terça-feira, 8 de abril de 2014

Serviços de polinização representam 10% do valor da produção agrícola mundial

Serviços de polinização representam 10% do valor da produção agrícola mundial

Karina Toledo - Agência Fapesp - 2014
da100fotos/Creative Commons



A humanidade tem explorado colônias de abelhas produtoras de mel desde a pré-história, mas somente nos últimos anos se deu conta de que a importância desses insetos para a sua alimentação vai muito além da fabricação do poderoso adoçante natural.


“O mel é, na verdade, um subproduto pequeno quando comparado ao valor do serviço de polinização prestado pelas abelhas, que corresponde a quase 10% do valor da produção agrícola mundial”, destacou a professora da Universidade de São Paulo (USP) Vera Lúcia Imperatriz Fonseca, durante palestra no segundo encontro do Ciclo de Conferências 2014 do programa BIOTA-FAPESP Educação, realizado no dia 20 de março, em São Paulo.



Cientistas estimam que no ano de 2007, por exemplo, o valor global do mel exportado tenha sido de US$ 1,5 bilhão. Já o valor dos serviços ecossistêmicos de polinização em todo o mundo era calculado em US$ 212 bilhões. Os dados foram levantados em diversos estudos e estão reunidos no livro Polinizadores no Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidadeuso sustentávelconservação e serviços ambientais, um dos vencedores do Prêmio Jabuti de 2013.



A obra é fruto do Projeto Temático FAPESP “Biodiversidade e uso sustentável de polinizadores, com ênfase em abelhas Meliponini”, coordenado por Fonseca no âmbito do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade de São Paulo (BIOTA).



As verduras e frutas lideram as categorias de alimentos que necessitam de insetos para polinização (cada uma das produções tem valor estimado de € 50 bilhões). Seguem as culturas oleaginosas, estimulantes (café e chá), amêndoas e especiarias. Em média, segundo os estudos, o valor das culturas que não dependem da polinização por insetos é de € 151 bilhões por ano, enquanto o das que dependem da polinização é de € 761 bilhões.



“Cerca de 75% da alimentação humana depende direta ou indiretamente de plantas polinizadas ou beneficiadas pela polinização animal. Dessas, 35% dependem exclusivamente de polinizadores. Nos demais casos, insetos como as abelhas ajudam a aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos”, afirmou Fonseca, que atualmente é professora visitante na Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), no Rio Grande do Norte.



Pesquisas recentes, contou Fonseca, mostraram que mesmo culturas como a canola (polinizadas pelo vento) e a soja (considerada autofértil) produzem entre 20% e 40% a mais por hectare quando recebem apoio de colônias de abelhas da espécie Apis mellifera ou quando a plantação é feita ao lado de áreas com remanescentes devegetação nativa.



“Quando se usam abelhas, jataí por exemplo, na polinização do morangueiro em ambientes protegidos, diminui em 70% o número de frutos malformados em alguns cultivares. Outra cultura que se beneficia da polinização em ambientes protegidos é a do tomateiro, que precisa de abelhas que vibram nas flores, como as do gênero Melipona. Em geral, as abelhas aumentam a produção de sementes, atuam na qualidade do habitat, tornam os sistemas agrícolas mais sustentáveis e trazem benefícios amplos ao meio, favorecendo outros serviços ecossistêmicos que permitem a preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos”, disse Fonseca.



MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Embora a demanda pelos serviços de polinização das abelhas cresça na mesma medida em que cresce a produção agrícola mundial, os habitats favoráveis à manutenção desses insetos diminuem a cada ano. Tal descompasso tem resultado em um fenômeno recente batizado pelos cientistas como desordem do colapso das colônias (CCD, na sigla em inglês).



De acordo com Fonseca, a síndrome do desaparecimento das abelhas foi detectada pela primeira vez em 2007 no Hemisfério Norte. Atualmente, naquela região, a perda tem sido em torno de 30% das colônias por ano e tem se tornado necessário importar abelhas de outros locais para promover a polinização agrícola. A Europa também sofre com o fenômeno, que começou a ser detectado no Brasil em 2011.



“O aluguel de uma colônia de abelhas para fazer a polinização chega a US$ 200 nos Estados Unidos, pois os produtores sabem que o lucro gerado pelo serviço prestado será muito maior. E não há abelhas suficientes. Esta é uma tendência mundial, pois cada vez mais plantamos culturas que dependem das abelhas para sua produção”, contou Fonseca.



Entre os fatores apontados como causa do desaparecimento das abelhas estão o uso inadequado de herbicidas e pesticidas, o desmatamento seguido pela ocupação do solo por extensas monoculturas e a migração de colônias para promover a polinização agrícola.



“O pesticida, quando não mata a abelha num primeiro momento, a deixa fraca e reduz o tempo da atividade forrageira (busca de alimento). Por outro lado, as abelhas têm de percorrer distâncias cada vez maiores em busca de comida quando ocorre a substituição da vegetação nativa por monocultura, pois há menor diversidade de flores. A migração de colônias, por sua vez, pode aumentar a competição por comida entre as espécies e favorecer a disseminação de doenças”, explicou Fonseca.



O cenário, já nada animador, tende a piorar com a chegada de um novo problema: as mudanças climáticas globais. Isso porque os polinizadores, assim como as plantas que os mantêm, têm um raio de distribuição geográfica influenciado pela temperatura e pelas chuvas.



“As previsões do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas] para o Nordeste brasileiro, por exemplo, são de aumento de 4º C na temperatura nos próximos 50 anos. Isso deve impactar fortemente na área de ocorrência das abelhas. Temos feito trabalhos de modelagem de distribuição de espécies e estudos com a metodologia da análise polínica do alimento coletado por elas para saber quais plantas as abelhas visitam. Essas ferramentas permitem fazer uma análise da utilização de recursos florais e, com o auxílio do herbário da flora do Brasil, modelamos as fontes principais de alimento. Cruzando os dados, é possível identificar as áreas naturais mais importantes para serem reconstruídas e preservadas e planejar um programa de mitigação. Isso para que daqui a 40 ou 50 anos as abelhas tenham algum lugar para viver”, contou Fonseca.



Saiba mais no site da Agência Fapesp
.

Argumentos para os países que defendem a caça às baleias

Argumentos para os países que defendem a caça às baleias

ALEXANDRE MANSUR

Kindle
Share2
Baleias jubarte mergulhando na costa brasileira (Foto: Divulgação/ Instituto Baleia Jubarte)

Os ativistas brasileiros a favor das baleias resolveram dar uma um passo no lobby com os países que ainda defendem a caça. Os biólogos e conservacionistas organizaram um seminário internacional com 12 representantes de países africanos e caribenhos que geralmente se alinham com líderes defensores da caça, como o Japão. O plano é argumentar a favor da criação de um santuário de proteção de baleias no Atlântico Sul. O encontro, organizado pelo Instituto Baleia Jubarte, acontece de 19 a 21 de março, na Praia do Forte, na Bahia. "Muitos dos países convidados votam contra a proposta (do Santuário) por desconhecimento das implicações e benefícios", diz Marcia Engel, presidente do instituto. Ela explica mais na entrevista a seguir:
ÉPOCA: Por que organizar um seminário para países votantes da Comissão Baleeira Internacional? A ideia é fazer lobby?
Marcia Engel: A intenção é esclarecer sobre o papel do Santuário e os benefícios a ele associados para a conservação marinha, pesquisa, geração de renda para as comunidades costeiras, educação. Muitos dos países convidados votam contra a proposta por desconhecimento das implicações e benefícios, sendo influenciados pelo Japão e aliados. Eles acreditam que a criação do Santuário de Baleias seria prejudicial aos seus interesses econômicos, quando na verdade a conservação das baleias é um jogo de ganha-ganha para o ecossistema marinho, comunidades, pesquisadores e ambientalistas.

ÉPOCA: Como é a melhor abordagem para os países que tradicionalmente votam contra a restrição à caça a baleia e contra a criação de um santuário?
Marcia: O esclarecimento e aprofundamento da discussão sobre o que é e como funciona um santuário de baleias.

ÉPOCA: Quem se opõe mais à criação do Santuário do Atlântico Sul?
Marcia: O principal opositor é o Japão, que estende sua influência sobre vários países subdesenvolvidos do Caribe e África através de subsídios à indústria pesqueira, angariando votos contra a proposta. Também há oposição de Noruega, Rússia e Islândia.

ÉPOCA: Quais são os países mais favoráveis ao santuário?
Marcia: A proposta de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul é uma iniciativa do Brasil e Argentina, tendo a África do Sul e Uruguai como co-patrocinadores. A proposta do Santuário tem o apoio de todos os países-membros da Comissão Baleeira Internacional (CIB) que são conservacionistas  como: Austrália, Reino Unido, União Européia, a maioria dos latinos (Chile, Costa Rica, Equador, Colômbia, México, Peru e outros),  EUA, Nova Zelândia, Índia, República Dominicana.
ÉPOCA: Quais são os melhores argumentos à favor da criação do santuário?
Marcia: A recuperação de espécies de baleias e unidades populacionais depauperadas pela caça comercial e por frotas baleeiras de países distantes é de suma importância para muitas nações do Atlântico Sul.  A conquista de benefícios socioeconômicos advindos do ecoturismo, da observação de baleias e da pesquisa científica depende da recuperação das populações de baleias e da garantia de que a caça não será mais uma ameaça.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Rios e Ruas: por uma São Paulo mais humana

Rios e Ruas: por uma São Paulo mais humanaSuzana Camargo -

rio e ruas
Todos os dias a população de São Paulo caminha sobre três mil quilômetros de cursos de água. Infelizmente são rios invisíveis, que foram canalizados e enterrados vivos sob nossos pés.
Pavimentar as cidades em prol do tão aclamado crescimento econômico foi uma decisão coletiva tomada no passado. Era uma visão do que se costumava chamar de desenvolvimento. Muitas décadas depois, sabemos hoje que um erro foi cometido. A construção de ruas, avenidas e prédios provocou o desaparecimento dos rios de São Paulo.
As crianças paulistanas não têm a mínima ideia do que é soltar um barco de papel num córrego, sentir a água fria do riacho nos pés descalços ou fazer um piquenique ao lado da nascente do rio. Os tempos são outros e nossos ouvidos não estão mais sequer acostumados a ouvir o barulho da água batendo nas pedras e seguindo seu curso.
Por um acaso daqueles que só o destino consegue criar, o geógrafo Luiz de Campos Júnior e o arquiteto José Roberto Bueno (na foto acima) foram apresentados por um amigo em comum em São Paulo e juntos decidiram mostrar aos paulistanos que não é tarde demais. Ainda é possível trazer à tona os rios paulistanos e transformar a cidade num lugar mais humano e tolerante para seus habitantes.
No ano passado, os dois foram escolhidos para integrar a reportagem Pessoas Incríveis, da edição especial de final de ano da revista Vida Simples Verde.
Em entrevista ao Parceiros do Planeta, Bueno e Campos Júnior falam sobre as expedições do Rios e Ruas para redescobrir os rios de São Paulo e revelam como podemos nos reconectar com a natureza e transformar a cidade.
Como surgiu o Rios e Ruas?
Campos Jr. – 
Estudo o tema dos rios invísiveis na cidade de São Paulo desde a época da faculdade e nunca mais larguei desta história. Como era professor de geografia, trabalhei muito este assunto com alunos e na formação de professores, mas sempre no meio acadêmico. Em 2010 um amigo comum me apresentou ao Bueno quando tomávamos um café na Vila Madalena e o Rios e Ruas nasceu deste encontro.
Bueno – Na época em que conheci o Luiz estava pensando em formar uma jornada de aprendizagem vivencial com diversos mestres apaixonados por assuntos, que pudesserm gerar uma experiência para as pessoas. Mas algo prático. Quando o Luiz falou que São Paulo tinha uma quantidade enorme de água, fiquei muito curioso não só pela informação, mas como poder experimentar isso. Fizemos então um primeiro passeio perto da minha casa para tentar encontrar água. Acabamos descobrindo que eu morava a 150 metros de uma nascente de rio. Foi uma experiência muito forte e impactante.
Como são as expedições em busca dos rios invisíveis?
Bueno – 
Queríamos reproduzir a nossa primeira experiência. Um roteiro, com um pouco de bate papo, uma conversa sobre todo o conceito da hidrografia de São Paulo.Informação mais experiência.
Campos Jr. – Fazemos expedições em que ajudamos as pessoas a abrir a percepçãopara uma realidade que está encoberta em São Paulo. Uma vez que elas tenham esta percepção ativada, conseguem reconhecer isto em todos os lugares da cidade.
Quem são as pessoas que exploram os rios da cidade?
Campos Jr. – 
A ideia toda do Rios e Ruas foi sair do ambiente escolar, queremos ir para as ruas porque isso não é uma coisa que deva ficar fechada nas universidades, nas escolas. Isso tem que atingir o cidadão comum. Cada vez mais o Rios e Ruas começa a ter interfaces com diferentes tipos de iniciativas. Já fizemos expedições com grupos de ciclistas, pessoal das hortas urbanas. Na verdade estamos ocupando o espaço público, nos preocupando com ele e propondo novas possibilidades para a cidade.
Bueno – O que nos interessa também é a conversa, o olho no olho, a interação entre as pessoas. Durante as expedições as pessoas trazem muitas histórias, as experiências próprias, olhares diferentes sobre o tema.
Qual a duração das expedições?
Campos Jr. 
– Depende de cada passeio. Um dos mais recentes que realizamos para uma empresa de consultoria ambiental durou cerca de três horas e meia. Fizemos o percurso do rio Anhangabaú da nascente até o centro de São Paulo. Começamos com uma oficina no vão da MASP com um grande mapa da hidrografia de São Paulo, que é um grande quebra-cabeça de nove metros quadrados. As pessoas montam as peças e depois interferem em cima do mapa. Quando elas vêm aquilo, nem acreditam que representa a hidrografia da cidade. Dizem que não é possível ter tanto rio assim em São Paulo. Mas logo começam a identificar os rios perto das casas delas, desenhar na cabeça o trajeto deles. É uma atividade vivencial e transformadora para o cidadão.
Os passeios são guiados pelos mapas?
Campos Jr. 
– Os mapas só são uma base de partida, na verdade o que a gente costuma fazer é ir com mapas das ruas e desenhar os rios conforme eles vão sendo descobertos pelas indicações. Vamos vendo os traçados das ruas, relevo, umidade, vegetação e a partir disso vamos desenhando em cima dos mapas.
Bueno – A minha questão sempre é como tornar este conhecimento, que é fascinante por si só, numa experiência lúdica e excitante. E que emocione, na verdade. O conhecimento em si não é suficiente para emocionar e causar movimento. E toda esta história de mapas, expedições e encontrar esses indícios traz muito a lembrança de um trabalho de piratas. E fizemos uma experiência recente que chamamos de Piratas de Rios e Ruas, em que juntamos jovens com crianças e com pais para que com o mapa na mão descubram onde estão esses tesouros da cidade.
Por que estes tesouros foram escondidos?
Bueno 
- No último século a gente teve essa malha incrível de rios – um tesouro, guardada, canalizada. Escondida para promover o crescimento caótico da cidade. Estamos fazendo um trabalho de recuperação, reencontro. Os rios foram cobertos por um equívoco de percepção nossa. Foram cobertos dos nossos olhos e talvez se voltarmos a percebê-los, a chance de voltar a tê-los seja maior. Mas é um processo sutil de começar a limpar os rios na percepção das pessoas.
Este seria o grande objetivo do Rios e Ruas?
Bueno 
– Sim, reconectar o cidadão urbano com a natureza do lugar onde ele vive.  Atualmente não temos o menor vínculo com a natureza local. Cidade sustentável começa por estar conectado com o ambiente onde se vive. O grande objetivo é trazer luz e vida a este lugar, a partir das águas. Do ponto de vista pragmático, nosso objetivo é começar a abrir rios na cidade de São Paulo.
É possível trazer de volta os rios de São Paulo?
Bueno 
– Isso é uma tendência mundial na Ásia, Europa e Estados Unidos e São Paulo está atrasada. Várias metrópoles que canalizaram e poluíram seus rios estão tendo ações consistentes e articuladas para reconstruir essa realidade. Há tecnologia e resiliência dos rios para voltarem a viver como sempre viveram mesmo depois de canalizados e enterrados por décadas. Acreditamos que se tivermos em São Paulo o caso de um rio canalizado recuperado e aberto à visitação, ao apreço e à convivênciafaremos uma curva irreversível em relação  ao desenvolvimento da cidade e ao modelo de crescimento dela.
Campos Jr. – Seriam interferências pequenas na realidade da cidade. Existem muitos rios prontos para serem reabertos, mas não se dá valor a isso. Se abrirmos trechos de 100, 150 metros de rio e as pessoas puderem desfrutar novamente, vão começar a pensar se existem outros e se nossa cidade não poderia ser diferente. No Jardim Botânico de São Paulo, no Ipiranga, isso foi feito. O Rio Pirarucaua ficou 70 anos dentro de uma galeria, em 2008 foi reaberto e desde então a visitação ao parque quintuplicou.
Um rio nunca morre?
Campos Jr. 
– Não, é praticamente impossível matar um rio.
Bueno -  Somos capazes de matar um rio no nosso olhar. O rio que temos em São Paulo hoje está morto na nossa percepção porque o associamos com esgoto, enchentes e como inimigo da cidade. Fomos educados a achar que o rio é um problema que deve ser enterrado.
Como a volta dos rios pode transformar a cidade?
Bueno 
– O rio é um grande humanizador da cidade. Ela se torna muito mais tolerante, solidária, acolhedora do que aquelas que cobrem seus rios e não honram sua conexão com as águas do seu lugar. Cidades com rios são menos violentas, mais aprazíveis.
Qual é a sensação mais forte que as pessoas têm ao constatar que há rios invisíveis sob seus pés?
Bueno – 
Saber que enterramos nossos rios é muito forte, muito triste. Mas nesse momento de tristeza temos duas opções: nos deprimir, revoltar e reclamar dos políticos e gestores, ou então, usar esta mesma energia para fazer alguma coisa. A tristeza se transforma em indignação e esta indignação nos move a agir, a ter uma atitude pró-ativa, entusiasta e otimista. Estamos transformando esta tristeza em criatividade e iniciativa.

Foto: Amanda Barral

Alerj vai trazer a Campos discussão da transposição do rio Paraíba

Alerj vai trazer a Campos discussão da transposição do rio Paraíba

Audiência pública hoje na Alerj para discutir a proposta paulista de transposição do rio Paraíba do Sul (foto de Rafael Wallace - Alerj)
Audiência pública hoje na Alerj para discutir a proposta paulista de transposição do rio Paraíba do Sul (foto de Rafael Wallace – Alerj)

A Frente Parlamentar da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) em Defesa da Bacia do Rio Paraíba do Sul irá realizar uma série de audiências públicas nas regiões cortadas pelo leito do rio para discutir os planos do Governo de São Paulo de efetuar uma segunda transposição no curso das águas. A decisão foi anunciada durante reunião do grupo realizada nesta segunda-feira (31/03). De acordo com a presidente do colegiado, deputada Inês Pandeló (PT), o circuito de encontros começará no dia 10 de abril, às 18h, na Universidade Federal Fluminense (UFF) de Volta Redonda.
Em seguida, a Frente Parlamentar vai a Campos dos Goytacazes e, em maio, chega à cidade de Sapucaia. “A parte técnica é muito importante, mas a mobilização política também é necessária. Os estudos nos dão argumentos para que lutemos em defesa do nosso estado e do Rio Paraíba do Sul”, frisou a petista, reiterando que nenhuma decisão pode ser tomada sem consultar os Comitês de Bacia. Durante a reunião desta segunda-feira, foram discutidos dois estudos que apontam para a incapacidade do rio de suportar uma segunda transposição. “Ficou claro que o Rio de Janeiro vai sofrer. Os estudos técnicos mostram que existem alternativas diferentes para São Paulo ter água. A atitude do governador Geraldo Alckmin foi autoritária”, colocou Pandeló, que disse que pedirá ao presidente da Casa, deputado Paulo Melo (PMDB), a inclusão do tema nas discussões do Fórum Permanente de Desenvolvimento Econômico do Estado. A deputada adiantou, também, que enviará ofício à Agência Nacional de Águas (ANA), solicitando uma audiência com o órgão, e que irá organizar um abaixo assinado na internet contra a possível transposição.
O estudo encomendado pelo Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap) apontou que já há um déficit hídrico de oito metros cúbicos por segundo em alguns trechos do rio, e que uma segunda transposição agravaria o problema. “O Ceivap não foi ouvido. O Governo de São Paulo tem que aceitar sentar com a gente, nos ouvir”, pontuou a vice-presidente do órgão, Vera Lucia Teixeira, para anunciar que haverá uma reunião entre diversos comitês e a ANA. Na ocasião, o Ceivap solicitará que o órgão federal garanta que uma possível intervenção no rio não irá interferir no cumprimento das regras atuais. O presidente de honra da Comissão Ambiental Sul e bispo emérito de Volta Redonda, dom João Maria Messi, se posicionou contrário a uma segunda transposição. Presente na audiência, a vereadora de São José dos Campos (SP) Renata Paiva (DEM), também declarou ser contrária ao que pretende o governo paulista.
A presidente do Instituto Estadual de Ambiente do Rio (Inea), Isaura Fraga, ressaltou que uma possível nova transposição afetaria todo o estado do Rio, e também classificou a medida como autoritária. “Existe uma regra operativa em vigor, e ela tem que ser cumprida”, opinou. O deputado Carlos Minc (PT) alertou para que as discussões sobre o tema não ganhem caráter de disputa regional entre os estados, e pediu união para defender o Rio Paraíba do Sul. “Os Comitês de Bacia não foram consultados, isso contraria a lei federal. Além disso, existe um Plano Diretor, financiado pela ANA, que está sendo concluído. Como tomar uma decisão antes do plano?”, questionou o parlamentar, completando que um decreto nacional estabelece a vazão mínima do rio quando entra no estado do Rio, em funil. Segundo Minc, tal vazão já estaria no limite, o que tornaria qualquer retirada de água um descumprimento de um decreto assinado pela Presidência da República.
A deputada Aspásia Camargo (PV) afirmou que ficou muito feliz com a apresentação dos estudos, que deu mais informações sobre a real situação da bacia. “Antes de pensar se temos condições, concluo que não há razão para isso (transposição). São Paulo não fez o seu dever de casa e quer, no desespero, sangrar o Rio Paraíba do Sul”, criticou. A deputada sugeriu que tanto Rio como São Paulo precisam desperdiçar menos água, lembrando que o Rio tem o maior consumo per capita de água do país. Já o deputado Paulo Ramos (Psol) pediu uma interlocução direta com o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para pressionar pela defesa dos direitos da população fluminense. O relator da Frente Parlamentar, deputado Nelson Gonçalves (PSD), alertou que a transposição pretendida por São Paulo colocaria em risco a qualidade de vida de 15 milhões de pessoas. O parlamentar afirmou que é necessário mobilizar as Câmaras Municipais e prefeitos das cidades envolvidas na questão. “Recebi um documento da Procuradoria do Estado de São Paulo, que, em resposta a um inquérito civil público, afirmou que inexistia qualquer obra para uma segunda transposição do Rio Paraíba do Sul, três anos atrás, e que tampouco se pretendia fazê-la no futuro. O inquérito foi arquivado por conta dessa afirmação da Procuradoria”, contou Gonçalves.

Da assessoria da Alerj.

domingo, 6 de abril de 2014

Tecnologia já tem. O que falta para limpar o rio Pinheiros?

Tecnologia já tem. O que falta para limpar o rio Pinheiros?

BRUNO CALIXTO

Kindle
Share1
Ri o PInheiros, em São Paulo (Foto: Associação Águas Claras do Rio Pinheiros/Facebook)
Neste sábado (22), Dia Mundial da Água, a cidade de São Paulo tem pouco a comemorar. Após um verão seco e intenso, aliado aos já arraigados hábitos de desperdício, a cidade corre sério risco de racionamento de água. Em meio a crise de abastecimento, no entanto, o rio Pinheiros recebeu uma boa notícia. A secretaria ambiental de São Paulo anunciou os resultados de testes para encontrar uma tecnologia para limpar o rio.
No ano passado, o governo paulista e a ONG Águas Claras do Rio Pinheiros promoveram uma série de testes com novas tecnologias para aplicar no rio. Os testes foram propostos após especialistas perceberem que, mesmo se o governo realizar todas as obras previstas de despoluição, ainda assim não é possível limpar o rio.
O parecer técnico com os resultados dos testes foi publicado nesta semana. O governo paulista decidiu que seis tecnologias podem ser aplicadas na despoluição do Pinheiros. Elas melhoraram o oxigênio da água, reduziram o odor e a espuma e foram capazes de reduzir a quantidade de resíduos nas áreas de testes.
Agora, a próxima etapa é uma avaliação financeira. O governo deverá escolher entre uma ou mais tecnologias que estejam dentro do orçamento do Plano de Despoluição dos Rio de São Paulo. Infelizmente, ainda não há data para quando o processo de despoluição começará.


Buraco na camada de ozônio afeta o clima no Rio

Buraco na camada de ozônio afeta o clima no Rio

  • Estudo brasileiro revela como o sistema interfere no aquecimento global



Em azul, a área fragilizada da camada de ozônio em 1999, quando o buraco atingiu tamanho recorde
Foto: Nasa

Em azul, a área fragilizada da camada de ozônio em 1999, quando o buraco atingiu tamanho recorde Nasa
RIO - O verão se foi marcado por recordes de calor e estiagem no Rio de Janeiro e boa parte do Sudeste. Um tempo hostil no início do ano que marca a primeira década após o Catarina (23 a 28 de março de 2004), o primeiro furacão brasileiro registrado. Surgem sinais de mudança do clima. Se associados à ação humana ou a variações naturais, ainda é inconclusivo para alguns. Mas, agora, um estudo brasileiro identificou uma inédita associação entre o buraco na camada de ozônio sobre a Antártica e alterações no padrão de ventos no Atlântico Sul, com possível influência sobre o Brasil. Uma inequívoca alteração climática causada pelo ser humano.
O estudo é daqueles que mudam paradigmas da ciência porque põe por terra a ideia de que o buraco na camada de ozônio não teria consequências climáticas. Supunha-se que o impacto do rombo no ozônio diria respeito apenas a índices perigosos de radiação UV. Mas nada teria a ver com o clima. O conceito inicialmente lançado pelo British Antarctic Survey, e depois por um grupo brasileiro do Proantar, mostraram que esta é uma ideia errada. Até agora as evidências apontam que o buraco na camada de ozônio é uma produção 100% humana. Foi aberto por gases CFCs emitidos ao longo do século XX e início de século XXI. Embora a emissão de CFCs tenha sido controlada pelo Protocolo de Montreal, em 1997, o único acordo climático bem-sucedido da História, o buraco só se fechará ao longo das próximas sete décadas.
Trabalho pioneiro de equipe da UERJ
O grupo liderado pelo físico Heitor Evangelista, da Uerj, revelou que a complexa rede de conexões climáticas faz fenômenos que acontecem na atmosfera sobre a Antártica alcançarem as águas que banham o Brasil. Esses fenômenos que podem levar ao aquecimento do mar e alterar o padrão de chuvas no continente e afetar o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
Os pesquisadores integram o Instituto Nacional da Criosfera, uma rede nacional de pesquisa ligada ao CNPq, que mantém um laboratório em funcionamento o ano todo na Antártica, a apenas 500 quilômetros de distância do Polo Sul geográfico. O laboratório pode funcionar de modo autônomo e os cientistas não precisam passar o tempo todo por lá, evitando o frio e escuro inverno antártico. O laboratório Criosfera I, que não foi afetado pelo incêndio da Base Antártica Brasileira em fevereiro de 2012, monitora o clima e a química da atmosfera e envia os dados por satélite para o Brasil e a comunidade científica internacional. Evangelista e seus colegas costumam passar um mês por lá, mas nunca param de receber informações.
A dinâmica da estratosfera faz em com que a camada de ozônio que protege a Terra da radiação UV seja mais fina sobre a Antártica. Quando os CFCs começaram a destruir a camada, o problema teve maior intensidade na Antártica e esfriou ainda mais a estratosfera sobre o interior do continente, enquanto que a temperatura das bordas continuava a se elevar. Na prática, o buraco na camada de ozônio aumentou a velocidade dos ventos ao redor da Antártica.
- A diferença de temperatura (neste caso entre o centro da Antártica o ambiente ao seu redor) acarretou uma diferença de pressão atmosférica. E isto levou à intensificação dos ventos de Oeste - explica Heitor Evangelista.
O resultado foi que os chamados ventos westerlies - literalmente, que sopram de Oeste - se tornaram mais fortes. Esses ventos giram ao redor da Antártica. Este aumento está registrado nas estações meteorológicas de superfície e reproduzidos nos modelos numéricos.
- Um fenômeno semelhante aconteceu, em maior escala, nos períodos glaciais, quando a diferença de temperatura entre os polos e os trópicos era maior do que hoje. Isso gerou uma atmosfera mais dinâmica, em termos de ventos superficiais - observa o cientista.
Ele destaca que o aumento dos ventos ao redor da Antártica provocou um transporte maior de calor dos oceanos e continentes (América do Sul, Austrália e África) ao redor da Antártica. Por outro lado, este enorme sistema passa a funcionar como uma espécie de barreira para os ventos penetrarem dentro do continente antártico. Assim, o coração da Antártica está mais frio e suas bordas, mais quentes.
- Observamos que parte do Atlântico Sul começou a esquentar no final dos anos 70. Sabemos, através de modelos, que a intensificação dos westerlies tem uma influência muito poderosa sobre o Atlântico Sul, muda a estrutura de ventos, inclusive na costa do Brasil, por exemplo - salienta o pesquisador.
Para estudar o que acontece no oceano, os cientistas se valem de simulações numéricas. O processo ainda está em estudo. Mas os pesquisadores sabem que alterações na dinâmica desses ventos antárticos podem se propagar até o Brasil. Ao fazer isso, eles empurram colossais volumes de água oceânica. Literalmente, podendo empilhar água na costa do Brasil. Isso aumenta a pressão sobre a coluna d’água e faz com que a água se aqueça. A ação deste processo pode atingir a costa do Sudeste brasileiro.
- O aquecimento do Atlântico pode ter várias consequências para o Brasil, inclusive o aumento da evaporação e da chuva. E também biológicos, pois espécies de corais são sensíveis ao aumento da temperatura do mar.
O estudo está em curso, mas já revelou que há uma coincidência entre a intensificação dos westerlies, o aumento da temperatura do Atlântico e um declínio na taxa de crescimento dos corais de Abrolhos. Estamos investigando se há uma conexão neste processo, pois são temporalmente bem acoplados. Para Evangelista, é cedo para dizer se a mudança nos ventos aumentará a ocorrência e a intensidade de tempestades no Brasil. Porém, observa:
- Sabemos que a variabilidade do gelo marinho na Antártica tem relação com as frentes frias que atingem a costa brasileira.
Trabalhos como esse evidenciam que o sistema climático da Terra é tão complexo e dinâmico que é preciso olhar todo o planeta, quando queremos compreender o Brasil
- Não adianta olhar para os lugares de sempre. O planeta está conectado e em permanente transformação - diz.

 em http://oglobo.globo.com/ciencia/buraco-na-camada-de-ozonio-afeta-clima-no-rio-11939511#ixzz2xjFBrPgU 
© 1996 - 2014. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 

sábado, 5 de abril de 2014

Políticas climáticas devem se adaptar a características das cidades



Políticas climáticas devem se adaptar a características das cidades

/2014   -   Autor: Jéssica Lipinski   -   Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Estudo realizado em 22 cidades do mundo todo, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, defende que as particularidades de cada localidade devem moldar a forma de combater as mudanças climáticas


Quando visitamos uma cidade, costumamos ir atrás das particularidades que ela nos oferece, como seus pontos turísticos e lugares únicos. Assim, da mesma forma que cada município apresenta características que o diferencia de outros, também cada uma deles deveria ter um jeito único de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
É o que sugere o estudo Low-carbon infrastructure strategies for cities (Estratégias de infraestrutura de baixo carbono para cidades), publicado no último domingo (16) pelo periódico Nature Climate Change. Segundo a pesquisa, cada cidade deveria levar em conta suas características, em especial as relacionadas à infraestrutura urbana, para desenvolver seus planos de ação para o clima.
Para chegar a essa conclusão, o relatório avaliou 22 cidades em todo o mundo. No geral, constatou-se que municípios com um produto interno bruto (PIB) maior tendem a apresentar uma maior quantidade de emissões per capita, já que são cidades em que os residentes costumam usar mais energia (veja gráfico 1).
Três fatores foram especialmente levados em consideração na hora de identificar quais aspectos influenciavam as emissões dos municípios: como é a densidade da urbanização, como os habitantes da cidade se locomovem e de onde cada município obtém sua eletricidade. Assim, foi possível estabelecer quais políticas seriam melhores para reduzir as emissões em cada cidade (veja gráfico 2).
Por exemplo, cidades com uma geração de eletricidade baseada em combustíveis fósseis, e, portanto, com um sistema de energia com grandes emissões de CO2, mas que tenham uma baixa densidade populacional, terão mais possibilidades de êxito adotando um sistema de energia solar integrado a edificações, já que, nesses casos, os edifícios têm mais acesso à luz solar do que em cidades com alta densidade. É o caso de grandes metrópoles norte-americanas como Denver (Colorado) e Chicago (Illinois) e de Amã (Jordânia).
Cidades com uma geração ‘suja’ de energia e que tenham uma densidade urbana média a grande podem se utilizar de sistemas de trânsito rápido (HRTs) como os BRTs (ônibus articulados ou biarticulados que circulam em faixas exclusivas), pois estes municípios têm uma densidade que torna a implementação desse sistema viável financeiramente.
Essas cidades poderiam contar de forma bem sucedida com a importação de energias renováveis ou com a geração de energia por sistemas distritais, que geram energia para pequenas regiões residenciais e comerciais de um município. Exemplos desse tipo de cidade são: Cidade do Cabo (África do Sul), Jacarta (Indonésia), Manila (Filipinas), Pequim (China), Praga (República Tcheca), Tianjin (China) e Xangai (China).
No caso de cidades com uma intensidade menor de gases do efeito estufa (GEEs) na geração de energia e com uma densidade urbana baixa, como Los Angeles (Estados Unidos) e Toronto (Canadá), a sugestão é que as políticas climáticas estejam centradas no estímulo a veículos elétricos e bombas de calor geotérmico (GSHPs), sendo esta última uma tecnologia com um custo relativamente baixo onde há as condições adequadas para isso.
Por fim, cidades com uma baixa intensidade de GEEs em sua geração energética, mas que tenham uma densidade urbana de média a alta podem se beneficiar grandemente de medidas como os sistemas HRTs, GSHPs e a geração de energia distrital.
É o caso de municípios como Bangcoc (Tailândia), Barcelona (Espanha), Buenos Aires (Argentina), Dar es Salaam (Tanzânia), Genebra (Suíça), Londres (Reino Unido), Nova Iorque (EUA) e Paris (França), e também das brasileiras São Paulo e Rio de Janeiro.
Mas apesar de o trabalho indicar as possíveis estratégias que poderiam ser adotadas, reconhece que, na prática, a implementação delas pode ser mais difícil, e nem todas as cidades poderão fazê-lo.
Isso porque muitas das políticas recomendadas precisam de grandes quantidades de financiamento por parte dos governos, o que muitas vezes não acontece. Além disso, os governos locais teriam que priorizar as políticas climáticas em detrimento de outras questões se fossem adotar tais medidas, o que também é raro.
Por isso, o documento conclui que, além das características geográficas, culturais e urbanas de cada cidade, o fator riqueza também determinará quais delas poderão seguir um caminho de políticas de baixo carbono. Isso, em última análise, poderá deixar que justamente as cidades mais vulneráveis às mudanças climáticas fiquem mais carentes de estratégias de adaptação e mitigação.
“A viabilidade de estratégias de baixo carbono será mais bem determinada se as cidades olharem para seus vizinhos, assim como se experimentarem modelos de governança climática urbana de sucesso. Abandonar a dependência dos combustíveis fósseis, promover a eficiência energética e aumentar o preço da energia são medidas eficientes para reduzir as emissões, embora a priorização de tais estratégias dependa em última análise da riqueza das cidades e seus residentes, e do avanço das mudanças climáticas na agenda da cidade”, diz o estudo.
“O alcance geográfico das cidades nesse trabalho reflete também a gama de riqueza delas, que estão engajadas no processo de desenvolvimento ou de urbanização, e para as quais os caminhos para a economia de baixo carbono são, evidentemente, diferentes. Uma governança climática urbana bem estruturada pode ser uma ferramenta para determinar como o custo de tais estratégias recairá sobre os governos locais, empresas e indivíduos. A natureza comparativa desse estudo permite que governos locais foquem nos fatores das emissões e estabeleçam compromissos para priorizar a ação climática e buscar reduções de emissões”, conclui.