sexta-feira, 7 de novembro de 2014

“O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água”

“O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água”



Uma das maiores autoridades sobre o tema, professor da PUC Goiás diz que destruição do bioma é irreversível e que isso compromete o abastecimento potável em todo o País
Por Elder Dias Fonte: Jornal Opção


Uma ilha ambiental em meio à metrópole está no Campus 2 da Pon­tifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). É lá o local onde Altair Sales Barbosa idealizou e realizou uma obra que se tornou ponto turístico da capital: o Memorial do Cerrado, eleito em 2008 o local mais bonito de Goiânia e um dos projetos do Instituto do Trópico Subúmido (ITS), dirigido pelo professor.
Foi lá que Altair, um dos mais profundos conhecedores do bioma Cerrado, recebeu a equipe do Jornal Opção. Como professor e pesquisador, tem graduação em Antropologia pela Universidade Católica do Chile e doutorado em Arqueologia Pré-Histórica pelo Museu Nacional de História Natural, em Washington (EUA). Mais do que isso, tem vivência do conhecimento que conduz.
É justamente pela força da ciência que ele dá a notícia que não queria: na prática o Cerrado já está extinto como bioma. E, como reza o dito popular, notícia ruim não vem sozinha, antes de recuperar o fôlego para absorver o impacto de habitar um ecossistema que já não existe, outra afirmação produz perplexidade: a devastação do Cer­rado vai produzir também o desaparecimento dos reservatórios de água, localizados no Cerrado, o que já vem ocorrendo — a crise de a­bastecimento em São Paulo foi só o início do problema. Os sinais dos tempos indicam já o começo do período sombrio: “Enquanto se es­tá na fartura, você é capaz de re­partir um copo d’água com o ir­mão; mas, no dia da penúria, ninguém repartirá”, sentencia o professor.
“Memorial do Cerrado” – o nome deste espaço de preservação criado pelo sr. aqui no Campus 2 da PUC Goiás, é uma expressão pomposa. Mas, tendo em vista o que vivemos hoje, é algo quase que tristemente profético. O Cerrado está mesmo em vias de extinção?
Para entender isso é preciso primeiramente entender o que é o Cerrado. Dos ambientes recentes do planeta Terra, o Cerrado é o mais antigo. A história recente da Terra começou há 70 milhões de anos, quando a vida foi extinta em mais de 99%. A partir de então, o planeta começou a se refazer novamente. Os primeiros sinais de vida, principalmente de vegetação, que ressurgem na Terra se deram no que hoje constitui o Cerrado. Por­tanto, vivemos aqui no local onde houve as formas de ambiente mais antigas da história recente do planeta, principalmente se levarmos em consideração as formações vegetais. No mínimo, o Cerrado começou há 65 milhões de anos e se concretizou há 40 milhões de anos.
O Cerrado é um tipo de am­biente em que vários elementos vi­vem intimamente interligados uns aos outros. A vegetação depende do solo, que é oligotrófico [com nível muito baixo de nutrientes]; o solo depende de um tipo de clima especial, que é o tropical subúmido com duas estações, uma seca e outra chuvosa. Vários outros fatores, incluindo o fogo, influenciaram na formação do bioma – o fogo é um elemento extremamente importante porque é ele que quebra a dormência da maioria das plantas com sementes que existem no Cerrado.
Assim, é um ambiente que de­pen­de de vários elementos. Isso significa que já chegou em seu clímax evolutivo. Ou seja, uma vez degradado não vai mais se recuperar na plenitude de sua biodiversidade. Por isso é que falamos que o Cerrado é uma matriz ambiental que já se encontra em vias de extinção.
Por que o sr. é tão taxativo?
Altair Sales Barbosa: Uma comunidade vegetal é medida não por um determinado tipo de planta ou outro, mas, sim, por comunidades e populações de plantas. E já não se encontram mais populações de plantas nativas do Cerrado. Podemos encontrar uma ou outra espécie isolada, mas encontrar essas populações é algo praticamente impossível.
Outra questão: o solo do Cerrado foi degradado por meio da ocupação intensiva. Retiraram a gramínea nativa para a implantação de espécies exóticas, vindas da África e da Austrália. A introdução dessas gramíneas, para o pastoreio, modificou radicalmente a estrutura do solo. Isso significa que naquele solo, já modificado, a maioria das plantas não conseguirá brotar mais.
Como se não bastasse tudo isso, o Cerrado foi incluído na política de ex­pansão econômica brasileira co­mo fronteira de expansão. É uma á­rea fácil de trabalhar, em um planalto, sem grandes modificações geomorfológicas e com estações bem definidas. Junte-se a isso toda a tecnologia que hoje há para correção do solo. É possível tirar a acidez do solo utilizando o calcário; aumentar a fertilidade, usando adubos. Com isso, altera-se a qualidade do solo, mas se afetam os lençóis subterrâneos e, sem a vegetação nativa, a água não pode mais infiltrar na terra.
Onde há pastagens e cultivo, então, o Cerrado está inviabilizado para sempre, é isso?
Altair Sales Barbosa: Onde houve modificação do solo a vegetação do Cerrado não brota mais. O solo do Cerrado é oligotrófico, carente de nutrientes básicos. Quando o agricultor e o pecuarista enriquecem esse solo, melhorando sua qualidade, isso é bom para outros tipos de planta, mas não para as do Cerrado. Por causa disso, não há mais como recuperar o ambiente original, em termos de vegetação e de solo.
Mas o mais importante de tudo isso é que as águas que brotam do Cerrado são as mesmas águas que alimentam as grandes bacias do continente sul-americano. É daqui que saem as nascentes da maioria dessas bacias. Esses rios todos nascem de aquíferos. Um aquífero tem sua área de recarga e sua área de descarga. Ao local onde ele brota, formando uma nascente, chamamos de área de descarga. Como ele se recarrega? Nas partes planas, com a água das chuvas, que é absorvida pela vegetação nativa do Cerrado. Essa vegetação tem plantas que ficam com um terço de sua estrutura exposta, acima do solo, e dois terços no subsolo. Isso evidencia um sistema radicular [de raízes] extremamente complexo. Assim, quando a chuva cai, esse sistema radicular absorve a água e alimenta o lençol freático, que vai alimentar o lençol artesiano, que são os aquíferos.
Quando se retira a vegetação na­tiva dos chapadões, trocando-a por outro tipo, alterou-se o ambiente. Ocorre que essa vegetação introduzida – por exemplo, a soja ou o al­go­dão ou qualquer outro tipo de cul­tura para a produção de grãos – tem uma raiz extremamente superficial. Então, quando as chuvas caem, a água não infiltra como deveria. Com o passar dos tempos, o nível dos lençóis vai diminuindo, afetando o nível dos aquíferos, que fica menor a cada ano.

Qual é a consequência imediata desse quadro?
Altair Sales Barbosa: Em média, dez pequenos rios do Cerrado desaparecem a cada ano. Esses riozinhos são alimentadores de rios maiores, que, por causa disso, também têm sua vazão diminuída e não alimentam reservatórios e outros rios, de que são afluentes. Assim, o rio que forma a bacia também vê seu volume diminuindo, já que não é abastecido de forma suficiente. Com o passar do tempo, as águas vão desaparecendo da área do Cerrado. A água, então, é outro elemento importante do bioma que vai se extinguindo.
Hoje, usa-se ainda a agricultura irrigada porque há uma pequena reserva nos aquíferos. Mas, daqui a cinco anos, não haverá mais essa pequena reserva. Estamos colhendo os frutos da ocupação desenfreada que o agronegócio impôs ao Cerrado a partir dos anos 1970: entraram nas áreas de recarga dos aquíferos e, quando vêm as chuvas, as águas não conseguem infiltrar como antes e, como consequência, o nível desses aquíferos vai caindo a cada ano. Vai chegar um tempo, não muito distante, em que não haverá mais água para alimentar os rios. Então, esses rios vão desaparecer.
Por isso, falamos que o Cerrado é um ambiente em extinção: não existem mais comunidades vegetais de formas intactas; não existem mais comunidades de animais – grande parte da fauna já foi extinta ou está em processo de extinção; os insetos e animais polinizadores já foram, na maioria, extintos também; por consequência, as plantas não dão mais frutos por não serem polinizadas, o que as leva à extinção também. Por fim, a água, fator primordial para o equilíbrio de todo esse ecossistema, está em menor quantidade a cada ano.
Como é a situação desses aquíferos atualmente?
Altair Sales Barbosa: Há três grandes aquíferos na região do Cerrado: o Bambuí, que se formou de 1 bilhão de anos a 800 milhões de anos antes do momento presente; os outros dois são divisões do Aquífero Guarani, que está associado ao Arenito Botucatu e ao Arenito Bauru que começou a se formar há 70 milhões de anos. O Guarani alimenta toda a Bacia do Rio Paraná: a maior parte dos rios de São Paulo, de Mato Grosso, de Mato Grosso do Sul – incluindo o Pantanal Mato-Grossense – e grande parte dos rios de Goiás que correm para o Paranaíba, como o Meia Ponte. Toda essa bacia depende do Aquífero Guarani, que já chegou em seu nível de base e está alimentando insuficientemente os rios que dependem dele. Por isso, os rios da Bacia do Paraná diminuem sua vazão a cada ano que passa.
Então, podemos ter nisso a explicação para a crise da água em São Paulo?
Altair Sales Barbosa: Exato. Como medida de urgência, já estão perfurando o Arenito Bauru – que é mais profundo que o Botucatu, já insuficiente –, tentando retirar pequenas reservas de água para alimentar o sistema Cantareira [o mais afetado pela escassez e que abastece a capital paulista]. Mesmo se chover em grande quantidade, isso não será suficiente para que os rios juntem água suficiente para esse reservatório.
Assim como ocorre no Can­tareira, outros reservatórios espalhados pela região do Cerrado – Sobradinho, Serra da Mesa e outros – vão passar pelo mesmo problema. Isso porque o processo de sedimentação no fundo do lago de um reservatório é um processo lento. Os sedimentos vão formando argila, que é uma rocha impermeável. Então, a água daquele lago não vai alimentar os aquíferos. Mesmo tendo muita quantidade de água superficial, ela não consegue penetrar no solo para alimentar os aquíferos. Se não for usada no consumo, ela vai simplesmente evaporar e vai cair em outro lugar, levada pelas correntes aéreas. Isso é outro motivo pelo qual os aquíferos não conseguem recuperar seu nível, porque não recebem água.
Geologicamente sendo o mais antigo, seria natural que o Cerrado fosse o primeiro bioma a desaparecer. Mas isso em escala geológica, de milhões de anos. Mas, pelo que o sr. diz, a antropização [ação humana no ambiente] multiplicou em muitíssimas vezes esse processo de extinção.
Sim. Até meados dos anos 1950, tínhamos o Cerrado praticamente intacto no Centro-Oeste brasileiro. Desde então, com a implantação de infraestrutura viária básica, com a construção de grandes cidades, como Brasília, criou-se um conjunto que modificou radicalmente o ambiente. A partir de 1970, quando as grandes multinacionais da agroindústria se apossaram dos ambientes do Cerrado para grandes monoculturas, aí começa o processo de finalização desse bioma. Ou seja, o homem sendo responsável pelo fim desse ambiente que é precioso para a história do planeta Terra.

Em que o Cerrado é tão precioso?
Altair Sales Barbosa: De todas as formas de vegetação que existem, o Cerrado é a que mais limpa a atmosfera. Isso ocorre porque ele se alimenta basicamente do gás carbônico que está no ar, porque seu solo é oligotrófico.
Diz-se que o Cerrado é o contrário da Amazônia: uma floresta invertida, em confirmação à definição que o sr. deu sobre o fato de dois terços de cada planta do Cerrado estarem debaixo da terra. Ou seja, a destruição do Cerrado é muito mais séria do que alcança a nossa visão com o avanço da fronteira agrícola. É uma devastação muito maior, porque também ocorre longe dos olhos, subterrânea.
Altair Sales Barbosa: Isso faz sentido, porque, na parte subterrânea, além do sequestro de carbono está armazenada a água, sem a qual não prospera nenhuma atividade econômica. A Amazônia terminou de ser formada há apenas 3 mil anos, um processo que começou há 11 mil anos, com o fim da glaciação no Hemisfério Norte. A configuração que tem hoje existe na plenitude só há 3 mil anos. A Mata Atlântica tem 7 mil anos. São ambientes que, se degradados, é possível recuperá-los, porque são novos, estão em formação ainda.
Já com o Cerrado isso é impossível, porque suas árvores já atingiram alto grau de especialização. Tanto que o processo de quebra da dormência de determinadas sementes são extremamente sofisticados. Uma semente de araticum, por exemplo, só pode ter sua dormência quebrada no intestino delgado de um canídeo nativo do Cerrado – um lobo guará, uma raposa. Como esses animais estão em extinção, fica cada vez mais difícil quebrar a dormência de um araticum, que é uma anonácea [família de plantas que inclui também a graviola e a ata (fruta-do-conde), entre outras].
As abelhas europeias e africanas são recentes, foram introduzidas no século passado. O professor Warwick Kerr, que introduziu a abelha africana no Brasil, na década de 1950, ainda é vivo e atua na Universidade Federal de Uber­lândia (UFU). São boas produtoras de mel, mas não estão adaptadas para fazer a polinização das plantas do Cerrado. As abelhas nativas do Cerrado, que não tem ferrão e são chamadas de meliponinas – jataí, mandaçaia, uruçu – eram os maiores agentes polinizadores naturais, juntamente com os insetos, em função de sua anatomia. Hoje estão praticamente extintas, como esses insetos, pelo uso de herbicidas e outros tipos de veneno, que combatiam pragas de vegetações exóticas em lavouras e pastagens. Quando se utiliza o pesticida para extinguir essas pragas também se mata o inseto nativo, que é polinizador das plantas do Cerrado. Por isso, se encontram muitas plantas nativas sem fruto, por não terem sido polinizadas.

A flora do Cerrado é geralmente desprezada. O que ela representa, de fato?
Altair Sales Barbosa: Nós vivemos em meio à mais diversificada flora do planeta. O Cerrado contém a maior biodiversidade florística. Isso não está na Amazônia, nem na Mata Atlântica, nem em uma savana africana ou em uma savana australiana. Nem qualquer outro ambiente da Terra. São 12.365 plantas catalogadas no Cerrado. Só as que conhecemos. A cada expedição que fazemos, cada vez que vamos a campo, pelo menos 50 novas espécies são descobertas. Dessas 12.365 plantas conhecidas, somos capazes de multiplicar em viveiro apenas 180. Isso é cerca de 1,5% do total, quase nada em relação a esse universo. E só conseguimos fazer mudas de plantas arbóreas.
Para as demais, que são extremamente importantes para o equilíbrio ecológico, para o sequestro de carbono e para a captação de água, não temos tecnologia para fazer mudas. Por exemplo, o capim-barba-de-bode, a canela-de-ema, a arnica, o tucum-rasteiro, esses dois últimos com raízes extremamente complexas. Se tirarmos um tucum-rasteiro, que está no máximo 40 centímetros acima do nível do solo, e olharmos seu tronco, vamos encontrar milhares ou até milhões de raízes grudados naquele tronco. Se tirarmos um pedaço pequeno dessas raízes e levarmos ao microscópio, veremos centenas de radículas que saem delas. Uma pequena plantinha com um sistema radicular extremamente complexo, que retém a água e alimenta os diversos ambientes do Cerrado. É algo que não se consegue reproduzir em viveiro, porque não há tecnologia. O que conseguimos é em relação a algumas plantas arbóreas.
Outro aspecto que indica que o Cerrado já entrou em vias de extinção é que as plantas do Cerrado são de crescimento muito lento. Uma canela-de-ema atinge a idade adulta com mil anos de idade. O capim-barba-de-bode fica adulto com 600 anos. Um buriti atinge 30 metros de altura com 500 anos. Nossas veredas – que existiam em abundância até pouco tempo – eram compostas de plantas “nenês” quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, estavam nascendo naquela época e sua planta mais comum, o buriti, está hoje com 25 metros, 30 metros.

Mas a tecnologia e a biotecnologia não fornecem nenhuma alternativa para mudar esse quadro?
Altair Sales Barbosa: Para se ter ideia da complexidade, vamos tomar o caso do buriti, que só pode ser plantado em uma lama turfosa, cheia de turfa, com muita umidade. Se o solo estiver seco, o buriti não vai vingar ali. Mas, mesmo se conseguíssemos plantar – o que é difícil, porque não existe mais o solo apropriado –, aquele buriti só atingiria a idade adulta e dar frutos depois de muitos séculos. Então, não tem como tentar dizer que se pode usar técnicas para revitalizar o Cerrado. Isso é praticamente impossível.

A interface do Cerrado, para falar em uma linguagem moderna, não é amigável para o uso da tecnologia conhecida. Não tem como acelerar o crescimento de um buriti como se faz com a soja.
Altair Sales Barbosa: Não dá para fazer isso, até porque as plantas do Cerrado convivem com uma porção de outros elementos que, para outras plantas, seriam nocivos. Por exemplo, certos fungos convivem em simbiose com espécies do Cerrado. Um simples fungo pode impedir a biotecnologia. Seria possível desenvolver, por meio de tecidos, tal planta em laboratório. Mas sem aquele fungo a planta não sobrevive. E com o fungo, mas em laboratório, ela também não se desenvolve. Ou seja, é algo extremamente complicado, mais do que podemos imaginar.

Mesmo que os mais pragmáticos menosprezem a importância de um determinado animal ou uma “plantinha” em relação a uma obra portentosa, como uma hidrelétrica, há algo que está sob ameaça com o fim do Cerrado, como a água. Isso é algo básico para todos. A contradição é que o Cerrado – assim como a caatinga e os pampas – não são ainda patrimônio nacional, ao contrário da Mata Atlântica, o Pantanal e a Amazônia. Há uma lei, a PEC 115/95 [proposta de emenda constitucional], de autoria do então deputado Pedro Wilson (PT-GO), que pede essa isonomia há quase 20 anos. Essa lei ajudaria alguma coisa?
Altair Sales Barbosa: Na prática, não poderia ajudar mais em nada, porque o que tinha de ser ocupado do Cerrado já foi. O bioma já chegou em seu limiar máximo de ocupação. Mas o governo brasileiro é tão maquiavélico e inteligente que, para evitar maiores discussões, no ano passado redesenhou todo o mapa ambiental brasileiro. Dessa forma, separou o Pantanal do Cerrado – embora o primeiro seja um subsistema do segundo –, transformou-o em patrimônio nacional e a área do Cerrado já ocupada foi ignorada e incluída no plano de desenvolvimento como área de expansão da fronteira agrícola. Ou seja, o Cerrado, em sua totalidade, já foi contemplado para não ser protegido.

O que os parques nacionais poderiam agregar em uma política de subsistência do Cerrado?
Altair Sales Barbosa: Existe um manejo inadequado dos parques existentes na região do Cerrado. Esse manejo começa com o fogo, quando se cria uma brigada para evitar incêndios no Parque Nacional das Emas, por exemplo. O fogo natural é importante para a preservação do Cerrado. Ora, se se trabalha com o intuito de preservar o Cerrado é preciso conviver com o fogo; agora, se se trabalha com a visão do agrônomo, o fogo é prejudicial, porque acentua o oligotrofismo do solo. O Cerrado precisa desse solo oligotrófico, mas, se o fogo é eliminado, as condições do solo serão alteradas e a planta nativa vai deixar de existir, porque o solo vai adquirir uma melhoria e aquela planta precisa de um solo pobre. Assim, quando se barra o uso do fogo em um parque de Cerrado, o trabalho se dá não com a noção de preservação do ambiente, mas dentro da visão da agricultura. Raciocina-se como agrônomo, não como biólogo.
Outra questão nos parques é que o entorno dos parques já foi tomado por vegetações exóticas. Entre essas vegetações existe o brachiaria, que é uma gramínea extremamente invasora que, à medida que espalha suas sementes, alcança até as áreas dos parques, tomando o lugar das gramíneas nativas. No Parque Nacional das Emas já temos gramínea que não é nativa, o que faz com que haja também vegetação arbórea, de porte maior, também não nativa. Os animais, em função do isolamento do parque, não têm mais contato com áreas naturais, como os barreiros, que forneceriam a eles cálcio e sais naturais. Quando encontramos um osso de animal morto em um parque vemos que está sem calcificação completa, porque falta esse elemento, que é obtido lambendo cinzas queimadas ou visitando os barreiros, que são salinas naturais em que existe esse o elemento. Geralmente há poucos barreiros nos parques, o que torna mais difícil a sobrevivência do animal, que acaba entrando em vias de extinção, o que está acontecendo.
Não há, em nenhum parque nacional criado, aumento da vegetação nativa ou da fauna nativa. O que há é a diminuição dos caracteres nativos daquela vegetação, bem como da fauna. Isso prova que esse isolamento não trouxe benefícios. O que poderia funcionar seria se essas áreas de preservação estivessem interligadas por meio de corredores de migração faunística. Isso evitaria uma série de erros cometidos quando se delimita uma área.

Mas, pelo que o sr. diz, hoje isso seria impossível.
Altair Sales Barbosa: Praticamente impossível por­que as matas ciliares, que de­ve­riam servir como corredores ecológicos, de migração, foram totalmente degradadas. A maioria dos rios foi ocupada, em suas margens, por ambientes urbanos, com a presença do homem, que é um elemento extremamente predatório. Mais que isso: os sistemas agrícolas implantados chegam, em alguns locais, até a margem de córregos e rios, impedindo, também, a existência desses corredores de migração.
Fica, assim, um cenário praticamente inviável. É triste falar isso , mas, na realidade, falamos baseados em dados científicos, no que observamos. Sou o amante número um do Cerrado. Gostaria que ele existisse durante milhões e milhões de anos ainda, mas infelizmente não é isso que vemos acontecer. Se, por exemplo, você observar as nascentes dos grandes rios, verá que elas ou estão secando ou estão migrando cada vez mais para áreas mais baixas. Quando isso ocorre, é sinal de que o lençol que abastece essa nascente está rebaixando.
Observe, por exemplo, o caso das nascentes do Rio São Francis­co, na Serra da Canastra; o caso das nascentes do Rio Araguaia ou do Rio Tocantins, que tem o Rio Uru em sua cabeceira mais alta. A cada dia que passa as nascentes vão descendo mais. Vai ocorrer o dia em que chegarão ao nível de base do lençol que as abastece e desaparecerão.

Ao mesmo tempo em que o­cor­re esse fenômeno, temos um au­mento rápido do consumo de água.
Altair Sales Barbosa: Há o aumento da população. Mas, além do mais, o Cerrado entrou, nos últimos anos, por um processo extremamente complicado, que chamamos de desterritorialização. O grande capital chegou às áreas do Cerrado e expulsou os posseiros que lá moravam, por meio da falsificação de documentos, da negociata com cartórios e com políticos. Com a grilagem, adquiriu milhares de hectares e tirou os moradores antigos da região. Isso desestruturou comunidades inteiras.

Isso ainda ocorre em Goiás e em diversos lugares?
Altair Sales Barbosa: Ocorreu e está ocorrendo. E o que isso provoca? O aumento das cidades. Quase não há mais cidadezinhas na região do Cerrado, elas são de médio ou grande porte, porque a população do campo, desamparada e sem terra, veio para a zona urbana. Essas pessoas vêm buscar abrigo na cidade, que oferece a eles algum tipo de serviço. Na cidade, se transformam em outro tipo de categoria social: os sem-teto. Estes vivem aqui e ali, ocupando as áreas mais periféricas da cidade. Vão ocupar planícies de inundação, beiras de córregos, entre outros ambientes desorganizados.
Um homem que vive em um ambiente assim, que nasce, é criado e compartilha dessa desorganização, terá uma mente que tende a ser desorganizada. Ou seja, ao fazer a desterritorialização trabalhamos contra a formação de pessoas sadias. Formamos pessoas transtornadas, mutiladas mentalmente, ocupando as periferias. Não existe plano diretor que dê conta de acompanhar o desenvolvimento das áreas urbanas no Brasil, porque a cada dia chegam novas famílias nessas áreas.
Crescendo em um ambiente desorganizado, sem perspectivas para o futuro, essas pessoas acabam caindo em neuroses para a fuga. A neurose mais comum desse tipo é o uso de drogas. Acabam cometendo o que chamamos de atos ilícitos, mas provocados por uma situação socioeconômica de limitação, vivendo em ambientes precários. Essas pessoas constroem sua vida nesses locais, formam famílias e passam anos ou décadas nesses locais. Só que um dia vem um fenômeno natural qualquer – como El Niño ou La Niña – que, por exemplo, acomete aquele local com uma quantidade muito maior de chuva. Então, o córrego enche e encontra, em sua área de inundação, os barracos daquela população. Aí começa a tragédia urbana, com desabrigados e mortos. Aumenta, ainda mais, o processo de sofrimento no qual estão inseridas essas populações.
Hoje vejo muitos profissionais, principalmente arquitetos, falando em mobilidade urbana. Falam em construir monotrilhos, linhas específicas para ônibus, corredores para bicicletas, mas ninguém toca na ferida: o problema não está ali, mas na desestruturação do homem do campo. Quanto mais se desestrutura o campo, mais pessoas vêm para a cidade, que não consegue absorvê-las, por mais que se implantem linhas novas, estações e bicicletários. O problema está no drama do campo, não na cidade.

Antigamente, se usava a expressão “fixação do homem no campo”. Isso parece que ficou para trás na visão dos governos.
Altair Sales Barbosa: Desistiram porque o que manda é o grande capital. Os bancos estatais se alegram com as safras recordes, fazem propaganda disso. Eles patrocinam os grandes proprietários, só que estes não têm grande quantidade de funcionários, têm uma agricultura intensiva, mecanizada. Isso não ajuda de forma alguma a manter as pessoas na zona rural.

Uma notícia grave é a extinção do Cerrado. Outra, tão ou mais grave, que – pelo que o sr. diz – já pode ser dada, é que em pouco tempo não teremos mais água. A crise da água no Brasil é uma bomba-relógio?
Altair Sales Barbosa: A extinção do Cerrado envolve também a extinção dos grandes mananciais de água do Brasil, porque as grandes bacias hidrográficas “brotam” do Cerrado. O Rio São Francisco é uma consequência do Cerrado: ele nasce em área de Cerrado e é alimentado, em sua margem esquerda, por afluentes do Cerrado: Rio Preto, que nasce em Formosa (GO); Rio Paracatu (MG); Rio Carinhanha, no Oeste da Bahia; Rio Formoso, que nasce no Jalapão (TO) e corre para o São Francisco. Se há a degradação do Cerrado, não há rios para alimentar o São Francisco. Você po­de contar no mínimo dez afluentes por ano desses grandes rios que estão desaparecendo.

Como o sr. analisa a transposição do Rio São Francisco?
Altair Sales Barbosa: É um ato muito mais político do que científico. Ela atende muito mais a interesses políticos de grandes proprietários do Nordeste na área da Caatinga, no sertão nordestino. A transposição está sendo feita em dois canais, um norte, com 750 quilômetros e outro, leste, com pouco mais de 600 quilômetros. A água é sugada da barragem de Sobradinho (BA), através de uma bomba, para abastecer esses canais, com 10 metros de profundidade e largura de 25 metros. Ao fazer essa obra, se altera toda a mecânica do São Francisco: o rio, que corria lento, passa a correr mais rapidamente, porque está tendo sua água sugada. Seus afluentes, então, também passam a seguir mais velozes. Isso acelera o processo de assoreamento e de erosão.
Consequente­mente, aceleram a morte dos afluentes. Fazer a transposição do São Francisco simplesmente é estabelecer uma data para a morte do rio, para seu desaparecimento total. Podem até atender interesses econômicos e sociais de maneira efêmera, em curto prazo, mas em dez anos acabou tudo.

E será um processo rápido, assim?
Altair Sales Barbosa: Sim, é um processo de décadas. Basta ver o Rio Meia Ponte, na altura do Setor Jaó. Onde havia uma bonita cachoeira, na antiga barragem, há só um filete d’água. O nível da água do Meia Ponte é o mesmo do Córrego Botafogo há décadas atrás. Este praticamente não existe mais, a não ser por uma nascente muito rica no Jardim Botânico, que ainda o alimenta. Mas ele só parece mesmo exis­tir quando as chuvas o en­chem rapidamente. Mas, no outro dia, ele vira novamente um filete.

Goiânia foi planejada em função também dos cursos d’água. Tendo em vista o que ocorre hoje, podemos dizer que ela é, então, o cenário de uma tragédia hidrográfica?
Altair Sales Barbosa: Eu não diria que apenas Goiânia está realmente dessa forma. Mas foi toda uma política de ocupação do centro e do interior do Brasil que motivou essa ocupação desordenada, desde a época da Fundação Brasil Central, da Expedição Roncador–Xingu, depois a construção de Goiânia e de Brasília, a divisão de Mato Grosso e a criação do Tocan­tins. Isso é fruto do capital dinâmico que transforma a realidade. Vem uma urbanização rápida de áreas de campo, aumentando as ilhas de calor e, consequentemente, pela pavimentação, impedindo que as águas das chuvas se infiltrem para alimentar os mananciais que deram origem a essas mesmas cidades. Se continuar dessa forma, com esse tipo de desordenamento, podemos prever grandes colapsos sociais e econômicos no Centro-Oeste do Brasil. E não só aqui, mas nas áreas que aqui brotam.

O que significa quase toda a área do Brasil, não?
Altair Sales Barbosa: Sim, até mesmo a Amazônia. O Rio Amazonas é alimentado por três vetores: as águas da Cordilheira dos Andes, que é um sistema de abastecimento extremamente irregular; as águas de sua margem esquerda, principalmente do Solimões, que também é irregular, em que duas estiagens longas podem expor o assoreamento, ilhas de areias – ali foi um deserto até bem pouco tempo, chamado Deserto de Óbidos. Ou seja, o Amazonas é alimentado mesmo pelos rios que nascem no Cerrado, como Teles Pires (São Manuel), Xingu, Tapajós, Madeira, Araguaia, Tocantins. Estes caem quase na foz do Amazonas, mas contribuem com grande parte de seu volume. Ou seja, temos o São Francisco, já drasticamente afetado; o Amazonas, também afetado; e a Bacia do Paraná, afetada quase da mesma forma que o São Francisco, provavelmente com período de vida muito curto.

Será um processo tão rápido assim?
Altair Sales Barbosa: Uma vez que se inicia tal processo de degradação e de diminuição drástica do nível dos lençóis, isso é irreversível. Em alguns casos duram algumas décadas; em outros, até menos do que isso. Temos exemplos clássicos no mundo de transposições de rios que não deram certo e até secaram mares inteiros. No Mar de Aral, no Leste Europeu, há navios ancorados em sal. Sua drenagem é endorreica, fechada, sem saída para o oceano. A União Soviética, na ânsia de se tornar autossuficiente na produção de algodão, fez a transposição dos dois rios que abasteciam o mar. Resultado: no prazo de uma década, as plantações não vingaram, o mar secou e uma grande quantidade de tempestades de poeira e sal afetam 30 milhões de pessoas, causando doenças respiratórias graves, incluindo o câncer.
Com nossos rios, acontecerá o mesmo processo. A diferença é que o processo de ocupação aqui foi relativamente recente, a partir dos anos 1970. São 40 e poucos anos. Ou seja: em menos de meio século, se devastou um bioma inteiro. Não acabou totalmente porque ainda há um pouco de água. Mas, quando isso acabar, imagine as convulsões sociais que ocorrerão. Enquanto se está na fartura, você é capaz de repartir um copo d’água com o irmão; mas, no dia da penúria, ninguém repartirá. Isso faz parte da natureza do ser humano, que é essencialmente egoísta. Isso está no princípio da evolução da humanidade. A Igreja Católica chama isso de “pecado original”, mas nada mais é do que o egoísmo, apossar-se de determinados bens e impedir que outros usufruam deles. Isso já levou outros povos e raças à extinção. E pode nos levar também à extinção.
Até bem pouco tempo tínhamos duas humanidades: o homem-de-neanderthal, o Homo sapiens neanderthalensis; e o Homo sapiens sapiens. Hoje podemos falar também em duas humanidades: uma humanidade subdesenvolvida, tentando soerguer em meio a um lodo movediço; e outra humanidade, que nada na opulência. A questão é que, se essa situação persistir, brevemente teremos a pós e a sub-humanidade.

É um cenário doloroso.
Altair Sales Barbosa: É doloroso, mas são os dados que a ciência mostra. Tem jeito, tem perspectiva para um futuro melhor? Possivelmente, a saída esteja na pesquisa. Mas uma pesquisa precisa de um longo tempo para que apareçam resultados positivos. E nossas universidades não incentivam a pesquisa, o que é muito triste, porque essa é a essência de uma universidade.

O sr. vê, em algum lugar do mundo, trabalhos e pesquisas pensando em um mundo mais sustentável?
Altair Sales Barbosa: Não. O que existe é muito localizado e incipiente. Não tem grande repercussão. Mas, mesmo se fossem proveitosas, jamais poderiam ser aplicadas ao Cer­rado, que é um ambiente muito peculiar. Teria de haver pesquisa dirigida especialmente para nosso bioma. Como recuperar uma nascente de Cerrado? Eu não sei dizer. Um engenheiro ambiental também não lhe dará resposta. Nenhum cientista brasileiro sabe a resposta, porque não temos pesquisas sobre isso. Talvez poderíamos ter um futuro melhor se houvesse investimentos em pesquisa.

E a educação ocupa que papel nesse contexto sombrio?
Altair Sales Barbosa: Nós, como educadores, deveríamos pensar mais nisso – e eu penso: talvez ainda seja tempo de salvar o que ainda resta, mas se não dermos uma guinada muito violenta não terá como fazer mais nada. É preciso haver real mudança de hábitos e mudar a forma de observar os bens patrimoniais do planeta e da nossa região. A água tinha de ser uma questão de segurança nacional. A vegetação nativa, da mesma forma. Os bens naturais teriam de ser tratados assim também, porque deles depende o bem-estar das futuras gerações. Mas isso só se consegue com investimento muito alto em educação, mudando mentalidade de educadores. As escolas têm de trabalhar a consciência e não apenas o conhecimento. Uma coisa é conhecer o problema; outra, é ter consciência do problema. A consciência exige um passo a mais. Exige atitude revolucionária e radical. Ou mudamos radicalmente ou plantaremos um futuro cada vez pior para as gerações que virão.



Postado por Daniela Kussama

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Os 10 melhores países para energias renováveis

Os 10 melhores países para energias renováveis

Vanessa Barbosa - Exame.com - 10/2014
Mohammad Afshar/Creative Commons/Flickr

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Com ambições de expandir a participação da energia solar em sua matriz energética, o Brasil tornou-se o 9º país mais atraente para receber investimentos em fontes renováveis, segundo estudo da EY.

Atualizado trimestralmente, o Renewable Energy Country Attractiveness Index (RECAI) avalia as barreiras e oportunidades para os investidores externos acessarem o mercado de fontes limpas em 40 países.

O Brasil está às vésperas de realizar seu primeiro leilão exclusivo para a fonte solar. Isso significa que ela não vai concorrer com outras fontes mais baratas, como a energia eólica, o que promete dar um gás na expansão dos projetos de usinas e atrair fabricantes a se instalarem por aqui.

Participam do leilão de reserva, previsto para o dia 31, cerca de 400 projetos que somam 10,8 gigawatts (GW) de capacidade. A expectativa do governo é contratar 3,5GW entre 2014 e 2018, ante meros 11 megawatts (MW) de capacidade instalada atualmente.

Segundo os analistas da EY, os recentes anúncios de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai oferecer financiamento mais barato para projetos de energia solar que busquem equipamentos produzidos localmente também reforça a ambição do país para criar uma forte cadeia produtiva interna para essa fonte.

Veja a seguir o desempenho das nações que ocupam os 10 primeiros lugares e o desempenho por fontes de energia, segundo a última edição do RECAI.

1) CHINA

2) ESTADOS UNIDOS

3) ALEMANHA

4) JAPÃO

5) CANADÁ

6) ÍNDIA

7) REINO UNIDO

8) FRANÇA

9) BRASIL

10) AUSTRÁLIA

Sombra, energia, wi-fi e água fresca sob uma frondosa árvore solar israelense


  • 27
    OUT
    Sombra, energia, wi-fi e água fresca sob uma frondosa árvore solar israelense
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    eTree em Israel. Foto: Divulgação.
    A empresa israelense Sologic busca promover a sensibilização para a sustentabilidade ambiental. Sua árvore eletrônica eTree oferece, além de sombra, wi-fi, carregamento de dispositivos eletrônicos, iluminação e bebedouros para pessoas e cães – tudo alimentado por uma rede de painéis solares. Veja vídeo.
    O primeiro protótipo eTree foi inaugurado nos jardins públicos Ramat Hanadiv em Zichron Yaacov. Outras estão prestes a ser instaladas, uma em Nice, na França, e outra em Xangai. As pessoas sentadas em Nice poderão trocar informações com pessoas sentadas em uma eTree em Israel, China ou qualquer outro lugar.
    As árvores são construídas para suportar condições climáticas adversas. A manutenção requer apenas a limpeza dos painéis a cada quatro meses.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Estudo diz que grande erupção vulcânica poderá destruir o Japão

France Presse
10/2014 

Estudo diz que grande erupção vulcânica poderá destruir o Japão

Especialistas baseiam estudo nos ciclos e impacto das maiores erupções.
País está localizado no Cinturão do Fogo, que tem 110 vulcões ativos.

Da France Presse
Em foto de 2 de feveiro de 2010, Monte Fuji aparece coberto de neve e cercado por nuvens (Foto: Toru Hanai/Reuters)Imagem de 2010 mostra o Monte Fuji coberto de neve e cercado por nuvens (Foto: Toru Hanai/Reuters)

"Não seria absurdo dizer que uma grande erupção possa acontecer algum dia em alguma parte do arquipélago", insistem os pesquisadores, para alertam para a morte de 120 dos 127 milhões de habitantes do país do Sol Nascente.Cerca de 120 milhões de pessoas, quase toda a população japonesa, poderá morrer se ocorrer uma grande erupção vulcânica, como a que aconteceu há milhares de anos no arquipélago, alerta um estudo de dois vulcanólogos japoneses. De acordo com trechos do trabalho de Yoshiyuki Tatsumi e Keiko Suzuki, cuja versão completa será publicada em novembro, o risco de ocorrência deste cenário catastrófico é de 1% durante o próximo século.
"O Japão concentra 7% dos vulcões ativos do mundo e geralmente enfrenta catástrofes, como a recente erupção do Monte Ontake (que deixou mais de 50 mortos no centro do país). Os olhares se concentram agora no Monte Fuji, onde existe o risco de uma erupção', escrevem.
Os especialistas baseiam seus trabalhos no estudo dos ciclos e do impacto das maiores erupções do Japão, em especial a partir do caso da Caldeira Aira, uma vasta caldeira vulcânica criada há 28.000 anos na região de Kagoshima (ilha de Kyushu, sudoeste) pelo afundamento do cume de um vulcão depois de uma terrível erupção.
Se ocorrer um fenômeno similar na região, sete milhões de pessoas poderão morrer em apenas duas horas em consequência das lavas e das rochas.
As cinzas se expandirão por todo o país, exceto a ilha de Hokkaido (nordeste), e ameaçarão infraestruturas, ao mesmo tempo em que colocará em perigo a vida de 120 milhões de habitantes. O Japão, situado no Cinturão do Fogo e onde confluem quatro placas tectônicas, conta com 110 vulcões ativos.

Francês projeta casa pré-fabricada que produz 50% mais energia do que consome

Francês projeta casa pré-fabricada que produz 50% mais energia do que consome

O arquiteto francês Phillippe Starck desenvolveu um modelo de casas pré-fabricadas capazes de gerar 50% mais energia do que consome. O protótipo já está pronto e, mesmo tendo diversas opções tecnológicas, foi desenvolvido para ser acessível e chegar ao maior público possível, conforme informado pelo próprio arquiteto.
A primeira residência foi apelidada de Monffort e faz parte da linha PATH, feita em parceria com a Riko, uma das principais fabricantes europeias de casas de madeira pré-fabricadas. Starck também informa que a coleção possui quatro tipos diferentes de residência, com 34 tipos de plantas diferentes. Além disso, elas foram pensadas para utilizar apenas 1/3 da energia gasta em uma casa tradicional.
Um dos itens sustentáveis importantes usados pelo francês no projeto é a cobertura de cornija, que vai muito além da estética. A forma aplicada à superfície da casa protege o sistema que produz e distribui a energia, evitando perdas no processo.
Os clientes que optam por uma casa dessa coleção podem escolher quais tecnologias deseja aplicar para produzir energia. É possível usar painéis fotovoltaicos, turbinas eólicas, acrescentar sistemas de captação da água da chuva, usar energia solar par ao aquecimento da água, bombas de calor, entre outras coisas.
No exterior, a casa possui grandes vidraças, que ajudam a aproveitar melhor a iluminação natural. Os tamanhos disponíveis variam de 140 a 350 metros quadrados, com opções de até oito quartos, escritório e jardim de inverno. O arquiteto garante que a construção é feita com materiais que geram poucos resíduos e são entregues aos clientes em até seis meses.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Você sabia? Uma lâmpada de LED chega a durar, em média, 25 vezes mais que uma lâmpada incandescente e cerca de 4 vezes mais que uma lâmpada fluorescente compacta.
Assista ao vídeo> http://bit.ly/video-LED
#Sejamaisconsciente
Uma parceria do Instituto Akatu com a Aes Eletropaulo

Foto: Você sabia? Uma lâmpada de LED chega a durar, em média, 25 vezes mais que uma lâmpada incandescente e cerca de 4 vezes mais que uma lâmpada fluorescente compacta. 
Assista ao vídeo> http://bit.ly/video-LED
#Sejamaisconsciente
Uma parceria do Instituto Akatu com a Aes Eletropaulo

Pense diferente


Pense diferente

Encontrar respostas para velhos dilemas ou construir soluções criativas para melhorar a realidade de uma comunidade. Já existem cursos, mundo afora, que ensinam isso e muito mais.


PORCarolina Bergier Edição 140
"Coloque a mão na barriga e diga: rá, rá, rá", dizia em um portunhol hilário Shanti Lee, personagem da carioca Paula Duarte, que promove workshops de risoterapia e clown. "Agora trema seu corpo. As mulheres que precisarem podem segurar seus peitos com as mãos para que não doam, sem problemas!", continua. E o que se vê é um grupo de cerca de 60 pessoas rindo à toa, em um sábado de sol, no Rio de Janeiro. O que eles faziam ali? Por meio de palestras, exercícios de respiração e até de interpretação, homens e mulheres pretendiam transformar a si mesmos para, então, mudar a realidade ao seu redor.

O encontro, citado acima, aconteceu no espaço chamado Casa Sou.l, um dos lugares retratados nesta reportagem, que mapeou espaços não convencionais e escolas (também não convencionais) que têm como objetivo formar educadores, empreendedores sociais e, principalmente, gente mais feliz e satisfeita consigo mesma. Em comum, esses alunos - pessoas como eu e você - estão em busca de uma vida pessoal - e corporativa - com mais propósito e sentido. E o que levam ao final do curso, da aula ou de um simples workshop? A percepção de que não estão sozinhas nessa jornada. Conheça, a seguir, algumas dessas 'novas escolas'.

Responder a variadas inquietações

O trabalho pode ser algo inspirador? Relacionamentos podem durar para sempre? Esses são alguns dos cursos da School of Life, com sede em Londres. Um de seus fundadores é o filósofo suíço Alain de Botton, famoso por difundir o conceito de uma filosofia acessível para todos. "O que acaba com nosso desejo inato por conhecimento são as coisas inúteis que a maioria das escolas ensina, de maneira tradicional, deixando de educar para o mais importante: autoconfiança, como lidar com os relacionamentos e pensamento estratégico", comenta Botton. A School of Life tem cursos, palestras, refeições com conversa e experiências de fim de semana em que o foco é a realização pessoal e uma vida melhor. Desde o ano passado, a escola oferece atividades por aqui, com seminários no Rio e em São Paulo, ministrados por professores da unidade londrina.

School of Life - theschooloflife.com/world/brazil

Propor soluções criativas para velhos problemas

Transformar jovens em líderes sociais e assim minimizar muitos problemas, como a fome ou a falta de moradia. Essa é a proposta de um programa internacional chamado YIP (International Youth Initiative Program), em Järna, na Suécia. Tem duração de um ano e reúne 40 jovens de 19 a 25 anos, de diferentes nacionalidades. Como se forma gente para algo assim? Parte da proposta é ter aulas com professores de economia e política até agricultura orgânica e artes. Além disso, todos os alunos plantam a própria comida e ajudam a comunidade local. E faz parte do programa, um período de intercâmbio em países que tenham algum tipo de condição social desfavorável, como a Índia ou Namíbia. Nessas viagens, o objetivo é colocar em prática aquilo que se aprendeu em sala de aula e, quem sabe, mudar um pouco a realidade de outras pessoas por meio de soluções criativas.

YIP - yip.se

Saber trabalhar de maneira colaborativa

Grupos formados por pessoas diferentes no jeito de ser e pensar e que precisam realizar algo juntas. Essa é uma característica da escola de design Kaospilot, localizada na cidade de Aarhus, interior da Dinamarca. O lugar oferece uma formação de três anos em áreas como gestão de projetos e liderança de processos criativos. Não existe um corpo docente fixo, mas gente convidada a dar aulas por um período, que pode ser de algumas semanas. A cada semestre, os alunos se envolvem em projetos variados, todos reais, e são avaliados pelo mercado de trabalho. E os professores não estão ali apenas para `ditar a regra¿ ou `ensinar o bê-a-bá¿, mas orientar conforme as dificuldades forem surgindo. Enfim, o objetivo é que os alunos encontrem as próprias soluções e saibam lidar com as dificuldades no meio do caos. Talvez por isso, os alunos sejam chamados de "pilotos do caos". »

Kaospilot - kaospilot.dk

Redescobrir seus verdadeiros sonhos e desejos

O lugar, inaugurado em agosto último, tem como missão inspirar pessoas a se conectarem com quem realmente são, descobrindo e fortalecendo assim seus propósitos. É também um ponto de encontro para, como dizem seus idealizadores, unir gente que está em busca de seus sonhos. Em um casarão, no Rio, acontecem aulas, palestras, workshops, cursos e vivências sobre autoconhecimento, sustentabilidade, empreendedorismo e criatividade, que ganham títulos como "Formação de Realizadores", "Encontros por uma Educação com Significado" ou "O Caminho dos Sonhos". Os professores? Gente que faz, ou seja, pessoas envolvidas em projetos de educação, cidadania e afins. O espaço tem também aulas de ioga, dança e artes marciais. A Casa Sou.l é uma empresa social: o objetivo é mudar vidas e, o lucro, revertido para a própria empresa.

Casa Soul - casasoul.com.br

Encontrar caminhos mais verdes

A proposta é formar comunidades sustentáveis, por meio de hortas orgânicas, construções verdes, economia mais justa e um dia a dia em que as discussões brotem de uma maneira mais honesta. Gaia é uma organização internacional que surgiu da experiência adquirida em ecovilas, ongs e comunidades autossustentáveis. Para espalhar esse conhecimento, que tem bases práticas e filosóficas, são elaborados cursos, alguns on-line, em mais de 31 países, inclusive aqui. As aulas são dinâmicas, com saídas de campo, trabalhos em grupo, estudos de caso e estágios em instituições. Quem passou pelo curso se reconhece como "gaiano". "Ser gaiano é ter a consciência de que existem muitas formas de proporcionar impactos positivos no mundo e na sua vida. É aprender com quem faz. É se inspirar para fazer", conta a gaiana Mariana Carvalho.

Educação Gaia gaiaeducation.net

Ampliar o olhar de mundo

imagine estudar em uma escola que funciona como uma comunidade. Assim é a Schumacher, em Totnes, no Reino Unido, que oferece cursos, com diferentes durações, baseados em uma visão de mundo ecológica e holística. Todos participam de tarefas diárias para a manutenção do espaço -não há nada de estranho em encontrar o diretor da instituição varrendo o chão. Entre os professores, há gente renomada como Satish Kumar, um dos fundadores da escola e uma figura ligada às causas pacifistas, ou Fritjof Capra, físico, autor de livros como O Tao da Física. Os estudantes têm aulas de arquitetura ou ecologia numa lanchonete ou no bosque e pode fazer cursos de temas como Economia da Dádiva, com o filósofo e escritor americano Charles Eisenstein. Quem passou pela Schumacher garante que a escola transforma, de fato, o olhar das pessoas.

Schumacher College - schumachercollege.org.uk

Carolina Bergier é jornalista e empreendedora de sonhos. Escreve para Vida Simples há dois anos e está desaprendendo para apreender.

Prefeitura revitaliza lago no Parque Mata das Borboletas

Prefeitura revitaliza lago no Parque Mata das Borboletas
Publicado em 10/2014 

O pequeno lago artificial e a principal nascente do Parque Mata das Borboletas, localizado no bairro Sion (região Centro– Sul), estão passando por processo de limpeza, desassoreamento e revitalização. Dividido em etapas, os trabalhos buscam aumentar o nível de água do lago e o fluxo das nascentes.

O desassoreamento do lago foi necessário para aumentar a profundidade, que estava entre 5 e 10 cm, afetando a fauna presente no local, conforme explica Aline Guerra, Chefe de Divisão de Manejo e Operações Leste: “com o baixo nível das águas percebemos que alguns animais (peixes, aves, cágados, pequenos mamíferos e roedores) estavam sofrendo. Alguns peixes chegaram a morrer, além do impacto visual para os visitantes. Agora, com a limpeza, a profundidade da lago aumentou, está variando entre 30 e 50 cm, e o fluxo da nascentes também cresceu. Isso traz mais umidade para o ambiente, contribui para a melhoria de vida dos animais e com a beleza cênica do parque ”.

Na primeira etapa, ocorrida no início de setembro, quatro funcionários da FPM trabalharam por 12 dias desassoreando as áreas mais rasas do lago e limpando o entorno da nascente. O funcionário Alexandre Gomes, 35 anos, participou do processo. “A ação é importante para natureza e para os animais. Retirei muita lama do lago”, conta.

Aline explica que foram retirados mais de 1.000 carrinhos de mão com lama. O trabalho foi todo feito manualmente, devido à dificuldade de entrar com maquinário no parque, por causa da topografia, desníveis e cercamentos.

Um jardim com vegetação nativa também será elaborado ao redor do lago. Já foram plantadas espécies como quaresmeiras, ipês, pau-brasil, embaúbas e ingás. O bambuzal que se encontra no local vai ser manejado, retirando bambus que estão secos e diminuindo as moitas que geram excesso de sombra. Novas etapas de limpeza do lago e da nascente serão agendadas e Aline afirma que o local vai ser “um espaço de lazer, meditação e descanso”.

Para André Funghi, Chefe de Departamento Sudeste, o processo de revitalização é uma pequena forma de tentar reduzir os impactos negativos causados pelo crescimento das cidades. “O parque e o lago sofrem com a urbanização, então, é muito importante que busquemos soluções para minimizar esses efeitos”, afirma.

Sobre o Parque Mata das Borboletas
Implantado em 1995, o Parque Mata das Borboletas ocupa uma área de aproximadamente 35.500 metros quadrados e oferece como opções de lazer brinquedos, trilha ecológica, equipamentos de ginástica e área de convivência e contemplação.

O local possui duas nascentes que abastecem a Bacia do Córrego Acaba-Mundo e um pequeno lago artificial. Sua área é totalmente permeável e funciona como recarga do lençol freático. Fonte de alimento e abrigo para a fauna silvestre, o espaço apresenta uma grande quantidade de borboletas, o que deu origem ao seu nome.

Localizado na encosta da Serra do Curral, sua vegetação, predominantemente nativa do bioma Cerrado, possui formações de campo cerrado, mata ciliar e campo hidromórfico e espécies como ingá, pau-d’óleo, cambratá, sucupira, cedro, aroeira, ipê, bambu de listra, entre outros. A área vegetada é contínua e corresponde a mais de 80% da área total.

A fauna apresenta mamíferos como gambás e preás, além de aves como sabiás, tzius, garrinchas, alma-de-gatos, sebinhos, bem-te-vis, andorinhas, bicos de lacre e marias preta.

Horário de funcionamento: terça-feira a domingo, das 8h às 18h.
Localização: Rua Assunção, 650 – Bairro Sion.
Informações: 3277-8221
Entrada gratuita.