domingo, 22 de setembro de 2013

Alívio colateral em casos de radioterapia


o selo
no seu blog

Liana John FONTE PLANETA SUSTENTÁVEL


Quem já enfrenta as agruras da radioterapia não merece sofrer com doses extras de efeitos colaterais. Convencida disso, a doutora em Odontologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ana Carolina Lyra de Albuquerque, resolveu estudar a fundo o uso de fitoterápicos para aliviar os sintomas da mucosite, uma doença que afeta a boca de pacientes irradiados na cabeça e pescoço para controle de câncer (neoplasia).
“Como o cabelo cai, a mucosa da boca também é acometida: fica atrofiada e sensível ou atrófica, como se diz tecnicamente. É muito mais do que um incômodo, pois alguns pacientes não conseguem nem se alimentar”, explica. “E os médicos não costumam receitar nada, no máximo um chá para aliviar um pouco. Ou prescrevem um tratamento a laser para mucosite, o que não é recomendável”.
Preocupada em encontrar uma solução mais eficaz, Ana testou um arbusto originário da região Nordeste, cujas folhas são popularmente empregadas contra males tão diversos como acneaftascaspapiolhosfungosmicose (pano-branco), sarna e até chulé. Chamada de alecrim-pimenta, alecrim-grande ou estrepa-cavalo, a planta é cientificamente conhecida como Lippia sidoides e já foi assunto aqui do Biodiversa há um mês, por seu bom desempenho ao substituir fungicidas sintéticos no armazenamento de grãos. 
Conforme comprovou a pesquisa realizada na UFPB, o extrato de alecrim-pimenta tem atividade antimicrobiana, controlando diversos agentes patogênicos presentes na boca, com potencial para se transformarem em problemas quando o sistema imunológico fica debilitado: Streptococcus mutansStreptococcus mitis,Streptococcus sanguinisStreptococcus sobrinus e Lactobacillus casei (sim, o mesmo lactobacilo auxiliar de processos digestivos, usado em laticínios e bebidas láticas).
“O extrato ainda é anti-inflamatório, então coloquei em um gel para facilitar a aplicação e para ficar aderido à mucosa por mais tempo. Funcionou muito bem e logo vamos dar entrada em uma patente”, comemora a especialista. Ela quer produzir em breve um medicamento para dar suporte a pacientes submetidos à radioterapia. “Não é um medicamento para o câncer, é para dar alívio, para combater esse efeito colateral na boca, para melhorar a qualidade de vida de pacientes irradiados”, enfatiza.
Em cinco anos, Ana Albuquerque fez mestrado e doutorado sobre esse tema. Contou com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com a contribuição dos pesquisadores Jane Sheila Higino, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maria do Socorro Vieira Pereira e Maria Sueli Marques Soares, da UFPB, e Jozinete Vieira Pereira, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Agora, Ana dá continuidade ao seu trabalho na UFCG, em Patos, no sertão daParaíba, com o objetivo de avaliar os efeitos contra microrganismos dos gênerosStaphilococcus e Candida, incluindo Candida albicans, causador do famigerado “sapinho” ou candidose, a infecção crônica mais comum dos consultórios odontológicos e ginecológicos. O material vegetal sai direto do horto de plantas medicinais, mantido na universidade, para o laboratório de pesquisa e tecnologia.
É, de fato, um alívio saber que uma plantinha tão fácil de cultivar sirva para desafogar quem já está sobrecarregado com um câncer!

Foto: Liana John (com a colaboração de Ílio Montanari Junior do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas – CBQBA/Unicamp)

AQUECIMENTO GLOBAL

AQUECIMENTO GLOBAL

A espiral fatal do degelo

O Ártico é a vítima mais visível do aquecimento global. A redução progressiva de sua cobertura de gelo coloca a região no rumo de uma transformação sem volta

Filipe Vilicic e Raquel Beer Veja -

Vladim Balakin/Getty Images
Em nenhuma região da Terra os efeitos do aquecimento global são mais perceptíveis que no Ártico. A vida na vasta área de 30 milhões de quilômetros quadrados no extremo norte é regida por um ciclo natural de aumento e redução na cobertura gelada ao longo do ano. É esse mecanismo que agora dá sinais de estar desregulado. Desde que a Nasa, a agência espacial americana, começou a monitorar o Ártico com imagens feitas por satélite, em 1979, o volume de gelo existente em setembro, o mês que sinaliza o fim do verão ártico, diminuiu 80%. Se considerados os últimos meses do inverno, a redução foi de 33%. 


As mudanças no ciclo natural de congelamento e degelo são decorrência do aumento da temperatura média em todas as estações. No fim deste mês, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), das Nações Unidas, publicará a primeira parte de seu quinto relatório. O capítulo sobre o Ártico, do qual se tem conhecimento por um rascunho preliminar que vazou em dezembro, contém indicações que podem levar a um prognóstico preocupante: até 2040, a camada congelada na superfície do Oceano Ártico deve desaparecer totalmente durante a primavera e o verão. 



O aquecimento global afeta mais o Ártico do que o restante do planeta. Enquanto a temperatura média da Terra se elevou menos de 0,5 grau desde 1980, no Círculo Polar Ártico o aumento foi de 1,6 grau. "O solo ártico tem alta concentração de metano, gás 23 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2) para o efeito estufa", explica o físico Peter Wadhams, do grupo de estudos sobre oceanos polares da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. "Sem a superfície congelada, que reflete 80% dos raios solares, o calor é absorvido pela água e pelo solo." Nas últimas três décadas, o leito marinho se aqueceu 3 graus. O efeito é multiplicador. À medida que se torna mais quente, maior é a quantidade de metano que libera. 



A alteração do ciclo de congelamento e descongelamento exerce enorme impacto na saúde do ecossistema da região. O urso polar, por exemplo, depende da cobertura congelada do oceano para caçar sua presa favorita, a foca. Como o congelamento está ocorrendo mais lentamente e o degelo mais rapidamente, a temporada de caça do urso se tornou muito curta, ameaçando a sobrevivência da espécie. "O derretimento tem superado o congelamento num ritmo tão acelerado que em 2040 provavelmente já não teremos gelo no verão e, em dois séculos, também não sobrará muito no inverno", diz Wadhams. 



O rascunho do relatório do IPCC avalia em 95% a probabilidade de o homem ser o principal culpado pela mudança climática. O aquecimento no Ártico não é um fato novo. Sabe-se que há aumento gradual da temperatura ao menos desde 1880. De lá para cá, subiu 2,8 graus. A hipótese provável é que o aumento na emissão de gasesdo efeito estufa, devido à atividade humana, como a agricultura e a indústria, seja responsável pelo aquecimento global. A influência da humanidade na temperatura global é um fato novo. Períodos mais quentes e outros mais frios fazem parte dos ciclos naturais do planeta e se sucedem em escala geológica. No momento, sentimos os últimos resquícios de uma era do Gelo. Nos últimos 10 mil anos, o aquecimento natural permitiu o desenvolvimento da agricultura e a expansão da humanidade. O problema é que agora parece já não haver nada de natural nas mudanças climáticas. 



No relatório a ser divulgado, o IPCC pela primeira vez considera a possibilidade de que a alta atividade solar, que se intensificou nas últimas décadas, esteja contribuindo para o aquecimento global. Seria o inverso do que ocorreu entre 1350 e 1850, período em que a baixa atividade solar provocou súbita queda na temperatura, a chamada Pequena era do Gelo. O IPCC será cauteloso ao atribuir responsabilidades. Seus redatores querem evitar a repetição das falhas do relatório de 2007, entre as quais estavam grosseiras manipulações de dados. Há quatro anos, o vazamento de e-mails trocados entre cientistas mostrou que alguns deles exageravam intencionalmente a gravidade do aquecimento global como artifício para obter financiamento para pesquisas. O novo estudo do IPCC está sendo elaborado por 550 cientistas, 100 a mais do que no anterior. "Estamos pressionados, conferindo tudo milhões de vezes", disse a VEJA o economista americano Alec Rawls, revisor do relatório. Rawls, que foi responsável pelo vazamento do rascunho, acredita que a natureza também tem influência nos humores do clima. 



A rapidez do aquecimento não dá tempo para que os animais do Ártico se adaptem. No próximo meio século se expandirá a fronteira conhecida como "linha da árvore". Ela divide o Ártico em duas partes: a com e a sem árvores. Com o deslocamento da "linha", parte da tundra deve se transformar em florestas boreais e os desertos gelados podem virar tundra. Muitas espécies, como a Raposa­do-Ártico, podem estar condenadas. 



Afirma o geólogo e glaciologista Jefferson Simões, um dos revisores do estudo do IPCC: "Essas alterações afetarão a teia alimentar mundial e também, diretamente, os quatro milhões de pessoas que moram no extremo norte. O derretimento da calota polar provocará a elevação do nível do mar". Podem ser necessários enormes investimentos para conter a incidência de enchentes em cidades litorâneas. 



A presença do dedo humano nas mudanças climáticas é, de qualquer forma, difícil de negar. Nos últimos 10 mil anos, a temperatura média subiu 5 graus. Antes da revolução Industrial, a vilã era a agricultura — o desmatamento aumenta a emissão de CO2, o principal gás do efeito estufa. Após a revolução Industrial, a concentração de CO2 na atmosfera deu um salto de 30%. A profilaxia para diminuir o ritmo do aquecimento do Ártico é conhecida: reduzir a emissão de gases do efeito estufa, principalmente o CO2. Isso se faz com o uso de combustíveis renováveis, com reflorestamento e com a adoção de práticas verdes, como a reciclagem do lixo



A dúvida em relação ao Ártico é a mesma existente a respeito do aquecimento global: a Terra não se adaptará sozinha às mudanças climáticas? Seja qual for a resposta, atitudes verdes resultam em benefícios para as pessoas e para o ambiente. Um exemplo: como consequência do esforço para conter o aquecimento global, o desmatamento caiu 20% desde 1990 em todo o mundo. É como se a terra estivesse com câncer, sem se saber se é maligno ou benigno. Por via das dúvidas, recomenda-se quimioterapia. Se for maligno, o mal foi eliminado. se for benigno, não se correu o risco.

sábado, 21 de setembro de 2013

Alunos plantam mudas para celebrar o 'Dia da Árvore' em Campos, RJ


Alunos do 1º e 2º anos participaram do evento em colégio da Pecuária. Agentes da Guarda Civil ministraram palestras sobre preservação.

Alunos plantaram mudas em colégio de Campos. (Foto: Roberto Jóia/Divulgação)
Em comemoração ao 'Dia da Árvore' celebrado neste sábado (21), alunos do 1º e do 2º anos do ensino fundamental da Escola Municipal Presidente Castelo Branco, na Pecuária, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, plantaram mudas de árvores no pátio da instituição na tarde da última sexta-feira (20).
Espécies como a pitangueira e a romãzeira foram plantadas. O evento já é realizado desde 2009 e tem a proposta de conscientizar as crianças sobre a importância do cultivo das plantas medicinais e incentivar o plantio de árvores para a preservação do meio ambiente.
Os alunos fizeram apresentações musicais e o agentes do departamento ambiental da Guarda Civil Municipal ministraram palestras sobre o tema.
SITE:URURAU

Domingos Sávio Teixeira: carioca nota dez

ALPINISTA DO BEM

Domingos Sávio Teixeira: carioca nota dez

Apaixonado por alpinismo, o bancário Domingos Sávio Teixeira viu no hobby uma oportunidade de preservar a natureza e, há onze anos, atua na recuperação da cobertura vegetal do costão do Pão de Açúcar

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Caio Barretto Briso
Veja Rio - 28/08/2013

Felipe Fittipaldi

O bancário Domingos Sávio Teixeira, de 51 anos, sempre enxergou no Pão de Açúcar muito mais que um cartão-postal. Natural de Mato Grosso do Sul e carioca por opção desde 1985, ele considera o monólito na entrada da Baía de Guanabara uma espécie de playground, onde pratica uma de suas maiores paixões: o alpinismo


Já em suas primeiras escaladas, percebeu que, além de se divertir por ali, poderia contribuir para a preservação da montanha. Hoje, onze anos depois, dedica-se um dia por semana a cuidar da vegetação que cresce junto à pedra. Uma vez por mês, organiza mutirões com grupos de dez a quinze voluntários que o ajudam na empreitada. "É um trabalho muito gratificante, que compensa cada minuto que passo ali, fazendo novos amigos e cuidando da conservação de um dos mais importantes símbolos da cidade", diz o bancário.



Tanta dedicação ao Pão de Açúcar acabou rendendo a Teixeira uma relação bem peculiar com o monumento natural. Os relatos de suas escaladas são registrados em um blog, repleto de histórias curiosas. 



Ao capinar um trecho na base do morro, por exemplo, ele encontrou onze balas de canhão, hoje guardadas no Museu do Exército. Segundo especialistas, as peças seriam do início do século XVIII. 



Entre os escritos, há também o registro de adversidades como o incêndio que, em 2010, queimou um terço de toda a área reflorestada nos oito anos anteriores. Havia lá, entre outras espécies, centenas de bromélias. "Fiquei arrasado, mas não podia desistir. Comecei tudo novamente. Já recuperei muita coisa", recorda. "Uma área mais verde atrai pássaros, pequenos animais, toda uma microfauna que traz vida ao lugar. Cria um ambiente único, que ajuda as pessoas a se reconectarem com a natureza." É justamente a possibilidade de propiciar aos cariocas experiências assim que motiva Teixeira a fazer o que faz.

Brasil é referência em combustíveis de base biológica

Brasil é referência em combustíveis de base biológica

    Sucesso da indústria brasileira transforma o país em grande balcão de negócios

    LUCIENE DE ASSIS

    A produção brasileira de combustíveis de base biológica está avançando na conquista de potenciais mercados internacionais. A evolução foi tema de seminário, terça e quarta-feira (18 e 19/09), no Grand Hyatt São Paulo, no evento “World bio markets Brazil - fuels, chemicals, products, energy, feedstocks”, que tratou da entrada dos biocombustíveis brasileiros nos mercados mundiais, incluindo produtos químicos, energia e matérias-primas. Convidada como oradora do encontro, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi representada pelo secretário de Biodiversidade e Florestas, Roberto Cavalcanti.

    Mais de 400 pessoas participaram desta terceira conferência sobre biocombustíveis. O sucesso da indústria brasileira de base biológica apresenta o Brasil como um grande balcão de negócios, atraindo investidores internacionais interessados em conhecer esse novo e promissor mercado.

    sexta-feira, 20 de setembro de 2013

    Relatório lista as empresas mais poluidoras do mundo

    Relatório lista as empresas mais poluidoras do mundo




    Segundo o relatório de mudanças climáticas CDP Global 500 Climate Change Report 2013, lançado na última terça-feira (10), cinquenta das 500 maiores companhias listadas em bolsas de valores no mundo são responsáveis por quase três quartos das 3,6 bilhões de toneladas métricas de emissões de gases de efeito estufa do grupo.
    O carbono emitido por essas 50 maiores emissoras - que primariamente operam nos setores de energia, materiais e utilitários - aumentou 1,65%, para 2,54 bilhões de toneladas métricas nos últimos quatro anos. Esse aumento é equivalente a adicionar mais de 8,5 milhões de caminhões nas ruas ou a fornecer eletricidade para seis milhões de casas por um ano. 
    O relatório é coescrito pelo CDP, anteriormente Carbon Disclosure Project, e pela empresa de serviços profissionais PwC, e fornece uma das principais avaliações mundiais sobre o comportamento corporativo frente à mudança climática. Vale, no setor de materiais, e Petrobras, no setor de energia, estão na lista das poluidoras brasileiras. 
    Para Paul Simpson, chefe executivo do CDP, ONG internacional que atua junto a investidores e empresas de todo o mundo para prevenir as mudanças climáticas e proteger os recursos naturais, "muitos países estão demonstrando sinais de recuperação após a crise econômica global. No entanto, evidências científicas claras e eventos climáticos cada vez mais graves mandam avisos fortes de que devemos buscar caminhos para a prosperidade econômica ao passo que reduzimos a emissão de gases de efeito estufa”.
    Simpson também ressalta a necessidade de criar incentivos para melhorar essa situação. “Este relatório é escrito para empresas, investidores e políticos que querem uma compreensão clara de como as maiores companhias do mundo listadas podem se transformar para protegerem nosso capital natural".
    Enquanto as maiores emissoras apresentam maior oportunidade para mudanças em grande escala, o relatório identifica oportunidades para todas as empresas da lista Global 500 ajudarem a suavizar mudanças climáticas e políticas por meio da redução significante da quantidade de dióxido de carbono que produzem todo ano.  
    Malcom Preston, líder global da PwC para sustentabilidade e mudanças climáticas afirma: " O relatório destaca como clientes, fornecedores, empregados, governos e a sociedade em geral estão se tornando mais exigentes em relação aos negócios. Isso levanta questões para algumas organizações: eles estão focados em sustentar o crescimento a longo prazo ou estão simplesmente fazendo o bastante para recuperar o crescimento até que a próxima crise surja? Com o relatório inicial do IPCC previsto para sair em apenas algumas semanas, as emissões corporativas continuam a crescer. Ou o combate corporativo cresce ou o risco de regulamento os alcançará".

    Lei obriga publicidade a informar detalhes sobre consumo de energia

    Lei obriga publicidade a informar detalhes sobre consumo de energia



    A publicidade terá de informar os consumidores sobre a eficiência e o consumo de energia. É o que consta de projeto de lei aprovado hoje (11), em caráter conclusivo, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. De iniciativa Senado, caso não sejam apresentadas emendas, a proposta seguirá para sanção presidencial.
    De autoria do ex-senador e atual governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB-ES), o projeto altera o Código de Defesa do Consumidor, que determina ao fabricante a obrigatoriedade de prestar informações claras sobre as características e a composição dos produtos, além do prazo de validade e dos riscos que podem causar à saúde e à segurança dos cidadãos.
    Para Casagrande, com a crescente preocupação com os efeitos do aquecimento global, buscar informações sobre eficiência no gasto de energia tornou-se fundamental para que os consumidores possam fazer a escolha por produtos sustentáveis. “A decisão do consumidor de adquirir ou não determinado produto basear-se-á na sua maior ou menor preocupação com o meio ambiental, além de levar em conta outros aspectos que constam da norma, como por exemplo, qualidade e preço”, justificou.
    A CCJ também aprovou hoje projeto que proíbe a publicidade com imagem ou promova a aquisição de arma de fogo. Aprovado em caráter conclusivo, se não foram apresentadas emendas, a proposta segue para análise do Senado.
    Pelo texto, emissoras de rádio e televisão que não cumprirem a determinação poderão ser multadas, suspensas de atividades por até 30 dias, e estarão sujeitas à cassação da concessão e detenção dos responsáveis. Os demais veículos de comunicação estarão sujeitos a multa de até 100 vezes o preço de divulgação da peça publicitária.
    O relator da proposta, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), modificou o texto para excluir das novas regras as TVs por assinatura, as publicações especializadas e as imagens oriundas de outros países captadas por satélite.
    Ivan Richard - Agência Brasil

    Seca no semiárido deve se agravar nos próximos anos

    Seca no semiárido deve se agravar nos próximos anos Por Elton Alisson

    Agência FAPESP – Os problemas de seca prolongada registrados atualmente no semiárido brasileiro devem se agravar ainda mais nos próximos anos por causa das mudanças climáticas globais. Por isso, é preciso executar ações urgentes de adaptação e mitigação desses impactos e repensar os tipos de atividades econômicas que podem ser desenvolvidas na região.
    A avaliação foi feita por pesquisadores que participaram das discussões sobre desenvolvimento regional e desastres naturais realizadas no dia 10 de setembro durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima).
    Organizado pela FAPESP e promovido em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), o evento ocorre até a próxima sexta-feira (13/09), no Espaço Apas, em São Paulo.
    De acordo com dados do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), só nos últimos dois anos foram registrados 1.466 alertas de municípios no semiárido que entraram em estado de emergência ou de calamidade pública em razão de seca e estiagem – os desastres naturais mais recorrentes no Brasil, segundo o órgão.
    O Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) – cujo sumário executivo foi divulgado no dia de abertura da Conclima – estima que esses eventos extremos aumentem principalmente nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga e que as mudanças devem se acentuar a partir da metade e até o fim do século 21. Dessa forma, o semiárido sofrerá ainda mais no futuro com o problema da escassez de água que enfrenta hoje, alertaram os pesquisadores.
    “Se hoje já vemos que a situação é grave, os modelos de cenários futuros das mudanças climáticas no Brasil indicam que o problema será ainda pior. Por isso, todas as ações de adaptação e mitigação pensadas para ser desenvolvidas ao longo dos próximos anos, na verdade, têm de ser realizadas agora”, disse Marcos Airton de Sousa Freitas, especialista em recursos hídricos e técnico da Agência Nacional de Águas (ANA).
    Segundo o pesquisador, o semiárido – que abrange Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí e o norte de Minas Gerais – vive hoje o segundo ano do período de seca, iniciado em 2011, que pode se prolongar por um tempo indefinido.
    Um estudo realizado pelo órgão, com base em dados de vazão de bacias hidrológicas da região, apontou que a duração média dos períodos de seca no semiárido é de 4,5 anos. Estados como o Ceará, no entanto, já enfrentaram secas com duração de quase nove anos, seguidos por longos períodos nos quais choveu abaixo da média estimada.
    De acordo com Freitas, a capacidade média dos principais reservatórios da região – com volume acima de 10 milhões de metros cúbicos de água e capacidade de abastecer os principais municípios por até três anos – está atualmente na faixa de 40%. E a tendência até o fim deste ano é de esvaziarem cada vez mais.
    “Caso não haja um aporte considerável de água nesses grandes reservatórios em 2013, poderemos ter uma transição do problema de seca que se observa hoje no semiárido, mais rural, para uma seca ‘urbana’ – que atingiria a população de cidades abastecidas por meio de adutoras desses sistemas de reservatórios”, alertou Freitas.
    Ações de adaptação
    Uma das ações de adaptação que começou a ser implementada no semiárido nos últimos anos e que, de acordo com os pesquisadores, contribuiu para diminuir sensivelmente a vulnerabilidade do acesso à água, principalmente da população rural difusa, foi o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC).
    Lançado em 2003 pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) – rede formada por mais de mil organizações não governamentais (ONGs) que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida –, o programa visa implementar um sistema nas comunidades rurais da região por meio do qual a água das chuvas é capturada por calhas, instaladas nos telhados das casas, e armazenada em cisternas cobertas e semienterradas. As cisternas são construídas com placas de cimento pré-moldadas, feitas pela própria comunidade, e têm capacidade de armazenar até 16 mil litros de água.
    O programa tem contribuído para o aproveitamento da água da chuva em locais onde chove até 600 milímetros por ano – comparável ao volume das chuvas na Europa – que evaporam e são perdidos rapidamente sem um mecanismo que os represe, avaliaram os pesquisadores.
    “Mesmo com a seca extrema na região nos últimos dois anos, observamos que a água para o consumo da população rural difusa tem sido garantida pelo programa, que já implantou cerca de 500 mil cisternas e é uma ação política de adaptação a eventos climáticos extremos. Com programas sociais, como o Bolsa Família, o programa Um Milhão de Cisternas tem contribuído para atenuar os impactos negativos causados pelas secas prolongadas na região”, afirmou Saulo Rodrigues Filho, professor da Universidade de Brasília (UnB).
    Como a água tende a ser um recurso natural cada vez mais raro no semiárido nos próximos anos, Rodrigues defendeu a necessidade de repensar os tipos de atividades econômicas mais indicadas para a região.
    “Talvez a agricultura não seja a atividade mais sustentável para o semiárido e há evidências de que é preciso diversificar as atividades produtivas na região, não dependendo apenas da agricultura familiar, que já enfrenta problemas de perda de mão de obra, uma vez que o aumento dos níveis de educação leva os jovens da região a se deslocar do campo para a cidade”, disse Rodrigues.
    “Por meio de políticas de geração de energia mais sustentáveis, como a solar e a eólica, e de fomento a atividades como o artesanato e o turismo, é possível contribuir para aumentar a resiliência dessas populações a secas e estiagens agudas”, afirmou.
    Outras medidas necessárias, apontada por Freitas, são de realocação de água entre os setores econômicos que utilizam o recurso e seleção de culturas agrícolas mais resistentes à escassez de água enfrentada na região.
    “Há culturas no semiárido, como capim para alimentação de gado, que dependem de irrigação por aspersão. Não faz sentido ter esse tipo de cultura que demanda muito água em uma região que sofrerá muito os impactos das mudanças climáticas”, afirmou Freitas.
    Transposição do Rio São Francisco
    O pesquisador também defendeu que o projeto de transposição do Rio São Francisco tornou-se muito mais necessário agora – tendo em vista que a escassez de água deverá ser um problema cada vez maior no semiárido nas próximas décadas – e é fundamental para complementar as ações desenvolvidas na região para atenuar o risco de desabastecimento de água.
    Alvo de críticas e previsto para ser concluído em 2015, o projeto prevê que as águas do Rio São Francisco cheguem às bacias do Rio Jaguaribe, que abastece o Ceará, e do Rio Piranhas-Açu, que abastece o Rio Grande do Norte e a Paraíba.
    De acordo com um estudo realizado pela ANA, com financiamento do Banco Mundial e participação de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, entre outras instituições, a disponibilidade hídrica dessas duas bacias deve diminuir sensivelmente nos próximos anos, contribuindo para agravar ainda mais a deficiência hídrica do semiárido.
    “A transposição do Rio Francisco tornou-se muito mais necessária e deveria ser acelerada porque contribuiria para minimizar o problema do déficit de água no semiárido agora, que deve piorar com a previsão de diminuição da disponibilidade hídrica nas bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu”, disse Freitas à Agência FAPESP.
    O Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do PBMC, no entanto, indica que a vazão do Rio São Francisco deve diminuir em até 30% até o fim do século, o que colocaria o projeto de transposição sob ameaça.
    Freitas, contudo, ponderou que 70% do volume de água do Rio São Francisco vem de bacias da região Sudeste, para as quais os modelos climáticos preveem aumento da vazão nas próximas décadas. Além disso, de acordo com ele, o volume total previsto para ser transposto para as bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu corresponde a apenas 2% da vazão média da bacia do Rio São Francisco.
    “É uma situação completamente diferente do caso do Sistema Cantareira, por exemplo, no qual praticamente 90% da água dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari são transpostas para abastecer a região metropolitana de São Paulo”, comparou.
    “Pode-se argumentar sobre a questão de custos da transposição do Rio São Francisco. Mas, em termos de necessidade de uso da água, o projeto reforçará a operação dos sistemas de reservatórios existentes no semiárido”, afirmou.
    De acordo com o pesquisador, a água é distribuída de forma desigual no território brasileiro. Enquanto 48% do total do volume de chuvas que cai na Amazônia é escoado pela Bacia Amazônica, segundo Freitas, no semiárido apenas em média 7% do volume de água precipitada na região durante três a quatro meses chegam às bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu. Além disso, grande parte desse volume de água é perdido pela evaporação. “Por isso, temos necessidade de armazenar essa água restante para os meses nos quais não haverá disponibilidade”, explicou.
    As apresentações feitas pelos pesquisadores na conferência, que termina no dia 13, estarão disponíveis em: www.fapesp.br/conclima 

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