domingo, 23 de fevereiro de 2014

Em Amsterdã, além de esporte, o Stand Up é também uma alternativa limpa de transporte urbano

Em Amsterdã, além de esporte, o Stand Up é também uma alternativa limpa de transporte urbano


Transporte, irrigação e captação de água. Esses são alguns dos benefícios dos rios (no caso dos canais) para uma cidade capaz de integrar meio ambiente e urbanismo. Os famosos canais de Amsterdã foram resultado do bom planejamento da cidade. A canalização das águas evitou que a cidade fosse inundada e fez com que se criassem também vias adicionais para circulação. Amsterdã possui hoje ônibus que trafegam pelas hidrovias dos canais e também barcos, que servem como restaurante, residência e oficinas, atracados nos canais semicirculares.
De SUP pela cidade
Com a popularização do stand Up paddle, bastou unir o útil ao agradável. Bem agasalhados e apostando no equilíbrio, alguns moradores começaram a usar as pranchas com remo para se locomover pela cidade. A mania pegou tanto que Amsterdã já promove até mesmo o Hiswa Sup Tour, que terá sua próxima edição no dia 2 de março. Trata-se de uma espécie de pedalada, mas em vez de sair de bike em grupo pelas ruas da cidade, os participante saem remando pelos canais.

Por que os investimentos verdes no Brasil desabaram em 2013?

Tempo fechou | 

Por que os investimentos verdes no Brasil desabaram em 2013?

No ano passado, foram investidos apenas US$ 3.4 bilhões em fontes renováveis e sistemas inteligentes de energia, ante US$ 7.1 bilhões em 2012

Getty Images
Torres de energia eólica da Acciona Windpower
Tempo fechou: em 2012, foram contratados apenas 289 MW, uma queda de 90% em relação a 2011
São Paulo – Se 2013 não foi lá um ano excepcional de investimentos em tecnologias limpas no mundo, quando se coloca a lupa sobre o Brasil, a derrocada é patente. O investimento caiu pela metade, bem abaixo da queda média mundial de 11%.
No ano passado, o país investiu US$ 3.4 bilhões em fontes renováveis e sistemas inteligentes de energia, ante uma contribuição de US$ 7.1 bilhões em 2012. Os dados são da empresa de pesquisa Bloomberg New Energy Finance (Bnef).
Pibinho e ventos fracos
Para especialistas, a baixa contribuição brasileira é reflexo da situação econômica do país no ano anterior e dos negócios acordados no período.
Um ano que foi especialmente ruim para a eólica, como lembra Elbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
“Em 2012, foram contratados apenas 289 MW, uma queda de 90% em relação ao volume contratado no anterior e o menor desde 2009”, explicou a executiva à EXAME.com.
O baixo crescimento do PIB naquele ano, que foi de 0,9% - o pior desempenho desde o pico da crise, em 2009, quando encolheu 0,3% - também gerou um “pessimismo no investidor”, que recuou nas aplicações de capital.
Outra fator que ajudou a achatar os números do país, segundo Élbia, foi a Medida Provisória 579, que trata das renovações das concessões de geração, transmissão e distribuição do setor elétrico. “Gerou mal estar no mercado e mexeu com o espirito dos investidores”, disse.
Para 2014, as perspectivas são promissoras, reflexo do bom desempenho dos negócios de 2013, considerado fora da curva: a eólica contratou 4.7 GW, superando a contratação recorde de 2011, de 2.7 GW.
América Latina: a nova fronteira
Desde 2004, o Brasil vinha dominando o mercado de energia limpa na América Latina, respondendo em média por 60% de todos os investimentos na região. Isso mudou em 2013.
Chile, México e Uruguai todos investiram mais de US$ 1 bilhão para a energia limpa, conforme o estudo da Bnef.
“Não só a indústria está se consolidando nesses países como tem aumentado as condições favoráveis para expansão de novas fontes. Em outras partes do mundo, o mercado está saturado”, explicou à EXAME.com a analista de pesquisa da Bloomberg New Energy Finance, Lilian Alves.
Depois de viver secas e apagões frequentes, o Uruguai resolveu apostar em energia eólica e solar, como alternativa às termelétricas a diesel e à vulnerabilidade de suas hidroelétricas.
Com geração precária de energia no Norte, o Chile está aproveitando o potencial de insolação da região para atrair projetos grandes de centrais solares.
Enquanto isso, o México possui recursos eólicos de alto aproveitamento e se mostra um mercado tão atraente quanto o Brasil: tem infraestrutura grande e alta demanda por energia.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O cambuci voltou

DE VOLTA À NATUREZA

O cambuci voltou

Com o crescimento urbano, a cachaça de cambuci sumiu, assim como a própria fruta, cuja árvore hoje se encontra em sério risco de extinção. Mas há esperança, pois dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento

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Xavier Bartaburu

Pergunte a um paulista sobre o cambuci. Se for da capital, dirá que é bairro. Se for do interior, é provável que se lembre da cachaça. Ambos estão certos. O nome deriva, de fato, dessa fruta nativa da Mata Atlântica, endêmica da Serra do Mar, outrora abundante no sul da região metropolitana de São Paulo. Não apenas brotava na floresta como também no pomar das casas, onde era cultivada para servir de aromatizante na cachaça. 

Com o crescimento urbano, a cachaça de cambuci sumiu, assim como a própria fruta, cuja árvore hoje se encontra em sério risco de extinção. Por isso o cambuci hoje faz parte da Arca do Gosto, lista de alimentos ameaçados criada pela fundação Slow Food.

Agora, dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento, decididos a explorar o potencial dessa fruta profundamente aromática, doce na fragrância e ácida no paladar. Em todo o cinturão verde de São Paulo, surgiram sucos, sorvetes, geleias, licores e até cosméticos produzidos à base de cambuci - sem falar de receitas excêntricas, como a moqueca e o estrogonofe.

A vitrine disso tudo é a Rota Gastronômica do Cambuci, uma integração de festivais locais que acontece entre março e setembro, cada mês em uma cidade. Em 2013, houve a participação de quase 60 produtores, de sete municípios. A rota vai aumentar este ano. "Já distribuímos mais de 10 mil mudas", conta Gabriel Menezes, diretor da AHPCE (Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica), a entidade que organiza o evento
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Brasileiros registram o jacu-estalo-escamoso

Brasileiros registram o jacu-estalo-escamoso, ave rara da Amazônia

Dois guias de ecoturismo conseguem fotos e vídeo da espécie Neomorphus squamiger, um dos pássaros mais raros e desconhecidos da Floresta Amazônica

por Débora Spitzcovsky
     
Jorge Lopes

Jacu-estalo-escamoso (Neomorphus squamiger)

Jacu-estalo-escamoso (Neomorphus squamiger)
Jorge Lopes e Francisco de Carvalho Souza, dois brasileiros que trabalham como guias em um hotel na cidade de Alta Floresta, no Mato Grosso, estão movimentando a comunidade de birdwatchers (ouobservadores de aves). Isso porque, recentemente, eles conseguiram fazer registros em foto e vídeo dojacu-estalo-escamoso (Neomorphus squamiger), um dos pássaros mais raros e desconhecidos daAmazônia brasileira.
Obter o material não foi fácil: após notar a presença do animal na mata, em 2006, durante uma trilha naReserva Particular de Patrimônio Natural Cristalino, os guias dedicaram cerca de sete anos de suas vidas a uma árdua pesquisa de localização, observação e registro de hábitos do bicho. Apenas em 2013, eles conseguiram filmar e fotografar a ave.
Além de importantes constatações a respeito da aparência do jacu-estalo-escamoso, o trabalho feito por Lopes e Souza rendeu outras descobertas. Os guias constataram, por exemplo, que o famoso som de estalo que esse pássaro produz não é o único barulho característico da espécie. Os pesquisadores registraram outros dois sons emitidos pela ave - um deles, na hora de ir dormir.
A comunidade científica classificou como "importante" os registros feitos pelos guias brasileiros, uma vez que oferecem dados valiosos para o trabalho de conservação do jacu-estalo-escamoso. Endêmica do interflúvio dos baixos rios Xingu e Tapajós, a ave está ameaçada por conta do desmatamento da Amazônia e é considerada uma espécie vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).

5 arrependimentos mais comuns ao fim da vida

5 arrependimentos mais comuns ao fim da vida
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Viva a vida intensamente. Aproveite cada dia como se fosse o último. Realize seus sonhos. Essas são frases feitas repetidas exaustivamente. Mas, o fato é que na correria do dia a dia muitos questionam suas escolhas e temem se arrependerem mais tarde de algo que fizeram ou deixaram de fazer. Essa é uma dúvida tão comum que a enfermeira Bronnie Ware percebeu que o tema poderia render um livro e, baseada em suas experiências, selecionou os cinco maiores arrependimentos dos seres humanos.
Bronnie trabalhou por muitos anos com Cuidados Paliativos, um tipo de tratamento que busca melhorar a qualidade de vida de pacientes que estão em seus últimos meses de vida. Através de uma equipe de profissionais, os pacientes e seus familiares tendem a encarar com mais facilidade as dores de natureza física, social, emocional e espiritual.
De acordo com a enfermeira, os pacientes ganham uma clareza de pensamento incrível no fim de suas vidas. Confira a lista do seu livro, publicado nos Estados Unidos, "The Top Five Regrets of the Dying" ("Top Cinco arrependimentos daqueles que estão para morrer") e os comentários da enfermeira:
1 - Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse
"Esse foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que a vida delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos seus sonhos e têm de morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões que tomaram, ou não tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles não a têm mais."
2 - Eu gostaria de não ter trabalhado tanto
"Eu ouvi isso de todos os pacientes homens que eu trabalhei. Eles sentiam falta de ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros. As mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de uma geração mais antiga, muitas não tiveram uma carreira. Todos os homens com quem eu conversei se arrependeram de passar tanto tempo de suas vidas no ambiente de trabalho."
3 - Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos
"Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com os outros. Como resultado, se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se tornaram quem realmente eram capazes de ser. Muitas desenvolveram doenças relacionadas à amargura e ressentimento que carregavam."
4 - Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos
"Frequentemente, eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre possível rastrear essas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias vidas que deixaram amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Tiveram muitos arrependimentos profundos sobre não ter dedicado tempo e esforço às amizades. Todo mundo sente falta dos amigos quando está morrendo."
5 - Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz
"Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos só percebem isso no fim da vida - que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam presas em antigos hábitos e padrões. O famoso 'conforto' com as coisas que são familiares, o medo da mudança fez com que ele fingissem para os outros e para si mesmos que eles estavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo."
A pedido do Hospital Albert Einstein, a Dra. Ana Cláudia Arantes, geriatra e também especialista em cuidados paliativos, analisou a publicação e falou sobre cada um dos arrependimentos levantados pela enfermeira americana.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Poder público e aquecimento global

Poder público e aquecimento global

O decisivo apoio à redução das emissões passa pelo entendimento sobre as suas consequências e pela adoção de medidas que tragam resultados
Uma portaria da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente da capital paulista, definiu a obrigatoriedade de se compensar a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) de todos os eventos realizados em parques municipais da cidade, desde 2007. Essa portaria define o plantio de árvores como a forma correta de se cumprir a determinação legal.
Iniciativa Verde é uma das organizações que tem participado desse processo, sendo contratada por diversas empresas para compensar a emissão de seus eventos.  Graças à portaria, a Iniciativa Verde compensou mais de 100 eventos e plantou cerca de 40 mil árvores correspondentes a 24 hectares ou o equivalente a dois Parque da Aclimação recompostos em áreas de preservação.
Além da aprovação da Secretaria do Verde, ao contratar a Iniciativa Verde, as empresas organizadoras desses eventos receberam também o selo Carbon Free atestando a compensação dos impactos gerados pela emissão de gases de efeito estufa. Todas as árvores plantadas pela Iniciativa Verde são nativas da Mata Atlântica e contribuem para recuperar áreas degradadas e ajudam a proteger mananciais e fontes de água. Entre os eventos mais conhecidos do público compensados pela organização estão o São Paulo Fashion Week e o Festival de Cultura Japonesa.
Para Lucas Pereira, diretor da organização e responsável pelo Carbon Free, a portaria é muito positiva: “Ela contribui para a mitigação do carbono equivalente emitido, mas também serve de ação educativa e de conscientização podendo, tranquilamente, ser adotada por outras cidades e mesmo por áreas privadas de eventos”.
Maior responsabilidade do setor privado
Entre os principais argumentos utilizados para a adoção da portaria está a necessidade de reduzir os impactos ambientais. No caso dos parques, em exposições artísticas, culturais e atividades esportivas e de lazer, esses impactos são causados, principalmente, pelo deslocamento de pessoas para participar desses encontros, além pelos consumos de água e energia e geração de resíduos. Pelo programa Carbon Free, todas essas ações são contabilizadas e transformadas em carbono equivalente – maneira usada para calcular a quantidade de árvore a ser plantada.
O fato de um crescente movimento de empresas buscarem compensar voluntariamente suas emissões também é destacado na portaria como uma tendência global.Portanto, a Prefeitura não está “inventando a roda” ou trazendo dificuldades para os organizadores dos eventos, mas, sim, cumprindo seu papel de legislar a favor da sociedade.
O sucesso da medida merece ser preservado
A Iniciativa Verde também considera fundamental manter intacto o princípio básico da portaria que destaca: “A empresa, associação ou indivíduo responsável pelo evento deverá apresentar, no ato da assinatura do termo de responsabilidade, a estimativa técnica das emissões de GEE que serão geradas pela atividade e a compensação dessas emissões EM PLANTIO DE ÁRVORES”. Para o presidente da organização, Roberto Resende, a possibilidade de se utilizar de outras formas de compensação sem o plantio de árvores, pode ser mais barato para os organizadores, mas mesmo que também tenha o seu valor, acaba por enfraquecer os objetivos propostos pela portaria. Segundo ele, “o plantio de árvores é uma alternativa de compensação superior a outras, como os créditos de Carbono, pois reúne vários benefícios. Além do efeito global também contribui localmente, ao melhorar a paisagem, proteger os recursos hídricos e a biodiversidade. Este tipo de projeto também gera emprego e renda mais perto das atividades que provocaram as compensações. É muito melhor quando um projeto pode, além de contribuir para mitigar as mudanças climáticas, proteger os mananciais da cidade”.
Dessa forma, a Iniciativa Verde tem discutido com outras ONGs e agentes públicos a manutenção a norma e, mais, a sua ampliação em formato legal e em efeitos. A proposta é apresentar um Projeto de Lei para tornar obrigatória a realização de inventários e de compensações para todos os eventos de grande porte realizados na cidade de São Paulo por meio do plantio de árvores.
Além do caráter educativo, a nova lei pode ampliar, sem onerar significativamente o setor, a possibilidade de financiamentos de projetos de recuperação florestal de interesse da população paulistana.

5 coisas que te deixam mais burro

5 coisas que te deixam mais burro

 REVISTA SUPER INTERESSANTE
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Tudo sempre ter que ter uma consequência. E às vezes ela não é das melhores. Por exemplo: tomar um refrigerante bem gelado numa tarde de verão pode parecer uma boa ideia. Mas se você faz isso com frequência talvez esteja ficando mais burrinho. E sabe aquelas reuniões chatas eintermináveis? Avisa seu chefe que ela também te deixa menos espertinho. E a lista não para por aí, dá uma olhada nas coisas que acabam com a sua inteligência.
VIVER NUMA CIDADE GRANDE Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, dividiram voluntários em dois grupos: um teria de passear por um parque e outro por uma avenida movimentada. Depois dos passeios, todos fizeram alguns testes. Quem andou pela cidade tinha uma memória pior, problemas de aprendizado e conseguia se concentrar menos. Tudo culpa do excesso de coisa acontecendo: uma confusão de vários sons, cheiros, luzes. Por mais que você não perceba, seu cérebro está trabalhando loucamente. Aí ele fica congestionado – e trabalha mais lentamente.
FAZER REUNIÕES Segundo pesquisa americana, a gente foi feito pra trabalhar sozinho – nosso cérebro funciona melhor assim. Eles avaliaram o QI de alguns voluntários e pediram a eles para resolverem alguns testes de lógica, em duas situações: sozinhos ou com um grupo pequeno de pessoas. E eles sesaíam melhor quando estavam sozinhos. É que quando estamos em grupo, como acontece em reuniões, além de usar o raciocínio, nosso cérebro ainda precisa colocar pra trabalhar o lado social.
TOMAR MUITO REFRIGERANTE Na receita de todo refrigerante vai xarope de milho rico em frutose. É seis vezes mais doce do que o açúcar comum – e mais barato. Só tem um problema: ele deixa você lento na hora de aprender e memorizar informações. Foi um pessoal da Universidade da Califórnia que comprovou. Eles ensinaram a alguns ratos o trajeto para sair de um labirinto – deixando pelo caminho rastros e pistas para que eles não esquecessem como chegar até a saída. Depois, dividiram os ratos em dois grupos: metade receberia uma alimentação saudável, rica em ômega-3, enquanto os outros seriam alimentados com o tal xarope de milho. Por seis semanas eles seguiram a dieta. Depois disso, os pesquisadores os colocaram mais uma vez no labirinto. Como era de se esperar, osbichinhos que seguiram a dieta com ômega-3 se saíram bem melhor: encontravam mais rápido a saída.
TER RESSACA Sim, segundo pesquisa da Universidade Keele, no Reino Unido. Dizem eles que, durante a ressaca, o desempenho da nossa memória de trabalho (memória de fácil acesso, que torna possível ler e compreender uma frase do início ao fim) cai de 5% a 10%. E ainda nos deixa mais lentos: uma pessoa de 20 anos fica tão ágil quanto uma de 40 anos. O etanol e a desidratação formam o time de culpados. Quando o corpo tenta se livrar do álcool, algumas moléculas tóxicas são formadas. E é por isso que a gente dá uma emburrecida  no dia depois da bebedeira.
MULHERES BONITAS  pesquisa holandesa só incluiu homens heterossexuais (então não dá pra saber se são os belos do mesmo sexo que emburrecem os gays). Depois de interagirem com homens ou com mulheres, todos os voluntários tiveram de fazer alguns testes. Quando haviam conversado com uma mulher, a capacidade cognitiva dos homens caía. E quanto mais o voluntário a achava bonita, maior era essa confusão mental. Segundo os cientistas, a explicação vem daquela bobeira daquele papo que justifica até traições: homens são mais motivados pelo acasalamento. Aí procuram sinais de interesse no comportamento feminino. E isso os deixa biologicamente confusos.
Crédito da foto: divulgação

Cidade da grécia :a outra Esparta

Cidade da grécia :a outra Esparta

Ela era mais democrática do que se imagina e tão heróica quanto as lendas contam. Conheça a verdade da cidade mais controversa da Grécia antiga

por Texto Reinaldo José Lopes

Mesmo para os turistas do Império Romano, gente mais do que acostumada a espetáculos sangrentos, aquela era uma atração especial. O sucesso era tanto que, por volta do ano 200 da nossa era, até a construção de um anfiteatro em volta do templo foi autorizada, para que os visitantes pudessem acompanhar cada detalhe do ritual. Um adolescente nu tentava apanhar o queijo depositado sobre o altar da deusa Ártemis, enquanto um dos sacerdotes o chicoteava sem dó, fazendo o sangue espirrar no altar. O jovem que agüentasse mais era saudado como campeão – isso quando tinha a sorte de sobreviver à cerimônia. Os estrangeiros provavelmente deixavam o anfiteatro romano muito satisfeitos: tinham testemunhado um legítimo costume da lendária cidade-Estado de Esparta.
Para muita gente, a imagem de um adolescente torturado resume à perfeição o significado de Esparta para a história. Na escola, aprendemos que, entre as cidades gregas de 2500 anos atrás, Atenas foi o berço da democracia e da liberdade de pensar e criar que valorizamos tanto, enquanto os espartanos viviam sob um regime totalitário, cuja única preocupação era a guerra, e submetiam os jovens ao treinamento militar mais desumano do planeta. Desse ponto de vista, passar de superpotência grega a parque temático sadomasoquista teria sido um destino mais do que merecido.
Acontece que, assim como a visão dourada de Atenas, essa imagem dos espartanos não passa de caricatura. Embora também esteja repleto de erros históricos (leia a seguir), o filme 300, que acaba de chegar aos cinemas, acerta em cheio ao mostrar que, sem a liderança dos espartanos, a Grécia e talvez boa parte da Europa teriam virado mera província do Império Persa, com conseqüências imprevisíveis para o mundo de hoje. Em 4 grandes batalhas contra os persas (veja os infográficos nas páginas 67, 69, 71 e 73), os espartanos ajudaram a proteger o que seria a origem do mundo ocidental. Por mais estranho que isso soe agora, Esparta esteve entre as primeiras cidades gregas a criar um governo constitucional, onde todo cidadão era igual diante da lei, e seus exércitos foram vistos como libertadores perto da ambição de Atenas. Por tudo isso, vale a pena tentar enxergar através das distorções que cercam a cidade mais controversa da Grécia.
Conquistadores
Mito e arqueologia concordam num ponto: Esparta é um produto do primeiro grande desastre da história grega. Até por volta do ano 1200 a.C., o Peloponeso (como é conhecida a região do extremo sul da Grécia, onde fica a cidade) estava cheio de pequenos reinos. Inscrições e objetos achados nos palácios do Peloponeso mostram que seus habitantes já falavam uma forma primitiva de grego e levavam uma vida de luxo, comerciando cerâmica, metais preciosos e marfim com o Egito, a Palestina e a atual Turquia.
Uma onda de invasões e saques, porém, acabou com essa vida mansa. Boa parte dos grandes palácios do Peloponeso foi queimada, e a região voltou a ter um estilo de vida rústico e rural durante cerca de um século. É então que, pouco antes do ano 1000 a.C., como sugerem mudanças na cerâmica e em outros objetos do dia-a-dia, chegou ali um novo povo: os dórios, ancestrais dos espartanos.
Na mitologia grega, a chegada dos dórios ficou conhecida como “o retorno dos filhos de Héracles”. Os descendentes desse herói (conhecido entre nós como Hércules) seriam os legítimos herdeiros dos reinos do Peloponeso, expulsos injustamente de lá. Mas os filhos de Héracles reuniram um exército, formado por 3 tribos do norte da Grécia, e recuperaram no braço o que era seu. A parte da herança é claramente invenção para legitimar a invasão, mas os dó­rios realmente tinham uma origem étnica comum e falavam um dialeto nortista.
Parte dos recém-chegados ocupou a Lacônia, o vale fértil do rio Eurotas, e fundou 4 vilarejos perto de um assentamento da época dos palácios. Por volta do ano 900 a.C., as 4 aldeias se uniram politicamente para formar Esparta. Unificada, a cidade partiu para uma expansão das mais respeitáveis. Toda a Lacônia caiu nas mãos de Esparta: alguns habitantes (provavelmente os que resistiram aos ataques) engrossaram as fileiras dos servos, chamados de “hilotas”, enquanto outras aldeias conseguiram manter a autonomia interna, desde que reconhecessem a soberania espartana. Os moradores desses lugares ficaram conhecidos como periecos (“os que habitam em volta”). A expansão foi até por volta do ano 700 a.C., quando a cidade, sozinha, dominava dois quintos do Peloponeso.
Democráticos
Tantas conquistas, claro, trouxeram prosperidade. “Historiadores como o francês Claude Mossé consideram que, já no século 7 a.C., Esparta tem uma aristocracia amante das artes e desenvolve atividades comerciais marítimas”, diz a historiadora Maria Aparecida de Oliveira Silva, autora do livro Plutarco Historiador. Os poetas e músicos de Esparta ficaram conhecidos na Grécia inteira, e sua elite levava uma vida luxuosa, com finos objetos de bronze e metais preciosos fabricados localmente ou importados da Ásia. No entanto, há indícios de que só alguns espartanos se beneficiaram de verdade com as vitórias, virando senhores do grosso das novas terras, enquanto outros empobreciam. Em outras palavras: tensão social – que veio acompanhada por problemas militares para conter as constantes rebeliões.
A tradição espartana, que chegou até nós por relatos de historiadores como Heródoto, Xenofonte e Plutarco, diz que a solução para esses problemas foi bolada pelo sábio Licurgo, tio e tutor de um dos reis da cidade. Ele teria implantado uma reforma política profunda. Todos os cidadãos – ou seja, todos os homens livres de Esparta – passaram a eleger os 28 membros da Gerúsia, o Conselho dos Anciãos, encarregado de elaborar as leis da cidade. Os reis continuaram a ter uma série de privilégios simbólicos (o mais bizarro era o direito de ficar com a pele e o lombo de todos os animais sacrificados aos deuses), mas, na prática, viraram simples generais hereditários. O poder de decisão final ficava nas mãos do damos – o povo, versão dória da palavra que é uma das raízes do termo “democracia”.
Reunidos em assembléia, os homens de Esparta podiam aprovar ou vetar as propostas da Gerúsia, usando um método que parece ter saído de um programa de auditório – o “sim” ou o “não” ganhava dependendo da quantidade de barulho produzida de cada lado. Houve também uma reforma agrária: cada espartano recebeu um lote de terra suficiente para sustentar sua família. A reforma se completou mais tarde com o surgimento dos éforos, 5 magistrados eleitos anualmente por todos os espartanos que, na prática, passaram a deter a maior parte do poder de executar as leis.
Na época em que foi criado, esse sistema era revolucionário. O Oriente Médio ainda era dominado por monarcas absolutos, considerados semideuses. Atenas, futuro símbolo da democracia, estava nas mãos de um grupo minúsculo de famílias nobres e ricas, assim como outras cidades gregas. Esparta parece ter inventado a idéia de que mesmo um plebeu pobre tinha o direito de eleger seus representantes e ser eleito, e de que ninguém, nem mesmo os reis, estava acima da lei. Não é só conversa: a história espartana está cheia de relatos sobre soberanos que pisaram na bola e foram presos ou exilados. Os hilotas e periecos, é verdade, continuavam sem direitos políticos – mas o mesmo valia para a massa de escravos em todas as outras cidades gregas.
A partir daí, numa sociedade quase democrática, começou a se criar a futura fama de Esparta como potência militar. Também por volta do século 7 a.C., os gregos passavam por uma revolução na arte da guerra. Antes, o costume era que só os nobres e sua guarda pessoal lutassem, e os combates não passavam de expedições pequenas para roubar o gado ou as mulheres da vila vizinha. Mas a população e a riqueza da Grécia tinham crescido, e os conflitos cresciam na mesma proporção. O ideal era juntar o máximo possível de soldados no campo de batalha. Os exércitos das cidades-Estado passaram a agir como grandes unidades: os guerreiros, usando pesadas armaduras de bronze e lanças, só eram eficazes lutando em conjunto. O escudo protegia só o lado esquerdo de quem o carregava: o outro lado do corpo era resguardado pelo escudo do soldado ao lado. Se alguém fraquejasse, todos eram prejudicados. Ora, se a massa dos cidadãos passa a ser importante na guerra, a cidade não tem como se defender sem eles. Isso coloca um poder considerável nas mãos do damos de Esparta: o povo ganha força para exigir direito de voto ou uma fazenda nos arredores.
O sucesso das reformas foi indiscutível. Enquanto a Grécia inteira passou do século 7 a.C. ao 5 a.C. sofrendo com ditadores e revoluções, Esparta virou um oásis de estabilidade.
Guerreiros
Para manter as conquistas e o sistema político, todo cidadão de Esparta passou a ser preparado desde pequeno para ser um supersoldado. O treinamento era conhecido simplesmente como agogué (“criação”, em grego). “A única descrição da agogué que temos é do ateniense Xenofonte, que escreve tarde, por volta do ano 400 a.C.”, afirma o historiador Paul Cartledge, da Universidade de Cambridge (Rei­no Unido). Segundo Xenofonte, os testes começavam no nascimento: os bebês eram lavados com vinho e levados aos anciãos de seu clã para inspeção. Os disformes ou fracos demais eram abandonados para morrer. (Até aí, nada de mais: todos os gregos praticavam o infanticídio em situações parecidas.) Os meninos ficavam até os 6 anos com a mãe; depois, passavam a ser criados em pequenos grupos por um supervisor, dormindo em barracões, aprendendo a cantar, dançar (exercícios adequados para se acostumar ao ritmo da marcha militar), ler e escrever.
Quando chegava a adolescência, o cabelo dos garotos era raspado. Eram obrigados a usar apenas um manto leve, fizesse chuva ou sol, e a andar descalços o tempo todo. Recebiam pouca comida; podiam complementar a dieta roubando, mas, se fossem apanhados, levavam uma surra terrível. As chibatadas às vezes vinham em rituais religiosos, como o descrito no começo desta reportagem.
Aprendiam a falar só o essencial – daí a expressão “laconismo”, derivada da Lacônia, o vale fértil onde Esparta foi fundada. “Seria mais fácil ouvir as vozes de estátuas de pedra do que as daqueles rapazes”, afirma Xenofonte. Os jovens praticavam a dança e o canto, em cerimônias elaboradas que simulavam os movimentos da guerra. Relacionamentos amorosos entre adolescentes e rapazes mais velhos eram comuns e até incentivados – os adultos eram considerados mentores dos mais novos.
Aos 19 anos, o rapaz se tornava soldado pleno, mas ainda não era considerado cidadão. Deixava crescer o cabelo – todos os espartanos adultos tinham longas madeixas, que enfeitavam com flores. Podia se casar, mas ainda não tinha permissão de passar a noite com a mulher. Isso – junto com os outros privilégios da cidadania, como votar – só era possível quando ele fazia 30 anos. Uma última obrigação o acompanhava pelo resto da vida: fazer diariamente as refeições com sua unidade de combate, geralmente formada por 15 guerreiros espartanos. O prato principal costumava ser a intragável sopa negra, feita com cevada, sangue e carne de porco.
Esse sistema tornava os espartanos resistentes e corajosos, mas sua principal função era criar espírito de equipe. A lenda de que os soldados de Esparta nunca se rendiam ou recuavam é balela: não havia vergonha nenhuma em baixar as armas se essa fosse a ordem do rei ou do general. Abandonar os companheiros é que era considerado intolerável, porque um escudo a menos na formação significava expor todo mundo ao risco de morte.
Não havia glória maior do que tombar na linha da frente, morrendo lado a lado com os companheiros: essa, para os espartanos (e para a maioria dos outros gregos) era a “bela morte” (leia boxe na página 70). Mas eles só agiam como camicases quando não havia outra escolha. Uma frase registrada pelo historiador grego Tucídides é emblemática. Perguntaram a um espartano capturado se os colegas mortos tinham sido mais valentes que ele. “As flechas seriam muito espertas se conseguissem distinguir os valentes dos covardes”, retrucou o guerreiro. “Es­sa é uma coisa na qual o filme 300 acerta: ele mostra esse humor negro com o qual os espartanos enfrentavam a guerra”, diz Paul Cartledge.
Outro ponto que sempre se omite sobre Esparta é a condição das mulheres. Elas levaram uma vida bem melhor que as do resto da Grécia. Eram incentivadas a praticar exercícios físicos e a ficar ao ar livre, ao contrário das atenienses, quase sempre trancadas em casa. Também podiam herdar terras. “No entanto, isso não quer dizer necessariamente que as mulheres de Esparta fossem vistas pelos homens de forma diferente das outras gregas”, diz Isabel Romeo, historiadora da UFRJ que estuda o tema. “Para os gregos, a função da mulher era sempre ter filhos saudáveis. A diferença é que os espartanos achavam que, para desempenhar, ela precisava ter uma vida ativa”, afirma.
Defensores
O engraçado é que, embora o Exército espartano fosse mais poderoso do que nunca, a expansão direta da cidade parou. “Esparta temia que as cidades vizinhas apoiassem as revoltas dos servos e procurou alguma forma de convivência pacífica com elas”, diz Robin Osborne, da Universidade de Cambridge. Os espartanos forjaram uma aliança que acabaria englobando todo o Peloponeso. As cidades-Estado tinham voz nas decisões, mas era Esparta a cidade líder, que tinha mais peso na hora de ditar a política externa do bloco e decidir como e quando guerrear.
Essa liderança relativamente democrática acabou sendo providencial para a Grécia. Enquanto as cidades-Estado continuavam brigando entre si, o Império Persa nascia e virava um gigante no Oriente, o grande inimigo dos gregos. Por volta de 540 a.C., as cidades gregas da Ásia caíram nas mãos dos persas. O novo império trouxe paz e estabilidade à região, mas também sufocou os desejos gregos de uma política mais democrática (os persas apoiaram ditadores fantoches por ali). O bolso grego também foi afetado, porque a Pérsia cobrava impostos ferozes e mutilava o comércio. Os gregos da Ásia se revoltaram, com o apoio de Atenas, mas levaram uma sova. A ajuda ateniense era a desculpa perfeita para a Grécia européia ser incluída no alvo das invasões. Assim pensou o rei persa Dario, cujo exército desembarcou perto de Atenas no ano 490 a.C.
Nas primeiras batalhas, os persas foram totalmente derrotados. Mas até as pedras do Eurotas sabiam que a coisa não ia ficar por isso mesmo. Xerxes, filho e sucessor de Dario, jurou vingança e preparou o maior exército que o mundo já tinha visto (talvez 120mil soldados) e a maior marinha (cerca de 1000 barcos) para invadir a Grécia. Nenhum dos súditos do rei tinha muita escolha nessa história: todas as regiões do império tinham de contribuir com sua cota de homens, e a palavra de Xerxes era lei sagrada. Atenas e Esparta (que tinha apoiado os atenienses na primeira invasão) estavam no topo da lista negra de Xerxes. A lenda, reproduzida no filme 300, conta que as duas cidades tinham atirado dentro de um poço os mensageiros do rei, que pediam terra e água como sinal de submissão, dizendo: “Aí tendes terra e água”.
Além de enfrentar o reino mais poderoso da época, a Grécia tinha que lidar com a desunião interna. Na primavera de 480 a.C., quando a segunda onda de invasões persas começou, poucas cidades gregas queriam saber de aliança. “De 700 cidades-Estado que poderiam ter se unido à resistência, só cerca de 30 o fizeram”, diz Cartledge. Dessas poucas cidades corajosas, metade integrava o grupo dos “lacedemônios”, como eram chamados os espartanos e aliados, grupo que hoje nós chamamos de Liga do Peloponeso. “A resistência simplesmente não teria sido possível sem a Liga do Peloponeso”, diz o historiador de Cambridge. A ela se juntaram Atenas e pequenas cidades, como Plataia.
O comando supremo, tanto na terra quanto no mar, ficou nas mãos de Esparta, já que ela era a líder do bloco que formava o coração da resistência. Mais do que o comando, porém, os aliados tinham do seu lado os soldados espartanos, “a infantaria pesada mais bem treinada da Grécia – na verdade, a única infantaria profissional de que os gregos dispunham”, afirma Peter Green, professor da Universidade do Texas em Austin e um dos principais especialistas nos conflitos entre gregos e persas.
Os líderes espartanos nem sempre estiveram à altura de seus guerreiros. Há sinais de que a cidade e os outros membros da liga queriam se arriscar o mínimo possível fora do Peloponeso. Essa é uma das explicações (além da coincidência de um festival religioso, durante o qual Esparta normalmente não guerreava) para o fato de que o rei Leô­nidas tenha levado consigo só 300 espartanos para o desfiladeiro das Termópilas, no centro-norte da Grécia (veja na página 65). A missão dos 300, ao lado de cerca de 7 mil aliados gregos, era tentar impedir o avanço de Xerxes em terra, enquanto a frota grega adotava a mesma estratégia no mar, no estreito de Artemísio.
Por 3 dias, Leônidas e os 300 – que foram vistos penteando os longos cabelos com toda a calma quando os primeiros persas surgiram – detiveram forças imensamente superiores e mataram dois irmãos de Xerxes. Mas sua retaguarda não estava bem coberta. Graças a um grego traidor, Leônidas acabou cercado e lutou até a morte com seus homens e mais 1000 voluntários aliados, ganhando tempo para que o resto do exército fugisse. Xerxes mandou decapitar o rei e crucificar seu corpo.
A sorte grega deu uma guinada cerca de um mês depois, quando a frota aliada destroçou as trirremes persas na ilha de Salamina, perto de Atenas. O próprio Xerxes decidiu voltar para a Ásia e, no ano seguinte, suas forças terrestres foram esmagadas pelo sobrinho de Leônidas. Os persas jamais pisariam outra vez na Grécia européia.
Xerxes, ao contrário do que se diz em 300, não era a versão metrossexual do capeta. Em parte, o governo do Irã tem razão em ficar fulo da vida com o filme, como afirmou em nota ofical no começo de março. O domínio persa poderia até ter posto um fim nas eternas briguinhas fúteis entre cidades, que eram a praga da vida grega (pelo menos em termos de progresso econômico). Ao mesmo tempo, porém, ele teria encerrado o primeiro grande experimento de liberdade política e de pensamento da história, forçando os gregos a se curvar a um Grande Rei todo-poderoso. Democrática ou não, Esparta jamais aceitaria o domínio de um só homem que estivesse acima da lei – e se dispôs a lutar para que a Grécia não sofresse esse destino.
Personagens
Depois de botar os estrangeiros para fora, a Grécia pôde viver seu esplendor. Em Atenas, um ano depois de os persas darem no pé, nasceu Sócrates, um dos grandes alicerces da filosofia ocidental, seguido por Platão e Aristóteles. Com os invasores contidos, a obra deles e de pensadores anteriores, como Tales de Mileto e Pitágoras, pôde sobreviver até hoje. Em 438 a.C., no lugar de um antigo templo destruído pelos persas, Atenas construiu o Partenon, símbolo máximo do período clássico grego.
No entanto, já que derramar sangue era como um passatempo para os gregos, as guerras não pararam por ali. As cidades voltariam a lutar entre si: Atenas, poderosa demais depois de vencer os persas, se tornou um império maldoso demais para as cidades conquistadas. Aliados de Atenas mandavam mensagens secretas para os espartanos, suplicando que eles “libertassem a Grécia”. O conflito era só uma questão de tempo – e as alianças passaram as 3 últimas décadas do século 5 a.C. afundadas nele. A guerra terminou com a vitória de Esparta, financiada por ouro persa.
A influência espartana agora dominava a Grécia inteira. Mas, sem o menor tato, os espartanos instalavam governadores militares impopulares ou apoiavam oligarcas que perseguiam os opositores políticos. O resultado? Mais guerra, dessa vez promovida por um novo poder: a cidade de Tebas, ao norte de Atenas. O confronto decisivo entre a desafiante e a campeã aconteceu na Batalha de Leuctra, em 371 a.C. A derrota de Esparta foi completa. A cidade virou ruínas. Tornou-se irrelevante e foi absorvida pelo Império Romano, junto com o resto da Grécia, em 146 a.C.
Diante da arte e do pensamento ateniense, pode parecer que Esparta só teve importância militar. Mas não é de mais voltar a 480 a.C. e ao punhado de homens que ousou se colocar no caminho dos persas. Heródoto diz que um rei espartano exilado, Damárato, acompanhava Xerxes nas Termópilas. O rei persa teria perguntado se os espartanos, sendo tão poucos, ousariam enfrentá-lo. “Rei”, respondeu Damárato, “embora sejam livres, eles não são livres em tudo. Acima deles está a lei, um senhor a quem eles temem muito mais do que os teus servos têm medo de ti. Eles fazem o que a lei ordena, e a sua ordem é esta: não fugir diante de nenhuma multidão de homens, mas ficar em seus postos.” Poucas idéias foram tão capazes de mudar o mundo.

Termópilas - 19 a 21 de agosto de 480 a.C.

“Ficou evidente para todos, e não menos para o próprio Xerxes, que havia muita gente com ele, mas poucos homens de verdade.”
Heródoto
1. Inimigo maior
Com 120 mil guerreiros, os persas invadem a Grécia por uma faixa montanhosa do litoral.
2. defender é preciso
Os 300 guerreiros de Esparta, mais 7 mil aliados, bloqueiam os persas no desfiladeiro das Termópilas. Quem tenta passar é atirado ao mar.
3. derrota inevitável
Depois de 3 dias, um grego traidor guia as forças persas por uma trilha. Os espartanos são atacados pela retaguarda e dizimados.
Peso-pluma
Os persas eram uma infantaria leve. Carregavam escudos mais fracos, lanças curtas e uma espada. A grande arma era o arco, com alcance de 200 metros.
Modelo de herói
Maior herói de Esparta, o rei Leônidas deteve os persas por 3 dias, até ser morto com todos os seus guerreiros.
Nos trinques
Era tradição entre os espartanos pentear os longos cabelos antes da batalha, e também enfeitá-los com grinaldas de flores. Como os outros gregos, eles costumavam entrar em combate cantando.
Turbinado
Com armadura, escudo de bronze ou lança de 3 metros, o soldado de Esparta levava vantagem. O escudo tinha a letra lambda, de Lacedemônia (outro nome de Esparta).

Artemísio - 19 a 21 de agosto de 480 a.C.

“Vendo os bárbaros fazer um crescente com suas naus, preparando-se para envolvê-los por todos os lados, os gregos saíram para enfrentá-los.”
Heródoto
1. Ao ataque!
Os persas avançam contra os gregos com 800 barcos. A idéia é eliminar a frota naval grega e partir para o continente.
2. Abraço de urso
Na defesa, os 300 barcos gregos se juntam para se defender dos persas, que formam uma espécie de tesoura de ataque.
3. Empate técnico
Depois de 3 dias de batalha, tempestades diminuem a superioridade persa. Os gregos recuam para o sul e batalha termina em empate técnico.
Corpo a corpo
Quando o barco inimigo teimava em não afundar, o jeito era invadir o convés e partir para o combate direto.
Triplex
Os barcos de guerra das duas esquadras eram as trirremes: tinham 3 andares, com 50 remadores em cada um. Chegavam a 35 metros de comprimento e 5 metros de largura.
Tropa faraônica
Os egípcios estavam entre as melhores tropas anfíbias do Império Persa. Usavam armaduras com escamas de aço, grandes escudos e lanças, além de ganchos para abordar os navios inimigos.

Nós e os gregos

Como a filosofia explica os heróis
Texto Leandro Narloch
Por que os gregos gostavam tanto de sangue? A Batalha de Termópilas mostra que os jovens da Grécia antiga sonhavam morrer como heróis das lutas. Todo cidadão de respeito, de políticos como Péricles a poetas como Sófocles, participava de batalhas. São muito diferentes, por exemplo, do cristão que tenta levar uma vida pacífica, sem pecar. Mas a razão de os gregos adorarem brigar é muito parecida com a do religioso que não falta a nenhuma missa. Os dois querem atingir a salvação.
No jeito cristão de pensar, a pessoa se salva da morte tendo uma vida baseada no amor e na compaixão. Se viver corretamente, seguirá existindo numa boa na eterna colônia de férias chamada céu. Um motivo e tanto para viver cheio de culpa por qualquer errinho. Mas os gregos viveram antes do cristianismo. Como não acreditavam que alguém, uma pessoa onisciente, tinha criado o Universo, não deviam explicações ou culpa para ninguém maior que eles. E não tinham nenhuma esperança de que se dariam bem depois da morte. O jeito que encontravam para eternizar a vida era pela fama, praticando atos heróicos que ficassem para sempre na história.
“Morrer de forma gloriosa era muito mais importante que ter uma vida longa e pacífica”, diz o filósofo Roberto Bolzani Filho, da USP. Os guerreiros odiavam ser designados para cargos leves, como mensageiro, e competiam para saber qual seria eternizado nos escritos dos poetas. “A glória valia mais que a vida”, diz Fernando Santoro, professor de filosofia antiga da UFRJ.
Já hoje, quando cada vez mais gente acredita que a morte é só um apagar de células, procuramos nos agarrar à vida. Talvez seja por isso que, bem ao contrário dos gregos, fazemos de tudo para fugir do serviço militar, comemos salada e praticamos esporte para viver. Mas claro que ainda temos a noção de pecado dos medievais. E o enorme fascínio dos gregos por heróis.

Salamina - 20 de setembro de 480 a.C.

“Os gregos, qual homens que arpoam atuns ou outro cardume de peixes, esmagavam a cabeça de seus inimigos com remos quebrados.”
Ésquilo
1. Armadilha
Convencidos por uma falsa mensagem dos gregos de que eles fugiriam, os persas partiram para o ataque.
2. Tudo ou nada
Ao entrar nos canais de Salamina, o maior número dos persas deixou de ter valor: ali não era possível manobrar muito.
3. Finta de mestre
Surpresos com a força naval grega, os persas têm seus navios invadidos. Os que chegam à praia são mortos ali mesmo. Os gregos vencem.
De camarote
Xerxes, rei dos persas, mandou montar seu trono em frente a ilha de Salamina para assistir o combate.
Glub glub
Um dos meios de vencer uma batalha naval antiga era usar o esporão (o “bico” de bronze do navio) para furar o casco do adversário e levá-lo a afundar.

Para saber mais

História
Heródoto, Prestígio, 2002.
A Guerra do Peloponeso
Donald Kagan, Record, 2006.
The Spartans
Paul Cartledge, Penguin, 2003.

Plataia - 27 de agosto de 479 a.C.

“Nesse dia o comandante persa Mardônio pagou o justo preço pela morte de Leônidas; e a mais bela vitória de que temos conhecimento foi obtida por Pausânias.”
Heródoto
1. Retirada confusa
A batalha começou quando os gregos resolveram fingir um recuo. A idéia era dar tempo para tropas de várias cidades se agruparem.
2. Ao ataque
Entusiasmados, os persas cruzaram o rio que os separava dos gregos e atacaram.
3. Derrota final
Parte do Exército grego levou a pior, mas eles agüentaram a pressão e acabaram derrotando os persas de vez.
Cavaleiros do rei
Os cavaleiros persas eram muito importantes nos combates em campo aberto. Usavam arcos e lanças leves, de arremesso, e irritavam o adversário ao fazer ataques rápidos e recuar logo depois.
À moda da Davi
Cercado por 1 000 guerreiros, o general persa Mardônio acabou tendo o crânio esmagado por uma pedra.
Barraca armada
O acampamento persa era uma festa. Havia tendas bem decoradas, peças de ouro e prata e a companhia das concubinas dos chefes.