sexta-feira, 11 de abril de 2014

A inteligência das plantas revelada

A inteligência das plantas revelada

Pesquisas recentes mostram que as plantas têm linguagem, memória, cognição e são capazes de fazer escolhas. Ao site de VEJA, pesquisadores desvendam o mecanismo da inteligência vegetal e mostram como as plantas passaram a dividir com os animais o status de criaturas autônomas e sensíveis

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Rita Loiola Veja.com - 
dani_vazquez/Creative Commons

Em 1880, o naturalista britânico Charles Darwin foi o primeiro a escrever que as extremidades das raízes vegetais "agem como o cérebro de animais inferiores". Desde então, cientistas descobriram que as plantas atuam também como se tivessem linguagem, memória, visão, audição, defesas e cognição. Percebem-se como indivíduos e são capazes de fazer escolhas. Em outras palavras, elas têm o que Darwin previa no último parágrafo de seu livro O Poder do Movimento nas Plantas: inteligência.

As evidências para isso vêm de diversos países ao redor do globo, em instituições de pesquisa como a Universidade da Califórnia e a Universidade de Washington, nos Estados Unidos, o Instituto Max Planck e a Universidade de Bonn, na Alemanha, a Universidade de Lausanne, na Suíça, além de institutos de pesquisa no México, França, Itália e Japão.

Nos últimos meses, diversos estudos, publicados em revistas científicas como Nature, Science ou Plos One têm demonstrando o funcionamento dessas até então desconhecidas habilidades vegetais. E provado que as plantas estão longe de ser criaturas passivas, como se acreditava. Um dos estudos mais recentes, divulgado no fim do ano passado na revista Ecology Letters, mostrou como as plantas se comunicam por meio de compostos voláteis. Viajando pelo ar, eles avisam outras árvores sobre a presença de herbívoros potencialmente perigosos — as folhas recebem a mensagem e tornam-se mais resistentes às pragas.

"As plantas são capazes de comportamentos muitíssimo mais sofisticados do que imaginávamos", afirma o biólogo Rick Karban, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo sobre comunicação vegetal. "Elas passaram por uma seleção em que tiveram de lidar com os mesmos desafios que os animais e desenvolveram soluções que, às vezes, guardam semelhanças com as deles." É o avanço dos estudos em biologia e fisiologia vegetal, aliado a tecnologias mais potentes para conduzir experimentos e recolher dados, que está fazendo com que os cientistas percebam que árvores e arbustos são criaturas sensíveis, que dividem o mesmo espaço com os animais na escala evolutiva.
História

A LÍNGUA DAS PLANTAS
Quem está mostrando as evidências mais contundentes de uma cara característica animal — a linguagem — nos vegetais são pequenas artemísias. Há mais de uma década, Karban cuida do cultivo de quase cem delas em um campo aberto na Califórnia. Regularmente, suas folhas ganham pequenos cortes que imitam dentadas de insetos para que emitam os compostos orgânicos voláteis, conhecidos pela sigla VOC. O objetivo é entender o papel desses elementos perfumados na natureza, que parecem enviar mensagens muito precisas de uma planta para outra.

Com seu campo californiano, Karban não só provou que esses compostos existem, como percebeu que eles viajam a até 60 centímetros de distância e são percebidos por outros ramos da planta, por pés vizinhos da mesma espécie e, por vezes, por outras espécies que estão ao lado. "As plantas coordenam suas defesas e as de seus parentes", afirma Karban, que estuda o tema há mais de trinta anos. "Esse e outros trabalhos indicam que a comunicação entre os vegetais é um fenômeno real que ocorre na natureza."

Pelas contas do pesquisador, outros 48 estudos de comunicação vegetal confirmam que as plantas detectam esses sinais aéreos. E dominam mais de uma língua: algumas conseguem também enviar mensagens para predadores de herbívoros que, atraídos pelos compostos emitidos, evitam que as folhas sejam comidas. "Plantas reconhecem os herbívoros que as atacam, às vezes até antes que eles cheguem", diz o pesquisador. "Descobrir essa linguagem das plantas, além de ser muito interessante, pode nos mostrar como manipular a defesa de safras inteiras."

SINAPSES VEGETAIS
Afora as mensagens voláteis, as plantas emitem sinais elétricos — semelhantes a sinapses dos neurônios — para enviar informações entre uma célula e outra. Edward Farmer, o biólogo pioneiro em pesquisas sobre comunicação vegetal da Universidade de Lausanne, na Suíça, descobriu, há alguns meses, uma maneira até então inédita de transmissão de sinais elétricos vegetais, com pulsos que seguem por longas distâncias entre as membranas da planta. É como um rudimento das sinapses animais
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Petróleo vazado no Golfo do México em 2010 causa anomalias em peixes

Petróleo vazado no Golfo do México em 2010 causa anomalias em peixes

Publicado em março 27, 2014 por 
Estudo aponta que espécies de atum nascem com problemas cardíacos e dificuldades para nadar. Explosão da plataforma da BP em 2010 derramou mais de 4 milhões de barris de petróleo na costa nos Estados Unidos.
Petróleo vazado no Golfo do México em 2010
O petróleo cru que vazou no Golfo do México após a explosão da plataforma Deepwater Horizon, em abril de 2010, está provocando anormalidades no desenvolvimento de espécies marinhas. Uma das consequências é a má-formação cardíaca em peixes como o atum-rabilho e o atum-amarelo.
A conclusão faz parte de um estudo da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, da sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira (25/03) na publicaçãoProceedings of the National Academy of Sciences. A data também marca os 25 anos do pior vazamento de petróleo da história do país, quando o navio Exxon Valdez despejou 41 milhões de litros de petróleo em uma área selvagem no Alasca.
No caso do desastre ambiental de 2010 no Golfo do México, mais de 4 milhões de barris de petróleo foram despejados ao longo de 7 mil quilômetros da costa norte-americana. Apesar das dimensões visíveis do acidente, estima-se que metade de todo o material tenha sequer chegado à superfície. No entanto, o acidente coincidiu com a época de reprodução dessas espécies, que depositam ovos na superfície oceânica.
A pesquisadora da Universidade de Standford, Barbara Block, uma das autoras do estudo, afirma que as evidências apontam um efeito comprometedor do óleo na fisiologia e morfologia dos embriões e larvas. O estudo mostrou que o petróleo age como um fármaco que impede processos-chave nas células cardíacas. O movimento de contração e descontração do músculo cardíaco é afetado, o que provoca arritmias.
As observações foram feitas usando microscópio, já que os alevinos dessas espécies são transparentes. A dificuldade maior dos pesquisadores foi encontrar amostras para os experimentos, uma vez que em seu habitat natural, as larvas de peixe estão misturadas a outros tipos de plâncton.
Larvas com defeitos
Assim, os cientistas inverteram o processo: utilizaram amostras do óleo cru colhidas no local do acidente em larvas criadas em cativeiro, uma atividade bastante rara. As anormalidades nos atuns foram observadas mesmo em baixas concentrações de óleo, inferiores às medições feitas no Golfo do México durante o acidente.
Os resultados confirmam uma tendência já verificada em estudos anteriores. De acordo com o coordenador do estudo, John Incardona, os atuns e olhos-de-boi, outro peixe estudado, foram afetados de maneira similar aos arenques que sofreram deformações depois do acidente do navio petroleiro Exxon Valdez.
Ele explica que os problemas cardíacos afetam diretamente a capacidade de natação dos peixes, criando uma mortalidade tardia ainda relacionada aos derramamentos. Como a pesquisa confirmou deformidades que já haviam sido registradas, os autores acreditam que peixes-espada, marlins, cavalas e outras espécies também enfrentem o mesmo problema.
Além disso, o estudo afirma que os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos derivados do óleo, que são as substancias que afetam diretamente o coração dos peixes, podem permanecer nos habitats marinhos por muitos anos, ampliando os impactos ambientais do acidente.
Matéria de Ivana Ebel , da Agência Deutsche Welle, DW, reproduzida pelo EcoDebate, 27/03/2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

ATENTAI-VOS:Chevron e os danos socioambientais no Equador: crime sem castigo

Chevron e os danos socioambientais no Equador: crime sem castigo, por Luiz Eça

Publicado em março 27, 2014 por 

Resíduos da Chevron no Equador. Foto do CUBADEBATE
Resíduos da Chevron no Equador. Foto do CUBADEBATE

[Correio da Cidadania] A Chevron acaba de ganhar um processo nos EUA contra 30 mil indígenas e sitiantes do Equador. Eles pleiteavam uma indenização por catástrofe ambiental provocada pela gigantesca petrolífera, uma das maiores do mundo.
Que envenenou toda a água de uma região e causou efeitos destruidores em extensas áreas da floresta amazônica, a maior reserva de oxigênio do planeta.
Tudo começou assim. Entre 1964 e 1992, a Chevron explorou petróleo na região de Oriente, no leste da Amazônia equatoriana.
Depois se retirou, levando consigo bilhões de lucros, e deixando derramados no solo um legado de 18 bilhões de galões de resíduos tóxicos, contendo hidrocarboneto aromático policíclico, em níveis muitas vezes mais alto do que o permitido nos EUA.
Com isso, toda a água da região foi contaminada, aumentando em 150% as chances das pessoas de contraírem câncer, além de causar graves doenças e outros problemas de saúde nos atuais moradores e até nas próximas gerações.
Relata a ONG Friends of The Forest: “Morte, abortos e defeitos de nascimento se espalham pelas comunidades, ameaçando alguns grupos indígenas de extinção. A destruição do meio ambiente das florestas foi devastadora”.
Desde 1993, advogados de moradores das áreas afetadas abriram processos contra a Chevron, exigindo que limpasse a sujeira provocada e reparasse os danos causados à saúde das pessoas.
Em 1995, a empresa concordou, em parte. No entanto, a limpeza que fez foi meramente cosmética. Limitou-se a cobrir de lixo fossas de petróleo usadas pela companhia para armazenar permanentemente detritos de petróleo e de produtos químicos, que acabavam penetrando nos suprimentos subterrâneos de água.
O processo prosseguiu e, em 2011, uma corte de justiça equatoriana decidiu a favor dos querelantes, condenando a Chevron a lhes pagar 19 bilhões de dólares.
Houve recursos e a corte superior reduziu as indenizações a 9,5 bilhões de dólares. Mas os pobres índios e sitiantes não receberam nada.
A Chevron já havia se mudado do Equador, não deixou quaisquer recursos para cumprir a sentença a que fora condenada.
A solução seria processá-la nos EUA e outros países, onde ela opera. Começaram por New York, onde ficavam seus escritórios centrais. Um acordo sequer foi tentado.
Em entrevista à revista New Yorker, diretores da Chevron afastaram esta possibilidade: “Nós lutaremos até mesmo se o inferno congelar. E, se isso acontecer, lutaremos no gelo”.
A gigantesca multinacional convocou um time de 60 firmas de advogados para defender sua causa.
Eles alegaram que a Chevron era a vítima, não os 30 mil moradores da floresta, que estariam tentando enganar a justiça com acusações falsas.
Os pobres equatorianos, junto com seu advogado, Steven Donziger, foram acusados de promover uma extorsão contra a Chevron.
A empresa apelou para o estatuto RICO – criado originalmente para processar sindicatos do crime organizado.
Apresentou provas de que um dos juízes equatorianos teria sido subornado por alguém ligado à causa das comunidades atingidas.
O SF Gate – blog de San Francisco (em 23/2/2014) – lembrou memorando que, em 2008, Sam Singer – um expert em gerenciamento de crises – enviou ao executivo da Chevron, Ken Robertson. Aconselhava a Chevron a acusar o judiciário equatoriano de corrupto e montar um ataque contra os indígenas e sitiantes e seus advogados. O que foi feito.
A Chevron apresentou depoimentos de um ex-juiz do Equador, narrando o suborno de um dos juízes do processo para dar ganho de causa aos querelantes.
Essa figura, Alberto Guerra, a testemunha-chave da argumentação em favor da Chevron, acabou admitindo que a “Chevron pagou 48 mil dólares por evidências físicas do suborno e para pagar despesas de viagem dele e de sua família… despesas de advogado…  e comprometeu-se a lhe pagar 12 mil dólares mensais, durante 2 anos, para suas despesas nos EUA”.
Muito em função do que essa testemunha relatou, o juiz Kaplan considerou desnecessário examinar todos os pareceres científicos dos danos causados ao povo e ao ambiente da floresta amazônica leste. E proibiu que fossem apresentados no julgamento pelo advogado dos 30 mil prejudicados.
Esqueceu-se de que os advogados da Chevron violaram lei federal ao pagarem pelo depoimento de uma testemunha e, especialmente, ao subornarem o ex-juiz Alberto Guerra para depor a seu favor.
Pelo princípio de que a árvore doente contamina os seus galhos, tudo apresentado com base no que foi obtido ilegalmente teria de ser desconsiderado.
Mas Kaplan considerou a Chevron inocente.
Para muitos advogados que acompanharam o processo, o juiz estava predisposto contra os autores do processo.
Tentou mesmo decidir de forma definitiva, excluindo a possibilidade de recurso a instâncias superiores, o que, porém, foi recusado.
Os 30 mil pobres equatorianos, sob ameaça do câncer e mortes prematuras, e comunidades indígenas condenadas a desaparecer por abortos, mortes de nascituros e crianças defeituosas, perderam esta batalha.
Mas não a guerra. Há recursos na justiça norte-americana e processos em andamento no Brasil, Canadá e México, onde a Chevron tem negócios e consideráveis ativos.
A lei tarda, mas não falha. Vamos ver se é verdade.
Leia também:
Luiz Eça é jornalista.
Website: www.olharomundo.com.br

Artigo originalmente publicado no Correio da Cidadania, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
EcoDebate, 27/03/2014

Mapa inédito coloca o Brasil em 3º lugar em conflitos ambientais

Mapa inédito coloca o Brasil em 3º lugar em conflitos ambientais

O mapa mostra como os conflitos ecológicos estão aumentando por demanda mundial das classes média e alta


Fonte: BBC Brasil

Em um projeto inédito, a Universidade Autônoma de Barcelona mapeou conflitos ambientais em todo mundo. No mapa, o Brasil aparece em terceiro lugar (ao lado da Nigéria) em número de disputas, enquanto a mineradora brasileira Vale ocupa a quinta posição no ranking de empresas envolvidas nessas questões.
O mapa (veja aqui), uma plataforma interativa, é o resultado do trabalho de uma equipe internacional de especialistas coordenados pelos pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental da universidade espanhola.
Entre os 58 conflitos ambientais em curso no Brasil há disputas agrárias como o caso de Lábrea, cidade no Amazonas próxima à fronteira com o Acre e Rondônia, onde agricultores são vítimas da ameaça de madeireiros e grileiros.
Há ainda diversos conflitos indígenas, disputas por recursos hídricos e por reservas minerais.
No caso da Vale, 14 das 15 disputas em que a empresa está envolvida ocorrem na América Latina, especialmente no Brasil, mas há casos também na Colômbia, no Peru e no Chile. O mapa cita ainda um conflito entre a mineradora e agricultores em Moçambique.
Segundo o artigo do pesquisador da Fiocruz Marcelo Firpo Porto mostrado na seção sobre o Brasil, apesar de o país ter passado por um processo de industrialização e não ser mais exclusivamente agrário, seu modelo de exportação “reproduz o padrão da América Latina e continua concentrado na exploração dos recursos naturais, com commodities crescendo em importância em relação a produtos manufaturados nos últimos anos”.
“Conflitos ambientais no Brasil que aparecem no mapa do EJOLT (Environmental Justice Organizations, Liabilities and Trade, um projeto europeu de organizações de justiça ambiental) refletem esse modelo de desenvolvimento adotado pelo governo brasileiro”, afirma o pesquisador.
Porto afirma que vários conflitos estão associados à expansão da agricultura, mineração, hidroelétricas e exploração de petróleo em áreas de terras altas e no litoral – e destaca entre as áreas afetadas os territórios de comunidades tradicionais que, historicamente, viviam de forma sustentável.
“Essas populações continuam vivendo à margem do sistema político e sem políticas públicas que reconheçam e garantam sua subsistência e territórios. Conflitos de terras envolvem disputas entre setores econômicos e índios, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas (como o seringueiro assassinado Chico Mendes), pescadores artesanais e um grande número de comunidades rurais que tradicionalmente exploram coletivamente a terra e os recursos das florestas.”
O pesquisador aponta que muitos conflitos também estão associados à construção de obras de infraestrutura e geração de energia, como estradas, ferrovias, oleodutos, complexos portuários, hidroelétricas e termelétricas, e até fazendas de energia eólica.
E na lista de conflitos ambientais no Brasil apontados no mapa do EJOLT estão empreedimentos como o gasoduto Urucu-Coari-Manaus, da Petrobras, o complexo petroquímico de Itaboraí, no Rio de Janeiro, a usina hidroelétrica de Aimorés, a exploração de petróleo e gás em Coari, no Amazonas, entre outros.

Classes média e alta
O mapa foi apresentado na quarta-feira em Bruxelas, pela Delegação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
“O mapa mostra como os conflitos ecológicos estão aumentando em todo o mundo, devido a demanda por materiais e energia da população mundial de classe média e alta”, afirmou Joan Martínez Alier, diretor do EJOLT.
“As comunidades mais impactadas por conflitos ecológicos são pobres, frequentemente indígenas e não têm poder político para ter acesso à justiça ambiental e aos sistemas de saúde”, acrescentou.
O mapa permite que os usuários localizem e visualizem conflitos por tipo de material (minerais, hidrocarbonetos, água ou resíduos nucleares), por companhias envolvidas e por países.
Na América Latina o maior número de casos documentados pelo mapa estão na Colômbia, com 72 casos, Brasil, com 58, Equador, 48 conflitos ambientais, Argentina, 32, Peru, 31, e Chile com 30 casos.
A iniciativa, que contou com a participação de 23 universidades e organizações de justiça ambiental de 18 países, tem vários objetivos. Entre eles, tornar mais acessível a informação e dar mais visibilidade a estes problemas.
Os criadores do projeto esperam que novas organizações civis e especialistas contribuam para preencher os espaços ainda vazios no mapa com mais pontos de conflito e informações.
Por enquanto, apesar de os milhares de conflitos assinalados ainda despertarem pessimismo, os responsáveis pelo mapa apontam para sinais positivos.
“O mapa mostra tendências preocupantes como a impunidade de companhias que cometem crimes ambientais ou a perseguição dos defensores do meio ambiente, mas também inspira esperança”, disse Leah Temper, coordenadora do projeto. “Entre as muitas histórias de destruição ambiental e repressão política, também há casos de vitórias na justiça ambiental.”
Temper afirma que este é o caso em 17% dos conflitos analisados: ações foram vencidas na justiça, projetos foram cancelados e bens foram devolvidos para algumas comunidades.

Postado por Daniela Kussama

Rio e São Paulo não têm nenhum rio com boa qualidade

AMBIENTE

ÁGUAS TURVAS

Rio e São Paulo não têm nenhum rio com boa qualidade

Fundação SOS Mata Atlântica analisou a qualidade da água de 96 rios, córregos e lagos que passam pelo bioma Mata Atlântica, em sete diferentes estados do Brasil. Apenas 11% apresentam boa qualidade e nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro nenhum passou no teste. Principal fonte de poluição é o despejo de esgoto doméstico

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Débora Spitzcovsky Planeta Sustentável -

Rodrigo Soldon/Creative Commons

Na Semana Mundial da Água, a necessidade de cuidar melhor dos cursos d’água do Brasil urge. Levantamento divulgado nesta quarta-feira (19) pela Fundação SOS Mata Atlântica revelou que a maioria dos rios, córregos e lagos brasileiros apresenta baixa qualidade.

O estudo analisou a água de 96 cursos que correm por sete estados do sul e sudeste do Brasil, no bioma Mata Atlântica. O resultado? 40% deles têm qualidade ruim ou péssima, 49% estão em situação regular e, apenas, 11% podem ser considerados de boa qualidade. Não por coincidência, todos os rios e mananciais que foram aprovados no teste estão localizados em áreas protegidas e que contam com matas ciliares preservadas.

"Notamos na prática a importância de recuperar a floresta. Em seis pontos que monitoramos, por exemplo, nos Córregos São José e da Concórdia e no Rio Ingazinho, na Bacia do Rio Piraí, em SP, a qualidade da água passou de regular a boa após trabalho de reflorestamento", conta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica, e coordenadora do estudo. Ela conclui: "Isso comprova que para garantir água em qualidade e quantidade é preciso recompor matas ciliares e manter as florestas".

Mas não é só de mais verde que o Brasil precisa. Melhor coleta e tratamento deesgoto, bons planos diretores e um trabalho de conscientização dos cidadãostambém são fundamentais. Isso porque o estudo da SOS Mata Atlântica apontou que as principais fontes de poluição e contaminação nos cursos d’água analisados são a falta de saneamento básico, o lançamento de produtos químicos nas redes públicas de tratamento e a poluição proveniente do lixo, respectivamente.

SÃO PAULO E RIO PASSARAM VERGONHA Em análise inédita feita em rios das 32 subprefeituras da capital paulista e de 15 pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro, a SOS Mata Atlântica concluiu que nenhum curso d’água desses dois municípios tem água de boa qualidade.

Em São Paulo, o levantamento feito em fevereiro deste ano revelou que 23,53% dos rios têm qualidade péssima, 58,82% apresentam qualidade ruim e 17,65% possuem qualidade regular. Entre eles, estão o Lago do Ibirapuera e a Represa Billings. Em ambos os casos, a água foi considerada "ruim".

Já no Rio de Janeiro, análise feita no mesmo período concluiu: 40% dos cursos d’água estão em situação regular e 60% em situação ruim - como é o caso dos rios do canal do Jockey, no Jardim Botânico, e do canal do Mangue, na Vila Isabel.

VAMOS ÀS BOAS NOTÍCIAS O estudo da SOS Mata Atlântica ainda comparou a situação de 88 cursos d’água, localizados nas cidades de São Paulo e Minas Gerais, em 2010 e 2014. De acordo com o relatório, o número de rios de péssima qualidade caiu de 15 para 17, assim como os de qualidade regular - eram 50 em 2010 e são 37 em 2014.

E mais: a quantidade de rios classificados como bons subiu de 5 para 15, assim como a de rios ruins, que foram de 18 para 29. "Mas isso não significa que aumentou o ruim. Tivemos a diminuição da quantidade de classificações péssima", explica Gustavo Veronesi, um dos organizadores do levantamento.

Confira o relatório Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, na íntegra
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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Aplicativo brasileiro vai monitorar o desaparecimento das abelhas

Aplicativo brasileiro vai monitorar o desaparecimento das abelhas

Redação - Veja.com - 01/04/2014

wolfraven/Creative Commons



Um pesquisador da USP de Ribeirão Preto e seu filho, um publicitário, criaram um aplicativo de computador, smartphone e tablet para monitorar o desaparecimento de colônias de abelhas. O Bee Alert, como foi batizado o aplicativo, é gratuito e está disponível online.

As abelhas são uma peça-chave para a agricultura e, assim, para a comida que está no nosso prato. Esses insetos polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Nos últimos oito anos, apicultores ao redor do mundo têm percebido que suas colônias estão diminuindo. Entre os motivos que já foram apontados para explicar o declínio das populações estão a ação de vírus, fungos, bactérias e o uso de pesticidas. Segundo dados do Coloss, grupo de cientistas de diversos países que estuda o sumiço das abelhas, algumas regiões da Europa perderam até 53% de suas colônias.

Embora o fenômeno tenha sido detectado no Brasil, não se sabe qual é a sua dimensão — resposta que os criadores do aplicativo querem ajudar a encontrar. "A plataforma é uma ferramenta online para que apicultores, meliponicultores e a comunidade científica possam fazer registros de desaparecimento ou de perdas significativas de abelhas em seus apiários", diz o publicitário Daniel Malusá Gonçalves, que desenvolveu o aplicativo com seu pai, o biólogo Lionel Segui Gonçalves, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e presidente do Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte (Cetapis). O Bee Alert faz parte da campanha Bee or not to Be?, criada por Lionel para proteger as abelhas.

O aplicativo vai funcionar de uma maneira simples: o produtor ou o pesquisador registrará o local do seu apiário e, na ocorrência de sumiço das abelhas, informará a intensidade do desaparecimento (quantas colmeias foram prejudicas e qual a porcentagem da perda), as possíveis causas (doenças, pragas e clima, por exemplo) e os prejuízos. Além disso, o produtor ou o pesquisador deve declarar se os insetos sumiram ou migraram para áreas próximas. "Estamos numa etapa inicial e sabemos que vamos lidar com dificuldades, como o baixo acesso à tecnologia pelo apicultor e seu receio de expor o problema", diz Daniel.

A ferramenta está disponível em português, mas a promessa é que ela seja oferecida em espanhol e inglês no próximo mês. "Acreditamos que o aplicativo poderá ser usado em outros países, pois enfrentamos problemas e desafios similares quando o assunto é a proteção das abelhas", afirma Daniel

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Municípios vão ter audiências

Municípios vão ter audiências

A Frente Parlamentar em Defesa da Bacia do Paraíba do Sul, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) anunciou na tarde de ontem, a realização de uma série de audiências públicas nas regiões cortadas pelo rio, para discutir a intenção do governo de São Paulo de realizar a segunda transposição das águas. De acordo com a presidente do colegiado, deputada Inês Pandeló (PT), o circuito de encontros começará no dia 10 deste mês, às 18h, na Universidade Federal Fluminense (UFF), de Volta Redonda. Em seguida, a Frente Parlamentar chega a Campos e, em maio, à cidade de Sapucaia. Há duas semanas, o governo paulista anunciou que vai pedir a captação de água do Paraíba do Sul, no Sistema Cantareira, que está em estado crítico por causa da escassez de chuvas.
— Os estudos nos dão argumentos para que lutemos em defesa do nosso estado e do Paraíba. Ficou claro que o Rio vai sofrer. Os estudos técnicos mostram que existem alternativas diferentes para São Paulo ter água. A atitude do governador Geraldo Alckmin foi autoritária — disse Pandeló, adiantando que pedirá ao presidente da Casa, deputado Paulo Melo (PMDB), a inclusão do tema nas discussões do Fórum Permanente de Desenvolvimento Econômico do Estado. A deputada destacou também, que enviará ofício à Agência Nacional de Águas (ANA), solicitando uma audiência com o órgão, e que irá organizar um abaixo assinado na internet contra o projeto.
O diretor executivo Agência da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap), André Luiz Marques, apresentou o estudo encomendado pelo governo de SP da Transposição do Paraíba, destacando os possíveis impactos, cenário atual e futuro. De acordo com Marques, o estudo pau- lista não considera o cenário de gestão e controle e as necessidades industrial, urbana e de irrigação. O estudo encomendado pelo Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul (Ceivap) apontou que há um déficit hídrico de oito metros cúbicos por segundo em alguns trechos, e que uma segunda transposição agravaria o problema. A presidente do Instituto Estadual de Ambiente (Inea), Isaura Fraga, ressaltou que uma possível transposição afetaria todo o RJ, e também classificou a medida co-mo autoritária. “Existe uma regra operativa em vigor, e ela tem que ser cumprida”, disse.
Alerta – A proposta de Alckmin, de desviar parte da água do Paraíba para abastecer SP, pode comprometer as futuras gerações do RJ. A informação foi dada através de Nota Técnica do Inea para apontar as possíveis consequências da transposição do rio. O Ministério Público Federal (MPF) em Campos recomendou ao governo paulista que não realize obras de transposição do rio, sem antes ouvir os órgãos e entidades.

FONTE ;folha da manha;
Dulcides Netto
Foto: divulgação

As lições do mico-leão-preto que escapou da extinção

As lições do mico-leão-preto que escapou da extinção

ALEXANDRE MANSUR

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Mico-leão-preto na floresta (Foto: Divulgação)

No meio de tanta notícia ambiental desanimadora, algumas histórias de sucesso realimentam a esperança. Uma delas é o salvamento do mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus). A espécie foi considerada extinta por cerca de 65 anos. Nesse período, não houve nenhum registro de sua ocorrência. Foi redescoberta nos anos 1970. Depois de décadas de trabalho de conscientização e conservação, o mico-leão-preto deixou a lista das espécies mais ameaçadas. O estado das populações continua delicado, mas é possível afirmar que o maior perigo já passou. Essa história é contada em detalhes no livro Mico-Leão-Preto - A história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada, da bióloga Gabriela Cabral Rezende, do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), que participou do salvamento. Uma das lições do mico é a importância de unidades de conservação. A outra é o envolvimento da população local.
A aventura do mico-leão começou com a redescoberta de uma população no Pontal do Paranapanema (extremo oeste do estado de São Paulo), em 1970. Isso animou os pesquisadores. Em 1983, porém, alguns deles foram informados que a construção de uma usina hidrelétrica inundaria 10% da área de ocorrência daquela população de micos. Era a maior e única capaz de sobreviver por um longo prazo. Na época, o mico-leão-preto era considerado um dos primatas mais ameaçados do mundo, com cerca de 100 indivíduos vivendo na natureza. O risco motivou o início de pesquisas e ações de envolvimento comunitário para salvar a espécie. Assim, surgiu o Programa de Conservação do Mico-leão-preto (PCMLP), que completa 30 anos em 2014. O esforço de salvamento do mico também deu origem a organização socioambiental IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), fundado em 1992 e responsável até hoje pelo plano de conservação da espécie.
Gabriela conta mais sobre as lições do mico em entrevista a ÉPOCA.
ÉPOCA: Como foi possível salvar o mico-leão-preto?
Gabriela Rezende: As principais ações que contribuíram para salvar o mico-leão-preto da extinção incluíram o manejo de populações, feito através de movimentações de micos-leões de um fragmento a outro onde a espécie não era mais encontrada. Isso resultou no estabelecimento de uma nova população. Também houve a criação de unidades de conservação, essenciais para a proteção do que resta de habitat disponível para a espécie. Um exemplo é a Estação Ecológica Mico-leão-preto, criada em 2002 no Pontal do Paranapanema. Também ocorreram ações de restauração do habitat e da conectividade entre os fragmentos de ocorrência de mico-leão-preto. Elas geraram, em 2012, o maior corredor de biodiversidade já reflorestado no Brasil, com 1,4 milhões de árvores plantadas ligando a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto ao Parque Estadual Morro do Diabo. Diversas estratégias de envolvimento comunitário abordaram mais de 20 mil pessoas ao longo dos anos. Algumas oferecem alternativas sustentáveis de geração de renda. Como exemplo, temos o estabelecimento de viveiros comunitários em assentamentos rurais, que produzem mudas direcionadas aos próprios projetos de restauração da região. Atualmente, a população de mico-leão-preto conhecida na natureza é constituída de pouco mais de mil indivíduos, distribuídos em aproximadamente 20 pequenas áreas de floresta pelo estado de São Paulo, entre os rios Tietê e Paranapanema. Devido aos esforços contínuos, em 2008 o mico-leão-preto deixou a categoria de “Criticamente Ameaçado” na Lista Vermelhade Espécies Ameaçadas de Extinçãoda IUCN (International Union for Conservation of Nature), passando a ser considerado “ameaçado”. Apesar dos progressos, ainda há muito a ser feito.
A bióloga Gabriela Rezende com seu livro (Foto: Divulgação)
ÉPOCA: Que garantias temos de que o hábitat dele será conservado agora?
Gabriela: A conservação de uma ou de diversas espécies é completamente dependente da conservação do hábitat em que elas ocorrem. A garantia de proteção do hábitat ainda é muito vinculada a questões políticas. Por isso, apesar de a criação de unidades de conservação ser o mecanismo mais seguro para garantir a perpetuidade das manchas de floresta que ainda restam, essas mesmas áreas podem sofrer perdas, também sob respaldo legal, seja por razões ambientais, políticas,sociais ou econômicas. Por isso, sensibilizar e envolver cada vez mais pessoas na conservação de espécies ou de um ecossistema pode fortalecer essa garantia, de que daqui muitos anos tais áreas ainda existirão e terão sofrido um impacto mínimo ao longo do tempo.
ÉPOCA: Quais são as lições desse caso para esforços de conservação de outras espécies?
Gabriela: As estratégias utilizadas para a conservação do mico-leão-preto podem ser facilmente replicadas para outras espécies ameaçadas ao redor do mundo, desde que adaptadas à realidade local e com objetivos claros. Mas a principal lição que podemos tirar desse caso é a importância de pessoas engajadas e motivadas a lutarem para salvar uma espécie. O mico-leão-preto é um caso de sucesso porque encontrou em seu caminho algumas pessoas, atuantes nas mais diversasáreas (governo, terceiro setor, universidades), que tornaram o objetivo de suas vidas melhorar as condições para que a espécie pudesse sobreviver. Se não fosse o comprometimento e a vontade dessas pessoas, gente como a gente, talvez não encontraríamos mais esse primatinha correndo pelas matas paulistas. Meu desejo em disseminar essa história através de um livro é que mais gente se inspire para que mais espécies sejam salvas.
ÉPOCA: Algumas espécies conseguem atrair a empatia do público. Elas são usadas para justificar e financiar esforços de conservação de grandes ambientes naturais. São as espécies-bandeira. Essa estratégia ainda é eficaz hoje?
Gabriela: A estratégia de espécies-bandeira já foi mais utilizada. Atualmente elas estão perdendo um pouco do foco para a abordagem mais abrangente de ecossistemas. Apesar disso, elas ainda atraem bastante a atenção do público e não devem ser deixadas de lado. Eu, particularmente, acredito no potencial dessas espécies carismáticas em difundir a mensagem conservacionista e engajar mais pessoas na causa. A meu ver, as pessoas tem uma certa facilidade em se identificar com espécies, mais que com hábitats, sensibilizando-se com as ameaças e apropriando-se do problema para buscar uma solução. Se as estratégias atuais de conservação seguem outras tendências, o segredo para não perder o foco é utilizá-las em conjunto.
ÉPOCA: Usar espécies-bandeira como estratégia de conservação não deixa o público menos consciente do papel do próprio ecossistema como um todo? Isso não deixa de fora a importância de uma floresta para equilibrar o clima ou gerar nascentes, por exemplo?
Gabriela: Isso pode acontecer, dependendo da estratégia de divulgação que se utiliza. A função das espécies-bandeira é chamar atenção para a situação de perigo do ecossistema a que estão associadas e auxiliar na difusão da mensagemconservacionista. Se elas forem capazes de mostrar a importância de se conservar florestas, não somente pela sua existência em si, mas por todos os benefícios que estas podem trazer e por toda a biodiversidade que estará sendo salva embaixo do guarda-chuva de uma espécie-bandeira, o uso dessa estratégia estará cumprindo com seus objetivos. Além disso, cada pessoa se sensibiliza com a conservação de uma forma diferente, exigindo essa diversidade de abordagens para conscientização. O que realmente importa, no fim das contas, são os benefícios para o meio ambiente e para todos nós, espécies desse planeta.
ÉPOCA: Qual é o primata brasileiro em estado mais crítico hoje?
Gabriela: Alguns primatas brasileiros estão atualmente em estado bastante crítico e preocupante, sendo a redução de seus hábitats a principal ameaça. Na Mata Atlântica, ecossistema que o mico-leão-preto habita, temos o bugio-ruivo do norte do rio Jequitinhonha (Alouatta guariba guariba) e o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus). Na Amazônia,os primatas em estado crítico ocorrem principalmente na região do arco do desmatamento ou próximos aos grandes centros urbanos,tais como o caiarara (Cebus kaapori), o cuxiú-preto (Chiropotes satanas) e o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor). E ainda há a Caatinga, um ecossistema que corre sérios riscos, e que tem uma espécie de guigó exclusiva dela, oCallicebus barbarabrownae, tão ameaçada quanto. Destas, o bugio-ruivo e o caiarara integram a lista de 2012-2014 das 25 espécies de primata mais ameaçadas do mundo, publicada bianualmente pelo Grupo Especialista em Primatas da IUCN. O mico-leão-preto fez parte dessa lista no biênio 2000-2002.


 
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