terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Bacias do rio Paraíba do Sul

fonte:ANA
O rio Paraíba do Sul resulta da confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nascem no Estado de São Paulo, a 1.800 metros de altitude. O curso d’água percorre 1.150km, passando por Minas, até desaguar no Oceano Atlântico em São João da Barra (RJ). Os principais usos da água na bacia são: abastecimento, diluição de esgotos, irrigação e geração de energia hidrelétrica, sendo que o Paraíba do Sul é o principal manancial de abastecimento do estado do Rio de Janeiro. No leito do rio Paraíba do Sul estão localizados importantes reservatórios de usinas hidrelétricas, como Paraibuna, Santa Branca e Funil.
A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul tem destacada importância no cenário nacional por estar localizada entre os maiores polos industriais e populacionais do País e pelo processo que envolve o gerenciamento de seus recursos hídricos. Caracteriza-se pelos acentuados conflitos de usos múltiplos e pelo peculiar desvio das águas para a bacia hidrográfica do rio Guandu com a finalidade de geração de energia e abastecimento de cerca de nove milhões de pessoas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), formando o Sistema Hidráulico do Rio Paraíba do Sul, um intrincado e complexo conjunto de estruturas hidráulicas existentes nas bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul e Guandu, que interliga as duas bacias.
Imagem diagrama
UHE – Usina Hidrelétrica
UEL – Unidade Elevatória

A bacia do rio Paraíba do Sul tem uma área de aproximadamente 62.074km² e abrange 184 municípios, sendo 88 em Minas Gerais, 57 no Rio de Janeiro e 39 em São Paulo. Dos 52 municípios que são banhados pelo rio Paraíba do Sul, ou por seus reservatórios formadores (Paraibuna e Paraitinga), 28 captam água do Paraíba do sul para abastecimento.
Imagem de planilha
  Fonte: Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água

Desde outubro de 2013, as chuvas registradas na região Sudeste, onde está localizada a Bacia do Paraíba do Sul, estão muito abaixo da média. Há dados disponíveis consolidados de níveis de rios desde 1930, que correspondem a uma série de 84 anos. Neste ano de 2014, as chuvas e vazões observadas foram as menores do histórico. Veja boletim diário dos reservatórios da bacia do Paraíba do Sul.

Vazões Liberadas na Estação Elevatória de Santa Cecília

Na Estação Elevatória Santa Cecília, no município de Barra do Piraí (RJ) é feita a divisão entre as águas que serão bombeadas para serem transpostas para o rio Guandu e as que seguirão para jusante da bacia (rio abaixo). Por um lado (rio Guandu), está o abastecimento de cerca de nove milhões de pessoas da RMRJ, além de indústrias e outros usuários. Por outro, estão outras cidades e usuários.
Santa Cecília recebe vazões afluentes dos reservatórios de Funil, Jaguari, Santa Branca e Paraibuna, mais a vazão natural (chuvas) a partir de Funil. Em condições hidrológicas normais, a vazão mínima em Santa Cecília é 190 m³/s, sendo 71m³/s para atender aos usos a jusante à barragem e 119 m³/s para o bombeamento, ou seja, para a transposição para o rio Guandu, conforme estabelece a Resolução ANA 211, de 26 de maio de 2003, que dispõe sobre as regras a serem adotadas para a operação do sistema hidráulico do Paraíba do Sul.
No entanto, como medida preventiva para o enfrentamento dessa crise de escassez hídrica, desde maio de 2014, a ANA vem emitindo resoluções que buscam preservar os estoques disponíveis de água no reservatório equivalente desta bacia. Atualmente em vigor, aResolução ANA nº 2051, de 23 de dezembro de 2014, autoriza a flexibilização da vazão mínima a partir da barragem de Santa Cecília de 190 m³/s para 140 m³/s até 31 de janeiro de 2015.
A operação dos reservatórios do Paraíba do Sul é discutida periodicamente no âmbito do Grupo de Trabalho Permanente de Acompanhamento da Operação Hidráulica do Paraíba do Sul (GTAOH), do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), que conta, entre outros, coma participação der representantes dos órgãos gestores dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Resoluções:

Interligação dos reservatórios Jaguari, na bacia do Paraíba do Sul, ao reservatório Atibainha que integra o Sistema Cantareira, bacia do rio Piracicaba

No âmbito das discussões sobre a segurança hídrica da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul e para avaliar a proposta feita pelo governo do estado de São Paulo de interligar o reservatório Jaguari, localizado na bacia do rio Paraíba do Sul, ao reservatório Atibainha, que integra o Sistema Cantareira, localizado na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), em 9 de abril a ANA promoveu a primeira reunião técnica entre os estados que dividem a bacia (SP, MG e MG) com o objetivo de harmonizar dados hidrológicos, demandas futuras e dados sobre a qualidade da água.
Em reunião em 15 de julho de 2014, desta vez com a participação dos secretários de estado, foi decidido criar um grupo técnico de trabalho para desenvolver uma proposta que atenda às necessidades dos estados e aumente a segurança hídrica da bacia. Desde então, o grupo, formado por técnicos da ANA, do Instituto Estadual do Meio Ambiente – RJ (Inea), Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e da AGEVAP, vem se reunindo periodicamente.

Informações produzidas pelo grupo:

Ofícios:

Medidas para garantir a segurança hídrica do Paraíba do Sul serão apresentadas à sociedade
FONTE  ANA 16/1/2015
chamada


O grupo criado pela Agência Nacional de Águas (ANA) para discutir a bacia do rio Paraíba do Sul aprovou hoje as conclusões do Relatório Conjunto que trata da segurança hídrica da Bacia e da viabilidade hidrológica da interligação, no estado de São Paulo, entre o reservatório de aproveitamento hidrelétrico Jaguari (UHE), que fica no rio Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, ao reservatório do rio Atibainha, que integra o Sistema Cantareira, localizado na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
Até o fim do mês, o relatório, que inclui a minuta de Resolução Conjunta ANA/DAEE/INEA/IGAM com novas regras de operação dos reservatórios da bacia do Paraíba do Sul, será encaminhando ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap) que vai promover e articular uma discussão sobre as novas regras propostas com usuários e sociedade civil.
A operação da interligação entre os reservatórios das duas Bacias só terá início quando as obras estiverem concluídas e começarem a valer as novas regras de operação dos reservatórios do Paraíba do Sul, portanto, a interligação não irá ocorrer no atual período hidrológico, quando os níveis dos reservatórios estão muito baixos.
Participaram da reunião o secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, André Corrêa; o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do estado de São Paulo, Benedito Braga, a diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Carvalho de Melo, que representou a secretaria de Meio Ambiente de Minas; o presidente do Ceivap, Danilo Vieira Júnior; o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, além da diretora do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), do Rio de Janeiro, Rosa Formiga, do diretor da ANA João Lotufo e técnicos da ANA, do Igam e do Inea.
A ANA promoveu a primeira reunião do grupo de discussão sobre a segurança hídrica do Paraíba do Sul em 9 de abril. Desde então, já foram realizadas onze reuniões, sendo oito entre técnicos da ANA, Igam, DAEE, Inea e Ceivap e três com a presença dos secretários de estado.
Observação:
Resolução ANA 211, de 26 de maio de 2003 dispõe sobre as regras de operação do sistema hidráulico do Paraíba do Sul. No entanto, como medida preventiva para o enfrentamento da atual crise de escassez hídrica, desde maio de 2014 a ANA vem emitindo resoluções que buscam preservar os estoques disponíveis de água no reservatório equivalente desta Bacia. Atualmente está em vigor a Resolução ANA nº 2051, de 23 de dezembro de 2014, que autoriza a flexibilização das regras ao permitir que a vazão mínima a partir da barragem de Santa Cecília seja reduzida de 190 m³/s para 140 m³/s até 31 de janeiro de 2015.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015


Reprodução do Globo online
Reprodução do Globo online


A situação do abastecimento de água no Rio vai de mal a pior. Com o calor infernal é lógico que as coisas fiquem ainda mais difíceis. Com isso cada vez mais bairros do Rio de Janeiro sofrem com a falta de água. E claro, a CEDAE mente. Diz que na Zona Oeste a falta de água é motivado pelo rompimento de uma adutora na sexta-feira. Só que síndicos de condomínios do Recreio e outros bairros dizem que falta água há um mês, em alguns, dois meses. E não adianta apelar para a CEDAE, que diz que não pode levar caminhões-pipa porque tem que abastecer hospitais. O resultado hoje, como mostra o Globo, é que um caminhão-pipa chega a custar R$ 3.500 e só chega mais de 24h depois de contratado. Na prática está havendo leilão, quem paga mais recebe a água primeiro. O PROCON tem que entrar em campo porque é inconcebível o que está acontecendo. 

domingo, 18 de janeiro de 2015

Praia de Salvador pode receber selo internacional de qualidade ambiental


Praia de Salvador pode receber selo internacional de qualidade ambiental
 Dezembro de 2014


A Ilha dos Frades, em Salvador, está prestes a receber o selo Bandeira Azul, que garante critérios de segurança e cuidado ambiental em praias de todo o mundo. A análise tem sido feita na praia da Ponta de Nossa Senhora, e esta pode ser a primeira vez que a certificação é concedida a uma cidade do norte e nordeste brasileiro.
O Instituto Ratones, que promove ações de conservação de ecossistemas e conservação ambiental, é o responsável por realizar o processo de análise e concessão do selo de qualidade. Nas avaliações feitas na praia são vistoriados critérios como: acessibilidade, infraestrutura, comércio, saneamento, limpeza, qualidade da água, entre outras coisas.
No Brasil são apenas duas praias brasileiras que possuem o selo Bandeira Azul: a Prainha, no Rio de Janeiro, e a praia do Tombo, no litoral sul de São Paulo. A prefeitura de Salvador comemora a possibilidade de receber a certificação, pois, além de garantir boa qualidade aos banhistas e atrair turistas, a comunidade local recebe benefícios e a educação ambiental é incentivada.
A Ilha dos Frades é um reduto recheado de beleza e herança histórica. Entre os monumentos estão as ruínas de uma igreja do século 17 e construções que abrigaram escravos e barões durante o período da escravatura. A Praia da Ponta de Nossa Senhora é uma das mais procuradas da região, por ter águas mornas e cristalinas.
Redação CicloVivo

sábado, 17 de janeiro de 2015


Reprodução do Globo online
Reprodução do Globo online


O novo secretário estadual do Ambiente, André Corrêa quer cobrar mais de quem consome mais água. Mas o novo presidente da CEDAE, Jorge Briard lembra que isso já acontece. Existe um multiplicador que é usado de acordo com o consumo acima de 15 metros cúbicos por residência, com progressão para quem gasta mais de 30, 45 e 60 metros cúbicos. A questão principal é o nível dos reservatórios. E não há transparência, nem Pezão fala do assunto. Segundo tive conhecimento por pessoas da CEDAE, a situação é muito pior do que vem sendo mostrado. Sugiro aos repórteres que corram atrás da notícia e não acreditem nas versões oficiais. 

A arte de envelhecer


A arte de envelhecer

O passar dos anos pode trazer perdas e limitações, mas também prazeres inesperados e uma sensação de liberdade enorme. Saiba como lidar com isso e, assim, aproveitar a vida em qualquer idade.


PORLiane Alves/ Fotografia: Arthuzzi

Edição 137



Eleonor Camargo vai se casar no próximo domingo e há quatro semanas parte de sua atenção está voltada para o vestido de noiva (musseline de seda champanhe?), o buquê (rosas vermelhas?) e as músicas (Canon, de Pachelbel, no final da cerimônia?). Já seu noivo está às voltas com o aluguel de mesas e cadeiras para o jardim.

Foi nesse período feliz, mas tenso, que um dia Eleonor se olhou no espelho e pensou que o seu rosto não seria assim para sempre. Pensou no seu envelhecimento e como seria viver junto com o seu companheiro quando fossem velhinhos. Refletiu... Eles gostavam da presença um do outro, da energia que trocavam no toque, das conversas que tinham. A noiva lembrou-se do que escreveu o psicanalista e educador Rubem Alves: "case-se com alguém com quem goste de conversar." Portanto, com o tempo, o que era essencial nesse relacionamento não iria se alterar.

Não, Eleonor não é uma jovem noiva. Ela tem 57 anos, e o noivo, Antonio, 63. Estão realizados, inteiros, e evidentemente felizes. Mais uma vez na vida, apostaram na felicidade, mas agora sem muitas expectativas.
Viram? Há vida depois dos 60, 70, 80...

Eleonor e Antonio souberam compensar o seu envelhecer com entusiasmo, esperança, sensibilidade, criatividade. Fiquei surpresa com a quantidade de boas qualidades que eles conseguiram colocar no lugar das benesses de ser belo e jovem. Por isso, começo esse artigo com esse casamento, uma cerimônia feliz que a gente associa apenas à juventude e à beleza. Vê-los maduros e plenos de contentamento é uma ode à vida, e ao envelhecer com sabedoria. Eles mostram como é possível aceitar o envelhecimento, inevitável, com consciência, serenidade e alegria. Os dois descobriram muitos presentes escondidos na maturidade, que certamente só chegam depois do enfrentamento de limites, sofrimentos e obstáculos. Envelhecer pode ser um pouco mais difícil para o corpo, é verdade, mas para a alma pode fazer um bem incrível. O casal é a prova disso.

Enfrentando a crise

A antropóloga carioca Mirian Goldenberg começou o seu livro A Bela Velhice (Record) com o mesmo desafio que enfrento agora: mostrar que a harmonia, a alegria e o bem-estar podem estar presentes com muita intensidade no processo do envelhecimento. Numa sociedade que estimula o contrário disso, e que dá valor apenas ao que é jovem e belo, esse pode ser um desafio e tanto. "Quero compreender se há algum caminho para chegar à última fase da vida de uma maneira mais digna, plena e mais feliz. Meu objetivo é descobrir os passos necessários para construir minha própria bela velhice", diz ela. Para isso, assegura Mirian, é preciso dar sentido maior e mais profundo para a vida. Casar, ter filhos e conquistar sucesso na carreira deixam de ter tanta importância. Ser jovem e bonito também. Começa a acontecer um processo de dar um novo significado para a existência.

O psiquiatra austríaco Victor Frankel, em seus mais de 30 livros, ajuda na compreensão desse processo. Ele dizia que o desejo de dar um novo significado para a vida pode começar com uma sensação difusa de um "vazio existencial" - um sentimento de inutilidade e falta de sentido da própria vida. Podemos dizer que esse é o começo da crise do envelhecimento. A verdade é que o sucesso em várias áreas da vida é muito difícil, e que muitas vezes o que a sociedade diz que nos traria mais felicidade não traz.

Também podemos perceber que o não cumprimento das metas impostas pela sociedade pode gerar uma sensação de fracasso. Escreveu Frankel: "Não procurem mais o sucesso. Quanto mais você o procurar e o transformar em um alvo, mais vai errar". Que alívio, não precisamos mais "ter de" nada. Podemos ser mais livres, autênticos, procurar o que realmente gostamos de fazer, o que dá tesão na vida. E uma das qualidades para se sentir feliz, de acordo com ele, é sentir-se livre do que é imposto, do que nos ensinaram que traria felicidade, mas que nunca trouxe.
Que maravilha.

E qual seria o primeiro passo para sentir isso? Diante da crise, não a torne pesada demais. Ao analisar o comportamento dos sobreviventes dos campos de concentração nazistas, por exemplo, Frankel descobriu que os que estavam em melhores condições físicas e psicológicas eram justamente aqueles que tinham mais bom humor e leveza - e que isso era perfeitamente possível até em situações insuportáveis e adversas como aquela. Portanto, aceitar o envelhecer com certa dose de humor é muito sábio, e faz muito bem para a alma.

Envelhecendo, eu?

Se você olha no espelho e vê a sua imagem, certamente não afirma que seja a de um velho. É possível até que, com uma certa sorte genética e cuidados básicos, você possa aparentar dez ou 15 anos a menos. Sorte sua.

Mas não dá para se enganar. A curva da sua estrutura biológica cai inevitavelmente depois de atingir seu ápice aos 25 anos, e o seu corpo começa sua lenta volta para a terra. A boa-nova é que, cada vez mais, o envelhecer deixa de ser traduzido por decrepitude, fragilidade e doença. As pessoas estão se cuidando mais e mais cedo, os recursos para compensar o processo natural do envelhecimento se multiplicaram por mil, e os exemplos de gente mais velha e ativa aumentaram com uma velocidade espantosa. "É um erro acreditar que velhice seja um sinônimo de doença. A maior parte das pessoas na faixa dos 60 anos ou até 70 está bem", diz a designer e empresária Deana Guimarães, criadora de um portal que oferece uma gama de produtos para a terceira idade. Ela mesma, já com 60, é um exemplo disso. "A gente sabe que o contorno do rosto não é o mesmo, e que a energia não mais se assemelha à dos 20 anos", reconhece. "Mas não me sinto 'idosa' em nenhum grupo de que participo, e nem sou tratada assim. Sei que estou envelhecendo, mas não me sinto velha", conta.

E vamos ser sinceros: o processo do envelhecimento não começa nem aos 40 e nem aos 50. Com 20 anos, você vai à balada, dorme quatro horas e aguenta superbem o pique no dia seguinte. Já na faixa dos 30, a história é outra. Com 40, então, nem pensar. Três dias de alta madrugada contínuos já são suficientes para matar. Quem é velho, então? Os chineses fazem uma classificação interessante da velhice: os jovens velhos ficam numa faixa bem elástica, dos 45 anos, aproximadamente, até aos 80. A partir disso são considerados velhos maduros.

E o comportamento nessa faixa muito elástica de jovens velhos muda com rapidez. Os homens e mulheres maduros de hoje não têm as mesmas reações e atitudes dos jovens velhos de 30 anos atrás, por exemplo. Deana Guimarães afirma, por exemplo, que a solidão não é mais a principal queixa dos idosos que frequentam seu site. "Eles estão procurando grupos de pessoas com os mesmos interesses, se socializando. Também procuram se cuidar mais, se prevenir, e ter uma melhor qualidade no último trecho da vida", diz ela. E existe uma crescente demanda para que se abram cada vez mais grupos de apoio e organizações especializadas nos interesses de quem tem mais de 60, faixa que já responde por 15% do povo brasileiro.

A pressão social

Se você tem mais de 30, biologicamente já começou seu processo deenvelhecimento. "E quem te diz primeiro que você envelheceu são as pessoas, não é o espelho. Primeiro começam a te chamar de 'senhora', depois de 'tia'... Até que, um dia, te cedem o lugar no ônibus", diz a administradora de empresas Maria Costa Fernandes.

Isto é, o envelhecer é também um fenômeno social, e não apenas algo que acontece no seu mundo interno. "Se você pudesse envelhecer sozinha e em paz, sem ninguém te apontar a ruga ou o sobrepeso, seria mais fácil. Mas não é assim", diz Maria Costa. Em outras palavras, as pessoas podem se dar conta disso antes de você. "A saída é aceitar, perceber que algo mudou, mas que nem por isso o mundo acabou", diz ela.

Segundo a antropóloga Mirian Goldenberg, as reações perante o envelhecer podem mudar de acordo com o meio social e também segundo a cultura de um país. No livro Coroas: Corpo, Envelhecimento, Casamento e Infidelidade (Record), ela toca num ponto importante desse processo. Por meio de dezenas de entrevistas, ela notou, por exemplo, que as alemãs estavam menos obcecadas com sua estética corporal do que as brasileiras. Envelheciam mais tranquilamente, sem querer cancelar sua idade, embora namorassem ou tivessem um companheiro.

Em resumo: lutamos desesperadamente para não envelhecer, pois se admira com muita intensidade a ideia de perfeição de um corpo jovem e bonito. "Por isso tenho investido em revelar aspectos positivos e belos da velhice, sem deixar de discutir os aspectos negativos", diz a antropóloga. E uma das coisas que nos libertará da corrida frenética rumo ao rejuvenescimento a qualquer custo é nos lembrar que somos mais do que um corpo.

Na abertura do livro Memórias de um Envelhescente (Regência), escrito pela médica Judith Nogueira, o geriatra Franklin Santana Santos, que assina a apresentação da obra, revela o outro lado da história. "Envelhecer é uma experiência psíquica e espiritual profunda de enriquecimento da personalidade, do espírito", escreve. "Ser velho é estar na vanguarda do processo evolutivo, pensando aqui do ponto de vista material estritamente darwiniano, ou em uma perspectiva mais transcendental, na qual ser velho é o crème de la crème". Já a autora Judith Nogueira reflete sobre o processo de envelhecer, e aproveita a expressão envelhescente para definir quem atravessa essa fase com características hormonais e psicológicas próprias, tal como a adolescência. "Aos 40 anos não somos totalmente velhos, mas caminhamos para tal. Assim como a adolescência é o vestibular para a idade adulta, os 40 anos o são para a velhice; como se representassem a admissão para a segunda metade da vida", diz a médica.

Então, que tal fazer um meio termo disso tudo? Nem obcecado demais com oenvelhecimento do corpo e com o desejo de estar sempre jovem, nem relaxado e displicente demais com o próprio envelhecimento. Em quase tudo, o caminho do meio dá certo.

Numa palestra para o TED, o médico cirurgião cardíaco (e celebridade) Mehmet Oz dá cinco pontos básicos que ajudam a conservar a saúde física durante o envelhecer: monitoração da pressão arterial, controle do estresse (mediante meditação, ioga ou tai-chi, por exemplo), corte de cigarro e toxinas, 30 minutos de exercícios diários e uma dieta saudável que seja também gostosa. Não é nada tão difícil assim e, segundo ele, esses poucos itens são capazes de manter uma vida saudável por muitos e muito anos.
Entre quatro paredes

Uma peça célebre, Huis Clos, ou Entre Quatro Paredes, escrita pelo filósofo francês Jean-Paul Sartre, traz a discussão de um grupo de personagens sobre os limites e obstáculos da vida num cenário claustrofóbico. Aos poucos, percebe-se que eles estão mortos e no inferno.

Se o envelhecer for centrado na preocupação com o corpo e com as exigências individualistas do ego, as paredes irão se fechar e se estreitar cada vez mais, pois as perdas e limites serão bem mais evidentes. O envelhecimentose transformará num inferno. Mas essa não é, claro, a única alternativa. O envelhecer implica uma troca de códigos, valores, referências e metas. É preciso se reinventar completamente, substituir e compensar. Se a ênfase foi colocada na direção do autoconhecimento e da doação, seguindo os passos do espírito, as paredes automaticamente se abrirão, trazendo mais paz interior, amor e oxigênio para sua existência. O envelhecer poderá se tornar, dessa maneira, um delicioso paraíso.

O psicanalista suíço Carl Gustav Jung dizia que durante metade da vida você se volta para fora, para o ter (uma carreira, um casamento, uma família, um negócio, uma casa...). E que, na outra metade, o processo começa a se inverter: você se volta para o ser, para o universo interior, para a espiritualidade. É a fase ideal para compartilhar o que aprendeu na sua existência com quem é mais jovem. Porém, para que isso de fato aconteça, é necessário soltar-se e se divertir com as possibilidades que a vida lhe apresenta. Exatamente como faria uma criança.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Onças D’água

NA COPA DAS ÁRVORES

Onças D’água

Na Amazônia, quando o rio inunda a várzea, os maiores felinos das Américas deixam de ser animais terrestres

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Daniel Nunes Gonçalves
National Geographic - 11/2014
Luciano Candisani


Primeiro aparece o filhote. Acomodado entre os galhos no alto da árvore, exibe um olhar assustado. Pelo seu tamanho, calcula-se que deve ter uns 6 meses de vida. Quando a canoa se aproxima a 3 metros do tronco submerso, dá para ver a mãe, uns 20 metros acima da linha d’água. Ela olha, dá uma espreguiçada como se estivesse enfadada para receber visitas, vira a cara e se afasta copa adentro. Tudo muito natural. "E então ficamos ali observando por uns 20 minutos, como se fôssemos babás, até que o filhote dormiu e decidimos partir", conta o biólogo carioca Emiliano Esterci Ramalho. Em cerca de dez anos observando a onça-pintada nas florestas de várzea da Amazônia, ele nunca tinha visto seu objeto de estudo tão à vontade naquele ambiente aquático.

A evidência de que antes suspeitava agora parece incontestável: dono de incrível flexibilidade ecológica, o maior felino das Américas pode viver no alto das árvores.

"Mesmo a 12 quilômetros do solo seco mais próximo, as onças não se sentiram ameaçadas e pareciam tranquilas em casa", conta Emiliano. Para o pesquisador da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que há seis anos monitora o ziguezague florestal dos bichanos, deparar ao vivo com a onça-mãe - apelidada de "Cotó" por não ter rabo - nessa condição é uma parte importante de um inédito quebra-cabeça ecológico: descobrir o que as onças fazem quando toda a floresta da Reserva Mamirauá fica alagada. Nenhum dos oito animais monitorados desde 2008 abandonou o ambiente inundável da várzea nos três ou quatro meses anuais de cheia - um comportamento inusitado e nunca antes observado em felinos de grande porte.
Luciano Candisani
O biólogo Emiliano Ramalho, com a antena na mão (acima), tenta localizar as onças marcadas com colares de telemetria VHF e GPS na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que fica a 1 hora de barca da cidade de Tefé
Emiliano conta essas e outras histórias dos felinos selvagens para um grupo de turistas hospedados na Pousada Flutuante Uacari, base para quem visita Mamirauá, quando o telefone toca. São 22 horas de uma noite de lua cheia em março, e uma emergência o obriga a interromper a palestra: um jovem bolsista que tinha saído pela manhã para instalar armadilhas fotográficas não havia voltado do trabalho de campo - assim como o guia "mateiro" que o acompanha.

Estudar um animal desse porte no ambiente inóspito da maior floresta do planeta (e a mais de 500 quilômetros da capital mais próxima, Manaus) é uma atividade de risco, e Emiliano teme pelo pior. Convoca por rádio moradores locais para o acompanharem, equipa-se, assume o volante de uma voadeira e desaparece na escuridão do Rio Solimões floresta adentro. Nós, visitantes, não sabíamos, mas os traiçoeiros rios da região já tinham feito o próprio pesquisador capotar com o bote metálico três vezes: duas delas ao passar sobre os gigantescos peixes pirarucus durante o dia e outra ao atropelar um jacaré à noite.

Nos dias anteriores, ao explorar uma milésima parte desse exuberante laboratório natural de mais de 1 milhão de hectares, eu já havia constatado que onças, pirarucus e jacarés são apenas alguns temas dos 104 projetos de pesquisa e manejo conduzidos atualmente em Mamirauá. Criada nos anos 1990 a partir do sonho do primatólogo José Márcio Ayres (1954-2003) de preservar o berço do uacari-branco (um macaco de cara vermelha que se acreditava só existir ali), a primeira reserva de desenvolvimento sustentável do Brasil nasceu com um conceito inovador para a época: proteger o peculiar ambiente de várzea amazônico, produzir ciência de qualidade e envolver as populações tradicionais na conservação das espécies - em vez de tirá-las de seu universo, como era feito até então com o pretexto de que toda área de conservação deveria ficar intacta.
Luciano Candisani
A criança salta para o rio em uma das comunidades de Mamirauá. Assim como para os animais da mata, a água determina o ritmo da vida ao longo do ano.
A pesquisa sobre os hábitos arborícolas e aquáticos das onças-pintadas na várzea amazônica atrai a atenção da sociedade científica internacional. "Este estudo de longo prazo é importante porque mostra que, nas condições únicas das florestas inundáveis, as onças têm moldado seus hábitos ao ambiente aquático, alterando inclusive o que e quando comem", comenta o alemão naturalizado americano George Schaller, que trabalha para grupos conservacionistas como Panthera e Wildlife Conservation Society.

"As onças de Mamirauá não têm a opção de fugir para áreas secas próximas, como acontece com suas parentes do Pantanal", afirma outro biólogo, Peter Crawshaw Jr., um dos maiores conhecedores da espécie no Brasil. Nos dez anos em que rastreou mais de 20 desses felinos nos vastos alagados pantaneiros, também graças a colares de telemetria, Crawshaw nunca viu onças vivendo em copas de árvores. "Enquanto durante a estação seca no Pantanal nossos estudos mostraram que a área média ocupada por cada onça foi de 143 quilômetros quadrados, na cheia, entre dezembro e abril, elas se aglomeravam em apenas 10% do território, o que facilita a alimentação e a reprodução da espécie", explica.

Segundo dados coletados pela equipe do Projeto Iauaretê, capitaneado por Emiliano Ramalho, existem mais de dez onças a cada 100 quilômetros quadrados da reserva durante o período em que a várzea de Mamirauá não está alagada. Elas continuam vivendo em meio a uma das mais altas densidades populacionais desses felinos do planeta, caçando, se reproduzindo e criando seus filhotes no ambiente singular de uma ilha de alagável rodeada pelos rios Japurá e Solimões - como é chamado, nesse ponto, o Rio Amazonas. Na temporada de enchentes de Mamirauá as onças permanecem restritas ao mesmo universo geográfico da seca, apesar da mudança radical do cenário. Nos meses de maio a julho, a superfície das águas sobe em média 10 metros nos 200 mil quilômetros quadrados de várzea em decorrência da intensidade da estação das chuvas da Floresta Amazônica e do derretimento da neve nos Andes - onde fica a nascente do Amazonas e de outros rios da mesma bacia.
Luciano Candisani
Emiliano Ramalho visita uma casa cujo dono, anos atrás, matou uma onça. Os ribeirinhos são alertados para a importância da conservação da espécie.
A maior parte da população humana da Amazônia se concentra ao longo desses grandes rios em função da facilidade para pescar, plantar e se locomover de barco. É justamente a gente ribeirinha dessa área de várzea quem mais tem sua rotina alterada durante as cheias. Como acontece com as onças, os humanos também migram do piso térreo de suas palafitas para o andar de cima - carregando fogão e geladeira para o mesmo cômodo da cama ou da rede de dormir. Em vez de circular com pé na terra, trabalhar na roça e bater bola no campinho de futebol, o povo passa a ter basicamente a pesca como ofício e fonte de alimento, dependendo da canoa até para ir à escola, à igreja e ao vizinho.

Embora em cada 100 quilômetros quadrados da reserva habitem 85 pessoas e dez onças, ataques desses felinos não são comuns - como apontaram entrevistas com mais de 300 moradores locais entre 2010 e 2013. Auxiliar de cozinha da Pousada Uacari, Vanderlei Rodrigues, o Seu Manduca, protagonizou um desses casos raros em 2004. "Eu voltava de uma pescaria quando uma onça me atacou, mordeu meu rosto e me jogou no rio", lembra ele, hoje com os 28 pontos da cicatriz na face quase imperceptíveis. Seu Manduca superou o trauma e há anos é um convicto voluntário das expedições que capturam felinos para instalar colares com GPS.
Luciano Candisani
Este filhote de onça foi capturado e teve alguns dentes serrados. Caçadores ainda são vistos em reservas próximas, como a de Purus e de Amanã - nesta última, até pouco tempo atrás, um morador exibia seis cabeças do bicho na sala de casa.
É provável que a onça que atacou Seu Manduca estivesse faminta, dado que cada uma precisa de 2 quilos a 2 quilos e meio de carne por dia para sobreviver. Pela análise das fezes dos felinos, os pesquisadores descobriram seu alimento predileto: o bicho-preguiça. Ele se move lentamente nos mesmos topos de árvores e divide a preferência no cardápio com outra iguaria, o jacaretinga. Durante a cheia, quando os jacarés estão mais espalhados e escondidos na água, as onças complementam sua dieta com o macaco guariba.

Nessa época, o primata mora ao lado do inimigo felino que está no topo da cadeia alimentar. O tamanho da presa ajuda a explicar por que as onças do Pantanal pesam o dobro das parentes amazônicas, que são menores e não costumam ter mais que 60 quilos. Na planície pantaneira, o menu mais farto inclui capivaras, queixadas e porcos monteiros - bichos terrestres que nem sequer existem em Mamirauá justamente porque não têm para onde correr (ou onde se pendurar) quando as águas encharcam tudo.

Além da descoberta científica inédita, o comportamento inusitado das onças de Mamirauá acabou abrindo, em 2014, as portas da reserva ao turismo de observaçãodos animais. Experiências semelhantes há anos atraem jipes e voadeiras repletos de turistas ao Pantanal e a parques da África e da Ásia. Na reserva amazônica, porém, a iniciativa é diferenciada. Batizadas como Jaguar Expeditions, as exclusivas - e caras - expedições acontecem apenas nos meses de cheia e são restritas a grupos de quatro visitantes que remam em canoas silenciosas sob as copas das árvores. "Não se trata de um safári convencional, mas de turismo científico", explica Gustavo Pereira, coordenador da Pousada Flutuante Uacari. "Além da observação, o turista trabalha com o time de pesquisadores fazendo o rastreamento das onças e instalando câmeras fotográficas na mata."
Luciano Candisani
A jovem onça descansa na copa semisubmersa de um apuí, ou gameleira, árvore que é um dos lares preferidos dos grandes felinos durante o período de inundação
Os dois grupos que saíram a campo em maio e junho deste ano obtiveram 100% de sucesso no avistamento dos grandes felinos, e o valor que investiram teve três fins: gerar benefícios econômicos para as comunidades locais, permitir a continuidade dapesquisa científica e pagar a equipe de nativos com diárias dobradas - para que os ribeirinhos entendam que manter viva essa espécie ameaçada de extinção é mais valioso do que caçá-la, por exemplo, para vender sua pele. Toda noite, depois da perseguição às onças do alto das árvores, os turistas se reúnem com Emiliano para avaliar o trabalho do dia. Nas curiosas imagens registradas, já foram vistas onças mexendo ou fazendo xixi na câmera e até com um jacaré na boca. Os animais são reconhecidos com base nos desenhos de suas pintas, que funcionam como impressões digitais - e seus nomes são quase sempre divertidos, como Mudinha, Caolha, Confuso e Zangado.

Depois do susto vivido no dia de minha visita, quando Emiliano interrompeu a palestra para resgatar - só às 14 horas do dia seguinte - o bolsista e o guia perdidos na mata (que estavam sãos e salvos), o pesquisador não viveu dias tão tensos. Continua, é claro, militando pela preservação das florestas de várzea para que a onça-pintada siga reinando. O trabalho de campo na selva, enquanto isso, não para. Entre as constatações que o acompanhamento dos felinos de Mamirauá apontou recentemente, duas surpresas. A primeira é triste: Cotó, a mãe que forneceu a primeira prova do comportamento arborícola das onças de Mamirauá, foi morta por um morador da reserva quatro meses depois de ser observada com seu filhote pelos cientistas, em 2013. "Recebemos a localização dela por GPS e chegamos a uma comunidade onde o morador a tinha abatido para evitar que seu gado fosse atacado", conta Ramalho.

Outra conclusão é mais curiosa: diferentemente do que se imaginava, Cotó não era o único felino sem rabo na reserva; isso acontece com cerca de 10% dos animais monitorados. "Os registros fotográficos que temos indicam que os jacarés-açu podem ser responsáveis pela predação de onças durante as inundações, arrancando ocasionalmente seu rabo", diz. Deduz-se que isso aconteça quando as onças d’água estão nadando para se locomover no habitat aquático - e único - de Mamirauá.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015


Reprodução do Extra online
Reprodução do Extra online


É impressionante a cara de pau do governador Pezão ao comentar o caso da estudante morta na abordagem policial completamente equivocada. Lamentou a morte, disse que ficou triste, mas atribuiu indiretamente a culpa pelo episódio ao meu governo, ao de Rosinha e dos nos antecederam. Disse que ele e Cabral estão melhorando muito a formação policial, mas que encontraram um quadro de caos, e que vai continuar melhorando. Ora mostrei aqui na nota anterior, que o curso de formação de policiais militares que na minha época e de Rosinha era de 9 meses, mais 6 meses de estágio passou a ser de apenas 6 meses e sem estágio. Pezão prefere contar mentiras do que enfrentar a realidade, mas claro a imprensa não questiona nem contesta nada. 

fonte BLOG DO GAROTINHO

Seca em SP: haverá água em 2015?

Seca em SP: haverá água em 2015?

Publicado por Portal R7
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Para especialista, Estado vai precisar de plano de contingência e maior economia de água 

Milhões de paulistas enfrentaram, ao longo de 2014, torneiras secas e falta de explicação do governo estadual para um problema que, segundo especialistas, poderia ter sido evitado com planejamento adequado. A aposta do Estado era de que as chuvas, a partir de setembro, resolveriam a crise nas represas que abastecem a Grande São Paulo. Mas, até dezembro, isso não aconteceu e a sétima maior aglomeração urbana do planeta começa o próximo ano sem a certeza de que terá água suficiente para consumo.


Principais sistemas de abastecimento de água da Grande São Paulo estão com níveis críticos. Luis Moura/Estadão Conteúdo

Marussia Whately, coordenadora do Programa Aliança pela Água do ISA (Instituto Socioambiental), afirma que pouco do que foi feito pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e anunciado pelo governo até agora garantem o abastecimento no ano que vem. Ela defende um plano emergencial com diversos cenários possíveis.

— Assim como a gente não chega a uma crise desse tamanho só por causa de um fator, a gente não sai dela somente com as medidas de um único ator, no caso a Sabesp. Nós, da Aliança pela Água, temos feito um apelo para que seja apresentado e que se inicie o quanto antes a discussão de um plano de contingência para 2015. A partir de agora, nós temos quatro meses [até o inverno, quando chove menos] para nos organizarmos para um ano que pode ser pior do que 2014. Não existem indícios de que a seca tenha passado até agora.

O plano proposto serviria para determinar quais medidas tomar diante de determinada situação. Por exemplo, com mais consumidores dependendo de caminhões-pipa, como garantir a eles que a água será de qualidade? Como regular os preços dessa água?

Responsabilidades

Muito se falou durante este ano que o governo tinha parcela de responsabilidade sobre a crise hídrica. Durante a eleição, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) culpou a seca histórica e defendeu que o racionamento seria a pior saída. A situação mais preocupante sempre foi a do Sistema Cantareira, conjunto de represas que abasteciam mais de 9 milhões de pessoas até o começo do ano e hoje, com medidas de remanejamento de consumidores, abastece 6,5 milhões. Outras represas acabaram absorvendo essa demanda extra e hoje se encontram na mesma condição, como é o caso do Sistema Alto Tietê.

Marussia diz que o atual cenário já deveria ter sido previsto no passado e lista três principais motivos para a crise: falha na gestão do Sistema Cantareira, já que a Sabesp deveria ter retirado menos água ao longo dos anos; mananciais poluídos e com entorno desmatado; e falta de diálogo e participação da sociedade em relação à crise.

— Foi feita a gestão do Sistema Cantareira retirando a mesma quantidade em três verões com menos chuva. É que nem um orçamento, se você gasta mais do que ganha, uma hora vai ter dívida.

E agora?

A garantia de milhões de consumidores tem sido o volume morto do Cantareira — a primeira cota começou a ser captada em maio e a segunda em novembro. Trata-se da quantidade de água do fundo das represas, que estava abaixo das bombas. Mas, se não chover o suficiente no verão, essa reserva não vai durar muito. Marussia lembra que as chuvas de outubro e novembro não elevaram os níveis dos reservatórios.

— A gente não sabe nem quanto tempo esses volumes mortos vão demorar a encher. As chuvas não estão nem mexendo [nas medições]. Se daqui a quatro meses a gente chegar ao nível em que nós estávamos em abril deste ano, já é uma situação que, no mínimo, vamos viver o mesmo estresse deste ano que passou.

Além do plano de contingência, ela diz as pessoas têm de reduzir mais ainda o gasto. O grande desafio, segundo Marussia, está nos grandes consumidores, como shoppings, hotéis, escolas, hospitais e outros imóveis.

As obras anunciadas pelo governo do Estado, como o Sistema São Lourenço, e a interligação de represas do Cantareira com o rio Paraíba do Sul, não ficarão prontas em menos de dois anos. Com isso, Marussia reforça a necessidade de governos e prefeituras estudarem alternativas que impactem diretamente na vida das pessoas, para que as autoridades não fiquem sem saída, caso as torneiras sequem.

— Há um descompasso entre o que precisaria para o ano que vem e o que tem sido apresentado. Tem um conjunto de obras sendo apresentadas que não resolvem a situação para 2015 e não tem um conjunto de medidas que suavizariam a situação sendo apresentadas à sociedade.

Após este ano, em que a maioria dos paulistas entendeu a importância de economizar água e o governo corre para corrigiras falhas do passado, só resta uma certeza: a crise d’água em São Paulo está longe de terminar.

Fonte: Portal R7