segunda-feira, 16 de junho de 2014

PNUMA prorroga prazo para seleção de consultores para o projeto Compras Públicas Sustentáveis e Rotulagem Ambiental

PNUMA prorroga prazo para seleção de consultores para o projeto Compras Públicas Sustentáveis e Rotulagem Ambiental
09 de junho de 2014
por www.pnuma.org.br

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Interessados têm até 15 de junho para submeter a candidatura


O Escritório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) no Brasil prorrogou até domingo, 15 de junho, o prazo de inscrições para a seleção de dois consultores para o projeto Compras Públicas Sustentáveis e Rotulagem Ambiental (Sppel, na sigla em inglês). A inciativa fomenta o uso de certificações, rótulos ambientais e outras ferramentas voluntárias de mercado em apoio ao programa federal deCompras Públicas Sustentáveis.


A primeira oportunidade visa contratar profissional para mediar reuniões e desenvolver relatório analítico sobre as atividades e resultados do primeiro ano do projeto, além de apontar recomendações para a próxima fase. São pré-requisitos formação em Direito, Administração, Economia, Ciência Política ou Ciências Ambientais, com Mestrado ou pós-graduação em áreas correlatas; e pelo menos três anos de experiência em Consumo e Produção Sustentáveis, compras públicas sustentáveis ou rotulagem ambiental, com passagem comprovada por projetos e elaboração de documentos técnicos. Também é necessário comprovar experiência no relacionamento com agências de desenvolvimento e representantes de governo. As informações completas, incluindo produtos e formato de remuneração, estão disponíveis no anúncio da vaga.


Já a outra vaga é direcionada para contratar consultor responsável pela elaboração de relatório do arcabouço legal sobre compras públicas sustentáveis combinadas com rótulos e certificações ambientais, e a realização de um workshop. É necessária formação em Direito, Administração, Economia, Ciência Política ou Ciências Ambientais, preferencialmente com Mestrado ou pós-graduação, além de 5 anos de experiência em sustentabilidade, com atuação comprovada em projetos referentes à Compras Públicas Sustentáveis ou rotulagem ambiental. As informações completas estão disponíveis noanúncio da vaga.


Os dois contratos têm duração de 5 meses. Só serão aceitos CVs no formato P11 (modelo disponível para download aqui , acompanhados de carta de apresentação com pretensão salarial e enviados ao endereço de e-mailprocurement.brazil@pnuma.org.

Conheça a fazenda vertical do futuro da Coreia do Sul

Conheça a fazenda vertical do futuro da Coreia do Sul

Vanessa Barbosa - EXAME.com - 09/06/2014
Divulgação



Até o ano de 2050, cerca de 80% da população mundial deverá viver em áreas urbanas. Seremos ao todo quase 10 bilhões de pessoas consumindo os recursos finitos do planeta. Pensando em resolver problemas futuros, tais como escassez de terra, insegurança alimentar, desmatamento e poluição, o estúdio de design Aprilli projetou o Urban Skyfarm.

Trata-se de uma fazenda vertical que utiliza sistemas hidropônicos em substituição às vastas extensões de terra agrícolas, sendo capaz de produzir alimentos de forma mais eficiente.

O projeto foi idealizado para Seul, capital da Coreia do Sul, que é densamente povoada e distrito central dos negócios do país.

Cada um dos quatro componentes principais, que são a raiz, tronco, ramos e folhas, tem suas próprias características espaciais adequadas para diferentes condições de cultivo.

A parte superior, por exemplo, é propícia para plantio de vegetais que necessitam de exposição direta de luz natural e ar fresco. Já a parte inferior favorece cultivos que necessitam de um ambiente mais controlado.

Por ter formato inspirado numa árvore, a fazenda ainda garante amplos espaços sombreados, que podem ser apreciados pelo público. É um mini ecossistema que traz equilíbrio de volta para a comunidade urbana.

O Urban Skyfarm usa a energia renovável produzida a partir de painéis solares para suprir o processo de produção, transporte e distribuição de produtos alimentares.

Controle de fertilizantes na agricultura ajuda a evitar aquecimento

Controle de fertilizantes na agricultura ajuda a evitar aquecimentoJosé Eduardo Mendonça - 11/06/2014 

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Cientistas determinam quanto é demais nos produtos baseados em nitrogênio
Melhorar as práticas agrícolas é importante para a segurança alimentar, um dos maiores problemas que o mundo deverá enfrentar com a mudança do clima. Mas, com a intensificação na produção do setor, aumenta o uso de fertilizantes. Agora, cientistas da Universidade Estadual do Michigan examinaram a utilização dos produtos baseados em nitrogênio e determinaram o quanto é demais.
Os fertilizantes com nitrogênio podem contribuir com as emissões da gases de efeito estufa da agricultura. Isto, por sua vez, impacta o clima e causa aumento de temperaturas.
Estes produtos levam a emissões estimulando micróbios no solo a produzir mais óxido nitroso, o terceiro mais importante gás de efeito estufa, depois do dióxido de carbono e do metano. Além disso, ele também destrói o ozônio atmosférico.
No total, a agricultura responde por 80% das emissões de óxido nitroso causadas por atividades humanas. E por 14% de todas as emissões de gases de efeito estufa mundialmente. Elas cresceram significativamente em anos recentes, em sua maior parte pelo uso dos fertilizantes. É por isso que os cientistas queriam descobrir o quanto as emissões estavam aumentando.
“Nossa motivação específica foi aprender qual deve ser a meta dos esforços na agricultura para desacelerar o aquecimento global,” disse Phil Robertson, um dos pesquisadores.
O estudo foi publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences. Para reduzir o impacto dos fertilizantes basta adequar o quanto é preciso para as plantas ao que é realmente utilizado. Os autores afirmam que a pesquisa é especialmente relevante para áreas onde há escassez em sua aplicação, como na África Subsaariana, informa a National Science Foundation dos EUA.
Foto: J.E.Doll/MSU

domingo, 15 de junho de 2014

Protestar também se aprende

Protestar também se aprende. Por Juliana Doretto

Na 'Visita de Domingo', Juliana torce para que as manifestações se traduzam num voto consciente e numa atitude cidadã de todos nós

DE LISBOA

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O Brasil somos nós. Atitudes valem mais que bordões vazios  (Foto: Freeimages.com)
Muitos voos chegaram ao mesmo tempo ao aeroporto internacional de Lisboa naquela madrugada. Isso, somado à escassez de profissionais usual nessa hora do dia, deu origem a uma longa fila de passageiros à espera de um carimbo no passaporte.
Foi quando um jovem brasileiro à minha frente soltou a frase:
- Só podia ser em Portugal.
Ao que um funcionário do aeroporto, que organizava a fila, respondeu:
- Só podia ser em Portugal o quê?
E o brasileiro fingiu não ser com ele. Coragem espantosa...
Nova cena: eu conversava com um estudante brasileiro que mora na França, à espera do ônibus que nos levaria ao embarque de um avião rumo ao Brasil.
- Não sei como você aguenta morar aqui (em Portugal). Nada funciona.
Uma afirmação vinda do alto da experiência de quem percorreu Lisboa por uns dias...
Como vê, caro leitor, a revolta que sentirá neste meu texto não veio à toa nem me atacou de uma hora para outra. Com a questão da Copa, temos falado do nosso complexo de vira-lata –ou de megalomaníaco, como Ruth de Aquino apontou na semana passada –, mas aqui em Portugal ficou claro que essa possível característica nossa tem endereço certo.
(Apesar de que, se esses meus amigos aí de cima tivessem antepassados portugueses, talvez não hesitassem em emitir um passaporte luso, para pegar a fila menor.)
E isso mostra que, antes de protestar, temos de aprender a protestar contra o quê.
Não há países perfeitos. Há nações mais desenvolvidas e igualitárias que nós, e podemos copiar suas ações acertadas. E, gostem os meus supracitados interlocutores ou não, Portugal, mesmo com a crise profunda, está à nossa frente em uma série de requisitos. E em outros está atrás, em pontos tão diferentes como a legislação da adoção por gays e a qualidade na teledramaturgia. Mas aqui em Lisboa a desigualdade social é brutalmente menor do que a nossa, e é nessa meta global que deveríamos focar nossos esforços.
Sabemos que os protestos contra a Copa vieram tarde – o dinheiro já está gasto. Mas pelo menos vieram, e desejo que continuem depois desse Mundial e de vários outros. Espero que os ataques ao poder público que vemos nas redes sociais se prolonguem num voto consciente. Mas, sobretudo, aguardo que essa consciência se multiplique em pequenos atos. Não precisamos de cartazes com bordões vazios. Necessitamos de gente que saiba o que está falando.
Essas ações simples vão desde mirar-se nos bons exemplos dos demais países do globo a, por exemplo, deixar a empregada doméstica faltar um dia para acompanhar uma reunião de pais na escola em que a filha estuda. Não censuro quem coloca os filhos em uma escola particular: não sou hipócrita. Meus pais não tinham como fazê-lo e não desistiram até que os filhos conseguissem bolsa de estudos no secundário, porque sabiam que teríamos mais chance de entrar numa faculdade pública. Mas isso não quer dizer que não possamos ajudar quem depende da escola municipal da periferia.
Usar o ônibus ou o metrô, para ver o que realmente deve ser mudado, e o que pode ser mantido, me parece melhor do que segurar um cartaz com uma frase genérica: “Melhor transporte público”. Conheço gente que não o faz por causa do cheiro do “busão”: há nele trabalhadores braçais, que literalmente suam para conseguir seu salário. Eles merecem respeito. Há gente assim também no metrô de Paris, mas talvez o encantamento dessas pessoas com a Cidade-Luz as tenha impedido de observar isso.
Meu pai é tratado do seu melanoma totalmente no Sistema Único de Saúde. Demora, tem fila, mas é bem-feito. E isso não quer dizer que no pronto-socorro, ao lado, não tenha gente agonizando na cadeira por falta de profissionais ou de leito. Conhecer essa realidade me possibilita dizer que, faltam, por exemplo, médicos de família e centros de saúde nas cidades pequenas. E que o programa “Mais Médicos” tem razão para existir.
Há a solução de emigrar para outros países: o ator Wagner Moura disse recentemente que “não está dando para viver aqui (no Brasil)". É a decisão dele, mas a campanha “o último que sair apague a luz” não vai resolver nada.  Olhemos para o que há de bom fora do Brasil; observemos o que fazemos bem; e descubramos o que pode ser melhorado em cada ação nossa do dia a dia. Sem bordões vazios; sem deslumbramento com a Suécia. Sem arrogância com Portugal. Sem complexo de vira-lata, sem megalomania.
Em tempo: estou aqui estudando com uma bolsa concedida pelo governo brasileiro. Minha obrigação é voltar e retribuir o investimento que o país fez em mim no desenvolvimento científico nacional. E também levar ao Brasil o que vi de bom e não repetir o que tive como experiência ruim. Esse texto é uma tentativa de fazê-lo.

El nino de volta ?

Climatempo News Especial El Niño
segunda-feira, 19 de maio de 2014

A questão sobre o El Niño previsto para este ano, que se organiza de vez durante o inverno de 2014, está gerando muitas inquietações e perguntas no Climatempo News, e também muitas  interpretações e conclusões equivocadas. 
A OMM – Organização Meteorológica Mundial divulgou informe recentemente dizendo que a situação de 2014 é “semelhante” à de 1997-1998, quando tivemos um evento de El Niño muito forte e que provocou muita chuva no Sul.
O El Niño interfere especialmente nas condições climáticas do Sul do Brasil, aumentando a chuva. Mas nas outras Regiões, os efeitos não podem ser previstos com grande certeza, com confiabilidade elevada. Em outras palavras: no Sudeste e no Centro-Oeste o efeito é uma “loteria”.

sábado, 14 de junho de 2014

Brasil pode importar e exportar doenças durante a Copa

Brasil pode importar e exportar doenças durante a Copa

Turistas podem infectar população local com sarampo, meningite e chikungunya. Já entre as ameaças aos estrangeiros estão dengue e diarreia do viajante

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Marcella Centofanti VEJA.com - 09/06/2014

antoniothomas/Creative Commons

Cerca de 600 mil turistas estrangeiros são esperados no Brasil durante a Copa do Mundo. O grande contingente de pessoas vindas de várias partes do planeta favorece o intercâmbio de vírus e bactérias que podem causar doenças tanto nos brasileiros quanto nos estrangeiros.

Para os brasileiros, a ameaça são enfermidades que estão controladas no país, mas em atividade fora daqui, como o sarampo. "A Europa vive um surto de sarampo, causada pela queda na adesão à vacinação. O risco é maior para crianças com menos de um ano, que, nessa faixa etária, ainda não foram imunizadas, e moradores de regiões com baixa cobertura da vacina", afirma o pediatra Renato Kfouri, presidente da Associação Brasileira de Imunizações (SBIM). De abril de 2013 a março de 2014, 9.579 casos de sarampo foram registrados no velho continente, segundo o Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças.

Outro perigo é a meningite. A vacina oferecida na rede pública brasileira protege apenas contra o sorogrupo C, mais comum no país. "Mas há tipos que circulam em outros lugares, como o W-135, no Chile, na Argentina e em algumas partes da África, e podem ser trazidos com os turistas", diz Kfouri. No Chile, por exemplo, 32 casos de meningite W-135 foram confirmados entre janeiro e maio de 2014.

Kfouri recomenda que os brasileiros atualizem o quanto antes as vacinas obrigatóriase tomem medidas que diminuem o risco de transmissão de doenças, como usar repelente, evitar grandes aglomerações, lavar bem as mãos e consumir água e alimentos de procedência confiável. Os cuidados valem, sobretudo, para as pessoas que vão lidar diretamente com os turistas, como motoristas de táxi e funcionários de hotéis, aeroportos e estádios, indivíduos mais suscetíveis ao contágio das enfermidades.

O PERIGO DO CHIKUNGUNYAUma doença chamada chikungunya, causada por um vírus de mesmo nome e em surto no Caribe, também está no radar das entidades de saúde pública. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), de dezembro de 2013 a maio de 2014, a região caribenha teve 61.864 casos, entre suspeitos e confirmados.

A moléstia apresenta sintomas similares aos da dengue e é transmitida pelos mosquitosAedes aegypti, transmissor da dengue, e Aedes albopictus, também existente no Brasil. O risco é que um indivíduo contaminado com o vírus da chikungunya seja picado por umAedes, que poderia retransmitir a doença a outra pessoa. "Embora os sintomas sejam parecidos com os da dengue, as complicações decorrentes da chikungunya são mais graves", afirma Kfouri.

Em fevereiro, o Ministério da Saúde emitiu um informe para as secretarias Estaduais e municipais alertando sobre a doença. O comunicado solicita que casos suspeitos sejam notificados e que amostras dos pacientes sejam encaminhadas para exame no Instituto Evandro Chagas (IEC), laboratório de referência nacional em epidemiologia.

AMEAÇA AOS ESTRANGEIROSDoenças cutâneas, diarreia do viajante, dengue e malária. Essas devem ser as doenças mais incidentes entre os estrangeiros em viagem ao Brasil, pelo menos de acordo com um estudo da Universidade Harvard, publicado em fevereiro no periódico Clinical Infeccious Diseases.

Os cientistas analisaram dados de 1.600 americanos que vieram ao Brasil de 1997 a 2013, para estimar o impacto de eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada à saúde deles. Apenas no Mundial de 2014, 160 mil americanos devem desembarcar por aqui.

De cada cinco enfermidades registradas nos viajantes, duas eram de pele, sendo a mais incidente a larva migrans cutânea, popularmente conhecida como bicho geográfico. A moléstia que causa vermelhidão e coceira tem como principal fonte fezes de cachorros e gatos depositadas nas praias. "Nós ficamos um pouco surpresos ao perceber quão comuns são essas infestações cutâneas", diz Mary Wilson, especialista em saúde global e líder do estudo. "Mas faz sentido, se você considerar que muitas cidades visitadas estão no litoral."

Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano criou um guia de cuidados à saúde e à segurança aos cidadãos que vêm à Copa do Mundo. Entre as recomendações estão atualizar a caderneta de vacinação, trazer medicamentos para malária e diarreia do viajante e hospedar-se entre o segundo e o sexto andar de um hotel ("O primeiro andar é de fácil acesso a criminosos. Quartos do sétimo andar para cima podem ser difíceis de serem evacuados em caso de incêndio", informa a cartilha). O guia ensina, ainda, frases em português, como "Fui picado por pernilongo (muriçoca)".

EPIDEMIA DE DENGUEA dengue também deve ficar no radar dos estrangeiros. A poucos dias da partida inicial da Copa do Mundo, São Paulo vive a maior epidemia de dengue de sua história: 6.894 casos foram registrados de 1º de janeiro até o balanço divulgado na última quinta-feira. Em Campinas, onde ficarão sediadas as seleções de Portugal e Nigéria, um levantamento divulgado na sexta-feira aponta 29.527 casos confirmados em 2014. No Distrito Federal, uma inspeção da Vigilância Sanitária na sexta-feira encontrou larvas doAedes aegypti dentro das instalações do estádio Mané Garrincha. Focos foram descobertos ao redor do gramado e próximo às traves.

Ainda assim, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, minimiza a ameaça que a dengue possa representar durante o Mundial. Na terça-feira, ele afirmou que, das cidades-sede, apenas Salvador e São Paulo têm alta incidência da doença. "Nas próximas duas semanas, chegaremos a um nível de incidência extremamente baixo, quase zero", garantiu Chioro. Segundo ele, nesses municípios foi intensificada a fumigação e as medidas de saúde necessárias para combater o mosquito Aedes aegypti.

ALTO RISCO NO NORDESTEO prognóstico do governo contradiz um estudo publicado há duas semanas no periódicoThe Lancet, que avaliou o risco de surto de dengue durante a Copa do Mundo nas doze cidades-sede. Segundo a pesquisa, o risco é alto em Fortaleza, Natal e Recife.

Cientistas europeus e brasileiros, autores do artigo, examinaram dados de diversas fontes para identificar as áreas de risco. Eles estudaram os padrões climáticos de quatro agências meteorológicas, em particular os registros sobre chuvas, que têm grande influência na procriação do mosquito. Em seguida, compararam os dados com os surtos de dengue dos últimos treze anos, no mês de julho, em 553 "microrregiões" do Brasil, inclusive nas doze sedes do Mundial.

O risco de surto foi avaliado como baixo em Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, e intermediário em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e Manaus. Os alertas de alto risco foram feitos em Recife, Fortaleza e Natal. "Os esforços para reduzir o impacto e a severidade da dengue teriam de se concentrar nessas cidades", sugere o estudo. Neste século, o Brasil registrou mais casos de dengue do que qualquer outro país do mundo — mais de 7 milhões entre 2000 e 2013 —, alerta a pesquisa
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Por que São Pedro sozinho não vai tirar São Paulo da seca

Por que São Pedro sozinho não vai tirar São Paulo da seca

Com o passar dos dias e a intensificação da estiagem histórica na Cantareira, fica cada vez mais cristalino que tem algo fora do eixo na gestão da água do Estado de São Paulo

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Vanessa Barbosa

Bert Kaufmann/Creative Commons
É fato que São Pedro não tem sido lá muito amigo dos paulistas nestes primeiros meses de 2014. Desde dezembro, o Estado de São Paulo vive sua pior estiagem em mais de 80 anos. Agora, acender vela para que o apóstolo abra as portas do céu e faça a água cair sobre as represas sedentas não é a solução mais racional. 


Aqui em terra, a preservação e proteção desse recurso é responsabilidade de todos, mas sua correta gestão recai, principalmente, sobre o poder público



Caprichos da natureza não são suficientes para justificar que o Estado com o maior PIB do país e lar de 10% da população brasileira esteja à beira de um colapso d´água. 



Com o passar das semanas e o aprofundamento do drama da Cantareira, que atingiu seu pior nível ontem, de 12,5%, fica cada vez mais cristalino que tem alguma coisa errada na gestão da água paulista. 



A suspeita é reforçada pela recente admissão pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) de que existe, sim, risco de ocorrer rodízio de água, caso os níveis dos reservatórios da companhia no Estado de São Paulo não sejam reestabelecidos. 



Essa informação não consta em algum relatório recente feito na esteira da crise paulista, mas no relatório de sustentabilidade de 2013 da empresa divulgado esta semana. 



Até aí tudo bem, não fosse pelo fato da afirmação ir de encontro à negativa repetida a exaustão ao longo das últimas semanas pelo governo de Geraldo Alckmin de que "São Paulo não terá racionamento de água". 

AFINAL, QUEM TEM RAZÃO? 
Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana. 



Em dezembro de 2009, o relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP, não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água. 



O estudo afirmava que o sistema da Cantareira tinha "déficits de grande magnitude". Entre as recomendações feitas pelo relatório estavam a instauração de processos de monitoramento de chuvas e vazões do reservatório e implementação de postos pluviométricos. 



Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, afirmou que a Sabesp já tinha conhecimento sobre a necessidade de melhorias há mais tempo. 



"Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento", contou. 



INVESTIGAÇÃO 
Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai instaurar, ainda nesta semana, um inquérito civil para esclarecer a crise no Sistema Cantareira. 



Além de considerar a falta de chuvas sobre as bacias hidrográficas que alimentam a Cantareira nos primeiros meses do ano, o inquérito vai apurar informações sobre a possibilidade de erros de gestão da Sabesp. 



À frente do inquérito está o 1º Promotor de Justiça do Meio Ambiente da capital, José Eduardo Ismael Lutti



Referência em matéria de direito ambiental, o promotor já fez críticas públicas à possíveis falhas dos órgãos competentes pelo abastecimento de água e ao próprio governo Alckmin. 



"Temos o pior sistema de gestão de recursos hídricos que se pode imaginar", afirmou durante evento em São Paulo, em março, numa crítica direta a possíveis intervenções políticas. 



"Político não serve para ser gestor onde o conhecimento técnico tem que imperar. Nosso sistema de abastecimento está no limite há no mínimo quatro anos, e o que foi feito para evitar o colapso?", questionou. 



Segundo Lutti, a recusa por parte do governo em falar em racionamento tem conotações políticas claras, já que estamos em pleno ano eleitoral. 



AÇÕES DE EMERGÊNCIA 
Com a crise instalada, entraram em cena algumas medidas de emergência na tentativa de amenizar o problema. 



De saída, a Sabesp ofereceu desconto de até 30% na conta para quem economizasse água. Com a adesão popular e controle dos desperdícios, a medida já economizou volume suficiente para abastecer uma cidade do tamanho de Curitiba. 



Outra medida, essa menos popular por várias razões, foi a tentativa de provocar chuva artificial, um processo chamado de semeadura de nuvens, ao custo de R$ 4,5 milhões. 



Especialistas em meteorologia olham com reservas a técnica, que é alvo de controvérsias, por sua eficácia e possíveis efeitos indesejados no meio ambiente. 



Já que não chove nas represas, a investida mais radical será recorrer a obras para retirada do chamado volume morto, um reservatório que está abaixo do nível alcançado hoje pelo sistema de captação. 



Mas mesmo essa água extra tem limite, dá para garantir líquido extra na torneira por cerca de quatro meses. 



Outra alternativa, que depende menos do estado e mais da disposição dos vizinhos, é a proposta de construir um canal para retirar água da bacia do Rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro. 



É polêmica. Para especialistas da área, retirar água do Paraíba do Sul pode antecipar um colapso de abastecimento para o povo fluminense. 



Agora que a crise já está instalada, começam a sair do papel projetos antigos que podem proteger a cidade de futuros colapsos. 



É o caso da construção de um novo reservatório de água, em Ibiúna, fruto de parceria público-privada, prevista para ser concluída em 2018. 



A NATUREZA FALA, MAS QUEM ESCUTA? 
Todas essas ações tomadas quando a crise já está instalada mostram que a solução vai muito além da boa vontade de São Pedro. 



A natureza fala e os sinais são claros. Mas estamos dando a devida atenção? O colapso do sistema da Cantareira é uma tragédia anunciada há tempos. 



Verões mais intensos e com padrões de chuvas alterados são sinais de mudanças no padrão climático. 



O verão de 2014 foi o mais quente de São Paulo em 71 anos. 



Além dos termômetros em alta recorde, o verão também trouxe tempo seco sem precedente e a falta de chuva, que levaram as principais represas à situação de estresse hídrico. 



Não há estudo que mostre a relação direta entre o aquecimento do planeta e as altas temperaturas registradas por aqui. 



No entanto, com a tendência de aquecimento dos últimos anos, verificados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC), os extremos climáticos tornam-se mais comuns. 



ESCOLHAS 
Em agosto de 2014, a outorga do Sistema Cantareira deverá ser renovada. Na ocasião, o governo paulista vai alterar dispositivos, ao menos é isso que se espera. Vai decidir quanto de água o sistema poderá prover por dia, que regiões serão abastecidas, e com que prioridade. 



"Se a decisão for baseada em critérios técnicos, a vazão total deveria ser reduzida", escreveu o biólogo Fernando Reinach, em coluna no jornal Estado de S. Paulo. 



"No futuro, teremos mais anos com pouca chuva e mais anos com um grande excesso de chuvas. Para garantir o suprimento de água nos anos secos, os reservatórios deveriam ser administrados com uma folga maior. Menos água pode ser retirada, e os níveis médios devem ser mantidos mais altos", diz. 



Em carta, publicada no site da Agência Nacional de Águas, a Sabesp pede a renovação da outorga do sistema Cantareira. 



O documento de 43 páginas não menciona a redução da captação de água, apenas reitera que um estudo para diminuir a dependência do sistema Cantareira será apresentado, dentro de 30 dias após contrato firmado. 



Caberá ao governo decidir quanto de água poderá sair. 



Se seguir o pensamento técnico e determinar a redução da captação diária, não sobrará outra alternativa à Sabesp ou outras empresas candidatas que não implementar de imediato novas soluções. 



Se tudo permanecer do jeito que está, só vai restar acender vela para São Pedro, mesmo.