domingo, 25 de janeiro de 2015

Papa Francisco: 'Liberdade de expressão não dá direito de insultar a fé do próximo'

Papa Francisco: 'Liberdade de expressão não dá direito de insultar a fé do próximo'

Em viagem pela Ásia, pontífice condena mortes em nome da religião, mas alerta para limites do discurso

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Papa Francisco em coletiva informal no avião rumo a Manila: pontífice condenou os dois lados envolvidos em massacre Foto: Alessandra Tarantino / AP
Papa Francisco em coletiva informal no avião rumo a Manila: pontífice condenou os dois lados envolvidos em massacre - Alessandra Tarantino / AP

MANILA - Em visita a países asiáticos, o Papa Francisco disse a jornalistas a bordo do avião papal que existem limites à liberdade de expressão quando as crenças dos demais estão envolvidas. Apesar de condenar severamente o ataque ao ‘Charlie Hebdo’, em Paris, o pontífice afirmou que o insulto e o deboche não podem ser naturalizados.
— Matar em nome de Deus é uma aberração, mas a liberdade de expressão não dá direito de insultar a fé do próximo — disse. — Acredito que tanto a liberdade religiosa quanto a de expressão são direitos humanos fundamentais. Todos têm não apenas o direito, mas a obrigação de dizerem o que pensam pelo bem comum. Podemos fazer isto sem ofender. Se, meu bom amigo, o doutor (Alberto) Gasparri (assessor que organiza as viagens papais), xingar minha mãe, pode esperar que levará um soco. É normal. Mas você não pode provocar, insultar a fé dos outros, fazer zombaria.
Pontífice e jornalistas se dirigiam do Sri Lanka às Filipinas na viagem, e a questão da intolerância religiosa foi um dos temas principais na entrevista informal. Ele também falou de questões climáticas, em vista da Cúpula de Paris, mas o tema predominante foi a religião e seus conflitos.
— Consideremos nossa própria história. De quantas guerras religiosas a Igreja Católica participou? Até nós fomos pecadores — avaliou.
O Papa ainda descartou temer um ataque a sua própria vida.
— Estou nas mãos de Deus — brincou. — Se tenho medo? Vocês sabem que tenho o defeito de ser descuidado. Se algo acontecer comigo, avisei ao Senhor apenas que não doa, porque perco a coragem diante da dor.


sábado, 24 de janeiro de 2015

O que Alckmin quer dizer quando admite racionamento de água em SP

O que Alckmin quer dizer quando admite racionamento de água em SP

A admissão pode até parecer um avanço na transparência da crise da água, mas não é. É apenas um recurso retórico para tentar viabilizar a multa

BRUNO CALIXTO01/2015 Share1 
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, participa de cerimônia da PM. Após a cerimônia, ele falou com jornalistas sobre a crise de água no Estado (Foto: Bruno Ulivieri / Brazil Photo Press / Agência O Globo)
Pela primeira vez desde o início da crise de água que afeta São Paulo, que já dura mais de dois anos e, ao que tudo indica, será ainda pior em 2015, o governo de São Paulo admitiu que existe um racionamento na maior cidade do país. "O racionamento já existe", disse o governador Geraldo Alckmin, após ser questionado por jornalistas durante a posse do novo comandante-geral da Polícia Militar.
A admissão pode até parecer um avanço na transparência na questão da crise da água, mas não é. É apenas um recurso retórico. O problema está na principal medida do governo para enfrentar a crise: a multa para quem gasta mais água do que a média de antes da crise. A multa foi aprovada no último dia 8, mas nesta terça-feira (13) foi barrada pela Justiça. A juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, derrubou a medida dizendo que, pela Constituição, o governo não pode aplicar a multa sem antes decretar um racionamento oficial. Acontece que o governo paulista nunca assumiu declarar um estado de emergência, temendo danos à popularidade do governo. (Atualização: o governo de São Paulo conseguiu reverter na Justiça a decisão contrária à multa. O desembargador José Renato Nalini derrubou a liminar e a multa volta a vigorar).
Por isso, Alckmin disse que o racionamento "já existe" – como um argumernto para viabilizar a multa na Justiça.  Mas o que o governador está chamando de "racionamento" não é a mesma coisa que a população entende como racionamento. Para a maior parte da população, o racionamento significa que a Sabesp vai desligar a água para determinados bairros ou regiões por determinado período de tempo. A Sabesp chama isso de rodízio. Há inúmeros relatos de que isso tem ocorrido em diversos bairros de São Paulo. Não é esse racionamento que Alckmin está admitindo. "Não tem racionamento no sentido de fechar o sistema e abrir amanhã. Não tem, nem deve ter", disse, segundo a Agência Brasil.
Então que racionamento é esse que "já existe"? O governador explicou: "Quando a ANA [Agência Nacional de Águas] determina que tem de reduzir a vazão do Cantareira de 33 metros cúbicos por segundo para 17, é óbvio que já está em restrição". Em outras palavras, o governo está chamando agora de racionamento a política de redução de pressão que, durante o ano passado inteiro, disse que não era racionamento. E ainda coloca a responsabilidade na ANA.
Mesmo depois de todo esse rolo semântico, o governador diz que não decretará racionamento oficial ou estado de emergência. Mas como ficam as pessoas que relatam diariamente a falta de água - e não uma mera redução de pressão - em suas torneiras?
Em tempo: a situação em São Paulo está muito pior do que o governo esperava. As previsões de que as chuvas seriam dentro da média até fevereiro simplesmente não estão se concretizando. Estamos na metade de janeiro e choveu apenas 20% do esperado para o mês. O nível dos reservatórios, que deveria estar subindo no mês de chuvas, continua caindo: o Sistema Cantareira está com apenas 6,3% de sua capacidade, isso contando as duas cotas de volume morto. O governo de São Paulo precisa de muito mais do que retórica para resolver esse problema.

Codevasf investe R$ 3,6 milhões para construção de 70 barragens no Maranhão

Codevasf investe R$ 3,6 milhões para construção de 70 barragens no Maranhão

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) vai investir R$ 3,6 milhões para a construção de 70 pequenas barragens no Maranhão. Na primeira etapa do programa serão beneficiados 20 municípios do estado. A ação está inserida no Programa Água para Todos, do Governo Federal.
A iniciativa prevê a implantação de tecnologias visando contemplar o acesso a água de consumo, denominada “primeira água”, mediante a distribuição e a instalação de cisternas para consumo e sistemas simplificados de abastecimento de água, além de água para a inclusão produtiva, chamada “segunda água”, que envolve cisternas de produção e construção de pequenas barragens (barreiros).
Os objetivos principais dessas pequenas barragens são permitir que os pequenos agricultores da região possam matar a sede dos seus animais, amenizando os efeitos da estiagem que podem resultar na morte de rebanhos inteiros, além da irrigação de pequenos cultivos no período de seca.
O gerente de empreendimentos de irrigação da Codevasf no Maranhão, Elisaldo Pereira, destaca a importância e a eficiência das pequenas barragens na captação e no armazenamento da água no período chuvoso para utilização no momento posterior de estiagem. “Os 70 barreiros construídos na área de abrangência da Codevasf no estado terão capacidade para captar sete milhões de m³ de água. Isso abastecerá a população beneficiada permitindo que seus rebanhos tenham água para beber, além da irrigação de pequenas plantações”, explica.
FONTE BLOG DO GAROTINHO
Reprodução da capa do jornal Extra
Reprodução da capa do jornal Extra


Não faltam alertas de especialistas, mas só Pezão e seu governo é que parecem não dar importância a esse grave problema, que piora a cada dia. A CEDAE perde 30% da água em vazamentos, o Rio é o terceiro pior estado em perdas no fornecimento. A omissão e a inoperância do governo Pezão só agravam o quadro dramático. A CEDAE já está fazendo um racionamento camuflado, disfarçado em manobras que tiram água de regiões para garantir o abastecimento de outras. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

BLOG DO GAROTINHO
Reprodução do Globo online
Reprodução do Globo online


Mais rápido do poderíamos imaginar, o principal reservatório de água, que abastece o Rio, inclusive o sistema do Guandu, chegou a zero, atingiu o volume morto. E isso sem que Pezão e o seu governo tomassem medidas para minorar as consequências, a não ser claro, pedir ajuda à Fundação Cacique Cobra Coral. Até hoje, Pezão e sua equipe só sabem descartar possibilidade de racionamento, mas tentam minimizar a situação. Agora está a dura realidade na cara de todos. 

Grande sertão paulista

Grande sertão paulista

A seca afeta seis milhões de pessoas, causa doenças, prejuízo de 200 milhões de reais e saques

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Ana Carolina Soares
Veja São Paulo - 29/10/2014
Fernando Moraes


Ruas sujas e empoeiradas, banhos diários de caneca, prejuízo no comércio, surto de doenças e ânimos inflamados. Eis a rotina de aproximadamente 6 milhões de moradores do grupo de 37 municípios no interior mais afetados pela seca. As prefeituras de Tambaú e Cordeirópolis decretaram estado de calamidade pública, que caracteriza desastres de grande porte responsáveis por esgotar os recursos da administração local. Artur Nogueira, Casa Branca e Valinhos estão em situação de emergência, um estágio mais brando diante de uma fatalidade. Na prática, funciona como um aviso de alerta à população. Em Itu, outra cidade bastante atingida, ocorrem cenas dignas dos filmes apocalípticos de Hollywood sobre o esgotamento de recursos naturais. No local, os caminhões-pipa passaram a receber escolta da polícia depois da ocorrência de assaltos.

Localizada no nordeste paulista e distante 270 quilômetros da capital, Tambaú é uma das cidades que mais sofrem com a estiagem. Seus 23 500 moradores enfrentam um surto de dengue e virose porque muita gente, na afobação, tem estocado água de qualquer jeito. Em abril, começou o racionamento. No início, o fornecimento ocorria dia sim, dia não. Há três meses, a política ficou mais severa. Agora, as torneiras permanecem vazias durante 48 horas e são abastecidas por dezessete.

Segundo a Associação Industrial e Comercial de Tambaú, a cidade acumula um prejuízo de mais de 4 milhões de reais. "Falta água para produzir cerâmica, o principal item da economia do nosso município. As empresas acabam demitindo funcionários, e isso gera recessão", diz Marcos Stocco, presidente da entidade. A cidade tem 65 fábricas nesse setor e, segundo dados do sindicato dos trabalhadores da categoria no local, cerca de 25% dos 4 000 empregados foram demitidos neste ano.
Fernando Moraes
Renô Sumeira, ceramista em Tambaú há 20 anos, sofre com a crise. Água é fundamental na elaboração das telhas. Com o tempo quente, o gasto pulou de 500 litros para 2000 litros por dia. Para piorar, as duas minas de seu terreno secaram. "Só consigo trabalhar porque os vizinhos me dão água", diz. Até o ano passado, ele produzia por mês 300 000 peças e faturava mais de 70 000 reais. Hoje, fabrica no mesmo período 20 000 telhas e o rendimento caiu para 35 000 reais. "Corro o risco de fechar".
A região é abastecida por duas represas. Uma delas secou completamente em julho e a outra só não tem o mesmo destino porque diariamente caminhões-pipa enchem o local com água do Rio Macuco, manobra custeada com parte da ajuda de 2 milhões de reais recebida do governo do estado. Mas, para resolver o transtorno de vez, as autoridades estimam um investimento de 15 milhões de reais para reformar o encanamento de Tambaú, datado de 1930 e administrado pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Demaet), que teve poucos investimentos ao longo das últimas décadas.

"O problema não começou agora, mas a população não entende. Sou xingado nas ruas, furaram os pneus do meu carro e houve manifestação na frente da minha casa", reclama o prefeito Roni Donizetti Astorfo. A exemplo de seus conterrâneos, ele garante ter mudado a rotina para economizar. "Desde agosto, só me lavo de caneca e reutilizo a água do banho para dar descarga", conta. "Também faço a barba dia sim, dia não".

Além dessas medidas práticas, Astorfo, que vem de uma família bastante religiosa, apela para outras forças. Tem andado com um tercinho enrolado no pulso esquerdo e pede orações à população. O segundo nome do prefeito foi escolhido por seus pais para homenagear o padre Donizetti (1882-1961), padroeiro da cidade, que está com um processo de beatificação no Vaticano. "Só Deus mesmo para ajudar a gente", desabafa Maria Eni Tezzei da Silva, aposentada de 71 anos, moradora da Vila Padre Donizetti, um dos bairros mais prejudicados.

O local chega a ficar uma semana sem água. Desde julho, Eni lidera uma novena para chamar a atenção de São Pedro. Todo fim de tarde, um grupo de aproximadamente dez fiéis se reúne aos pés do cruzeiro da paróquia São Sebastião, reza o terço e lê o capítulo Em Tempos de Calamidade e Atribulação do livro Manual de Nossa Senhora Aparecida. Para finalizar o ritual, cada pessoa joga um copo de água na cruz. "Quando chegou a Tambaú, em 1926, o padre Donizetti também sofreu com uma estiagemsemelhante e, após uma novena, choveu e tudo se recuperou", explica Anderson Godoi de Oliveira, pároco do Santuário Nossa Senhora Aparecida. Apesar de manter a fé, ele acredita que a seca só vai acabar quando as pessoas aprenderem a lidar com o meio ambiente.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Salvador terá inventário de emissões de CO2 em 2015

Salvador terá inventário de emissões de CO2 em 2015


Banhada pela Baía de Todos-os-Santos, uma das maiores do mundo, a cidade de Salvador é uma das mais ameaçadas do Brasil pelas consequências das mudanças climáticas, sobretudo quando o assunto é a possível elevação do nível do mar. Nesse sentido, mensurar as emissões de gases do efeito estufa da capital baiana, a fim de reduzi-las, trata-se de uma medida importante para à sua população, estimada em cerca de três milhões de pessoas.
Ao pensar nisso, a Secretaria da Cidade Sustentável, pretende lançar, em 2015, um inventário para medir as emissões de gases causadores do efeito estufa no município. O documento, que já está sendo preparado, tem valor estimado em R$ 600 mil. "Esse é um valor baseado nos documentos feitos em outras cidades", esclareceu o secretário André Fraga à revista [B+].
No entanto, a prefeitura não gastará recursos próprios com o inventário. "É um projeto da Prefeitura Municipal de Salvador com recursos da Embaixada Britânica", explicou Fraga. Segundo ele, o inventário, que será elaborado pelo Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (Iclei) e pelo World Resources Institute (WRI), tem o objetivo de levantar as emissões de gases causadores do efeito estufa em Salvador e, em seguida, reduzi-las.
"A ideia é que o inventário esteja pronto próximo de maio de 2015", prevê o secretário. Capitais como Recife, Fortaleza e São Paulo já têm iniciativas semelhantes. Em Salvador, as iniciativas anteriores foram pontuais e criadas por empresas para medir suas próprias emissões, mas não para todo o município.
Matéria originalmente publicada no portal EcoDesenvolvimento

Mar avança no litoral do Açu em época pouco comum

fonte blog do Roberto Moraes
Na tarde desta terça-feira, apesar de normalmente ser uma época do ano em que o mar em nosso litoral volta a se afastar, ele voltou a jogar água na rua da beira-mar, na praia da Barra do Açu, já completamente atingida.

As imagens abaixo foram enviadas ao blog pelo morador, técnico e comerciante, Denis Toledo. Além do Açu, também hoje, o jornalista e blogueiro Ricardo André aqui em seu blog (também foto ao lado), publicourelease da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Campos, informando que nesta quarta-feira será interditada a variante que a PMCG havia construído como alternativa à estrada litorânea entre as praias do Farol e Açu, que foi recentemente atingida pelo avanço e erosão da costa do mar, naquela região.

O motivo foram também o avanço do mar que atingiu a variante e o tráfego de veículos se tornou um eminente risco. Assim, as pessoas que precisarem se deslocar terão que sair do Farol até Baixa Grande pela RJ-216, para chegar ao antigo 5 Distrito de SJB.

Os fatos nessa época do ano parecem sedimentar a interpretação de que a construção dos píeres e quebra-mar do Porto do Açu, modificaram a movimentação oceânica naquela região, fenômeno normalmente conhecido e prevenido com ações de engorda das áreas atingidas. É assim no mundo inteiro.

Não é preciso ser especialista na questão para estimar que a continuar a paralisia das autoridades e dos responsáveis pelo empreendimento do Porto do Açu, quando a época mais complicada de ventos, marés, entre maio e outubro chegarem, o risco do balneário ser fortemente atingido, já que não há mais barrancos de proteção são enormes.




FONTE: BLOG DO GAROTINHO
Reprodução do Radar online, da Veja
Reprodução do Radar online, da Veja


Manoel Severino, citado na nota, foi secretário de Articulação Governamental no governo de Benedita da Silva. Foi Benedita quem conseguiu sua nomeação na Casa da Moeda, no primeiro governo Lula. Manoel Severino caiu quando o publicitário Marcos Valério entregou uma lista do Mensalão onde o petista constava como tendo recebido R$ 2,7 milhões. Agora o PT - RJ quer a Casa da Moeda de volta. Aliás os petistas do Rio estão atirando para todo o lado à caça de cargos no governo Dilma. 
FONTE :BLOG DO GAROTINHO
Reprodução do Radar online
Reprodução do Radar online


Agilizar as investigações é tudo o que não querem os políticos e outros envolvidos no Petrolão. Mas está chegando ao fim o recesso da Justiça e vem aí a lista dos políticos que o MPF vai pedir ao STF que sejam investigados. O suspense é grande. 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Com pior crise hídrica da história, Cantareira pode levar 5 anos para se recuperar

Com pior crise hídrica da história, Cantareira pode levar 5 anos para se recuperar
Dezembro de 2014 •


Antes de 2014, a pior crise de falta de água a afetar o estado de São Paulo tinha ocorrido em 2003, lembra Marussia Whately, uma das fundadoras da Aliança pela Água, organização da sociedade civil criada para propor soluções à crise hídrica atual.
No dia 1º de dezembro de 2003, o Cantareira registrava 1,6% da capacidade em volume útil. A recuperação total dos reservatórios só foi realidade cinco anos depois. Marussia estima que esse é o tempo mínimo para que o Cantareira se recupere da crise atual.
Antônio Carlos Zuffo, especialista em recursos hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que, mesmo com a chegada da chuva, o aumento do nível do Cantareira ainda vai demorar.  A água da precipitação infiltra-se no subsolo, em um processo muito lento, a uma velocidade de milímetros ou centímetros por dia. “A água que se infiltrou hoje só vai chegar ao reservatório, dependendo do lugar em que ela caiu, dois, três ou até seis meses depois”, disse.
Como solução à crise que deve se alongar por anos, Marussia defende que o governo paulista repense a estratégia de investimento em obras e passe a reduzir as perdas de água provocadas por vazamentos e captação irregular. “Trabalhar no combate às perdas é uma forma de ampliar a oferta de água sem ter que construir, por exemplo, novas represas”, diz.
Em 2014, segundo a assessoria de imprensa da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), as perdas totais foram 30,5%, enquanto a média nacional foi 37%. O índice inclui as perdas físicas por vazamentos, que correspondem a 19,7%, e as perdas com “gatos”, fraudes e problemas em hidrômetros, que chegam a 10,8% do total. O padrão internacional de perdas físicas é 19,7%.
“A Sabesp tem investido cerca de R$ 6 bilhões no Programa de Redução de Perdas de Água no período de 2009 a 2020 e já atingiu redução de nove pontos percentuais nos últimos dez anos (um dos menores índices do país). Com essa diminuição, a companhia reduziu suas perdas em 9,2%, água suficiente para abastecer 2 milhões de pessoas”, argumenta a assessoria.
Uma das formas de cortar perdas, cita Marussia, é reduzir a pressão da rede, com o objetivo de diminuir o volume de água perdido por vazamentos, medida que já vem sendo adotada pela Sabesp. Essa estratégia, porém, pode trazer riscos. “Quando você diminui a pressão, aquele encanamento que está passando por outras regiões que tem, por exemplo, outro encanamento de águas fluviais ou esgoto, pode se juntar em alguma sucção. Isso pode acontecer, mas não vi nenhuma comprovação”, declarou.
A redução da pressão da rede também pode causar a falta de água em bairros da periferia paulistana. “Isso resulta na interrupção do abastecimento em algumas regiões, mas é uma medida menos brusca que a interrupção total do fornecimento. Na situação a que chegamos, essas medidas são aceitáveis”, disse Marussia.
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal, a presidenta da Sabesp, Dilma Pena, disse que parte da cidade passou por um contingenciamento de água pela diminuição de pressão, o que dificulta a água chegar a bairros mais altos ou afastados. “Isso é uma redução da pressão na rede para diminuir as perdas de água. A falta de água depende da reservação que, se é adequada, a família não ficará sem água”.
A CPI da Sabesp foi criada em agosto para analisar os contratos entre a companhia e a prefeitura de São Paulo. Dilma Pena explicou que a diminuição da pressão não significa racionamento, porque todas as redes estão abertas em tempo integral.
Segundo a assessoria de imprensa da Sabesp, a redução de pressão é uma técnica adotada desde 2007, como parte do Programa de Redução de Perdas. O plano envolve a implantação de válvulas de redução de pressão, a substituição de redes, as trocas de ramais, a pesquisa e os reparos de vazamentos, a substituição de hidrômetros, implantação de distritos de medição e controle, calibração de macromedidores e o combate a fraudes e às ligações clandestinas.
Por Fernanda Cruz - Agência Brasil