2014 já está batendo na porta, mas antes de dar as boas vindas ao novo ano, a equipe do Planeta Sustentável*, da Editora Abril, preparou esta lista com os 10 momentos da sustentabilidade que marcaram 2013. Além de lembranças, esperamos que eles deixem um legado de inspiração para o surgimento de outras boas iniciativas em prol de um mundo melhor. Feliz ano novo!
Com isso, o país atinge –
2,6 anos antes do prazo -, o
Objetivo de Desenvolvimento do Milênio número um da ONU, que prevê que, até 2015, as nações diminuam pela metade o número de cidadãos famintos.
Apesar da conquista, o Brasil não pode relaxar: dados do governo revelam que cerca de 7% da população brasileira ainda passa fome, o que representa 13 milhões de cidadãos.
2. MANIFESTAÇÕES POPULARES
“Quem estava no Brasil em meados de junho presenciou um momento histórico, um ataque de raiva, um basta de quem segurou por muito tempo o que tinha para dizer ”. Foi assim que
Rodrigo Vieira da Cunha, jornalista e embaixador do TEDx na América Latina, descreveu –
em artigo para a revista Vida Simples, publicado em nosso site – as
emblemáticas manifestações que aconteceram por todo o Brasil no final do primeiro semestre de 2013.
A população surpreendeu a si mesma, foi em massa para as ruas e deixou sua mensagem: não acha normal as notícias de corrupção que pipocam na mídia e deseja mudanças urgentes. Mas, talvez, o mais importante recado deixado pelo povo – até mesmo de forma não intencional – foi quanto à ineficiência dos atos de violência. “Mostramos para nós mesmos que uma democracia se constrói também por passeatas e palavras de ordem, quase sempre pacíficas. E que assim é possível mudar as coisas. (…) Não é preciso disparos para causar uma revolução”, escreveu Vieira da Cunha.
3. PODEMOS ATINGIR META DE REDUÇÃO DO DESMATAMENTO ANTES DO PRAZOEm agosto,
Carlos Klink, secretário nacional de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, garantiu que, antes do prazo, o
Brasil vai atingir meta para reduzir em 84% o desmatamento, que ainda é a principal fonte das
emissões de gases do efeito estufa do país.
Klink não informou o ano exato em que a conquista acontecerá, mas disse que, antes de 2020, o país chegará a um patamar inferior a 4 mil quilômetros desmatados por ano –conforme prometeu na Conferência do Clima de Copenhague, em 2009 – e que o governo está ciente de que é importante adotar medidas para manter esse resultado.
Com a redução do desmatamento, o Brasil diminuirá em 60% suas emissões de gases poluentes e vai ajudar a cobrir em 50% o déficit de emissões que haverá no mundo em 2020, segundo estudos. Ao oferecer tal contribuição global, o país fica com “mais moral” para cobrar esforços mais efetivos dos outros países.
4. A POLÊMICA DOS COSMÉTICOS TESTADOS EM ANIMAIS
Os
beagles do Instituto Royal ficaram famosos em 2013 depois de uma ação coletiva de protetores dos animais. Em uma madrugada de outubro, eles se uniram para invadir a empresa, sediada em São Roque, e resgatar centenas de cachorros que, suspeitava-se, eram submetidos a testes cruéis para a produção de cosméticos.
Sete empresas nacionais já fazem, oficialmente, parte da iniciativa. Jay Coen, cofundador do Empresas B, aproveitou o evento de lançamento no Brasil para declarar seu desejo de ter cada vez mais ‘companhias verde e amarelas’ engajadas no movimento. É o nosso desejo também, Jay!
Segundo a assessoria da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), a capital fluminense foi a primeira do Brasil a, de fato, aplicar a multa para aqueles que emporcalham as ruas e está inspirando outras cidades, país afora, a adotar a medida.
7. AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL
O
clima foi um dos assuntos que mais bombou em 2013. As maiores novidades aconteceram no segundo semestre do ano. Em setembro, o
Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas apresentou o
primeiro relatório sobre alterações do clima no Brasil.
Os resultados são um pouco chocantes. Segundo o documento, considerando os atuais níveis de concentração de poluentes na atmosfera, a
temperatura no Brasil subirá entre 2ºC e 3ºC, em 50 anos. Mas a boa notícia é que, com os dados brasileiros, será muito mais fácil para o país investir em medidas eficazes de
adaptação e
mitigação. Mais do que isso: a iniciativa de criar um painel nacional para tratar de mudanças climáticas está inspirando outros países, como a
Argentina.
Entre as
principais conclusões do documento, está a certeza de que:
- o
aquecimento global é real e atingiu níveis sem precedentes,
- o homem tem participação importante nesse fenômeno e
- a única maneira de estancar o problema é reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa, caso contrário, podemos chegar ao final do século com aumento médio da temperatura do planeta de até 5,8ºC.
A intenção é que o SEEG leve conhecimento técnico aos diferentes públicos, incentivando-os a dar sua contribuição para a redução das emissões brasileiras. Cá entre nós, estamos mesmo precisando de ajuda. A ferramenta revelou que, entre 2009 e 2012,
as emissões do país aumentaram em todos os setores. A única que ‘se safou’ foi a área de Mudanças do Uso da Terra, por conta das medidas de combate ao desmatamento.
10. A CONFERÊNCIA (MORNA) DO CLIMA
Com tantas informações novas a respeito das mudanças climáticas, a
COP19 do Clima, que aconteceu no fim de novembro, na Polônia, poderia ter dado um desfecho excelente para o ano de 2013, mas não foi o que aconteceu. A Conferência da ONU foi “morna”: não deu ao assunto a urgência que ele merece, “mas, pelo menos, não andou para trás e
fechou três acordos significativos para não irmos para casa com a sensação de tempo, dinheiro e oportunidade desperdiçados”, resumiu a jornalista
Liana John em nosso
Blog do Clima.
Entre as decisões tomadas, uma das mais importantes para o Brasil é a validação do mecanismo de
REDD+, que trata da
Redução de Emissões por Desmatamentos e Degradação Florestal e valoriza o papel da conservação e do manejo florestal sustentável. Até agora o REDD+ estava à margem dos instrumentos oficiais de combate às mudanças climáticas, mas o novo acordo permite aumentar a escala desse mecanismo –
o que é ótimo para o Brasil, que possui a segunda maior área florestal do mundo. Quem quiser se aprofundar mais no tema, pode ler o
post de Tasso Azevedo, especialista em mudanças climáticas e curador do mesmo blog.
O ANO DO PLANETA SUSTENTÁVEL
No Planeta Sustentável também tivemos bom momentos em 2013, que contribuíram para seguirmos em nossa principal missão: disseminar conhecimento para ajudar a encontrar soluções para os grandes desafios da atualidade.
Em maio, lançamos o segundo livro do selo Planeta Sustentável,
Corporação 2020, do economista
Pavan Sukhdev. O indiano veio ao Brasil, a nosso convite, para os eventos de lançamento da obra e chegou a participar da Expedição
Planeta 2013 , que debateu em Foz do Iguaçu, com especialistas, os rumos da matriz elétrica brasileira e a sustentabilidade do setor energético.
Todo o rico conteúdo gerado durante o evento está reunido no
aplicativo Energia, Negócios e Meio Ambiente, outro lançamento do Planeta Sustentável em 2013. Disponível, gratuitamente, em versões para computador e tablets iOS e Android, o app reúne dados, artigos, vídeos, infográficos e fotografias, que revelam, de forma bastante interativa, os principais desafios e oportunidades do setor energético no Brasil.
Em setembro, publicamos outros
dois livros –
dessa vez, apenas em versão digital, disponível no IBA – em parceria com o
Instituto Ethos e o
Projeto Cata Ação. O primeiro,
Novo Contrato Social, traz propostas para a renovação da agenda global, para que atenda melhor a todos os cidadãos e respeite os limites da natureza. Já o segundo,
Lixo Zero, argumenta que uma sociedade próspera é aquela que cuida bem até mesmo do que descarta.
2013, realmente, foi um ano de momentos marcantes. Mal podemos esperar para as novidades de 2014… Que venha o novo ano!
*Participaram também Caco de Paula, Matthew Shirts, Mônica Nunes, Marina Maciel e Jessica Miwa
Foto: rubatos/Creative Commons