quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ameaça que vem à tona

Ameaça que vem à tona

Símbolos da cidade, a ponto de estamparem nossa bandeira, os golfinhos correm o risco de sumir da Baía de Guanabara

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Ernesto Neves Veja Rio - 

Maqua/UFRJ

Com sua combinação hipnótica de tons esverdeados e anil, a Baía de Guanabara mesmerizou viajantes ao longo dos séculos. O jesuíta José de Anchieta, nos primórdios do Rio, adjetivou-a de "airosa e amena", enquanto o pintor inglês Oswald Brierly, com seu olhar afiado para as cenas marinhas, se encantou com "golfinhos que perseguiam um cardume de peixes voadores" num trecho próximo ao Pão de Açúcar.

Durante a construção do Passeio Público, em 1760, o vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa ordenou que o parque fosse dotado de um terraço. Antes que sucessivos aterros levassem o mar para longe da Lapa, o espaço elevado propiciava visão privilegiada para a coreografia dos cetáceos.

Porém, após um histórico de degradação nas décadas recentes, ficou difícil encontrar alguém que ainda se encante com a exuberância daquele ecossistema. Talvez tão difícil quanto encontrar por lá golfinhos.

Tido como um dos símbolos do Rio, sendo representado, inclusive, na bandeira da cidade, o boto-cinza agoniza na Baía de Guanabara. No último ano, a população dessa espécie foi reduzida de 45 para 40 indivíduos. Ou seja: a mortandade atingiu insustentáveis 12%, quatro vezes mais do que o índice tolerável, fazendo soar o alerta entre ambientalistas e pesquisadores. "A taxa foi muito alta e acentuou o risco de extinção desses animais no local", avalia Alexandre Azevedo, oceanógrafo do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Apesar de o discurso ambientalista sempre antever panoramas sombrios, às vezes com alarmismo exagerado, a diminuição da população de botos na Guanabara é um fato real (e preocupante). Facilmente avistáveis até os anos 70, eles formavam uma população estimada em mil exemplares, há apenas quarenta anos. O número desabou para 400 em 1980, e foi reduzido a menos de uma centena na década seguinte.

Além da poluição, o crescimento do tráfego de embarcações é apontado como agravante do problema, pois o barulho do motor provoca intenso stress nos animais e eventuais acidentes.

Na última sexta-feira de janeiro, por exemplo, foi registrada a presença de 140 embarcações de médio e grande porte na Baía de Guanabara, sendo três delas transatlânticos. Nesse sentido, o reaquecimento das atividades navais no Rio, impulsionadas pela exploração de petróleo no pré-sal, contribui para aumentar o problema.

Em 2013, a dragagem realizada no Porto de Itaoca, em São Gonçalo, é apontada como provável causa para a mortandade repentina. Hoje, a região passa por obras para a construção de dutos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). "Estamos mudando o padrão de uso da baía", critica o iatista e ambientalista Axel Grael. "Deixamos de utilizar suas águas para transporte e pesca e começamos a empregar ali serviços de logística, o que vem causando sérios impactos."

Clique aqui para ver o infográfico

Encontrado na costa atlântica das Américas Central e do Sul, o boto-cinza é considerado um dos mamíferos mais inteligentes do planeta, com peculiaridades singulares (veja o infográfico,acima). Geralmente agrupados em comunidades com cerca de vinte indivíduos, esses botos costumam se fixar em um só lugar durante toda a existência. Ou seja: muito provavelmente os golfinhos cariocas de agora descendem de animais que encantaram os primeiros viajantes.

Seu habitat são as baías e enseadas, especialmente nas proximidades de manguezais e estuários, onde encontram fartura de alimentos, principalmente crustáceos e peixes.

Os golfinhos contam ainda com um complexo sistema de comunicação, realizada através de sons. Esses sinais emitidos funcionam como um radar, e o eco ajuda o boto a reconhecer o ambiente à sua volta, daí ele conseguir se locomover com destreza pelas águas turvas da Baía de Guanabara.

Devido à capacidade para reconhecer e evitar ambientes degradados, os botos-cinza não à toa estão desaparecendo dali. Há pelo menos quatro décadas o quadro se tornou crítico. Em decorrência da destinação de efluentes químicos provenientes de fábricas e estaleiros, o ecossistema entrou em acelerado processo de deterioração na década de 70. Aliado à contaminação industrial, o crescente despejo de esgoto domésticoproduzido por 10 milhões de habitantes criou uma situação de colapso ambiental na baía, que é cercada por oito municípios e onde deságuam 55 rios.

Pressionado pela opinião pública, o governo estadual lançou, em 1992, um programa de despoluição. Financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pelo governo japonês, o plano criou a expectativa de ser a solução definitiva para o problema, ponto crítico de uma cidade que se via às vésperas de receber a conferência ambiental Rio92.

Entre as ações previstas estavam a construção de redes de saneamento básico e estações de tratamento, limpeza de rios e fiscalização das indústrias. Duas décadas depois, seu estuário continua a receber impressionantes 18 mil litros de esgoto sem tratamento por segundo.

O descaso produziu um quadro igualmente grave nas Ilhas Cagarras. Até 2004, o arquipélago servia como abrigo a golfinhos da espécie flipper, mais afeita ao mar aberto. Porém, há três anos não se vê esse tipo de animal por ali. "Eles não frequentam águas sujas e sem comida. Certamente encontraram local melhor para se fixar", acredita Liliane Lodi, bióloga do Instituto Mar Adentro.

Os efeitos danosos da poluição podem ser observados a olho nu. Com o sistema imunológico debilitado pelo excesso de química, os botos da baía frequentemente apresentam ferimentos pelo corpo. Também é comum presenciar a agonia dos bichos enrolados a redes de pesca e pedaços de saco plástico.

Da feira à mesa

Da feira à mesa

Hábitos simples como ir à feira ou preparar a comida em casa podem fazer toda a diferença na nossa saúde. É nisso que acredita Marlene Monteiro da Silva e Veruska Magalhães Scabim. Leia, abaixo, a entrevista com a dupla de especialistas em alimentação


Ana Holanda
Vida Simples 

Nancy D. Regan/Creative Commons

O jeito como nos alimentamos mudou, certo? Sim. E isso não é de hoje. Começou junto com a Revolução Industrial (meados do século 18), que mudou nosso padrão de alimentação e também de gasto energético. Com o tempo, fomos dando preferência para alimentos cada vez mais fáceis de fazer. E, nas últimas décadas, a disponibilidade desses itens também teve um aumento brutal. Os alimentos preparados tiveram um crescimento de mais de 200%.

Estamos comendo mal?O que existe hoje é um desconhecimento dos alimentos. Em torno de 15% das pessoas consomem frutas e hortaliças na medida recomendada, que é de cinco porções por dia. A maior parte da população quer alimentos de preparo fácil. O feijão, prato básico do brasileiro, teve uma redução de seu consumo em 30%. Mas o consumo de comidas preparadas na rua ou processadas só aumentou. As pessoas não vão mais à feira, nem ao campo. E com isso acabam se distanciando das formas de produção. Muitas crianças não sabem reconhecer uma fruta. Os resultados disso já são visíveis. Na década de 1970, o governo se preocupava com a desnutrição. Hoje, mais de 30% das crianças estão com excesso de peso.

Qual a influência da família na alimentação?É grande. Se não existe o hábito de comer alimentos saudáveis em casa, não tem como incorporar isso na vida dos pequenos, por exemplo. É na família que se tem a construção da personalidade. Hoje, muitos meninos e meninas não têm tempo para brincar, para sentar à mesa, e as guloseimas estão sempre à mão. O preparar a refeição em casa é importante na formação dos filhos. Eles precisam sentir o cheirinho da comida pela casa, precisam sentar para comer. Uma cena comum em um restaurante é ver todos juntos, mas cada membro da família está mais interessado no seu gadget no que em conversar.

É possível mudar essa situação?Para isso é preciso formar o hábito alimentar. E é em casa que isso começa. As famílias precisam olhar para trás e reaprender como fazer algo tão simples, mas tão importante: preparar sua própria refeição e sentar-se à mes
a.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Índia duplica capacidade de energia solar

Índia duplica capacidade de energia solar.







Os investimentos da Índia em geração de energia solar surtiram efeito. As ações em busca do desenvolvimento alternativo e sustentável resulta em uma contínua progressão. Agora o país está em fase de construção de uma grande usina solar.
No ano passado, a Índia acrescentou um pouco mais de um gigawatt de energia solar à sua rede elétrica – somando sua capacidade para 2.18 gigawatts. De acordo com o Carbono Brasil, os números sugerem que a capacidade fotovoltaica no país pode se mostrar muito além das metas nacionais instituídas pela Missão Solar Nacional (NSM).
Na Índia, a capacidade em energia alternativa aumentou quatro gigawatts nos últimos dez anos, sendo que a produção eólica responde por dois terços desse total. O governo indiano pretende duplicar sua capacidade de energias renováveis até 2017.
Para alcançar o objetivo, uma das ações está na “Ultra-Mega Green Solar Power Project” - a usina que será construída na região desértica do Rajastão. De acordo com o site The Economic Times, o parque solar ocupará uma área de 93 mil quilômetros.
Além disso, recentemente, Portugal e Índia firmaram um acordo de cooperação em energias renováveis. O país indiano deve analisar, por exemplo, a possibilidade de desenvolver projetos de energia solar em solo português. Em comunicado, o ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, de Portugal, adiantou que um dos interesses está na energia das ondas com base no potencial do litoral indiano.
Redação CicloVivo 

Faça uma dieta de leituras

Faça uma dieta de leituras

Passar o dia inteiro nas redes sociais é tão saudável quanto viver à base de fast-food

DANILO VENTICINQUE

Kindle
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O Facebook está insuportável hoje. Pelo menos foi isso o que um amigo me disse. Não duvido: com a quantidade de assuntos polêmicos em pauta, poucos resistem à tentação de entrar em debates acalorados e intermináveis sobre tudo. O advogado de bermuda, a comentarista descompensada, o Batman no Leblon. Quanto mais pitoresco o tema, maior parece ser a vontade de se debruçar sobre ele para escrever um post “definitivo”. Perdi a conta de quantas vezes sucumbi a essas armadilhas. Com a proximidade das eleições, elas devem se tornar cada vez mais frequentes. Tenho tentado não cair nelas. Estou de dieta.

Houve um tempo em que os pessimistas diziam que passaríamos o dia inteiro assistindo à televisão e não leríamos mais nada. Estavam errados. Ironicamente, nunca lemos tanto quanto hoje, nos celulares, tablets e na tela do computador. E, infelizmente, nunca lemos tão mal.

Nutricionistas costumam organizar os tipos de alimentos numa pirâmide. Na base estão os cereais, verduras e frutas que precisamos comer várias vezes ao dia. O meio é reservado às carnes magras e derivados do leite, que devemos comer com moderação. No topo, tudo aquilo que devemos evitar no dia-a-dia, como doces e carnes gordurosas.

Poderíamos fazer um gráfico semelhante com as leituras. Na base estariam os livros. No topo, as discussões vazias nas redes sociais. No meio ficariam os artigos e reportagens, online e offline. Alguns podem ser tão enriquecedores quanto um livro. Outros, tão superficiais quanto uma foto de um gato no Facebook.

Não é preciso levar o exercício mental muito adiante para perceber que nossa dieta anda péssima. As redes sociais tomam a maior parte do nosso tempo de leitura. Elas nos levam com frequência a blogs ou sites de notícias. Aproveitamos um texto ou outro, mas nos esquecemos da imensa maioria.
Aos livros, que teoricamente deveriam ser nossa principal fonte de leituras, reservamos apenas uma pequena fração do nosso tempo de leitura. Por acreditar que os livros exigem concentração e silêncio, preferimos nos distrair com textos irrelevantes o dia inteiro e deixar as leituras sérias para o dia seguinte ou para mais tarde, quando já estamos cansados de ler bobagens e mal aguentamos manter os olhos abertos. É como se tivéssemos um banquete à nossa disposição, mas nos entupíssemos de balas e cachorros-quentes antes de sentar à mesa.

O primeiro passo para mudar a sua dieta de leituras é reconhecer que aproveitamos muito mal nosso tempo. Vale repetir a pergunta proposta pelo escritor suíço Rolf Dobelli em seu livro A arte de pensar claramente: de todas as notícias e posts em redes sociais que você leu no último ano, quantos realmente fizeram diferença na sua vida? Minha resposta foi alarmante: apenas dois ou três posts em blogs e, com sorte, meia dúzia de reportagens. Nenhum post em redes sociais. Nada que justifique as dezenas de horas que dedico a essas leituras semanalmente. Quanto aos livros, lembro de todos os que li durante o período. Mesmo os que não gostei de ler me ensinaram algo. Era hora de mudar meus hábitos.

Seria um exagero abandonar o Facebook completamente, assim nenhum nutricionista que se leve a sério diria para alguém cortar os doces para todo o sempre. O mesmo vale para o fast-food da informação. As redes sociais nem sempre são prejudiciais. Basta usá-las com moderação e tirar algum proveito delas. Cada um sabe sua forma de aproveitá-las.

Desde que decidi fazer uma dieta de leituras, abandonei as discussões no Facebook e no Twitter. Em vez disso, tenho usando as duas redes para receber e compartilhar reportagens sobre literatura. Por falar em reportagens, também reduzi o tempo que dedico a elas. Jamais conseguiria ficar três anos sem ler notícias, como Dobelli ficou – especialmente na minha profissão. Mas descobri que posso sobreviver tranquilamente lendo somente as principais notícias do dia e assinando três ou quatro publicações essenciais para quem trabalha na minha área. O resultado? Além de conseguir mais tempo para os livros, não sinto a menor falta das polêmicas digitais.

Na próxima vez em que o seu Facebook estiver insuportável, não reclame dele. Feche a aba do navegador. Procure outras leituras. Se alguém insistir para que você diga algo sobre o assunto polêmico do dia, experimente a sensação libertadora de não ser obrigado a expressar sua opinião sobre tudo. Peça desculpas. Diga que está de dieta.
Danilo Venticinque escreve às terças-feiras.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Capacidade de geração de energia eólica aumenta 18% no Brasil em 2013


Capacidade de geração de energia eólica aumenta 18% no Brasil em 2013

Por Reuters 
Texto

Número de usinas passou de 76 para 90, com 2.181 megawatts capacidade instalada em operação comercial no País

Reuters

Prefeitura de Arfons
Em dezembro de 2013, o fator de capacidade médio das eólicas brasileiras foi de 36%

A energia eólica encerrou 2013 com 2.181 megawatts (MW) de capacidade instalada em operação comercial no Brasil, um acréscimo de 18%, ou 340 MW, no ano na comparação com dezembro de 2012, segundo dados do primeiro Boletim das Usinas Eólicas, que passa a ser divulgado mensalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O número de usinas em funcionamento passou de 76 para 90 no ano passado e, segundo a CCEE, a geração eólica no Brasil em 2013 resultou em fatores de capacidade superiores aos registrados em países como Estados Unidos, Espanha e Alemanha, por exemplo.
Em dezembro de 2013, o fator de capacidade médio das eólicas brasileiras – que mede a eficiência na produção de energia dos parques – foi de 36%, sendo que tal fator variou de um mínimo de 24% em abril a um máximo de 47% em outubro.
O Boletim da CCEE não leva em consideração os cerca de 594 MW de capacidade instalada de usinas que já estavam em condições de entrar em operação comercial no ano passado, mas que dependiam de sistemas de transmissão atrasados para fazê-lo.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Em Amsterdã, além de esporte, o Stand Up é também uma alternativa limpa de transporte urbano

Em Amsterdã, além de esporte, o Stand Up é também uma alternativa limpa de transporte urbano


Transporte, irrigação e captação de água. Esses são alguns dos benefícios dos rios (no caso dos canais) para uma cidade capaz de integrar meio ambiente e urbanismo. Os famosos canais de Amsterdã foram resultado do bom planejamento da cidade. A canalização das águas evitou que a cidade fosse inundada e fez com que se criassem também vias adicionais para circulação. Amsterdã possui hoje ônibus que trafegam pelas hidrovias dos canais e também barcos, que servem como restaurante, residência e oficinas, atracados nos canais semicirculares.
De SUP pela cidade
Com a popularização do stand Up paddle, bastou unir o útil ao agradável. Bem agasalhados e apostando no equilíbrio, alguns moradores começaram a usar as pranchas com remo para se locomover pela cidade. A mania pegou tanto que Amsterdã já promove até mesmo o Hiswa Sup Tour, que terá sua próxima edição no dia 2 de março. Trata-se de uma espécie de pedalada, mas em vez de sair de bike em grupo pelas ruas da cidade, os participante saem remando pelos canais.

Por que os investimentos verdes no Brasil desabaram em 2013?

Tempo fechou | 

Por que os investimentos verdes no Brasil desabaram em 2013?

No ano passado, foram investidos apenas US$ 3.4 bilhões em fontes renováveis e sistemas inteligentes de energia, ante US$ 7.1 bilhões em 2012

Getty Images
Torres de energia eólica da Acciona Windpower
Tempo fechou: em 2012, foram contratados apenas 289 MW, uma queda de 90% em relação a 2011
São Paulo – Se 2013 não foi lá um ano excepcional de investimentos em tecnologias limpas no mundo, quando se coloca a lupa sobre o Brasil, a derrocada é patente. O investimento caiu pela metade, bem abaixo da queda média mundial de 11%.
No ano passado, o país investiu US$ 3.4 bilhões em fontes renováveis e sistemas inteligentes de energia, ante uma contribuição de US$ 7.1 bilhões em 2012. Os dados são da empresa de pesquisa Bloomberg New Energy Finance (Bnef).
Pibinho e ventos fracos
Para especialistas, a baixa contribuição brasileira é reflexo da situação econômica do país no ano anterior e dos negócios acordados no período.
Um ano que foi especialmente ruim para a eólica, como lembra Elbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
“Em 2012, foram contratados apenas 289 MW, uma queda de 90% em relação ao volume contratado no anterior e o menor desde 2009”, explicou a executiva à EXAME.com.
O baixo crescimento do PIB naquele ano, que foi de 0,9% - o pior desempenho desde o pico da crise, em 2009, quando encolheu 0,3% - também gerou um “pessimismo no investidor”, que recuou nas aplicações de capital.
Outra fator que ajudou a achatar os números do país, segundo Élbia, foi a Medida Provisória 579, que trata das renovações das concessões de geração, transmissão e distribuição do setor elétrico. “Gerou mal estar no mercado e mexeu com o espirito dos investidores”, disse.
Para 2014, as perspectivas são promissoras, reflexo do bom desempenho dos negócios de 2013, considerado fora da curva: a eólica contratou 4.7 GW, superando a contratação recorde de 2011, de 2.7 GW.
América Latina: a nova fronteira
Desde 2004, o Brasil vinha dominando o mercado de energia limpa na América Latina, respondendo em média por 60% de todos os investimentos na região. Isso mudou em 2013.
Chile, México e Uruguai todos investiram mais de US$ 1 bilhão para a energia limpa, conforme o estudo da Bnef.
“Não só a indústria está se consolidando nesses países como tem aumentado as condições favoráveis para expansão de novas fontes. Em outras partes do mundo, o mercado está saturado”, explicou à EXAME.com a analista de pesquisa da Bloomberg New Energy Finance, Lilian Alves.
Depois de viver secas e apagões frequentes, o Uruguai resolveu apostar em energia eólica e solar, como alternativa às termelétricas a diesel e à vulnerabilidade de suas hidroelétricas.
Com geração precária de energia no Norte, o Chile está aproveitando o potencial de insolação da região para atrair projetos grandes de centrais solares.
Enquanto isso, o México possui recursos eólicos de alto aproveitamento e se mostra um mercado tão atraente quanto o Brasil: tem infraestrutura grande e alta demanda por energia.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O cambuci voltou

DE VOLTA À NATUREZA

O cambuci voltou

Com o crescimento urbano, a cachaça de cambuci sumiu, assim como a própria fruta, cuja árvore hoje se encontra em sério risco de extinção. Mas há esperança, pois dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento

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Xavier Bartaburu

Pergunte a um paulista sobre o cambuci. Se for da capital, dirá que é bairro. Se for do interior, é provável que se lembre da cachaça. Ambos estão certos. O nome deriva, de fato, dessa fruta nativa da Mata Atlântica, endêmica da Serra do Mar, outrora abundante no sul da região metropolitana de São Paulo. Não apenas brotava na floresta como também no pomar das casas, onde era cultivada para servir de aromatizante na cachaça. 

Com o crescimento urbano, a cachaça de cambuci sumiu, assim como a própria fruta, cuja árvore hoje se encontra em sério risco de extinção. Por isso o cambuci hoje faz parte da Arca do Gosto, lista de alimentos ameaçados criada pela fundação Slow Food.

Agora, dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento, decididos a explorar o potencial dessa fruta profundamente aromática, doce na fragrância e ácida no paladar. Em todo o cinturão verde de São Paulo, surgiram sucos, sorvetes, geleias, licores e até cosméticos produzidos à base de cambuci - sem falar de receitas excêntricas, como a moqueca e o estrogonofe.

A vitrine disso tudo é a Rota Gastronômica do Cambuci, uma integração de festivais locais que acontece entre março e setembro, cada mês em uma cidade. Em 2013, houve a participação de quase 60 produtores, de sete municípios. A rota vai aumentar este ano. "Já distribuímos mais de 10 mil mudas", conta Gabriel Menezes, diretor da AHPCE (Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica), a entidade que organiza o evento
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