sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um museu de grandes novidades

Eles estão se libertando da visão embolorada do passado e abrindo espaço para atividades diversas. Vale até se reunir nesses lugares para tricotar, por que não?

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Débora Pinto *Vida Simples 

Flávia Mielnik


Ir a um museu é estar dentro de um grande prédio de atmosfera solene, cheio de coisas antigas ou obras de arte que são preservadas e escolhidas por outras pessoas para serem expostas. Pode até ser interessante deparar com objetos com tantos anos assim ou expressões artísticas e adquirir um pouco de cultura, mas nada do que está ali parece ter muito a ver com você ou, ainda, com o jeito que toca a sua vida. Afinal, coisas de museu são, não muito raramente, ou superiores e incompreensíveis ou meio sem vida, pouco conectadas com o presente - e menos ainda com o futuro. 


Se essa é a sua percepção, talvez seja o momento de olhar com um pouco mais de atenção para o que vem acontecendo nesses lugares. Há muitos museus dentro e fora do Brasil com propostas interessantes. Por exemplo, há lugares que promovem atividades como aulas de tricô, degustação de comida africana ou aulas de arte in loco. O objetivo é aproximar os diversos acervos do cotidiano das pessoas e, também, da cidade.

O MUSEU E A CIDADE
"Os museus sempre tiveram o potencial de serem centrais no desenvolvimento das cidades", explica o inglês Donald Hyslop, chefe de parcerias e relações com a comunidade do museu Tate Modern Gallery, de Londres. "A oportunidade que temos hoje é de colocar essas instituições em uma série de interfaces ao redor da cidade, juntando teoria e prática", completa. Para Hyslop, os museus são, acima de tudo, espaços para entretenimento, troca de conhecimento e congregação - portanto, vivos e pulsantes.



O Tate Modern é um bom exemplo disso e desenvolve um extenso programa voltado à comunidade, nascido de muito bate-papo com comerciantes, moradores do entorno e o poder público. Os jardins do museu são periodicamente ocupados por animadasreuniões comunitárias e até aulas de tricô já foram dadas dentro de uma das galerias, atendendo ao pedido de senhoras da região. Exposições e outras atividades artísticas muitas vezes são pautadas por temas que estão em efervescência no dia a dia da cidade, obras de arte fornecidas pelo museu ocupam o espaço urbano e os caminhos que dão acesso ao Tate a pé foram melhorados pela própria instituição. A visitação e visibilidade incentivaram a abertura de outras galerias, comércios e hotéis. Mas o principal, ainda segundo Donald Hyslop, é o estímulo ao pensamento sobre as muitas forças que fazem parte do desenvolvimento da cidade - e a responsabilidade que os museus podem assumir nesse processo. "Com as cidades se tornando cada vez mais sofisticadas, é preciso que esses espaços também se transformem para receber diferentes comunidades, desenvolvendo, além do acesso a seus acervos, projetos que possam ajudar a tornar o cotidiano das pessoas o melhor possível", explica Hyslop. 


Por aqui, o celebrado MAR - Museu de Arte do Rio, inaugurado no início do mês de março, nasceu em sintonia com esse jeito mais amplo de atuar. E, antes mesmo de sua abertura, seus idealizadores se reuniram para conversar com outras instituições, grupos culturais, associações e ONGS do entorno. O objetivo dessa troca era construir um museu que respondesse às necessidades e vontades não apenas das pessoas que pensam a arte, mas também de gente como a gente. Por exemplo, os moradores da região poderão ter acesso livre ao museu, no primeiro ano de funcionamento, para apreciar as exposições, participar das oficinas ou mesmo para usá-lo como ponto de encontro. Para isso, basta que façam um cadastro.


O mar faz parte de um plano urbanístico de revitalização da área portuária da capital fluminense, o projeto Porto Maravilha.

Congresso não pode esquecer que está chegando o 7 de setembro

5/08/2013 11:35
Manifestantes protestam no Congresso Nacional, no final de junho; abaixo manchete do JB Digital
Manifestantes protestam no Congresso Nacional, no final de junho; abaixo manchete do JB Digital


Me impressiono conversando com alguns políticos ao perceber que muitos ainda não entenderam o recado das ruas, principalmente os que são de outros estados diferentes do Rio e de São Paulo, onde as manifestações de protesto continuam.

Como na maioria dos estados as manifestações arrefeceram, alguns políticos acreditam ainda, que foi apenas um momento e que o pior já passou. Estão enganados. O povo acordou e daqui para a frente voltará às ruas de todo o país quando surgir um novo escândalo ou quando governantes e / ou políticos agirem contra os interesses do país.

Nos últimos anos, o dia 7 de Setembro já tem sido marcado por manifestações contra a corrupção, nada perto do que vimos recentemente. Este ano não será diferente, só que com milhões de pessoas nas ruas das principais cidades do país. Os protestos já vêm sendo convocados pelas redes sociais.

Que isso sirva de alerta para os parlamentares, que a partir de amanhã voltam ao trabalho depois do recesso. Quem achar que o povo dormiu de novo vai quebrar a cara. E o 7 de setembro pode se transformar em mais uma onda de manifestações por todo o país. Portanto que todos trabalhem pelo interesse do Brasil.

Essa leitura só não vale para o Rio de Janeiro onde o povo acordou de vez e é raro o dia em que não tem um protesto pedindo a saída de Cabral e de Pezão. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Agricultura urbana auxilia promoção da saúde

Agricultura urbana auxilia promoção da saúde

A agricultura urbana agroecológica, que une saberes científicos e tradicionais, é uma alternativa interessante para promover a saúde e a produção alimentar de qualidade em meio urbano.



Voltado a esses princípios, em Embu das Artes (SP), o Projeto Colhendo Sustentabilidade: Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e Agricultura Urbana, realizado entre 2008 e 2011, conseguiu de maneira efetiva incentivar práticas saudáveis no município, envolvendo diversos setores da administração local e da sociedade civil.



A experiência foi investigada e sistematizada pela administradora Silvana Maria Ribeiro em pesquisa desenvolvida na FSP - Faculdade de Saúde Pública da USP. "A agricultura urbana agroecológica contribuiu realmente para a promoção da saúde e para a segurança alimentar e nutricional entre a comunidade", afirma.

COLHENDO SUSTENTABILIDADE
"A agroecologia faz com que se resgatem as práticas tradicionais na agricultura e promova a autonomia do agricultor" explica Silvana. Além disso, a policultura é incentivada buscando uma aproximação com a diversidade presente na natureza. Baseado neste conceito, o Projeto Colhendo Sustentabilidade foi implantado no município de Embu das Artes em 2008 por meio de uma parceria entre a prefeitura, o MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a ONG Sociedade Ecológica Amigos de Embu, com o intuito de atingir beneficiários de outros programas assistenciais. "Uma das prioridades era a segurança alimentar e nutricional. Mas depois de um primeiro momento, houve a comercialização de alguns produtos cultivados no projeto promovendo também a geração de renda", relata a administradora.



Inicialmente desenvolveram-se atividades educativas e implantado três sistemas produtivos - lavouras, agrofloresta e hortas - em duas localidades. A partir de 2010, já sem o financiamento do MDS, o projeto foi expandido para outros locais. "O Colhendo Sustentabilidade foi levado para equipamentos públicos, como UBS - Unidades Básicas de Saúde, com o intuito de sensibilizar e mobilizar beneficiários de outros programas sociais" conta Silvana. Ao final do projeto foram implantadas 13 hortas comunitárias, sendo 9 em UBSs do município, destinadas ao uso terapêutico.



PRÁTICAS SAUDÁVEIS
Além da promoção da maior segurança alimentar, Silvana comenta que muitos beneficiários relatavam melhoras de saúde e maior cuidado nutricional, ligados ao desenvolvimento de habilidades proporcionado pelo projeto. "A participação social da comunidade também deu função a terrenos abandonados", lembra a administradora. Com a implantação das hortas e lavouras, foram criados espaços saudáveis, produtivos e propícios para o convívio e participação social. "Havia uma grande busca pela sustentabilidade."



A característica sustentável do projeto, ela explica, pode ser observada tanto nos esforços para sua continuidade e fortalecimento, quanto no aspecto econômico, de autonomia dos grupos envolvidos, além da própria questão ambiental, com otimização dos recursos naturais. Além disso, a intersetorialidade, isto é, envolvimento de diversos profissionais, foi algo marcante. "Percebemos que a intersetorialidade se deu na base da pirâmide do poder público municipal", relata. "É uma ação que envolve responsabilidades e tarefas de várias áreas", completa.



"O Colhendo Sustentabilidade contribuiu para o desenvolvimento de políticas públicas saudáveis no município", avalia a pesquisadora. Um exemplo disso foi a inserção das atividades de agricultura urbana agroecológica em UBS pelo programa de Promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde. Também destaca-se a colaboração da equipe técnica do projeto na elaboração da política pública de agropecuária do novo plano diretor de Embu (Lei Complementar n° 186, 20 de abril de 2012), bem como o PROMAS - Programa Municipal de Agricultura Sustentável, também de 2012, fruto do trabalho do projeto.



As conclusões da pesquisa foram obtidas a partir de quatro oficinas de sistematização realizadas com pessoas com pelo menos seis meses de participação no projeto, técnicos de serviços públicos e do Colhendo Sustentabilidade, além de análise documental e entrevista com informante-chave. Entre os objetivos das oficinas estavam resgatar a memória do projeto, além de fazer o levantamento de informações a respeito de seu impacto na vida dos envolvidos. A dissertação de mestrado de Silvana, orientada pela professora Helena Akemi Wada Watanabe, foi apresentada em abril de 2013.

Origem do mundo

Em “Genesis”, seu novo ensaio, o fotógrafo mineiro Sebastião Salgado retrata paisagens e comunidades pouco impactadas pela sociedade de consumo. Para preparar o trabalho, ele percorreu mais de 30 países durante oito anos

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Kênya Zanatta, de Paris

tedconference/Creative Commons

No princípio, o menino de olhos azuis vivia feliz entre árvores e animais. Então, ele cresceu e decidiu partir. Correu o mundo registrando dramas e terrores da humanidade. Um dia, não suportando o peso das misérias testemunhadas, o menino, agora homem, decidiu voltar ao paraíso da infância. Lá chegando, encontrou uma terra estéril. À imagem de Deus, decidiu recriar seu jardim. 


Essa história com ares de parábola poderia resumir a origem de Genesis, novo projeto do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado. O resultado de oito anos de trabalho em mais de 30 países, distribuídos por África, Ásia, Américas, Oceania e Antártica, foi condensado em um livro que acaba de ser lançado pela editora Taschen e numa exposição, inaugurada em abril no Natural History Museum, em Londres, e que deve ficar de maio a agosto no Rio de Janeiro.



Em certo ponto da entrevista concedida na sede da Amazonas Images, sua agência fotográfica, à beira do canal Saint-Martin, em Paris, Salgado diz que não crê em Deus, mas não pôde resistir à simbologia contida na palavra “gênesis”. 



Da militância política, que o levou a deixar o Brasil no período da ditadura, às preocupações ambientalistas de hoje, o fotógrafo aponta que sua produção sempre espelhou suas convicções. Assim, seu primeiro grande projeto documental,Trabalhadores, realizado entre 1986 e 1992, enfocava um mundo do trabalho em plena mutação, tema central em sua breve carreira de economista – profissão que abandonou em 1973 para se dedicar à fotografia.”Com esse projeto, percebi uma reorganização da família humana”, diz ele, que fez dos movimentos populacionais o tema de seu ensaio posterior, Êxodos (1994-1999).



Em Ruanda, país africano que conhecia desde a época em que trabalhava como economista na Organização Internacional do Café, Salgado testemunhou a ferocidade do genocídio e o desespero da fuga. O homem por trás da câmera sucumbiu aos dramas que se desenrolaram diante de sua objetiva. Doente, decidiu voltar para sua cidade natal, Aimorés, em Minas Gerais, e tomar conta da fazenda da família. “Eu tinha perdido a fé na nossa espécie. Achava que a humanidade ia acabar. Estava no limite de uma depressão”, conta.



No Vale do Rio Doce, amargou outra decepção: “Achava que ia voltar para o paraíso, mas encontrei uma terra morta, exaurida”. Foi a mulher do fotógrafo, Lélia Wanick Salgado, que sugeriu promover o replantio da floresta. A partir disso, juntos, fundaram o Instituto Terra. A iniciativa em Aimorés foi tão bem-sucedida que o casal prepara um programa em parceria com o governo federal e a iniciativa privada para recuperar todas as nascentes do rio Doce.



Com verve de evangelizador, Sebastião Salgado dispara números e argumentos, explicando por que plantar árvores e preservar a mata nativa é essencial para o futuro do planeta. Desse entusiasmo pela causa ecológica surgiu a vontade de fotografar paisagens, animais e comunidades que ainda não sucumbiram ao fruto proibido do progresso e da sociedade de consumo. “Temos quase 46% do planeta em estado prístino. Genesis é uma amostra do que precisamos preservar no mundo. E o trabalho do Instituto Terra é uma amostra do que devemos fazer”, diz ele. 



A primeira viagem, em 2004, foi para as ilhas Galápagos – o lugar que inspirou a revolucionária teoria da evolução de Charles Darwin. Embora Salgado insista que seu trabalho nada teve de científico, as imagens deixam entrever uma preocupação em inventariar os elementos de um mundo original, dos adereços festivos das tribos de Papua Nova Guiné à infinita variedade de tons e texturas das extensões geladas da Antártida.



O uso do preto e branco, o domínio da técnica da contraluz e o rigor na composição, que em projetos anteriores lhe valeram a acusação de fazer arte com a miséria alheia, dão uma qualidade atemporal às fotografias de Genesis. Para Anne Biroleau, curadora de fotografia da Biblioteca Nacional da França, algumas dessas imagens transmitem “o sentimento de uma força cósmica que ultrapassa o humano e sobrevive a ele”. Ela argumenta que o apuro estético das imagens é uma maneira de “chamar a atenção para a verdadeira questão, ou seja, o posicionamento de Salgado sobre os temas que aborda”. “Ninguém criticou Goya por ele ter produzido gravuras belas e perfeitas sobre os desastres da guerra”, compara.



Genesis, o projeto, custou 1 milhão de euros por ano e foi financiado em parte por revistas e jornais que publicaram as reportagens de Salgado ao longo do trabalho, como a semanal francesa Paris Match e o diário inglês The Guardian. A outra parte dos custos foi coberta por patrocinadores, a exemplo da mineradora brasileira Vale do Rio Doce, além de duas fundações norte-americanas. Salgado frisa que suas fotos são apenas “a ponta do iceberg”. Por trás delas, houve um imenso esforço de preparação e edição dispendido por uma equipe de oito pessoas, que trabalha há anos na Amazonas Images. Ele faz questão de enfatizar também o papel crucial de sua mulher, responsável pelo design de seus livros e pela curadoria de suas exposições. Foi ela que comprou a primeira câmera fotográfica do casal, quando ainda era estudante de arquitetura.



De canoas a balões, passando por mulas, aviões e veículos militares, a equipe de Salgado teve que levar em conta situações extremas de clima e geografia para planejar cada uma das expedições. Um dos trajetos mais marcantes foi percorrido a pé, em 2008. “Uma verdadeira viagem pelo Velho Testamento”, define o fotógrafo. A travessia de 850 km nas montanhas do norte da Etiópia começou na cidade de Lalibela e terminou no parque natural Simien. “Fisicamente, não foi fácil, mas talvez tenha sido a viagem mais bonita que fiz na vida. É emocionante poder andar num caminho que o homem percorre há cinco mil anos.” A caminhada durou 55 dias, em uma região de desfiladeiros, passando por tribos cristãs e comunidades de judeus falasha.



Já acompanhar a transumância de seis mil renas em trenó ao lado dos nenets, comunidade nômade siberiana nos confins do Círculo Polar Ártico, colocou outros desafios: “Trabalhamos com uma temperatura de até 45º abaixo de zero. Passei 47 dias sem tomar banho. Eu morava com os nenets em tendas de cinco metros de altura, feitas com varas compridas e peles de rena”.



Em algumas ocasiões, o fotógrafo teve que viajar levando a própria comida e até painéis solares para produzir energia elétrica, além de uma vasta seleção de medicamentos –que no entanto não bastaram para todas as emergências. Picado por um inseto e com um início de gangrena em uma das pernas, o assistente que acompanhou Salgado em quase todas as viagens, Jacques Barthélemy, um ex-guia de montanhismo de 65 anos, precisou ser resgatado de avião em meio a uma floresta de Papua, província da Indonésia na parte ocidental da Nova Guiné. Apesar de todas as precauções, o próprio Salgado quase sucumbiu à malária falciparum, a forma mais perigosa da doença.



“Eles vivem como nós vivíamos há 50 mil anos. E as coisas essenciais para mim nessa minha comunidade urbana, consumidora e moderna são as mesmas coisas essenciais para eles”, afirma Salgado, sobre as comunidades isoladas que visitou. O fotógrafo cita o exemplo das complexas noções de balística que os índios Zo’è, da Amazônia, colocam em prática na hora de caçar com arco e flecha, similares às usadas pelos militares que ele pode observar quando fazia reportagens de guerra para as agências Gamma e Magnum. 



Para quem enfrentou os rigores de longas expedições em territórios inóspitos, é irônico que um de seus maiores traumas se relacione ao ambiente de assepsia dos aeroportos. Celebrado pelas proezas que realizou em película durante quase 40 anos, Sebastião Salgado foi levado a adotar a fotografia digital devido, sobretudo, ao aumento do nível de segurança nas viagens internacionais após os atentados de 11 de setembro de 2001. A cada aeroporto era uma luta para evitar que os filmes passassem pelas máquinas de raios X. “Uma vez, tudo bem. Mas depois de três ou quatro há uma perda da estrutura do grão, da gama de cinzas. Uma semana antes da volta, já ficava tenso porque corríamos o risco de perder tudo o que tínhamos feito”, conta. Em uma viagem de Sumatra a Paris, por exemplo, foram sete controles de segurança. O suficiente para convencer Salgado, que declara com uma ponta de orgulho não saber nem ligar um computador, a se equipar com quatro câmeras digitais Canon EOS 1D Mark III. 



Em algumas expedições de Genesis, o fotógrafo foi acompanhado por seu filho, Juliano, que agora prepara um documentário, Shade and Light, sobre a realização da obra, em colaboração com Wim Wenders. Amigo da família, o cineasta alemão fez uma série de entrevistas com Salgado e filmagens no Brasil. O longa deve estrear em setembro, quando Genesis chega a São Paulo.



Na tarde em que a reportagem de BRAVO! visitou a agência, a equipe se concentrava nos preparativos finais para a série de exposições, em meio a pacotes com livros e fotografias a serem expedidos. No subsolo, duas colaboradoras avaliavam uma impressão destinada à mostra no Rio de Janeiro e questionavam o fotógrafo sobre uma pequena imperfeição invisível aos olhos da repórter. 



Em meio às questões técnicas, Salgado parou um momento para contemplar a imagem grandiloquente de dois vulcões separados por uma nuvem e repetir quanto prazer tivera em fazer essas fotos. Voltar às origens do planeta parece ter sido seu último trabalho de grande alento: “Já tenho 69 anos e dificilmente vou conseguir fazer outro projeto longo como esse porque a demanda física é muito forte. Mas não vou parar de fotografar”.

Amor aos animais

Amor aos animais

Filha de uma juíza e de um procurador de Justiça, a advogada Luana Michels encontrou o caminho certo na vida e na profissão apenas depois de conhecer sua maior paixão: a luta pelos "direitos dos pets"

Luana Michels

Aos 29 anos, minha vida se resumia a estudar oito horas por dia, frequentar academia e sair à noite. Eu já era formada em direito, mas advogava pouco, só para ganhar alguma experiência. Queria muito ser alguém, não no sentido de ser famosa, mas ser uma pessoa que eu admirasse. Procurei ajudar obras sociais, mas esbarrei na burocracia, e ficava cada vez mais frustrada, me sentindo muito egoísta. Nessa época, minha família deixou a grande casa onde morávamos e fomos para um apartamento. Os cães, que eram da minha mãe, foram doados. Meu sonho era dormir agarrada com nossa vira-latinha, mas minha mãe não deixava! Foi então que quis ter um cachorro só meu. Eu não sabia que existiam animais para adoção. Nem que existiam animais carentes e muitos maltratados. Morei no interior e lá os animais de estimação andam pela rua. Quando via um cão de rua, pensava que ele tinha dono e estava só passeando. Um criador de fox paulistinhas mandou fotos da ninhada de oito. A Tetê era a única cinzenta, e encarava a lente com carinha de coitada. Eu me apaixonei por ela. De tão pequena, parecia um ratinho. 


Ela transformou nossa casa. A família passou a conversar mais, o que era raro antes. Tetê virou assunto constante. E, a partir daí, aconteceram várias mudanças gigantescas. Terminei um relacionamento porque meu namorado não conseguia entender que é possível amar a família, o namorado e os animais 100%. A Tetê também mudou meu olhar sobre os animais de rua. Resgatei e doei dois cães de rua, depois participei da ajuda ao Canil Municipal de São Leopoldo, perto de Porto Alegre, onde centenas de animais tinham sido abandonados. As barbaridades que presenciei lá me marcaram para sempre. Tudo isso me fez amadurecer como pessoa, política e profissionalmente. Passei a defender gratuitamente casos de animais de pessoas em situação de vulnerabilidade, como os idosos que têm neles sua única companhia. Meu primeiro caso foi de uma senhora com problemas de saúde, proibida pela síndica de sair com seu cão, a não ser que o carregasse no colo. E o cão tinha mais de 10 quilos! É claro que ela não conseguia. Recebeu sucessivas multas condominiais e já estava quase perdendo seu apartamento para quitar a dívida. Nós conseguimos reverter a situação, provando a inconstitucionalidade das multas e da proibição. Tive muitos casos como esse depois, e sempre ganhamos. Iniciei um grupo voluntário, os Defensores sem Fronteiras*, que por meio do Facebook já doou mais de mil animais em condição de risco. Também denunciamos criadores que mantêm animais submetidos a maus-tratos.



Por causa dos bichos e das pessoas que os amam, aprendi a trabalhar, a ser uma boa advogada - nunca perdi uma causa sequer envolvendo animais - e conheci a solidariedade e o amor incondicional a todos os seres vivos. E aquela Luana que poucos anos atrás tinha baixa autoestima, que não conseguia se encaixar no mundo, hoje se encaixou de forma perfeita. Quando alguém me agradece por ajudar os animais e as pessoas que lutam por eles, respondo: `Eu é que tenho tudo a agradecer`." 
Famílias carentes trocam restos de comida por alimentos orgânicos em Nova Iorque


Dois estudantes de design de Nova Iorque criaram o projeto Hello Compost, o qual permite que as famílias carentes troquem restos de comida por alimentos orgânicos frescos. Por meio da iniciativa, a dupla não só alerta para a importância do reaproveitamento dos resíduos gerados em casa, mas também oferece à população uma dieta mais saudável, aumentando a qualidade de vida dos moradores do local.
Os nova-iorquinos que participam do sistema criado por Aly Blenkin e Luke Keller recebem sacos com isolamento de odor, em que são depositados os resíduos. Quando estão preenchidas, as sacolas são enviadas ao projeto EATS, uma ONG de agricultura orgânica urbana situada na cidade. A partir daí, a instituição fica responsável por pesar os resíduos e substituí-los por créditos para as famílias, que trocam a quantia de lixo por alimentos frescos, produzidos por agricultores locais.
A ideia surgiu depois que a dupla flagrou alguns moradores jogando lixo orgânico na rua: além da falta de educação, os estudantes ficaram perplexos com o desperdício de materiais biodegradáveis, que podem ser reaproveitados por meio da compostagem, mas, mesmo assim, ainda respondem por 35% do lixo produzido em Nova Iorque.
Com o direcionamento dos resíduos orgânicos para a compostagem, é possível gerar eletricidade e aumentar a fabricação ecologicamente correta de adubos, além de diminuir a quantidade de lixo descartado indevidamente no planeta. A megalópole norte-americana já desenvolve um programa obrigatório de reciclagem de resíduos orgânicos – que existe em outras grandes cidades dos EUA, como Seattle e São Francisco.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Servidores do MMA fazem sugestões para a Conferência do Meio Ambiente

Servidores do MMA fazem sugestões para a Conferência do Meio Ambiente

    Paulo de Araújo/MMAInovação: nova tecnologia torna a votação mais democráticaInovação: nova tecnologia torna a votação mais democrática
    Vinte propostas foram aprovadas. Nova metodologia, que deve ser utilizada nas reuniões municipais e estaduais, torna votação mais democrática

    TINNA OLIVEIRA

    A conferência livre do Ministério do Meio Ambiente (MMA), realizada nesta quinta-feira (01/08), em Brasília, elegeu 20 propostas de ações que serão encaminhadas à etapa nacional da 4ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). Deste total, destacou-se a proposta de educação ambiental, que sugere a criação e promoção de espaços de debates sobre a insustentabilidade do atual modelo econômico. 

    A conferência utilizou uma nova metodologia de votação das propostas. Ao invés do tradicional ato de levantar o crachá para votar, os participantes receberam marcadores para selecionar, nos painéis, as propostas consideradas prioritárias. Esse método já está sendo utilizado pelas conferências de meio ambiente que estão ocorrendo pelo país.

    Os grupos de trabalho reunidos ao longo do dia elaboraram 36 ações, das quais apenas 20 poderiam ser selecionadas e enviadas à etapa nacional. Os participantes votaram e elegeram cinco ações de cada eixo temático da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA), cujo principal tema é a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Esse novo método permite uma participação e votação mais clara e segura.

    PARTICIPAÇÃO POPULAR

    A conferência livre pode ser convocada por qualquer cidadão. Além desta modalidade, também existem as conferências municipais, regionais (que reúnem mais de um município), estaduais, virtual e nacional. De 24 a 27 de outubro ocorrerá a etapa nacional, em Brasília, quando todos os delegados dos estados se reunirão para definir as prioridades finais. Será utilizada uma metodologia semelhante à usada nesta conferência livre (confira o manual que orienta sobre a nova metodologia)

    O documento final da conferência nacional terá 60 ações prioritárias, sendo 15 por eixo. Será produzida uma carta de responsabilidade compartilhada da 4ª CNMA com esses resultados. Assim como ocorreu na reunião desta quinta-feira, cada conferência poderá cadastrar no sistema vinte propostas, sendo cinco por eixo temático. Exceto a virtual que permite o envio de 20 propostas por eixo.

    Confira as propostas da conferência livre do MMA:

    Eixo 1 - Produção e consumo sustentável

    1. Criar um plano de ação para combater a obsolescência programada
    2. Obrigar os órgãos públicos a realizar contratações sustentáveis
    3. Criar infraestrutura urbana favorável à adoção de estilo de vida sustentável
    4. Eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis
    5. Regulamentar a publicidade dirigida ao público infantil, garantindo o controle social

    Eixo 2 - Redução dos impactos ambientais

    1. Recuperar os passivos ambientais 
    2. Elaborar estratégias de resíduos em áreas rurais, terra indígena e território de população e comunidade tradicional
    3. Mapear os pontos de descarte de resíduos lançados ao mar
    4. Fortalecer as estruturas dos estados para fiscalização do setor industrial
    5. Estimular o uso de embalagem retornável

    Eixo 3 - Geração de trabalho, emprego e renda

    1. Oferecer capacitação técnica e profissionalizante aos trabalhadores da cadeia produtiva da reciclagem
    2. Capacitar associações e cooperativas de reciclagem em gestão empreendedora 
    3. Discutir alternativas econômicas para reaproveitamento dos resíduos orgânicos
    4. Garantir incentivos fiscais à instalação de indústrias de reciclagem
    5. Garantir que o poder público efetivamente implemente a coleta seletiva solidária

    Eixo 4 - Educação Ambiental

    1. Criar e promover espaços de debates sobre a insustentabilidade do atual modelo econômico, problematizando o papel do Estado brasileiro como principal incentivador do consumismo da sociedade atual
    2. Considerar e incentivar as práticas e dinâmicas sociais e historicamente construídas de gestão de resíduos durante os processos decisórios, de elaboração e implementação dos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos 
    3. Elaborar cursos de educação a distância que auxiliem a implementação da PNRS e capacitação de gestores públicos, educadores ambientais e multiplicadores
    4. Divulgar e discutir a importância do aproveitamento dos resíduos orgânicos para a produção agrícola no país, e o impacto do uso de insumos agrícolas para os ecossistemas naturais, a saúde humana, e no contexto da dependência econômica dos países às grandes corporações
    5. Capacitar gestores e técnicos municipais na elaboração de planos de resíduos sólidos pelas próprias equipes municipais 

    SECRETARIA DO AMBIENTE DEBATE COM SOCIEDADE CRIAÇÃO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ITAIPU

    SECRETARIA DO AMBIENTE DEBATE COM SOCIEDADE CRIAÇÃO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ITAIPU

     30/07/2013 - 00:00h - Atualizado em 31/07/2013 - 12:22h
     » Sandra Hoffman
    Em audiência pública que reuniu cerca de 200 pessoas, a maioria dos participantes se mostrou favorável à criação da Resex

     A Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) promoveram, na noite desta terça-feira (30/7), consulta pública para debater com a sociedade a proposta de criação da ReservaExtrativista Marinha (Resex) de Itaipu, na Região Oceânica de Niterói.

    Promovida no salão da Igreja de São Sebastião, em Itaipu, a reunião contou com a participação de cerca de 200 pessoas, entre representantes do Governo do Estado e da Prefeitura de Niterói, pescadores, ambientalistas e pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF).

    Com cerca de 3.950 hectares, a Resex Marinha de Itaipu abrangerá áreas marinhas de Itacoatiara, Itaipu, Camboinhas, Piratininga e o espelho d’água da Lagoa de Itaipu. O processo de criação da Resex Itaipu partiu da demanda da população extrativista de pescadores artesanais e tradicionais da região, que vêm discutindo sua criação desde 1989.
    Para garantir transparência e participação no processo de criação, ao longo do tempo foram realizadas reuniões e oficinas com pescadores da região, bem como com diversas instituições públicas e organizações da sociedade civil organizada.

    O passo seguinte foi a realização da consulta pública, ontem à noite, coordenada pela superintendente de Biodiversidade e Florestas da SEA, Alba Simon, e pelo diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Inea, André Ilha.
    Participaram também da audiência o subsecretário estadual de Pesca, Marco Botelho, o subsecretário de Sustentabilidade de Niterói, Gabriel Mello Cunha, e o antropólogo e professor da UFF Ronaldo Lobão, além de representantes das associações de pescadores.

    EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL E CONSERVAÇÃO

    Ao detalhar para os participantes as áreas que serão abrangidas pela Resex, André Ilha disse que a iniciativa visa ao equilíbrio entre a exploração sustentável e à conservação dos recursos naturais renováveis através de práticas e costumes nessa região.
    Segundo ele, os limites propostos para a Resex incluem áreas que são de alta relevância da pesca, podendo-se assim manter as práticas e os costumes tradicionais. Ilha aproveitou o encontro para anunciar a aquisição de uma embarcação para fins de fiscalização nas áreas que serão abrangidas pela Resex.
    “A Resex terá todo o apoio do Parque Estadual da Serra da Tiririca. A reserva terá um conselho deliberativo, um plano de ação e um plano de manejo que irá orientar todas as ações na Resex. Tudo será feito com a participação efetiva dos pescadores e de outras entidades que tiverem interesse em fazer parte do conselho deliberativo”, acrescentou André Ilha.
    Em clima de respeito e com críticas construtivas, o debate teve participação expressiva dos pescadores artesanais de Itaipu que, de maneira geral, mostraram-se favoráveis à criação da reserva extrativista.
    Já outros pescadores, como os que trabalham na captura de pescados em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, mostraram-se preocupados com relação às áreas que serão abrangidas pela Resex. Segundo seus representantes, quando a Reserva Extrativista de Arraial do Cabo, de âmbito federal, foi criada, esses pescadores sofreram repressões a suas atividades em determinadas áreas. Além disso, afirmaram que sua criação não foi amplamente discutida com eles.
    André Ilha disse que a consulta pública foi produtiva, sendo rica em manifestações contra e a favor da Resex:
    “Percebemos que houve uma posição majoritária a favor da Resex. Teremos todo o cuidado para que o processo de elaboração de seu plano de ação e depois do plano de manejo seja feito com a participação efetiva dos pescadores artesanais, que é o público alvo para o qual essa unidade poderá ser criada. Aqui, houve uma consolidação de tudo que foi dito em favor e contra a Resex nas reuniões prévias, e, com isso, aprendemos com os erros cometidos no passado na criação de outras unidades semelhantes. Além disso, os testemunhos dos pescadores da Reserva Extrativista de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, foram fundamentais para que a gente desmistificasse alguns conceitos errôneos com relação a este tipo de iniciativa e, principalmente, que inverdades fossem corrigidas em público”, declarou Ilha.
    A superintendente de Biodiversidade e Florestas da SEA, Alba Simon, lembrou que a proposta da criação da Resex foi feita com apoio de pesquisadores da UFF que vêm realizando estudos na região de Itaipu desde 1996.
    Segundo esses estudos da UFF, apesar de todas as características urbanas e do avanço imobiliário, a atividade pesqueira na localidade segue uma tradição que remonta há séculos, sendo verificada desde a época da ocupação da região por indígenas.
    PAGAMENTO DE DÍVIDA HISTÓRICA
    “Ao criar uma reserva extrativista marinha em Itaipu, o Estado paga uma dívida histórica com aquela comunidade tradicional pesqueira, pois a demanda pela criação é do final da década de 1980, e devido aos inúmeros conflitos com outros tipos de pesca e de uso, sobretudo com a pesca industrial, a reserva não saiu. A criação da Resex é semelhante ao reconhecimento de uma terra indígena, e cabe ao Estado reconhecer a comunidade tradicional, sua cultura e o uso histórico dos recursos marinhos fundamentais para sua sobrevivência", disse Alba Simon.
    Segundo o antropólogo e professor da UFF, Ronaldo Lobão, a região de Itaipu foi objeto de pesquisa do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas da UFF desde os anos 1970. Ele destacou que a universidade fez desde 1996 o acompanhamento de todos os processos e dos pedidos de criação da Resex.
    “Desde então, temos acompanhado a resistência dos pescadores tradicionais de Itaipu na luta pela conservação de seus costumes. A partir desse levantamento, vimos que a melhor forma de fazer essa proteção é criar uma reserva extrativista marinha com a finalidade de proteger os pescadores artesanais. Além da preservação dos costumes desses pescadores, a proposta da Resex é também a de preservar as características ambientais do sistema lagunar de Itaipu e das enseadas que possuem uma rica biodiversidade marinha, com espécies que se encontram ainda em abundância, mas que estão ameaçadas”, explicou Lobão.
    Estudos realizados pelo Laboratório de Ecologia Pesqueira da UFF revelam que essa pescaria é responsável pela captura diária de uma grande diversidade de espécies de peixes que procuram águas rasas e abrigadas. Os estudos registraram 183 espécies de peixes na região dos costões, recifes, lagoa de Itaipu, no entorno das ilhas do pai, mãe e filha e na praia propriamente dita, considerada como uma região de altíssima riqueza de espécies e, portanto, rica em biodiversidade. Destas, 31 espécies são a base da pesca tradicional, tais como a curvina, linguado, pescada, cação, anjo, pampo, enchova e outras de valor comercial que garantem a sobrevivência dos pescadores tradicionais da região.
    O chefe Área de Proteção Ambiental (APA) de Massambaba, Luiz Vieira, que abrange os municípios de Araruama, Saquarema e Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, disse que, quando a Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo foi criada, a fiscalização que reprimiu a pesca predatória acabou favorecendo um aumento da ordem de 130% na quantidade de pescados capturados por pescadores tradicionais da região.
    “Quando nós criamos a Reserva Extrativista em Arraial do Cabo, de âmbito federal, nós colocamos uma embarcação para fins de fiscalização que apreendeu, em um período de dois anos, 30 arrastões; barcos que fazem a pesca predatória com rede de arrasto. Nessa época, criamos o Instituto de Pesca de Arraial do Cabo, que fazia estatística de pesca, e essa pesquisa mostrou que, em dois anos de repressão a esses barcos, houve um aumento na captura de pescado de 130%, passando de um milhão e 350 mil quilos de peixes capturados para 3 milhões e 150 mil quilos de pescados capturados por pescadores tradicionais daquela região”, afirmou Vieira.
    PESCADORES A FAVOR
    O presidente da Associação de Pescadores de Itaipu, Jorge Luiz de Sousa, conhecido como Chico, disse que é favorável à criação da Resex porque esta será fundamental para a proteção dos pescadores artesanais de Itaipu.
    “A pesca artesanal aqui de Itaipu é uma pesca milenar, e essa cultura está sendo ameaçada pela pesca predatória, especulação imobiliária e outras pressões. A criação dessa reserva vai permitir que sejam preservados a cultura e o modo de pescar antigo que vem de nossos avós”, destacou Chico, que é pescador há mais de 30 anos.
    A região marinha de Itaipu é uma área peculiar na costa do Estado do Rio de Janeiro por concentrar diferentes habitats e receber continuamente contribuições de águas oceânicas e continentais, favorecendo assim a prática da pesca artesanal. Segundo a Associação Livre de Pescadores e Amigos da Praia de Itaipu (Alpapi), a pescaria tradicional é praticada por cerca de 120 pescadores, a maioria nascida e criada na região de Itaipu.