sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Como é o ar que você respira?

Como é o ar que você respira?

MARCIA HIROTA*/08/2014 08h00
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Vista de São Paulo a partir da Avenida Paulista (Foto: Marcia Hirota/SOS Mata Atlântica)

Uma das coisas mais legais de termos a sede da Fundação SOS Mata Atlântica na Avenida Paulista, um dos pontos mais altos da cidade de São Paulo, é poder fazer uma pausa no final da tarde e passar uns minutinhos olhando pela janela. A cada dia, é um pôr do sol mais bonito que o outro, principalmente nesse período mais seco, quando o entardecer fica ainda mais avermelhado e surge uma variedade de tons entre o azul e o amarelo. A parte ruim é que essa beleza toda não é algo a ser comemorado, pois está relacionada à grande quantidade de poeira na atmosfera. A equação é simples: quanto mais bonito o entardecer, provavelmente mais impróprio estará o ar da cidade.
Se a interferência dessa poluição estivesse apenas no colorido do céu, menos mal. Mas o que do lado de dentro da janela embeleza os olhos, do lado de fora entope o nariz, irrita a garganta, prejudica a pele e é assunto a ser levado a sério, pois afeta diretamente o bem-estar, a qualidade de vida e principalmente a saúde de quem vive nessas áreas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), só em 2012, a poluição atmosférica foi responsável pela morte de 3,6 milhões de pessoas no mundo.
No Estado de São Paulo, a poluição do ar matou mais de 17 mil pessoas em 2011. Na capital, que tem duas vezes e meia mais poluição que o máximo recomendado pela OMS (10 microgramas por metro cúbico) foram 4.655 óbitos, número três vezes maior que o de mortes no trânsito (1.365) no mesmo período. Crianças, idosos e adultos com doenças cardiorrespiratórias prévias são as principais vítimas. Os dados são do levantamento Avaliação do impacto da poluição atmosférica sob a visão da saúde no Estado de São Paulo, realizado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade em 2013.
Dados como esse evidenciam como o monitoramento é fundamental para manter a qualidade do ar segura para as pessoas.  Desde 1989, é obrigatório no país o acompanhamento dos níveis de qualidade do ar, por meio do Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (PRONAR), e a comparação com os padrões estabelecidos pela OMS. Passados 25 anos, apenas 1,7% dos municípios brasileiros são cobertos pelo monitoramento, sendo que 79% desse total está na região Sudeste, como aponta o Instituto Saúde e Sustentabilidade. Já o Instituto de Energia e Meio Ambiente aponta que apenas 12 Estados fazem monitoramentos com alguma periodicidade, porém ainda há problemas na maneira como os dados são coletados e apresentados. 
Nós, na SOS Mata Atlântica, já fizemos uma campanha para alertar a população sobre a importância desse monitoramento. Em 1996, lançamos o “Respira São Paulo”, uma campanha na qual distribuímos lençóis brancos acompanhado de uma tabela de cores correspondentes aos níveis de poluição. A ideia era que as pessoas colocassem o lençol nas janelas de suas casas e escritórios para acompanhar sua mudança de coloração e, assim, medir a poluição em diversas regiões da cidade. Obviamente, não demorava muito para os lençóis passarem de branco para diferentes tonalidades de cinca e marrom. Em 2011, a TV Globo lançou em parceria conosco a campanha RespirAR, na qual adotou a mesma metodologia e fez um grande trabalho de informação e educação ambiental em vários bairros de São Paulo.
As razões de tantas partículas em suspensão no céu já são velhas conhecidas, como a emissão de gases pela indústria e, claro, o grande vilão: os automóveis. No caso de São Paulo, para ser mais precisa, os 7,6 milhões de carros, motos, ônibus e caminhões presos e suas fumaças pretas nos congestionamentos. E as soluções também não são novidades: investimento em transporte coletivo, menos carros nas ruas e aumento da cobertura vegetal – que contribui para a redução da poluição – são prioridades.
Pode ser difícil de acreditar, mas São Paulo já foi muito rica em vegetação, com extensas florestas de Mata Atlântica que formavam uma paisagem única. Hoje, resta 18% de cobertura vegetal nativa – em grande parte florestas secundárias – e o que sobrou ainda está mal distribuído. Temos grandes áreas verdes nos extremos norte e sul – os pulmões da cidade; outras áreas públicas, em praças e parques, como é o caso do Ibirapuera ou próximo ao Zoológico. Alguns bairros também são bem arborizados, mas boa parte das regiões, como as áreas centrais – no Brás e na Mooca, por exemplo – a paisagem é de completa aridez.

Nesse sentido, a presença das árvores na cidade e nos bairros faz toda a diferença. Elas aumentam o conforto térmico e o nosso bem-estar, além de deixar o ar mais puro e menos seco. Consequentemente, quem vive nos bairros com poucas ou nenhuma árvore acaba respirando um ar ainda pior. Na sua cidade, ou no seu bairro, como é o ar que você respira?
*Marcia Hirota é diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.

Hospital de animais marinhos instala laboratório flutuante no Guarujá

Hospital de animais marinhos instala laboratório flutuante no Guarujá
 2014 • 


Por volta do meio dia ela chegou num carro do Gremar (Grupo de Resgate e Reabilitação de Animais Marinhos) e, imediatamente, começaram os procedimentos para salvar sua vida. A tartaruga verde, de aproximadamente 10 anos, com mais de 30 quilos foi encontrada na manhã da última quarta-feira (6), por praticantes de Stand Up Paddle em São Vicente, litoral paulista, enroscada numa rede de pesca.
Na parte traseira do casco e em uma das laterais, sinais evidentes de um atropelamento antigo, provocado por embarcação e, grandes verrugas no pescoço. Segundo a médica veterinária Andrea Maranho, a tartaruga já estava doente quando se enroscou na rede de pesca. A previsão é que o animal marinho fique pelo menos seis meses em tratamento na unidade.

Foto: Marcos França
Assim é a rotina de mais três técnicos e quatro estagiários de biologia do Gremar, mantido em parceria pela Prefeitura de Guarujá, que atendem os animais marinhos e aquáticos de toda a Baixada Santista, 24 horas por dia. “As cinco espécies de tartaruga que o Brasil possui já passaram por aqui. Infelizmente nem todas podemos salvar pelas condições que chegam – algumas tem perfurações nos órgãos vitais, vítimas de atropelamentos”, explica a bióloga Thais Perez. As que sobrevivem são anilhadas pela equipe do Projeto Tamar e soltas de volta ao seu habitat.
Além das tartarugas, é comum o Gremar receber golfinhos, atobás, fragatas, lobos marinhos e pinguins. Esses últimos, a equipe se prepara para recebê-los, a partir do final deste mês de agosto e início de setembro. “Eles deveriam já chegar aqui em julho, mas o fenômeno meteorológico, El Niño provocou este atraso”, diz Thais.  Atualmente estão no local em tratamento, cinco tartarugas, sete atobás e um fragata macho -  essas aves comuns na Lage de Santos e no Arquipélago de Alcatraz apresentam ferimentos devido a choques com embarcações pesqueiras, quando tentam se aproximar atraídas pelos peixes.
Atendimento
Com capacidade para atender 500 animais, o Gremar conta com salas de cirurgia, ambulatorial, de análises clínicas e de descontaminação para animais oleados, uma preocupação da equipe com a exploração de petróleo e gás, com a chegada do pré-sal à região.
Grandes tanques estão sendo reformados (devem estar prontos em janeiro de 2015), para atender melhor os animais maiores como os leões marinhos, golfinhos e pinguins. “O que a maioria da população não sabe é que se encontrar algum animal ferido na praia, ou mesmo se causar um atropelamento, é só chamar o Corpo de Bombeiros e a Polícia Ambiental que eles trazem o animal até nós. Se todos fizerem isso poderemos salvar a vida de muitos mais”, lamenta a médica veterinária, Andrea Maranho.
O trabalho da equipe do Gremar vai além. Ela é responsável pela capacitação de 354 guarda-vidas do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, no que se refere a resgate de animais marinhos, quando encontrados nas praias.
Casa Flutuante Aratu
Ancorada no Canal de Bertioga, mas ainda na Cidade de Guarujá, mesmo local do Gremar, foi instalada a Casa Flutuante Aratu, onde funciona a Base de Monitoramento Ambiental do Guarujá.
Entregue em janeiro do ano passado pela prefeita Maria Antonieta de Brito, a reforma do Píer e a Casa Flutuante Aratu, receberam investimentos de R$ 1,1 milhão em equipamentos e instalações, resultado do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado entre o Ministério Público Estadual e a Prefeitura.
Por estar em uma área de mangue e na Mata Atlântica da Serra do Guararu, o local é um imenso laboratório a céu aberto, onde não só os alunos da rede municipal de ensino, mas também estudantes universitários e pesquisadores poderão desenvolver trabalhos e pesquisas.

Rio Pinheiros é incapaz de voltar às condições originais

Rio Pinheiros é incapaz de voltar às condições originais
Agosto de 2014 •


Na semana em que se comemora o Dia do Controle da Poluição Industrial (14 de agosto), a Águas Claras do Rio Pinheiros, divulgou uma análise de um dos principais rios que cortam a cidade de São Paulo.
A ONG, que trabalha na recuperação ambiental do rio e seus afluentes, entregou para órgãos de governo do Estado e da Prefeitura, o Relatório de Monitoramento do Rio Pinheiros. O estudo permite uma melhor compreensão do Rio Pinheiros e das suas condições de degradação. O resultado mostra um panorama muito ruim dos recursos hídricos, marcado pela ausência de oxigênio dissolvido (as medições indicaram valores sistematicamente abaixo do limite aceitável), o que faz com o que o rio não tenha capacidade de autodepuração, ou seja, de retornar às condições ecológicas originais.
O relatório faz a análise e o comentário dos dados de monitoramento da CETESB com amostragens no Rio Pinheiros e alguns de seus afluentes nos meses de janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro de 2013.  No total, foram oito pontos analisados: Pedreira, Foz do Zavuvus (próximo à Estação Jurubatuba da Linha 9 - Esmeralda da CPTM), Ponte do Socorro, Águas Espraiadas, Avenida Bandeirantes, Foz do Pirajuçara, Jaguaré e Foz do Pinheiros (próximo da Vila Leopoldina).
Os córregos cujas águas mais contribuem para a poluição e a degradação do Rio Pinheiros são o Foz do Zavuvus e o do Pirajuçara, que são os que possuem as piores cargas de poluição, por conta da urbanização precária de segmentos significativos do território de suas sub-bacias.
Embora o relatório aponte que o esgoto doméstico ainda é o principal poluente, mesmo que já seja coletado em parcela majoritária da bacia do Rio Pinheiros, mostra também que existem outras fontes de poluentes que influenciam na degradação das águas do Pinheiros.  Trata-se da poluição que vem das ruas, do lixo que não é coletado, dos descartes irregulares e não fiscalizados, dos postos de gasolina, enfim, de toda a carga de emissão chamada de poluição difusa, porque sua origem é espalhada por todo o território.
“As altas toxidades encontradas em muitos locais e amostragens indicam claramente a presença de outras fontes de poluição além do esgoto doméstico, sejam elas de origem difusa, sejam de origens pontuais e fixas eventualmente não fiscalizadas. As cargas difusas são levadas aos córregos pelas primeiras águas de cada chuva, que levam consigo o esgoto acumulado, os detritos e toda sorte de poluentes”, comenta Stela Goldenstein, diretora-executiva da Águas Claras de Pinheiros.
Outro aspecto apontado pelo relatório é a não indicação de presença significativa de poluição industrial, seja porque houve controle, seja porque houve desindustrialização da região.  Por apresentarem e discutirem mais os padrões de poluição, Stela acredita que os estudos feitos pela Águas Claras servirão como subsídio para a definição de estratégias eficazes de despoluição e de revitalização das águas da Bacia do Rio Pinheiros.
“Esse monitoramento permite  identificar os padrões de poluição, suas origens e características, o que  é fundamental para que se façam as melhores escolhas de tecnologias, de modelos institucionais, financeiros e urbanísticos de recuperação das águas urbanas. O desafio é imenso e exige novos olhares e muita inovação”, analisa.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Casa contêiner é 70% feita com materiais reutilizados

Casa contêiner é 70% feita com materiais reutilizados
 Agosto de 2014 


A casa El Tiemblo, construída na Espanha, é a prova de que construções sustentáveis, feitas a partir de materiais reaproveitados, podem ser elegantes e, ao mesmo tempo, estar em harmonia com o ambiente ao seu redor.
O projeto foi feito pelos arquitetos do escritório James & Mau e contou com quatro contêineres reaproveitados, que totalizam os 190 metros quadrados da construção. A casa tem formato em L e é divida em dois pisos, com mais de sete cômodos espaçosos.

Foto: © Pablo Sarabia/Infiniski  
No térreo estão: sala, cozinha e banheiros. Enquanto o pavimento superior possui uma sala de estudos, uma suíte máster e o banheiro social. Todo o projeto foi pensado para fornecer independência, conforto e privacidade aos moradores. Mesmo assim, os arquitetos prezaram pelo cuidado com a redução do consumo energético na residência.

Foto: © Pablo Sarabia/Infiniski  

O edifício foi planejado levando em conta todas as condições naturais. Através dos conceitos da arquitetura bioclimática foi possível oferecer autonomia energética à casa. Além disso, a construção contou com o uso de muitos materiais reaproveitados. O isolamento térmico, por exemplo, é feito com jornal reciclado. Segundo os criadores, 70% dos materiais utilizados na construção são reciclados, reutilizados ou "limpos".
Um dos pontos interessantes é que o sistema modular, usado na construção da casa, reduziu os impactos com transporte de materiais e também os custos. Este formato ainda permite que sejam feitas mudanças na estrutura com o passar do tempo.

Foto: © Pablo Sarabia/Infiniski    

Redação CicloVivo

Acumulador

Acumulador

Não jogar nada fora por 40 dias deixa claro o quanto consumimos e o tamanho do nosso lixo. E chama atenção para um novo distúrbio psicológico.

por Felipe van Deursen
Foto: Eduardo Svezia | Ilustração: Sérgio Bergocce | Design: Paula Bustamante | Adaptação: Laura Rittmeister

O lixo da minha vizinha é limpinho. Ainda bem. Abri e fucei a sacola preta que ela põe na lixeira do andar. Embalagens de comida congelada, de itens de cozinha e de banheiro. Eu já tinha tudo aquilo de monte, não me interessava. Precisava só de seis garrafinhas de uma marca de cerveja conhecida. Como sei que ela sempre bebe essa marca, achei que poderia repor minha coleção. Por três dias, ao chegar do trabalho, dava um alô ao lixo da vizinha, com cuidado para não fazer barulho e provocar os estridentes latidos de seus mínimos cães. No quarto dia, consegui: ela tinha se permitido tomar umas a mais na véspera, e eu faturei as garrafas. Agora sim, poderia voltar ao meu acúmulo de objetos. Tudo isso porque vacilei ao ir a uma festa sem levar a mochila que vinha servindo para carregar o entulho particular para casa. Naquela noite, não tive onde guardar as garrafas consumidas e não poderia computar o acúmulo. Quando procurei um segurança para pedir uma sacola, ele fez uma cara petulante, como se pensasse "quem é esse trouxa?".

Passei 40 dias juntando tudo o que ganhei ou comprei, sem jogar nada fora, a não ser restos orgânicos. Juntei um bocado. Não me considero consumista, mas é mais fácil se achar uma pessoa econômica, sustentável e tudo mais quando você deixa de pensar no próprio lixo assim que põe os sacos para fora de casa. Se você passa a juntar tudo o que consome, o cenário muda. Todo dia, somamos mais de um quilo de dejetos, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Sem essa quantia se acumulando debaixo do mesmo teto em que se dorme, fica mais difícil ter noção do quanto de lixo produzimos. Ao decidir não jogar nada fora, tentei aprender a conviver com a porcalhada pegajosa em casa. Se uma pesquisa do Ibope de 2012 diz que dos brasileiros não faz ideia de onde seu lixo vai parar, agora eu sabia para onde o meu ia: debaixo da pia ou, depois de não caber mais nada, ao lado da cama. Evitava olhar, mas ele estava lá, importunando olhos e narizes de quem chegasse perto.

LIXO DE EMERGENTE

A Abrelpe diz que em 2012 as cidades brasileiras geraram quase 64 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Lixo é decorrência de consumo, e consumo é termômetro de a quantas anda uma economia. De modo geral, quanto mais rica uma população, mais poder de consumo ela tem, logo mais lixo ela produz. Noruegueses, americanos, suíços e neozelandeses superam os 2,5 kg diários de lixo per capita. A taxa do Brasil, apesar do enriquecimento do País, ainda é menos que a metade disso. Há dez anos, nossa geração de lixo por habitante era de 955 g. Desde então, a população cresceu cerca de 10%, e o volume de lixo subiu 21%. Sinal do aumento do poder de consumo, graças especialmente às 40 milhões de pessoas que engrossaram a classe média no período. Com isso, dá para sentir o aumento do rastro de bandejas de carne, caixas de leite e sacolas de shopping no caminho. Efeito colateral do enriquecimento.

Consumir faz parte da vida, lindo. Mas precisa tanta embalagem? Fora isso, alguns produtos poderiam ter seu design repensado. Por que escovas de dentes não têm refil, para repor as cerdas gastas? Outro exemplo: dos 7,5 cm de um cotonete comum, 5 cm são a haste de plástico, que poderia ser usada de novo. Mas vai tudo para o lixo (embora eu tenha lavado e, bem, ele fica parecendo um inútil gnomo molhado). Há os excessos de pequenas embalagens, também. Quando fui almoçar em um restaurante japonês, os palitos vieram embrulhados em papel. Ao comer no trabalho ou na rua, se fosse "levar para viagem", invariavelmente eu ganhava de brinde dezenas de guardanapos - às vezes embalados. E sempre muito mais do que precisava, a não ser que fosse alimentar um filhote de urso. Canudos, então... Em todas as ocasiões me deram mais de um. A maioria embrulhada. Por que preciso de três canudinhos? Por que embalados?

Higiene, economia, preservação. Existem motivos para as embalagens existirem, é claro. E também existem profissionais especializados em buscar melhorias nelas, para que sejam mais úteis e menos dispendiosas. Enquanto isso, nós seguimos comprando e consumindo. A Associação Brasileira da Indústria do Plástico prevê que cada pessoa no Brasil consumirá 46 kg de plástico em 2015. Um aumento que acompanha a escalada global. Em 1950, a produção mundial de plástico era de 1,5 milhão de toneladas, coisa à toa. Atualmente, são 265 milhões de toneladas por ano. Com essas e outras, nós chegamos a bizarrices como a ilha de plástico do Pacífico, uma monstruosidade sem tamanho definido, com uma área maior que o Estado de Minas Gerais nas estimativas mais humildes. Um lixão formado pelo encontro mundial de pedaços pequenos da turma do polietileno: garrafas PET, tampinhas e sacolas, entre outros.

EMBRULHOS E ENTULHOS

Embalagens são um símbolo do consumismo. É algo que ficou mais claro nos anos 70, lembra Carlos Anjos, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp. Na época, surgiram os grandes supermercados e os sistemas de pegue-pague e self-service. "As mercadorias deixaram de ser vendidas a granel", diz. Foi a explosão dos saquinhos.

Nos últimos anos, tem gente querendo reverter esse lado menos útil e agressivo das embalagens. A maioria ainda são protótipos ou ações temporárias, mas já mostram um caminho. A Wikipearl, uma loja de Paris, vende sorvetes e iogurtes sem nenhuma embalagem plástica. Seus produtos vêm envoltos em uma tecnologia desenvolvida pelos criadores da empresa, que consiste em uma película feita de partículas naturais de comida que não absorve sujeira. Uma embalagem comestível, em suma. A Natura lançou uma linha de produtos cujas embalagens têm 70% menos plástico. Ano passado, o Bob¿s embalou seus sanduíches com papel comestível. Todo ano, designers do mundo todo são premiados por criações que reduzem o desperdício, como o sul-coreano Yeong Keun Jeong, que inventou uma embalagem de manteiga com tampa em forma de faca. Mas são medidas pontuais. Ainda falta muito para termos embalagens mais inteligentes e funcionais em grande escala.

O lixo nosso de cada dia assusta, ainda mais quando não se abre mão dele. Foi o que ocorreu comigo. A mesa no trabalho ficou impraticável com tantos papéis e copinhos de uma água escura e doce que uma máquina no fim do corredor oferece como café. Não encontrava livros sob meus escombros. No 23º dia, a faxineira do andar levou uma bronca de seus superiores por, visivelmente, ter abandonado uma das mesas da redação da SUPER. Na verdade, ela só estava respeitando o aviso "por obséquio, não retire o lixo nem de cima nem debaixo da mesa". Tudo foi resolvido. Após os devidos esclarecimentos, meus dejetos e o emprego dela estavam a salvo.


Só que meu lixo (e o seu e o de todo mundo) é, por incrível que pareça, ridiculamente pequeno perto do que outros setores provocam. O especialista em resíduos sólidos Maurício Waldman, autor de Lixo: Cenários e Desafios, diz que o lixo urbano, aquele acumulado pelas cidades e seus habitantes, representa só 2,5% dos detritos mundiais. Os grandes sujadores do planeta são pecuária, mineração e agricultura. Há uma interseção de geração de lixo entre os setores, por isso a soma dá mais de 100% (veja mais no infográfico abaixo). Mas como uma fazenda pode causar tanto estrago? Os dejetos dos 7,9 milhões de porcos de Santa Catarina poluem quatro vezes mais que o cocô de todos os brasileiros juntos. E uma mineradora? "Cada parte de ouro gera 5 milhões de partes de resíduos", diz Waldman. "Quem compra aliança pensa na montanha de lixo envolvida?". Por isso que, ao olhar para trás e analisar toda a cadeia de produção, especialistas dizem que cada saco de lixo que geramos representam 60 sacos produzidos anteriormente. Os meus seis grandes sacos de lixo representam, então, 360. O grosso do lixo pode estar longe da cidade, mas ainda é nosso. E, com tanto consumo, criamos um distúrbio psicológico.

A NOVA DOENÇA

Todo mundo é consumidor. Muitos são consumistas. E há os acumuladores compulsivos, uma das novas doenças descritas no DSM-5, o manual da Associação Americana de Psiquiatria, publicado no primeiro semestre. O distúrbio, até então, era um subitem do transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Mas uma série de estudos mostrou diferenças entre eles, e agora os especialistas passam a vê-los de maneira separada. Acumuladores compulsivos são pessoas que juntam de maneira patológica objetos de tudo que é tipo. Há os acumuladores de roupa, de lixo e até de gatos. Eles não são colecionadores, pois não fazem a catalogação dos objetos típica de quem coleciona. Acumuladores não têm controle sobre suas coisas. Os pertences ocupam cômodos inteiros e influem drasticamente na vida deles. Muitos são abandonados pela família por não se livrarem de nada. Outros viram questão de saúde pública.

Todo esse problema está ligado a um distúrbio cerebral que deixa a capacidade de tomar decisões extremamente complicada. Sim, pode ser difícil para qualquer um se desfazer de algo. Mas, para essas pessoas, é quase impossível. Dói. Eles nunca sabem quando vão precisar daquilo, se jogam fora ou não, se vão ou não se arrepender. Então, postergam, deixam para decidir em um dia que nunca chegará. "Muitas vezes, o indivíduo sente uma necessidade de comprar objetos associada a uma sensação de culpa", diz o psiquiatra Eduardo Perin, do Consórcio Brasileiro de Pesquisa em TOC.

Existem relatos de acumuladores compulsivos desde o século 14, mas eles nunca estiveram tão em evidência. A abundância de objetos baratos e acessíveis talvez tenha transformado isso em um dos grandes distúrbios do nosso tempo, dizem os especialistas Randy Frost e Gail Steketee em Stuff ("coisas", sem edição no Brasil). Segundo o livro, nos Estados Unidos, há 40 anos, quase ninguém alugava depósitos externos para guardar objetos que não cabem em casa. Hoje, essas áreas ocupam o equivalente à cidade de Vitória, no Espírito Santo: 93 km2 servindo unicamente para acumular posses. Os EUA têm duas vezes mais shoppings que escolas. Para os autores, é difícil desvencilhar isso do fato de os acumuladores compulsivos terem ganhado mais destaque: entre 2 e 5% da população americana tem a doença. Existem pouquíssimos dados a respeito no Brasil, mas se ela realmente estiver ligada ao comportamento consumista de uma sociedade, como já se vê nos EUA, estamos nesse caminho.


Alguns pesquisadores já começam a citar outro tipo de acúmulo. "Estamos nos transformando em acumuladores digitais", diz Russell W. Belk, especialista em consumismo e professor da Universidade York, no Canadá. "Músicas, e-mails, fotos...". Para ele, é uma forma de entulho que incomoda menos, já que não ocupa espaço físico, mas que não deixa de ser acumulismo. E a internet proporciona muito mais que posses virtuais, é evidente. Nas três compras online que eu fiz em 40 dias, por exemplo, juntei uma quantidade considerável de papelão, papel, plástico e isopor. Em uma delas, um pote resistente veio todo envolto em plástico-bolha, como se fosse de vidro. Um desperdício. Pagamos o conforto de receber em casa com mais embalagens e mais lixo, talvez mais que o necessário para um transporte seguro.

Mas, para falar a verdade, eu estava menos preocupado com o excesso de papelão e plástico das grandes varejistas online do Brasil do que com a possibilidade de algum rato aparecer no meu quarto. Por mais que não houvesse comida e eu lavasse tudo, as embalagens ainda guardavam uma fração daquilo que preservaram um dia, quando reluziam em uma gôndola ou vitrine. Era uma lembrança nada cheirosa de seu passado recente. Em um mês, meu banheiro estava impregnado com um cheiro forte de charuto misturado com jornal velho e margarina. Nenhum animal nojento foi visto em meus domínios, ufa, embora tenha recebido um ou outro olhar de estranheza ao viajar de ônibus com uma sacola de lixo. Virei motivo de piada para meus amigos e colegas de trabalho. Fui apelidado de lixão e rainha da sucata. Meus primos perguntaram se virei catador.

Não sou acumulador compulsivo, então se livrar do lixo não foi um dilema. Mas percebi que sou muito mais consumista do que achava. Ganhei ou comprei 20 livros, ainda não li nenhum deles e dificilmente me livrarei de algum em pouco tempo - curioso como acumuladores de livros não são vistos com maus olhos. Em vez disso, folheei um romance inspirado na história real de dois irmãos americanos do começo do século 20, excêntricos e milionários, os Collyer. Um deles, Langley, acabou virando, provavelmente, o acumulador compulsivo mais famoso dos EUA. A história é trágica. Após décadas acumulando objetos tão díspares como jornais, pianos e um Ford T em sua mansão, Langley foi encontrado morto pela polícia, preso entre uma cômoda e uma cama. Ratos já haviam comido parte do seu rosto. A causa da morte foi igualmente triste e estranha. Ele foi soterrado pelos seus próprios objetos. Foi morto pelo seu lixo.

Fontes Associação Brasileira do Alumínio (Abal); Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA); Agência Europeia do Ambiente (AEA); Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); Programa da ONU para o Meio Ambiente.

Declaração de Lima pede reconhecimento do papel vital da Amazônia para o clima

Declaração de Lima pede reconhecimento do papel vital da Amazônia para o clima

Suzana Camargo - Planeta Sustentável - 08/2014

Alexander Torrenegra/Creative Commons

Também conhecida como Pan-Amazônia, a região do continente sulamericano que engloba parte dos territórios de nove países - entre eles o Brasil, é uma das maiores reservas naturais e de biodiversidade da Terra.

Nela se encontram mais de 40% das florestas tropicais úmidas remanescentes no planeta e milhares de espécies da fauna e flora ainda desconhecidas. Nada menos que 350 grupos indígenas vivem na Amazônia, 60 deles em isolamento voluntário.

Dada à importância deste gigantesco e fundamental bioma, representantes de entidades públicas e privadas, organizações não governamentais e movimentos sociais e indígenas assinaram a Declaração de Lima ou Chamado da Pan-Amazônia, na capital do Peru, em 07/08. Foram mais de 200 pessoas reunidas durante o 3º Encontro Pan-Amazônico.

O documento conclama governos a reconhecer o papel vital da região para regular o clima e garantir a segurança climática para a humanidade e pede atenção especial ao tema durante a 20ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP20), que será realizada em Lima, no início de dezembro.

Entre as recomendações da declaração estão a valorização da Amazônia e a"urgência em proteger florestas, rios e serviços prestados pelos seus ecossistemas prestam às sociedades para fazer frente às mudanças climáticas". 

A intenção é que seja feito um esforço internacional integrado. Em breve o documento será entregue a representantes da França, sede da COP-21 em 2015, bancos, empresas, Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), entre outros atores importantes.

Durante o encontro em Lima, o cientista brasileiro Antonio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), apresentou o estudo "O Futuro Climático da Amazônia". Nele, o pesquisador explica o papel fundamental da região para estabilizar o clima regional e global, manter o ar úmido na América do Sul, além da responsabilidade em influenciar a produção de chuvas no continente

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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Caatinga

Plano vai proteger espécies ameaçadas de extinção


    ICMBio
    Papagaio-de-cara-suja é uma das espécies beneficiadas
    Lançado pelo ICMBio, o PAN Aves da Caatinga vai diminuir a captura e o tráfico, além de conhecer o tamanho populacional

    Com objetivo de reduzir a perda e alteração de habitat, a pressão de caça, o tráfico e manter ou incrementar as populações de aves, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou, no dia 08/09,  o Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves Ameaçadas de Extinção da Caatinga (PAN Aves da Caatinga), que será coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave).
    O PAN Aves da Caatinga abrange dez espécies ameaçadas de extinção: Hemitriccus mirandae (maria-do-nordeste); Lepidocolaptes wagleri (arapaçu-de-wagler); Penelope jacucaca (jacucaca); Phylloscartes beckeri (borboletinha-baiana); Phylloscartes roquettei (cara-dourada); Xiphocolaptes falcirostris (arapaçu-do-nordeste); Pyrrhura griseipectus (periquito-de-cara-suja); Rhopornis ardesiacus (gravatazeiro); Sclerurus cearensis (vira-folha-cearense); e Sporagra yarrellii (pintassilgo-do-nordeste).
    COMBATE AO TRÁFICO
    A meta é diminuir a captura e tráfico do Pyrrhura griseipectus (periquito-de-cara-suja), e a caça do Penelope jacucaca (jacucaca) e do Crypturellus noctivagus zabelê (zabelê) , além de conhecer a população e área de ocupação de Pyrrhura griseipectus. Há também outras espécies beneficiadas a exemplo do Augastes lumachella (beija-flor-de-gravata-vermelha); Formicivora grantsaui (papa-formiga-do-sincorá); Formicivora iheringi (Papa-formigas-da-caatinga) e Scytalopus diamantinensis (tapaculo-da-chapada-diamantina).
    Com a execução do PAN, será possível estimar o tamanho populacional das espécies para manter ou ampliar a área de ocupação conhecida. Também se espera trabalhar para reduzir as taxas de perda de formações de Caatinga e promover conectividade de remanescentes em áreas importantes identificadas para a conservação das espécies.  O plano, que será mantido e atualizado no site do Instituto Chico Mendes, vai vigorar até fevereiro de 2017.


    Meio Ambiente repõe ipês que morreram na beira valão

    Meio Ambiente repõe ipês que morreram na beira valão

    A morte de duas árvores, no período da prolongada estiagem recentemente, levou a secretaria de Meio Ambiente a providenciar o plantio de mudas na avenida José Alves de Azevedo, no centro de Campos, imediações da Rodoviária Roberto Silveira. O objetivo da medida é manter as árvores como cartão-postal na primavera.
    O secretário Zacarias Albuquerque destaca que foram plantadas cinco mudas já desenvolvidas, com altura superior a 2,5m, para evitar que vândalos danifiquem as mudas com facilidade.
    — O ipê é uma árvore que proporciona beleza natural na floração. Por isso, cuidamos de repor a árvore que morreu e acrescentar outras, como medida preventiva, caso alguma outra venha a ter algum problema. Cuidamos de todas elas para que permaneçam viçosas. De qualquer forma, as cinco árvores plantadas nesta semana no trecho compreendido entre a Avenida 28 de Março e a Rodoviária Roberto Silveira vão acrescentar mais beleza neste trecho, quando atingirem a idade do florescimento — detalha o secretário.
    Zacarias acrescenta que devido à extensão da faixa em grama junto ao cais na margem do rio Paraíba do Sul, ao longo da Bartolomeu Lysandro, no Jardim Carioca (Orla I), foram plantadas 12 mudas do ipê amarelo, que vão dar mais beleza durante a florada.
    (A.N.)
    FONTE FOLHA DA MANHA ONLINE

    Ameaça ao Paraíba só aumenta

    Ameaça ao Paraíba só aumenta

    Suzy Monteiro
    Fotos: Héllen Souza/Antônio Cruz
    Enfrentando a pior seca já registrada na história — ou, pelo menos, desde que começou a ser feita a medição do rio Paraíba do Sul, há 84 anos, — municípios da região estão recebendo intervenções emergenciais para evitar um desabastecimento. Em São João da Barra deverá ser feita uma dragagem nas proximidades de Cajueiro, para tentar reverter a inversão do fluxo no pontal, que tem provocado salinidade. No município de São Fidélis, a Cedae está realizando uma adaptação para manter a captação.
    Em Campos, o Paraíba está na menor cota já registrada: 4,7 metros, mas a situação está sob controle, segundo informou a concessionária Águas do Paraíba. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que, junto com a secretaria estadual do Ambiente (SEA), vem acompanhando e monitorando todas as consequências da estiagem que assola a bacia do rio Paraíba do Sul, além de avaliar a necessidade de intervenções para diminuir os riscos de abastecimento para os usuários fluminenses.
    Último município a receber a água do Paraíba, São João da Barra passa por uma situação crítica e já teve seu abastecimento interrompido durante horas em alguns dias este ano. O nível do Paraíba no município que, normalmente é de 4,20m, está em 2,20m, com alguns pontos chegando a 1,80m. Há alguns anos o rio já vem mudando seu curso no Pontal de Atafona e, quando a maré enche, acontece o fenômeno de intrusão salina — o mar avança para dentro do rio. Porém, de acordo com o diretor do Comitê do Baixo Paraíba, João Siqueira, agora, com a seca extrema, está ocorrendo com mais evidência.
    — Antes, o mar avançava cerca de 4,5km, mas, depois, quando a maré baixava, tudo voltava ao normal. Agora já está em 6km a inversão de fluxo. Mas não é um problema único. Vários municípios estão em situação de alerta. Não há registro na história de um período de estresse hídrico como o atual — preocupa-se Siqueira.
    O Inea confirmou a situação em SJB, informando que a tomada d’água da Cedae, para abastecimento do município de São João da Barra, localiza-se no rio Paraíba do Sul a cerca de 5km da sua foz e vem apresentando dificuldades na captação de água devido a intrusão salina, agravada pela diminuição na vazão em Santa Cecília e estiagem prolongada na bacia dos rios Pomba e Muriaé: “A Secretaria Estadual do Ambiente (Sea) e o Inea vêm avaliando, junto à Cedae, alternativas para minimizar os problemas pontuais de interrupção de fornecimento de água para o município de São João da Barra”, disse a assessoria, em nota.
    Ainda de acordo com a assessoria, a Cedae, no início do mês de agosto, implantou a primeira medida emergencial para diminuir esses problemas. Reativou um poço de 20l/s, capacidade equivalente a 25% da demanda de todo o município. Alternativas complementares estão sendo avaliadas, como uma dragagem no rio Paraíba do Sul ou o deslocamento do local da captação atual para o outro braço do rio Paraíba do Sul ou a montante da captação atual.
    Segundo o Inea, além de São João da Barra, existem ações emergenciais em implementação em Barra do Piraí, executada pela Cedae, e em Barra Mansa, executada pela prefeitura municipal com aporte financeiro do Comitê do Médio Paraíba do Sul. Essas intervenções serão suficientes para garantir a normalidade do abastecimento nestes municípios para a vazão de 160m³/s, que será implantada no próximo dia 10 de setembro.
    Adaptação para evitar prejuízos à população
    Em São Fidélis, a Cedae está fazendo uma adaptação na estrutura para manter a captação, descendo os canos cerca de 30cm. O nível do Paraíba no município é de 1 metro e na última sexta-feira, a régua registrada 25cm. O secretário de Meio Ambiente, Leandro Peixoto, diz que, com a intervenção da Cedae, a situação está estável e o abastecimento regular. Mas o município continua em estado de alerta: Existe uma instalação removível através de balsa preparada para fazer a captação, se continuar a seca.
    Já em Campos, a concessionária Águas do Paraíba diz que a situação está sob controle: “Não há necessidade de alarmismo e sim, de conscientização em torno da indispensável economia de água e uso eficiente”. E acrescenta: “Mesmo em condições muito mais severas, a Estação de Tratamento de Água da Coroa, uma das maiores, mais completas e complexas do Estado do Rio de Janeiro, tem condições de captação, tratamento e distribuição de água, ou seja, até menos da metade do atual nível , que está em torno de 4,70 metros”.
    Acordo intermediado para redução da vazão
    Em função da seca que atinge a região Sudeste e com a ameaça de São Paulo de desviar parte da água do Paraíba para garantir o abastecimento da Grande São Paulo, a Agência Nacional de Águas (ANA) intermediou um acordo entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No último dia 1º, começou, em caráter experimental, a redução da vazão afluente à barragem de Santa Cecília, no rio Paraíba do Sul, de 165m³/s para 160m³/s, até 30 de setembro.
    Nesta segunda-feira (8), acontece uma reunião de avaliação e para definir quanto da vazão será retirada do município do Rio e quanto do restante dos municípios fluminenses abastecidos pelo Paraíba. Essa nova divisão começa a valer dia 10 e vai até 30 de setembro. Mas a Resolução da ANA pode ser questionada judicialmente. O procurador da República em Campos, Eduardo Santos, afirmou que está analisando a publicação e deve pedir a anulação da Resolução, prevendo prejuízos no abastecimento de água no município. A publicação da ANA permite também que a vazão do rio Jaguari, afluente do rio Paraíba do Sul, seja elevada de 10 metros cúbicos por segundo (m3/s) para 43 m3/s, o que faz com que o Estado do Rio passe a ter uma vazão menor de água. O procurador é autor de uma ação que questiona a transposição proposta pelo governo paulista e na próxima semana o Supremo Tribunal Federal (STF) deve escolher o relator.
    FONTE

    terça-feira, 9 de setembro de 2014

    E o destino dessas embalagens?

    E o destino dessas embalagens?Afonso Capelas Jr. - 05/08/2014 às 16:12

    EMBALAGENS_OK_3
    Tenho dúvidas se estas embalagens são recicláveis: as metalizadas de salgadinhos, biscoitos, café, chicletes e chocolates, conhecidas como BOPP; as plastificadas que embalam pacotes de papel sulfite; e as parafinadas de copos descartáveis como os de fast food. Gabriela Ferrari, São Paulo.
    Gabriela, antes vamos desvendar o que é esse tal BOPP. É a sigla para polipropileno biorientado. Traduzindo, é um filme plástico muito resistente e largamente utilizado para produzir as embalagens de salgadinhos, biscoitos, chocolates e barras de cereais, sorvetes, entre outros.
    A indústria alimentícia adora esse material. Ele é leve, flexível, resistente, suporta pintura e pode ser metalizado para preservar o conteúdo. De quebra, essas embalagens têm um apelo publicitário interessante, porque são coloridas e chamativas.
    Os fabricantes também gostam de garantir que sim, os BOPPs são 100% recicláveis, e estampam essa informação nas embalagens para aliviar a consciência dos consumidores.
    Só que não. A esmagadora maioria desse material vai mesmo é para os aterros (e para os lixões, já que eles não foram desativados até 2 de agosto passado, como exigiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos).
    Existe tecnologia para reciclar BOPP. Na prática, entretanto, o material é um“mico” para os recicladores, como diz o especialista em resíduos sólidos Sandro Donnini Mancini, da universidade Estadual Paulista (Unesp) de Sorocaba, SP.
    Duvido que elas sejam recicladas. Os recicladores fogem delas, porque estão cheias de gordurasujeira e muita tinta, que atrapalham o processo”, explica Donnini.
    Resumindo: no Brasil as embalagens BOPP são puro lixo que ninguém quer. Nem os catadores informais, porque não valem dinheiro para eles.
    Dito isto – e para não ficar apenas nas notícias ruins – saiba que empresas alimentícias como a Nestlé e a Kraft Foods estão apoiando a construção de uma fábrica que recicla os BOPPs. Mas não se anime tanto: essa fábrica vai ficar na Inglaterra.
    No Brasil, a TerraCycle consegue dar um destino mais nobre ao BOPP. A empresa recebe as embalagens dos consumidores e com elas produz bolsascarteiras,mochilaslixeiras e até displays para expor produtos em supermercados. Uma iniciativa plausível, mas ainda tímida diante da quantidade de embalagens produzidas e descartadas.
    Quanto aos outros materiais como as embalagens plastificadas de papel sulfite e os copos de papel parafinado de refrigerantes, o professor Donnini é categórico: “Não existe uma linha própria de reciclagem para eles. Recomendo que o consumidor coloque esses materiais junto com os papéis comuns. Com alguma sorte eles podem ser reciclados junto com eles”.
    O que nós, consumidores, podemos fazer para que a reciclagem seja uma prática séria e economicamente viável neste país? Certamente o primeiro passo é eleger políticos efetivamente engajados com a questão.
    cobrar deles o que precisa ser feito. É nossa responsabilidade como cidadãos. Caso contrário vamos chafurdar no lixo.
    Imagem – Creative Commons
    Tem alguma dúvida sobre qualquer tema de sustentabilidade no seu dia a dia (mobilidade urbana, energia, reciclagem, inovação, água, meio ambiente)? Então faça sua pergunta. Envie seu e-mail para pergunteaoafonso@gmail.com. Sua dúvida será respondida aqui no blog Sustentável na prática.