Brasileiros produzem mais de 360 mil toneladas de lixo tecnológico por ano. O que fazer para tudo isso não contaminar o solo e o ar
Eles estão por todos os lados. Celulares, televisores, computadores. Não faz muito tempo, um telefone móvel era acessório de luxo. TV era uma por residência. Em pouco tempo, esses aparelhos se tornaram objetos mais presentes no nosso dia a dia. O que é ótimo, pois facilita a nossa vida. Mas não percebemos que essa multiplicação dos aparelhos eletrônicos tem um efeito colateral: o lixo eletrônico.
Considera-se lixo eletrônico, também chamado de e-lixo ou lixo tecnológico - não confundir comspam -, tudo o que é jogado fora que funciona com eletricidade: de geladeiras a computadores, passando por secadores de cabelo, celulares, pilhas e baterias. O problema é que a vida útil desses aparelhos é cada vez menor, e quando trocamos um celular ou um televisor, a maioria das pessoas não sabe como descartar esses aparelhos.
Para se ter uma ideia, os brasileiros produzem mais de 360 mil toneladas de lixo tecnológico por ano, segundo uma estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas esse número deve ser muito maior, uma vez que a estimativa é de 2005 e só considerou os aparelhos eletrônicos mais comuns.
Esse tipo de lixo não deve ser jogado junto com o lixo orgânico. Os eletrônicos possuem metais pesados altamente tóxicos, como mercúrio, cádmio, berílio e chumbo, que liberados em um aterro podem contaminar o lençol freático e poluem o ar se forem queimados. Além disso, muitos componentes eletrônicos podem ser reciclados, aproveitando os minerais presentes neles e diminuindo a pressão por mineração, uma atividade econômica com potencial para causar grande dano ao meio ambiente.
Como descartar? O ideal é que o cidadão não misture os dispositivos eletrônicos com o lixo comum. Em vez disso, ele deve procurar um posto que recolhe esse material. Em São Paulo, a reportagem de ÉPOCA conheceu a Coopermiti, cooperativa que trabalha exclusivamente com lixo eletrônico. Alex Pereira, diretor da Coopermiti, diz que os paulistanos podem descartar os eletrônicos na cooperativa. Se for em grande quantidade, podem inclusive agendar para que o caminhão recolha esse material. "Pessoas ainda não sabem o que é lixo eletrônico. Sabem que tem que descartar pilha, mas não pensam no secador, TV, etc. Não sabem que tem uma coleta seletiva de eletrônicos". Prova disso é que a cooperativa trabalha apenas com 20% da sua capacidade total.Um único aparelho celular, por exemplo, contém cerca de 250 mg de prata, 24 mg de ouro, 9 mg de paládio e 9 mg de cobre, isso sem contar a bateria e outros metais como cobalto, índio e chumbo. Pode parecer pouco, mas considere que existem mais de 220 milhões de linhas de celulares no Brasil, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e que um celular dura, em média, pouco mais do que um ano e meio. Se todos esses aparelhos forem reciclados, uma boa quantidade de metais pode ser reutilizada.