para-frente-e-na-direcao-correta-clima
Já era madrugada de domingo (14/12) quando a Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas da ONU (COP20), em Lima, programada para terminar dois dias antes, chegou ao final com aprovação do acordo intitulado Lima Call for Clima Action (LCCA).
O documento é positivo, certamente um passo a frente e na direção correta, mas também um passo muito tímido em relação ao nível de ambição necessário para o novo acordo climático global a ser “costurado” até a próxima COP em Paris, em dezembro de 2015.
O QUE SE ESPERAVA DA COP20
Em essência, esperava-se a definição dos elementos centrais do novo acordo climático global que será elaborado, em detalhes, em 2015 e os parâmetros mínimos para a apresentação das contribuições nacionais para mitigação e adaptação, a serem propostas no ano que vem pelas partes e que servirão também de base para o futuro acordo.
Em outras palavras, se fosse um empreendimento imobiliário seria o equivalente a fazer o croqui e as premissas básicas do projeto (área, localização, altura, uso, numero de unidades, serviços e prazos etc) e condições gerais de adesão (valor m2, modelo de financiamento, agentes financeiros etc).
Eis as questões centrais em jogo nestes elementos:
1. Definir o objetivo geral do futuro acordo (ex. reduzir as emissões em X% até 2050 ou convergir a trajetória de emissões para zona compatível que limite o aquecimento global em 2ºC);
2. Definir a inclusão ou não de adaptação e financiamento entre os compromissosdas partes no novo acordo;
3. Definir como serão diferenciados os diferentes grupos de países evoluindo além da diferenciação binária de desenvolvidos e em desenvolvimento; e
4. Ciclos básicos de meta/reporte/revisão para o novo acordo.
Estas definições são importantes como referência para que os países definam suas contribuições nacionais (INDCs) para o novo acordo pós-2020. Por exemplo, o país apresenta meta de redução de emissões para 2025, 2030 ou 2050? Inclui só compromissos de mitigação ou inclui outros temas como financiamento?
O QUE SE ALCANÇOU EM LIMA
O documento que descreveria os elementos do novo acordo global avançou apenas na primeira semana da COP20. Na segunda, ele não saiu do lugar. Com 37 páginas, odocumento está completamente em aberto e apresenta dezenas de várias opções para cada parágrafo. Acabou virando um anexo para informações no acordo de Lima (LCCA).
Na analogia do empreendimento imobiliário, seria o mesmo que anunciar empreendimento com especificações vagas: poderá ter entre 40 e 350 m2 e de 3 a 40 andares, localizado no Brasil, com vista norte, sul, leste ou oeste, e possível valor de R$ 1 mil a 30 mil por m2. Ou seja, pouco ajuda para que um possível investidor faça sua oferta.
O acordo em Lima é basicamente uma decisão para organizar os trabalhos de 2015 de tal forma que possam formar as bases para um acordo em Paris. O documento deixa claro que, com as ações e os compromissos hoje existentes, ainda existe uma lacuna enorme para se chegar a uma trajetória favorável que limite o aumento de temperatura em 2 ou 1,5ºC.
CONTRIBUIÇÕES NACIONAIS (INDCs)
Assim, o Lima Call for Clima Action conclama os países para que apresentem suas contribuições para mitigação e adaptação às mudanças climáticas pós-2020 até meados de 2015 (bem antes da COP em Paris) e sugere uma série de temas e conteúdos que podem constar da proposta, tais como metas, ano base e métrica, prazos de implementação, metodologias para contabilidade das emissões, entre outros aspectos. Define, também, que os compromissos devem necessariamente ampliar a ambição frente ao que já foi colocado na mesa.
Para as pequenas ilhas e os países pobres e menos desenvolvidos é dadotratamento diferenciado e mais flexível, no formato de suas contribuições. Na prática, é o primeiro movimento para diferenciar os países em desenvolvimento, até então tratados como único grupo com regras homogêneas apesar das enormes diferenças – em responsabilidades e capacidades – das grandes economias emergentes como China, Brasil e Índia e dos menos desenvolvidos. É um passo importante para viabilizar o novo acordo em Paris.
O documento ainda determina que o Secretariado da Convenção prepare relatório síntese até novembro de 2015, avaliando o efeito agregado das propostas de contribuições dos países apresentado ao longo do próximo ano (por exemplo, efeito na redução das emissões globais no médio e longo prazo).
FINANCIAMENTO
A inclusão do financiamento como parte dos compromissos obrigatórios dos países, quando se submeterem às INDCs, não foi alcançado e segue como fonte de discórdia, mas os debates sobre financiamento de longo prazo avançaram e, durante a COP20, se alcançou a captação de US$ 10,2 bilhões para o Green Climate Fund (GCF).
Entre os países que anunciaram contribuições para o GCF - além dos países desenvolvidos como Japão, Inglaterra e Alemanha -, estão países em desenvolvimento como Colômbia, Peru, Panamá, Indonésia e México, o que significa um corte na política de “esperar o outro agir para tomar posição”. As contribuições destes países cria constrangimento ético para que os países desenvolvidos e as grandes economias emergentes aportem recursos expressivos no fundo.
O texto de Lima traz referência preambular a questão de perdas e danos (loss and damage) associadas às mudanças climáticas, tema crítico para pequenas ilhas epaíses mais vulneráveis.
Em resumo, o resultado da COP de Lima – apesar de aquém do planejado e desejado– representa mais um impulso que mantém nos trilhos e no rumo certo o processo de negociação para possibilitar um novo acordo climático global, mas ainda com inúmeras incertezas e pontos abertos que darão enorme trabalho, ao longo de 2015, para que o acordo seja realmente ambicioso e efetivo.
Voltando, mais uma vez, à analogia do empreendimento imobiliário, não definimos as especificações, mas demos elementos para que os interessados digam, de forma geral, como gostariam de participar, além de prazo para que demostrem este interesse e se comprometam a ter o projeto pronto para ser assinado por todos até o final do próximo ano.
Poderia ter sido melhor, mas à luz do que aconteceu na COP14 (que antecedeu a COP de Copenhague), também poderia ter sido muito pior. A condução da presidência peruana, focada em buscar o resultado de forma aberta e transparente durante todo o curso das negociações, foi crucial para o sucesso em Lima. Serve de exemplo para os franceses que terão a difícil tarefa de liderar o processo em 2015.
Foto: murilocardoso/Creative Commons/Flickr

Como é feito o tráfico de madeira na fronteira Brasil-Peru?

Como é feito o tráfico de madeira na fronteira Brasil-Peru?

Nessa região, o tráfico de madeira só é possível com a derrubada ilegal de árvores cujos troncos são escoados por rio até os locais onde são cortados e vendidos. Veja como funciona e porque é difícil de combatê-lo

-  A  A  +
Ilustrações Rodrigo Gafa
De acordo com estudiosos, o Peru explora madeira desde o início do século 20, mas foi durante a década de 1960, depois da queda da produção de borracha, que o país despontou como um dos grandes exploradores de madeira do mundo - posto que continua ocupando até os dias de hoje.

A extração foi tanta que, nas últimas décadas, a atividade madeireira se expandiu para as regiões amazônicas (inclusive dentro do território brasileiro), buscando novas terras ainda inexploradas e ricas em madeira.

Segundo relatório do Banco Mundial feito em 2006, 80% da madeira peruana é extraída ilegalmente e gera entre US$ 44 milhões e US$ 72 milhões por ano.

POR ÁGUA ABAIXO
Criminosos usam correntezas do rio para transportar toras. Veja as etapas desse processo:
Ilustrações Rodrigo Gafa
1. Na época da seca, que começa em julho, os madeireiros escolhem pontos ricos em madeira de lei (que só pode ser extraída com permissão do governo), no meio da selva, e montam acampamento ilegal. Os madeireiros vivem nesse acampamento por meses, derrubando as árvores;
Ilustrações Rodrigo Gafa
2. O tronco da árvore é dividido em toras de 4 m de comprimento cada uma. As toras são transportadas por uma trilha até um igarapé (pequeno braço do rio principal), que nessa época está seco pela falta de chuvas. Depois de meses de trabalho, centenas de toras se acumulam ao longo desse igarapé seco;
Ilustrações Rodrigo Gafa
3. Em novembro, o período das chuvas começa. Com isso, o volume de água aumenta e os igarapés enchem. A madeira boia e segue a correnteza, desembocando próximo ao rio Javari, que faz a fronteira natural entre Brasil e Peru. Lá, as toras são amarradas e formam uma balsa;
Ilustrações Rodrigo Gafa
4. No final da época das chuvas, entre março e maio, o chefe madeireiro desce o Javari recolhendo e anexando as toras de todos os acampamentos de que cuida. Sua grande balsa de madeira segue a correnteza do rio até a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia;
Ilustrações Rodrigo Gafa
5. O comboio de madeira desce o rio até chegar em Islândia, comunidade peruana onde ficam as serralherias. Como a madeira é ilegal, ela tem que ser "lavada" - ou seja, ter a documentação falsificada. Depois, é vendida no Peru, Brasil e Colômbia, além de ser exportada para a Europa, EUA e Ásia.

FONTES: Relatórios The Laundering Machine: How Fraud and Corruption in Peru’s Concession System Are Destroying the Future of Its Forests, da Environment Investigation Agency, Facing Reality: How to Halt the Import of Illegal Timber in the EU, do Greenpeace, e El Trabajo Forzoso en la Extracción de la Madera en la Amazonía Peruana, da Oficina Internacional del Trabajo