sábado, 7 de dezembro de 2013

Primeiro Livro Vermelho da Flora do Brasil será lançado no Rio de Janeiro

Primeiro Livro Vermelho da Flora do Brasil será lançado no Rio de Janeiro

    Orquídea: uma das espécies sob o risco de extinçãoOrquídea: uma das espécies sob o risco de extinção
    Publicação científica reúne avaliações sobre o risco de extinção de espécies de plantas no país

    LUCIENE DE ASSIS

    Pesquisadores ligados ao Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), entidade vinculada à Diretoria de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, elaboraram o “Livro Vermelho da Flora do Brasil”. A publicação será lançada nesta terça-feira (03/12), às 18h, Escola Nacional de Botânica Tropical, Solar da Imperatriz, no Rio de Janeiro. 

    O livro, organizado por Gustavo Matinelli e Miguel Ávila Moraes, revela que, do ponto de vista espacial, a maioria das espécies ameaçadas encontra-se nos nas regiões Sudeste e Sul. De um total de 4.617 espécies avaliadas, 2.118 (45,9%) foram classificadas como ameaçadas e enquadradas nas categorias Vulnerável (VU), Em Perigo (EN) e Criticamente em Perigo (CR). As demais entraram nas categorias Menos Preocupante (LC), Deficiente de Dados (DD) e Quase Ameaçada (NT).

    AÇÕES DE CONSERVAÇÃO

    Para os cientistas, um dos grandes desafios que os países enfrentam, atualmente, é conhecer sua biodiversidade e avaliar o risco de extinção das espécies nativas de seus territórios, para planejar as ações de conservação. O Brasil concentra de 11% a 14% da diversidade de plantas do mundo, com quase 44 mil espécies catalogadas e milhares ainda desconhecidas pela ciência. No País estão localizadas duas das 34 áreas de grande diversidade de espécies com alto risco de extinção (hotspots), que são a Mata Atlântica e Cerrado.

    Entre os Estados, Minas Gerais tem a maior quantidade de espécies nas três categorias de risco de extinção (VU, EN e CR). Na sequência, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia encabeçam a lista da flora em risco de extinção. Mata Atlântica e Cerrado são os dois biomas em que se verificou o maior número de espécies ameaçadas, seguidos da Caatinga e dos Pampas. 

    A Amazônia ocupa o quinto lugar do ranking, o que pode ser explicado pela vasta rede de áreas protegidas (38% de seu território), pelas várias regiões de difícil acesso e pelas lacunas de informação sobre suas espécies. De acordo com os pesquisadores, o livro permitirá a atualização da “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção”. 

    “O conjunto da obra oferece ao leitor todo o conteúdo necessário para consultar o risco de extinção de espécies da flora avaliadas”, esclarece Gustavo Martinelli, coordenador do CNCFlora. “Nesse contexto, acreditamos que o livro terá grande utilidade para municiar tomadores de decisão com informações científicas que possam nortear o estabelecimento de prioridades de ação para conservação de plantas, ou mesmo para direcionar pesquisas científicas que possam preencher lacunas de conhecimento sobre determinados grupos taxonômicos”.

    DEGRADAÇÃO

    O trabalho do CNCFlora foi elaborado a partir de ferramentas tecnológicas, obtidas em um portal online integrado, que viabilizaram a criação de um acervo único sobre as espécies em risco de extinção, constatando-se que a perda de hábitat e a degradação são as principais ameaças à flora nacional. Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Cavalcanti, a publicação apresenta avaliações de risco que servirão de subsídio essencial à elaboração da lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção. “É, por isso mesmo, um trabalho importantíssimo de pesquisadores brasileiros e internacionais sobre a flora do País”, acrescenta. 

    Em relação às espécies avaliadas no livro, o grupo das samambaias, avencas e xaxins (Pteridófitas), por exemplo, é o mais ameaçado, enquanto o de musgos, entre outros (Briófitas) é, proporcionalmente, o menos ameaçado. O estudo apontou, ainda, que a família das bromélias (Bromeliaceae) apresenta o maior número de espécies consideradas criticamente em perigo, seguida das famílias das orquídeas (Orchidaceae) e das que fazem parte, por exemplo, girassóis e margaridas (Asteraceae). 

    PREOCUPAÇÃO

    O Centro Nacional de Conservação da Flora tem a missão de coordenar os esforços nacionais de conservação de plantas. A primeira fase desse trabalho avaliou, cientificamente, 4.617 espécies da flora brasileira já incluídas em listas oficiais de espécies ameaçadas. A meta é, até 2020, concluir a avaliação de risco de extinção de todas as espécies conhecidas de plantas brasileiras.

    O sistema do CNCFlora contabilizou 5.642 ameaças incidentes sobre a flora brasileira. Dentre elas, 3.400 (60,2%) afetam espécies consideradas em risco de extinção. A perda de hábitat e a degradação são responsáveis por 87,35% (2.970) dessas ameaças. A agricultura é a causa primária de perda de hábitat e degradação (36,1%). Infraestrutura e planos de desenvolvimento (23,5%), bem como o uso de recursos naturais (22,3%), também contribuem, de forma significativa, com esse processo. O fogo causado por pessoas (11%) é, igualmente, uma fonte de grande preocupação dos pesquisadores. 
    Outras informações:
    Assessoria de Comunicação do CNCFlora
    (21) 987531419 / lucianagcm@gmail.com

    Assessoria de Comunicação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
    (21) 3204-2498 / ascom@jbrj.gov.br

    Na web: 
    CNCFlora 
    http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/ 
    https://www.facebook.com/cncflora 

    Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
    http://www.jbrj.gov.br/ 
    https://www.facebook.com/JardimBotanicoRJ 
    https://twitter.com/J_Botanico_RJ 

    MANGUEZAL ÀS MARGENS DA BAÍA DE GUANABARA

    SECRETARIA DO AMBIENTE EMBARGA ATERRO DE MANGUEZAL ÀS MARGENS DA BAÍA DE GUANABARA

     Isabela Vasconcellos
    Duas pessoas foram detidas em terreno que estava sendo loteado irregularmente em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense

    Em operação promovida pela Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), duas pessoas foram detidas hoje (3/12), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por aterrar uma região de manguezal para a construção de um loteamento irregular. O empreendimento foi embargado.

    Lenice Mota da Silva, que diz ser responsável pelo empreendimento, se identificou como presidente da Associação de Moradores de Maruim/Jardim Gramacho, e um maquinista que operava uma escavadeira hidráulica foram detidos e conduzidos à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) para prestar esclarecimentos.

    A blitz ecológica contou com o apoio de agentes da Prefeitura de Duque de Caxias, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e da Polícia Ambiental. O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, ressaltou que ações integradas como esta são fundamentais para preservar a biodiversidade e recuperar ambientalmente a Baía de Guanabara.

    Em setembro passado, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a prefeitura de Caxias haviam embargado o aterro ilegal. Mas nas últimas semanas, o embargo foi desrespeitado e vários caminhões começaram a despejar entulho no local.

    O coordenador da Cicca, coronel José Maurício Padrone, afirmou que agora o embargo será respeitado, pois o maquinário foi apreendido. Por sua vez, a proprietária responderá por crime ambiental e receberá multa administrativa, além de ser obrigada a recuperar ambientalmente a área degradada, com cerca de 40 mil m2.

    Em 2010, a SEA construiu uma cerca de 5 km ao longo de todo lado direito de Jardim Gramacho, além de uma vala de 2 metros de profundidade, para evitar que caminhões despejassem lixo irregularmente em direção ao manguezal que fica às margens da Baía de Guanabara.

    Segundo Padrone, a prefeitura de Caxias recebeu um pedido de licença ambiental para a construção de um galpão para reciclagem de lixo, o que foi negado. Mesmo assim, a infratora ambiental desrespeitou e legislação ambiental e passou a lotear a área, avançando em cima do manguezal existente no local. 

    sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

    Para consumidor, não vale a pena reclamar direitos

    Para consumidor, não vale a pena reclamar direitos
    Fonte: revista eletrônica Conjur
    Uma pesquisa coordenada pela Secretaria da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça mostra que apesar de 91% dos consumidores saberem da existência do Código de Defesa do Consumidor (CDC), a minoria busca seus direitos quando há algum desrespeito relacionado a serviços regulados de telefonia, energia elétrica e planos de saúde. Os principais motivos alegados para não reclamar é achar que não compensa ou que demora. Somadas, essas justificativas representam 44% dos motivos apresentados para não buscarem a solução de conflitos.
    Quando buscam seus direitos, a pesquisa mostra que há uma predisposição dos consumidores a resolver os problemas por meios extrajudiciais. Quase 90% tentou resolver o problema direto com a empresa responsável, somente depois buscou outras soluções como Procon, agências reguladoras ou o Judiciário.
    Segundo a pesquisa, 13% dos consumidores que não conseguiram resolver seu problema direto com a empresa buscaram o Judiciário como segunda opção. Desses, 49% afirmaram acreditar que este é o único meio que restou para resolver o conflito. A busca pelo Judiciário antes de buscar outros meios como a agência reguladora responsável preocupa o Secretário de Reforma do Judiciário, Flávio Caetano.
    "Os dados refletem um Judiciário distante das pessoas e a gravidade do problema do acesso à Justiça. Por isso, é urgente estimular no país formas de resolver os conflitos simples, como são os ligados aos serviços regulados, antes que ele se torne um processo judicial e demore anos para ser solucionado", afirma.
    Os dados estão na pesquisa "Resolução Extrajudicial de Conflitos dos Serviços Regulados por Agências Governamentais", coordenada pelo Centro de Estudos sobre o Sistema de Justiça (Cejus) da Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, e feita pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV/RJ) no âmbito do projeto "Diálogos sobre a Justiça".
    Para a FGV, falta um "passo-a-passo" para o consumidor ampliar seus direitos e como reivindicá-los. “A escolha pela via judicial ou extrajudicial se relaciona, em certa medida, com a capacidade de resolver de fato o conflito. Sendo assim, o aperfeiçoamento dos mecanismos extrajudiciais de resolução de conflitos é imprescindível”, diz o estudo.
    De acordo com a pesquisa, as agências reguladoras são pouco conhecidas pelos consumidores em geral. Mesmo entre aqueles que afirmaram conhecê-las, poucos são os que efetivamente sabem quais são suas atribuições. “Isso explica, em grande medida porque as agências são pouco acionadas para resolver problemas envolvendo desrespeito de direitos dos consumidores de empresas reguladas. Nesse sentido, pode-se pensar que há espaço para uma maior participação das agências reguladoras na resolução extrajudicial de conflitos”, diz a pesquisa.
    Entre as propostas apresentadas, a pesquisa sugere a elaboração de cartilha informativa sobre os direitos do consumidor e formas extrajudiciais de resolução de conflitos envolvendo os serviços regulados, integração e padronização das bases de informação entre os atores envolvidos, criação de um indicador de qualidade da relação de consumo e estruturação de uma instância institucional de relações de consumo.

    Gengibre: amigo para todas as estações

    Mais lembrado no inverno em função de seu chá revigorante, o gengibre deve fazer parte da sua vida em todas as estações do ano. Quente e estimulante, ele acelera o metabolismo, ativa a circulação e ainda auxilia no combate às células do envelhecimento. Conheça a seguir mais benefícios desse alimento, que deve ser incorporado na alimentação diariamente e é mais poderoso do que você imagina.

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    Garcia/Corbis

    VITALIDADE EM ALTA

    Quando nossas avós nos pediam para tomar chá de gengibre a fim de curar os sintomas da gripe, elas estavam certas. Natural da Indonésia, da Índia e da China e cultivada no Oriente há milhares de anos, essa erva funciona como aliada no alívio de diversos males físicos e psíquicos, tendo registro de sua utilização desde a Idade Média.

    Funcional por suas substâncias bioativas, que trabalham a imunidade do organismo, esse rizoma nasce embaixo da terra e se desenvolve em ramificações horizontais, que o transformam em um alimento único e cheio de virtudes. Além disso, auxilia na cura do mal do século - a depressão -, pois seus extratos ativam a circulação, dão ânimo e estimulam a expressão e a alegria. Com tantos benefícios, ele se tornou um componente indispensável na manutenção de uma vida saudável e feliz.

    O PODER DE CURARico em vitamina B6, potássio, cobre e magnésio, o gengibre protagoniza muitas ações benéficas. De acordo com a nutricionista Roseli Ueno, de São Paulo, o ideal é consumir uma colher de sopa por dia desse alimento que é termogênico e, por isso, acelera o metabolismo, ajudando na digestão e no emagrecimento. Ele ainda é afrodisíaco, um anti-inflamatório natural e antioxidante dos bons, evitando a liberação de radicais livres e o envelhecimento precoce das células. Contra febre e dor de garganta, um chá de gengibre, expectorante e descongestionante, faz maravilhas.

    Caramelize um gengibre fatiado (sem casca) com duas colheres de sobremesa de açúcar, depois acrescente três copos de água e ferva tudo junto. Se quiser, adicione hortelã e canela à mistura!

    Outra boa sugestão - esta para gestantes e pessoas que costumam enjoar durante viagens - é mastigá-lo cru. Bastam alguns minutos e o bem-estar está de volta.

    Pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, concluíram que a substância gingerol, presente no alimento, pode retardar o crescimento de tumores no intestino. Seu consumo só não é indicado para mulheres com menos de três meses de gravidez e para quem é hipertenso ou tem problemas estomacais, como gastrite e úlcera.

    EXPLOSÃO DE SABORUm dos alimentos mais versáteis na cozinha, o gengibre pode ser ingerido em sucos, chás, saladas, sopas e molhos - além do tradicional acompanhamento para o sushi. O sabor ardido e levemente doce dá um toque especial e marcante onde é acrescentado. O recomendável é consumi-lo sem a casca, já que a parte interna é mais macia e fácil de ser cortada ou ralada.

    Para começar bem o dia, experimente fazer um suco de ânimo, com uma beterraba pequena, uma maçã com casca e uma cenoura - todas batidas com uma colher de chá de gengibre ralado.

    E que tal preparar batatas-doces assadas magníficas? Refogue um pouco de manteiga, cominho e gengibre ralado. Adicione três batatas-doces em pedaços grandes e uma laranja cortada em quatro, regue tudo com duas colheres de sopa de mel e leve ao forno por 40 minutos. O aroma toma conta do ambiente e o gosto fica delicioso.

    Molhos também trazem um quê delicado ao prato. Experimente aquecer azeite numa panela e refogá-lo com gengibre picado. Junte manjericão, refogue e misture molho de tomate, tomates picados e cogumelos. Tempere com sal e pimenta-do-reino e sirva com um penne ou com a massa de sua preferência. Quem provar vai sentir a diferença no paladar
    .
    Sem Parar, planta uma muda por cada cliente que opta pela fatura eletrônica.



    Uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica e o Sem Parar, tem possibilitado o plantio de milhares de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica em diversas regiões do Estado de São Paulo. Mais de 400 mil mudas já estão sendo plantadas e o objetivo é que seja alcançada, até 2014, a marca de um milhão de mudas, o equivalente a uma área de 240 hectares ou 300 campos de futebol.
    A proposta do projeto é simples: cada cliente que optar pela conversão de faturas enviadas por correio para opção eletrônica colabora diretamente para o plantio de uma muda. Até o momento, já foram convertidas mais de um milhão de faturas de clientes. A comunicação da possibilidade de trocar o informativo impresso por árvores é feita pelo Sem Parar diretamente aos seus clientes, por meio de fatura, comunicados no portal do usuário e e-mail.
    “Deixamos de enviar faturas impressas aos clientes que concordaram em alterar sua forma de recepção e passaram a recebê-las por meio eletrônico. A adesão por parte dos clientes superou todas as expectativas iniciais, demonstrando que eles também têm consciência e responsabilidade pelo impacto dessa ação no meio ambiente”, afirma Mathê Vilela, diretora de Operações da empresa.
    Os plantios são realizados pela Fundação SOS Mata Atlântica e desempenho das mudas acompanhado pelo período de cinco anos, por meio do Programa Florestas do Futuro. Ela é responsável pelas diversas etapas do reflorestamento, que envolve a implantação e manutenção do projeto, a escolha das áreas, a seleção e aquisição de mudas em viveiros, plantio e vistorias constantes.
    “Além da restauração, um dos objetivos do programa Florestas do Futuro é conscientizar os públicos de interesse das empresas sobre a importância da conservação das florestas, em especial da Mata Atlântica. A parceria com o Sem Parar é um ótimo exemplo desse processo”, afirma Rafael Bitante, coordenador técnico do programa. 

    quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

    Geologos acham possicel....

    Geólogos acham possível continente submerso a 1.500 km do RJ

    Geólogos brasileiros anunciaram nesta segunda-feira (6) que foram encontrados, a 1.500 km da costa do Rio de Janeiro, indícios de que estaria ali um pedaço de continente que submergiu durante a separação da África e da América do Sul, época em que surgiu o Oceano Atlântico.De acordo com Roberto Ventura Santos, diretor de geologia de recursos minerais do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), há dois anos, durante um serviço de dragagem (retirada de solo oceânico para análise) na região do Elevação do Rio Grande — uma cordilheira marítima em águas brasileiras e internacionais — foram encontradas amostras de granito, rocha considerada continental.
    Ele explica que, inicialmente, levantou-se a hipótese de que o recolhimento de tais amostras fora engano ou acidente. No entanto, no último mês, uma expedição com cientistas do Brasil e Japão, a bordo do equipamento submersível Shinkai 6.500, observou a formação geológica que está em frente à costa brasileira e, a partir de uma análise, passou a considerar que a região pode conter um pedaço de continente que ficou perdido no mar por milhões de anos.“Pode ser a ‘Atlântida’ do Brasil. Estamos perto de ter certeza, mas precisamos fortalecer essa hipótese.
    A certificação final deve ocorrer ainda este ano, quando vamos fazer perfurações na região para encontrar mais amostras”, explicou Ventura ao G1.O diretor do CPRM não especificou a idade dessas rochas, no entanto, contou que os pedaços de crosta continental que foram encontrados são mais antigos que as rochas encontradas no assoalho oceânico, nome dado à superfície da Terra que fica abaixo do nível das águas do mar.De acordo com Ventura, o próximo passo será enviar ao governo brasileiro uma solicitação para que o país reclame a área, que está em águas internacionais, junto à Autoridade Internacional de Fundos Marítimos (ISBA, na sigla em inglês), organismo ligado à Organização das Nações Unidas, para que seja realizada no local prospecção de recursos minerais e estudos relacionados ao meio ambiente.
    Fonte: g1.globo.com

    Quando comecei minha horta urbana

    Quando comecei minha horta urbana

    Nosso repórter mergulha no universo da agricultura nas cidades e descobre a importância do contato com a terra.


    PORDanilo Sanches/ Fotografia: Alex Silva/ Lettering: Caetano Calonimo

    Edição 132


    Quando aluguei o apartamento, as duas floreiras já estavam na janela. Decidi plantar ali, mas, por muito tempo, elas serviram só para juntar água da chuva e aparar bitucas de cigarro dos amigos. Eu sabia que, do ponto de vista da sustentabilidade, uma horta urbana era "bastante legal", mas ainda não tinha entendido o poder de plantar em casa. Ia adiando o projeto, até o dia em que parei para me esconder da chuva em uma loja de jardinagem e aproveitei para comprar dois pacotinhos de sementes.

    Lia as letras grandes nos pacotinhos leves: "manjericão" e "hortelã". Acostumado ao vale-quanto-pesa, me peguei descrente. Procurei data de validade, olhei desconfiado para o velhinho que talvez tivesse me surrupiado R$ 2... Mas não. Nada parecia errado.

    Eu tinha uma meta: plantaria manjericão para as macarronadas e hortelã para os mojitos, e, como Scarlett O'Hara, jamais sentiria fome de novo. Nada me demoveria daquela ideia. A não ser chegar em casa e descobrir que faltava algo fundamental: a terra. "Paciência", me diziam os pacotinhos" - um deles aberto, pois não aguentei a curiosidade de saber como eram as sementes de hortelã. No fim, tudo deu certo: na semana seguinte, comprei um saco com dez quilos de terra cheirosa, que acabaram esparramados no tapete da sala, antes de conseguir encher as floreiras.

    Plantei. Plantei exatamente como sugeriam as instruções. Levei a sério a história de regar e fui além, batendo um papo com as floreiras. No entanto, nada de as plantinhas germinarem. Comecei a ficar apreensivo. Me lembrei do feijão no chumaço de algodão que plantei na infância: quanta eficiência! Uma semana e já era uma miniatura do pé-de-feijão da história. Eu tinha calculado que a terra, sendo mais fértil que o algodão, e a hortelã, sendo menor que o feijão, já me dariam umas folhazinhas apontando na terra nos primeiros dez dias. Mas não. "Tem que morrer pra germinar", dizia o Gil. Me peguei confundindo a letra da música e achando que as ervas só brotariam depois que eu estivesse morto.Não era para tanto. Finalmente elas brotaram, totalmente desiguais, dando uma aula avançada de "quem manda aqui é a natureza". Humilde, tomei a lição e segui regando. Plantei umas flores para animar a outra ponta da janela e me distrair enquanto aprendia algo sobre amor incondicional: era preciso regar sem cobrar das plantas que florescessem. Regar o invisível.


    As pessoas e as plantas

    Comecei, então, a fase dois do meu aprendizado. A convite de um amigo querido e muito sábio, fui passar o Natal em um sítio de produção de alimentos orgânicos na beira do Rio Pardo, em Caconde, interior de SP. Não quis dar muito na cara, mas me sentia como o Daniel San de Karatê Kid, totalmente despreparado, querendo aprender a colher o abacaxi, organizar a composteira, cuidar da agrofloresta e do jardim de ervas, tudo ao mesmo tempo e sem a menor intimidade com as ferramentas.

    Em volta da mesa, esperando o jantar, agradecemos de coração honesto pela comida fresca que estava sendo servida. Me lembrei das palavras de Maria Regina Godinho, que forma turmas de agricultura urbana desde 2007, em São Paulo: "é como se a pessoa precisasse se abrir para o carinho que é lidar com a terra". Até então, eu não tinha me dado conta de que aqueles pacotinhos leves que comprei do velhinho, naquele dia chuvoso, estavam cheios de carinho. Agora, eu me sentia o Marco Polo da agricultura sustentável, incumbido de levar à cidade um pouco do cheiro do Rio Pardo que ficou no meu All Star. Quando cheguei em casa e fui plantar na floreira a semente da maçã que acabara de comer, um espanto: tinha nascido, sozinho, um pé de couve ali.

    E então já era o ano novo, e os jornais traziam a notícia de que agricultores urbanos estavam pleiteando que o novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, incluísse no Plano de Metas que os espaços urbanos fossem usados para abrigar hortas comunitárias e composteiras. A demanda partiu de um movimento de pessoas que acha que os espaços públicos devem servir, também, para plantar.

    Eram grupos como o dos Hortelões Urbanos, que colheu mais de 100 kg de chuchu em uma horta na Praça das Corujas, na Vila Beatriz, em São Paulo. O grupo tem outras iniciativas, como a dos Ciclistas, na Avenida Paulista, e a da Vila Pompéia. Segundo Claudia Visoni, uma das fundadoras dos Hortelões, a força dessas iniciativas é tanta que, se todos os espaços urbanos ociosos da capital paulista fossem usados para o cultivo, 40% da demanda alimentar da cidade seria suprida pela produção interna.

    Pesquisando por aí, fui ver que o mundo todo já estava atento para essas possibilidades. Vi iniciativas como os Seeds Savers ("salvadores de sementes"), nos Estados Unidos, que criam bancos de sementes para salvar a biodiversidade. Vi agricultores urbanos na Espanha plantando nos espaços que ainda ousavam ser cinza, e iniciativas famosas como a do Incredible Edible, na cidade de Todmorden, no Reino Unido, Horta pontual, nos encontros ao meio-dia do terceiro domingo de cada mês.

    Cheguei a achar que estivesse atrasado para a revolução, mas a Letícia me convenceu do contrário. Ela se apresentou como Letícia Momesso e disse que fazia jardins que cabem em qualquer lugar. Quando cheguei na Peperômia "empresa que ela criou para abrigar o projeto", quem me recebeu foi o Jorge Ben Jor, no rádio: "A terra é seu nutriz receptáculo. Sua força ou potência está inteira, se ela é convertida em terra".

    O plano de Letícia é aproximar pessoas e plantas e, a partir desta relação, retomar uma forma saudável de viver nas cidades. "Principalmente em São Paulo", disse, "onde as pessoas carecem de saúde e de contato com a terra". Com as oficinas de jardins, o projeto prova que, para plantar, basta querer. Vi jardins plantados em sofás e até em pingentes de colar. E aprendi: plantar une as pessoas. Com mais hortas, os laços comunitários correriam sério risco de se fortalecer.


    A seu tempo

    Lá em casa, meus pés de hortelã e manjericão já renderam belas receitas. O pé de maçã está pequeno ainda e tenho tempo antes de me descabelar a respeito do que fazer com ele. A flor morreu e a couve eu não tive coragem de comer. Estou esperando a visita de um amigo que me disse para parar de onda e comê- la logo - farei para ele um jantar com couve refogada.

    Agora, estou mais atento à sazonalidade dos alimentos. Faz diferença saber que em tal época a cenoura cresceu menos, mas a batata está mais bonita. A gente vê que o meio está oferecendo aquele alimento prioritariamente. E que nosso corpo, harmonizado com isso, vai trabalhar melhor. No fim, é como diz a Thereza Peric no livro Se o Jardim Voasse Não Seria Jardim, Seria Avião: "basta uma só flor... e já é jardim". Basta um manjericão, e já é horta. Na minha janela.

    Economia verde na China enfrenta grandes desafios


    Economia verde na China enfrenta grandes desafios

    José Eduardo Mendonça - 03/12/2013 

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    Transição tropeça em poluição e gap tecnológico
    A China tem políticas consistentes de transição para uma economia verde, mas há obstáculos significativos, incluindo seus problemas com a poluição e o gap de tecnologia entre empresas chinesas e suas concorrentes internacionais. É o que afirma um estudo patrocinado pelo programa ambiental da ONU e pelo ministério de proteção ambiental chinês.
    O relatório conjunto, divulgado hoje, recomenda o aumento do investimento em pesquisa e desenvolvimento para enfrentar os desafios ambientais e ajudar o setor de baixo carbono a ser competitivo globalmente.
    O relatório diz que o país se tornou um líder mundial em investimentos em energia renovável, com grande parte da capacidade instalada de usinas eólicas, além de ser o maior fabricante de painéis solares fotovoltaicos.
    O investimento verde formou 5% do pacote de estímulos chinês de 2008, de U$ 570 bilhões, medida que ajudou a indústria ambiental a crescer para mais de 3% do PIB. A China também investiu em eficiência energética industrial, o que levou a uma queda de 19% em intensidade de energia por unidade do PIB.
    Ainda assim, a China é o maior emissor global de gases estufa, em grande parte por sua forte dependência de carvão e petróleo, que respondem por quase 90% do consumo de energia. O país também consome 60% do cimento mundial, 49% do aço e do ferro e 20% da energia.
    A poluição também é uma questão importante que ameaça o desenvolvimento da economia verde, diz o relatório. Cerca de 90% dos cursos de água urbanos estão poluídos, e a poluição do ar contribui com 1.2 milhão de mortes prematuras por ano.
    Com o pais caminhando rápido para a urbanização, o documento afirma que a China “não apenas precisa desenvolver edifícios mais eficientes, mas também criar cadeias de fornecimento que diminuam a geração de desperdício e o consumo de materiais e o uso de energia,” informa o China.org.
    Foto: sachman75/Creative Commons

    FUNDO DA MATA ATLÂNTICA É REGULAMENTADO POR LEI ESTADUAL

    FUNDO DA MATA  » Ascom SEA

    Experiência pioneira fez Rio de Janeiro ser considerado o estado que aplica com mais eficiência seus recursos de compensações ambientais

    O Governo do Estado encaminhou e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou projeto de lei que instituiu o chamado Fundo da Mata Atlântica (FMA). O fundo é um inovador mecanismo operacional e financeiro que permite uma execução mais ágil, eficiente e transparente dos projetos voltados para as unidades de conservação – parques, reservas biológicas, estações ecológicas e outras – do Rio de Janeiro com recursos de compensações ambientais e outras verbas não orçamentárias.

    A compensação ambiental é um valor, definido em lei federal, em que os empreendimentos que causem um significativo impacto ambiental devem contribuir para apoiar a implantação destas unidades, incluindo regularização fundiária; construção de sedes, alojamentos, centros de visitantes, guaritas, pórticos, cercamento, sinalização etc.; contratação de planos de manejo; aquisição de veículos, equipamentos e mobiliário e outras atividades imprescindíveis para o seu bom funcionamento.

    O FMA já havia sido criado em caráter experimental com base na legislação federal, sendo operado – por convênio com a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) – pelo Funbio, uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) sediada no Rio de Janeiro e com ampla experiência nesta área.

    O fundo já teve depositados recursos da ordem de R$ 180 milhões, dos quais cerca de R$ 40 milhões já foram executados em projetos diversos, tanto em unidades de conservação estaduais quanto federais e municipais, e mesmo em reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs) – um tipo de parque privado reconhecido oficialmente –, sempre buscando maximizar a conservação da biodiversidade fluminense.

    MODELO BEM-SUCEDIDO

    “O protótipo do FMA, agora plenamente consolidado na legislação estadual, foi tão bem-sucedido em seu propósito que ensejou a visita de delegações de diversos outros estados para conhecê-lo, e diversos já estão em vias de implantar um modelo semelhante, como é o caso de Paraná e Pará”, afirma o diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), André Ilha.

    Além disso, o Governo Federal, através do Ibama e do Instituto Chico Mendes (ICMBio), que administra as unidades de conservação da União, e técnicos do próprio Tribunal de Contas da União (TCU) vieram conhecer de perto esta experiência inovadora, que fez com que o Rio de Janeiro ganhasse amplo reconhecimento como sendo o estado que aplica com maior eficiência os recursos de suas compensações ambientais.

    A mesma lei autorizou o Estado do Rio de Janeiro a cobrar – também com base em dispositivo contido na lei federal que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) – pelos chamados serviços ecossistêmicos proporcionados por estas unidades, mais especificamente pelas antenas e linhas de transmissão instaladas em seus limites e para as quais inexiste alternativa locacional.

    “Esses recursos serão muito importantes para ajudar a manter todas as novas estruturas construídas através do Fundo da Mata Atlântica, para que os parques e reservas fluminenses possam cumprir plenamente os motivos para os quais foram criados: preservar a fauna, a flora e os ecossistemas nativos, resguardar as paisagens naturais notáveis e oferecer oportunidades de lazer, contemplação, educação ambiental e pesquisa científica nestes espaços protegidos”, diz o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.

    INEA INAUGURA SEDE DE ESTAÇÃO ECOLÓGICA NO NORDESTE FLUMINENSE COM CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

    INEA INAUGURA SEDE DE ESTAÇÃO ECOLÓGICA NO NORDESTE FLUMINENSE COM CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

     04/12/2013 - 19:15h - Atualizado em 04/12/2013 - 19:15h
     » Ascom SEA
    Unidade de conservação que protege remanescente de Mata Atlântica conta com telhado verde, energia solar e outros itens verdes

    O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) inaugurou hoje (4/12) o complexo da sede administrativa da Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba, unidade de conservação de proteção integral com cerca de 3.260 hectares situada no Município de São Francisco de Itabapoana, na Região Nordeste do estado.

    Em solenidade que contou com a participação da presidente do Inea, Marilene Ramos, e do diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do órgão ambiental, André Ilha, foram detalhados todos os materiais ecológicos utilizados na construção sustentável do complexo da sede.

    Dentre os itens destacados, estão o projeto arquitetônico priorizando a ventilação e iluminação naturais, telhado verde, coletor solar nos postes e refletores, aproveitamento de energia solar, reuso de água de chuva e sistema de tratamento do esgoto com biodigestor.

    “Esta foi a primeira sede de unidade de conservação estadual a ser concebida atendendo inteiramente aos conceitos se sustentabilidade, visando à redução do consumo de energia e conforto ambiental de seus usuários”, afirmou Marilene Ramos.

    A estação ecológica foi criada em 2002 para preservar o último remanescente expressivo, em todo o Norte e Noroeste fluminense, de uma mata estacional conhecida como “mata de tabuleiro” – um tipo de floresta que perde parte de suas folhas na época mais seca do ano. A unidade de conservação preserva também áreas alagadas do Rio Guaxindiba, que lhe emprestou o nome, que abrigam espécies típicas de fauna e flora destes ambientes.

    “A estação preserva o que restou de uma mata muito maior, que era tristemente conhecida como Mata do Carvão, devido à ação de carvoarias e madeireiras que operaram naquela região durante décadas”, disse André Ilha.

    PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
    Esta mata abriga espécies de 36 famílias botânicas, dentre elas madeiras-de-lei ameaçadas típicas da Mata Atlântica, como a peroba-de-campos, o jacarandá-da-bahia, o angico e o pau-ferro.

    Dentre os diversos animais que ali encontram refúgio, destacam-se o gongolo-gigante, uma espécie de centopeia bastante rara, e mamíferos como preás, capivaras, cachorros-do-mato, jaguatiricas, bugios e a rara preguiça-de-coleira (ameaçada de extinção). Nos brejos ocorre também o jacaré-de-papo-amarelo e aves igualmente ameaçadas, como o papagaio chauá e o gavião-pombo.

    O complexo da sede da unidade, construído em terreno próximo aos seus limites doado pela municipalidade, compreende, além da sede propriamente dita, alojamentos para guarda-parques, alojamentos para pesquisadores, residência funcional do chefe, centro de visitantes, pórtico, guarita e uma torre de observação da mata – de onde se tem uma vista muito boa devido à natureza plana da região.

    Embora estações ecológicas sejam um tipo de unidade de conservação que não admite a visitação com fins recreativos ou turísticos, ela pode receber grupos com caráter educacional, em visitas pré-agendadas a trilhas interpretativas acompanhadas por um de seus guarda-parques.

    A pesquisa científica na unidade será incentivada e gerida pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), que firmou protocolo de intenções com o INEA para tal ali e nos parques estaduais do Desengano e Lagoa do Açu.  

    Oceanos podem ficar 170% mais ácidos até 2100

    Oceanos podem ficar 170% mais ácidos até 2100



    Um estudo sobre a acidificação dos oceanos deve ser apresentando, nesta semana, na COP 19 - Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. A publicação aponta que o aumento da acidez colocará em risco a biodiversidade marinha.
    A situação preocupante dos oceanos não é novidade. Entre diversas pesquisas já realizadas, em 2012, foi apresentado um relatório na Califórnia, elaborado por especialistas em acidificação dos oceanos. O documento “Sumário para formuladores de políticas públicas”, que será levado à reunião da ONU, afirma que o problema é causado pelas atividades humanas, em consequência dos 24 milhões de toneladas de CO2 acumulado nos oceanos, que alteram a química da água.
    “Quando o CO2 se dissolve na água do mar, forma-se o ácido carbônico. Este processo, denominado de acidificação oceânica, está tornando a água do mar mais corrosiva para conchas e esqueletos de numerosos organismos marinhos, bem como afetando seus processos de reprodução e fisiologia”, explica o documento.
    De acordo com o estudo, os impactos já foram detectados em diversas regiões do planeta e, futuramente, podem alterar a cadeia alimentar, a biodiversidade e os recursos pesqueiros.
    Segundo o documento, as emissões atuais de CO2 são maiores do que as projeções do pior cenário elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, divulgado há uma década. Ele também estima que a acidez aumentou 30% desde o início da Revolução Industrial, em meados de 1760, e o receio é que seja mantido o ritmo atual. “Não se sabe como ou se os organismos marinhos se adaptarão a esta acidificação”, destaca a pesquisa.
    A economia será diretamente afetada ao atingir a indústria pesqueira e os frutos do mar. Além disso, ameaçará a segurança alimentar de milhões de pessoas. A acidificação também pode tornar a maioria das regiões oceânicas inóspita para os recifes de corais, o que também afetará o turismo.
    Por conta disso, o estudo garante que os custos para evitar os impactos negativos será menor do que os necessários futuramente para compensar os prejuízos da falta de ação. Veja aqui o estudo completo.
    Redação CicloVivo

    O Código Florestal é capaz de nos deixar sem água


    Doutora em educação ambiental, presidente do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, fellow da Ashoka, líder Avina e Empreendedora Social Schwab.

    O Código Florestal é capaz de nos deixar sem água
    Suzana M. Padua - 12/09/11

    Sem mata o reservatório assoreia e a água cai de qualidade ou acaba. Foto: Eduardo Ditt
    A mudança do Código Florestal vai permitir um desmatamento inigualável na história do Brasil, e a água que sai de nossa torneira pode ficar ameaçada de desaparecer. Isso porque desmatamentos em nascentes, cursos d’água e reservatórios afetam a disponibilidade da água que é produzida na natureza. A tendência é que o problema cresça exponencialmente se o Código Florestal sofrer as mudanças almejadas por Aldo Rebelo, Kátia Abreu e os demais políticos que as defendem.

    O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, instituição da qual faço parte, trabalha há quase duas décadas com questões socioambientais em uma localidade que pode ilustrar a gravidade da questão. O reservatório do Rio Atibainha, localizado em Nazaré Paulista, São Paulo, é parte do Sistema Cantareira, responsável por fornecer 70% da água de São Paulo, mais de 90% da água consumida em Campinas, e percentuais quase totais da que é fornecida às demais cidades da região, que conta com cerca de 9 milhões de pessoas.

    A retirada das florestas nativas nas proximidades do reservatório emitirá aproximadamente 380 mil toneladas de CO2 na atmosfera. Esta quantia equivale à poluição causada por uma frota de 12 mil veículos movidos à gasolina durante toda a sua vida útil. São as florestas que propiciam uma mitigação no efeito das mudanças climáticas, através da absorção de CO2 da atmosfera, um dos gases causadores de efeito estufa.


    Nazaré: trecho com mata e cachoeira. Água abundante. Foto: Eduardo Ditt
    Grave, também, é a sedimentação que a retirada das florestas nativas causará. Segundo os pesquisadores do IPÊ, é como se um carregamento de 220 toneladas de sedimentos fossem jogados dentro da represa por ano. Sem florestas, a terra desliza para dentro do reservatório até não existir mais espaço para a água. A função de armazenamento de água ficará assim comprometida, além de dificultar a produção agrícola da qual muitos dependem, inclusive a agricultura daqueles que defendem a mudança do Código Florestal.

    "Desde a construção do reservatório do Atibainha as pressões têm sido grandes. Houve um adensamento populacional e os indicadores socioeconômicos são tipicamente de áreas pobres. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Nazaré Paulista está em 72º lugar dos 75 municípios paulistas"
    Apenas para exemplificar, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) – que tem intervenções reguladas pela emenda 164 -, como encostas de morros e as beiras de rios, são justamente os locais chave para a “produção de águas”. A proposta é que o poder de legislar sobre elas seja conferido aos Estados, o que amplia a possibilidade de haver um desmatamento massivo, uma vez que a quantidade de solicitações para se “limpar” as áreas naturais tem crescido significativamente desde que a proposta de mudanças do Código Florestal surgiu. Aliás, como a fiscalização é deficitária, há acréscimos de derrubada de matas de maneira contínua, seja ou não por conta da expectativa da aprovação do novo Código Florestal. O fato é que o desmatamento, se permitido legalmente com base nas mudanças propostas no Código Florestal, ameaçará a quantidade e a qualidade de água consumida na região.

    Então, além de deslizamentos de terras já constatadas como sendo decorrentes da retirada das matas, as florestas são também responsáveis pela produção de água. Muitos podem negar este fato, mas basta um olhar criterioso para se perceber a correlação direta entre a qualidade e abundância das florestas e a água produzida. As matas propiciam um intrincado sistema de serviços ambientais, muitas vezes invisíveis ao olhar das pessoas - veja aqui um artigo que já escrevi sobre o assunto. E, esta complexidade leva a enormes benefícios. A água produzida na natureza acaba nas torneiras de nossa casa. O risco da água escassear ou desaparecer pode ser uma das conseqüências do novo Código Florestal.

    Histórico da Região

    Nazaré com água e matas. Foto: Eduardo Ditt
    O reservatório do Atibainha foi construído na década de 1970, quando o governo militar tomava decisões sem qualquer consulta pública. Na época, a construção causou efeitos trágicos, com suicídios e depressões profundas, por inundar terras que há centenas de anos pertenciam às mesmas famílias. Em muitas propriedades as terras alagadas eram as mais ricas e produtivas por serem os vales naturais de uma região montanhosa. Mas, a decisão dos governantes visava garantir água para as megalópoles da região, e para o pólo industrial do eixo São Paulo/Campinas.

    O investimento para sua construção foi alto, e os danos ambientais significativos. Mas as regras restritivas da época eram tênues e as decisões militares prescindiam de discussões. É interessante refletir sobre os impactos ambientais dos 20 anos do governo autoritário no Brasil, pois foram muitos os mega-projetos implantados país afora, que buscavam um progresso a qualquer preço. Pior, havia a ilusão de que dessas iniciativas dependia o futuro promissor de nosso país.

    Mas, como em outras regiões, desde a construção do reservatório do Atibainha as pressões têm sido grandes. Houve um adensamento populacional e os indicadores socioeconômicos são tipicamente de áreas pobres. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Nazaré Paulista está em 72o lugar dos 75 municípios paulistas, segundo o IBGE de 2006. Os investimentos em educação são aquém do necessário, o que dificulta uma reversão das condições socioambientais em um futuro próximo. O resultado é que os desafios sociais acabam gerando grandes pressões sobre as áreas naturais da região, enquanto deveriam ser priorizados mecanismos que beneficiassem a natureza e a melhoria da vida humana ao mesmo tempo.

    Isso tudo ocorre porque não damos à natureza o devido valor. Os proprietários dos remanescentes de matas e ecossistemas naturais da região (que inclui a água ali produzida), deveriam ser ressarcidos com valores atraentes, e não com quantias simbólicas que não incentivam esse comportamento. Uma compensação justa poderia trazer mudanças socioambientais que beneficiassem gente e natureza. Assim, a natureza deixaria de ser tratada como um “presente” cujo valor continua a não ser computado nas negociações econômicas.

    Onde está nossa democracia?

    Nazaré com florestas ciliares. Foto: Eduardo Ditt
    As decisões políticas atuais, principalmente àquelas referentes ao Código Florestal, não parecem refletir uma real democracia. A opinião pública não está sendo considerada, já que 85% da população brasileira defende a proteção das florestas nacionais, mesmo que isso represente menos gado ou áreas para agricultura. Porém, nossos representantes na Câmara dos Deputados votaram massiçamente à revelia da vontade do povo. Resta saber se Aldo Rebelo, Kátia Abreu e os outros que defendem as mudanças no Código Florestal se responsabilizarão quando faltar água nas nossas torneiras.

    Este é um dilema que cabe a nós, cidadãos. Precisamos aprender a reivindicar, reclamar e exigir que nossas idéias sejam acatadas. O que está em jogo agora, entre muitos outros fatores, é como serão protegidas as matas que no fim das contas protegem a água que precisamos para viver?

    (Uma versão resumida deste artigo foi pubicado na Folha de São Paulo, em 15 de agosto de 2011, com os seguintes autores: Suzana Padua, Claudio Padua, Eduardo Ditt e Thomaz Almeida)