terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Faça uma dieta de leituras

Faça uma dieta de leituras

Passar o dia inteiro nas redes sociais é tão saudável quanto viver à base de fast-food

DANILO VENTICINQUE

Kindle
Share4
O Facebook está insuportável hoje. Pelo menos foi isso o que um amigo me disse. Não duvido: com a quantidade de assuntos polêmicos em pauta, poucos resistem à tentação de entrar em debates acalorados e intermináveis sobre tudo. O advogado de bermuda, a comentarista descompensada, o Batman no Leblon. Quanto mais pitoresco o tema, maior parece ser a vontade de se debruçar sobre ele para escrever um post “definitivo”. Perdi a conta de quantas vezes sucumbi a essas armadilhas. Com a proximidade das eleições, elas devem se tornar cada vez mais frequentes. Tenho tentado não cair nelas. Estou de dieta.

Houve um tempo em que os pessimistas diziam que passaríamos o dia inteiro assistindo à televisão e não leríamos mais nada. Estavam errados. Ironicamente, nunca lemos tanto quanto hoje, nos celulares, tablets e na tela do computador. E, infelizmente, nunca lemos tão mal.

Nutricionistas costumam organizar os tipos de alimentos numa pirâmide. Na base estão os cereais, verduras e frutas que precisamos comer várias vezes ao dia. O meio é reservado às carnes magras e derivados do leite, que devemos comer com moderação. No topo, tudo aquilo que devemos evitar no dia-a-dia, como doces e carnes gordurosas.

Poderíamos fazer um gráfico semelhante com as leituras. Na base estariam os livros. No topo, as discussões vazias nas redes sociais. No meio ficariam os artigos e reportagens, online e offline. Alguns podem ser tão enriquecedores quanto um livro. Outros, tão superficiais quanto uma foto de um gato no Facebook.

Não é preciso levar o exercício mental muito adiante para perceber que nossa dieta anda péssima. As redes sociais tomam a maior parte do nosso tempo de leitura. Elas nos levam com frequência a blogs ou sites de notícias. Aproveitamos um texto ou outro, mas nos esquecemos da imensa maioria.
Aos livros, que teoricamente deveriam ser nossa principal fonte de leituras, reservamos apenas uma pequena fração do nosso tempo de leitura. Por acreditar que os livros exigem concentração e silêncio, preferimos nos distrair com textos irrelevantes o dia inteiro e deixar as leituras sérias para o dia seguinte ou para mais tarde, quando já estamos cansados de ler bobagens e mal aguentamos manter os olhos abertos. É como se tivéssemos um banquete à nossa disposição, mas nos entupíssemos de balas e cachorros-quentes antes de sentar à mesa.

O primeiro passo para mudar a sua dieta de leituras é reconhecer que aproveitamos muito mal nosso tempo. Vale repetir a pergunta proposta pelo escritor suíço Rolf Dobelli em seu livro A arte de pensar claramente: de todas as notícias e posts em redes sociais que você leu no último ano, quantos realmente fizeram diferença na sua vida? Minha resposta foi alarmante: apenas dois ou três posts em blogs e, com sorte, meia dúzia de reportagens. Nenhum post em redes sociais. Nada que justifique as dezenas de horas que dedico a essas leituras semanalmente. Quanto aos livros, lembro de todos os que li durante o período. Mesmo os que não gostei de ler me ensinaram algo. Era hora de mudar meus hábitos.

Seria um exagero abandonar o Facebook completamente, assim nenhum nutricionista que se leve a sério diria para alguém cortar os doces para todo o sempre. O mesmo vale para o fast-food da informação. As redes sociais nem sempre são prejudiciais. Basta usá-las com moderação e tirar algum proveito delas. Cada um sabe sua forma de aproveitá-las.

Desde que decidi fazer uma dieta de leituras, abandonei as discussões no Facebook e no Twitter. Em vez disso, tenho usando as duas redes para receber e compartilhar reportagens sobre literatura. Por falar em reportagens, também reduzi o tempo que dedico a elas. Jamais conseguiria ficar três anos sem ler notícias, como Dobelli ficou – especialmente na minha profissão. Mas descobri que posso sobreviver tranquilamente lendo somente as principais notícias do dia e assinando três ou quatro publicações essenciais para quem trabalha na minha área. O resultado? Além de conseguir mais tempo para os livros, não sinto a menor falta das polêmicas digitais.

Na próxima vez em que o seu Facebook estiver insuportável, não reclame dele. Feche a aba do navegador. Procure outras leituras. Se alguém insistir para que você diga algo sobre o assunto polêmico do dia, experimente a sensação libertadora de não ser obrigado a expressar sua opinião sobre tudo. Peça desculpas. Diga que está de dieta.
Danilo Venticinque escreve às terças-feiras.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Capacidade de geração de energia eólica aumenta 18% no Brasil em 2013


Capacidade de geração de energia eólica aumenta 18% no Brasil em 2013

Por Reuters 
Texto

Número de usinas passou de 76 para 90, com 2.181 megawatts capacidade instalada em operação comercial no País

Reuters

Prefeitura de Arfons
Em dezembro de 2013, o fator de capacidade médio das eólicas brasileiras foi de 36%

A energia eólica encerrou 2013 com 2.181 megawatts (MW) de capacidade instalada em operação comercial no Brasil, um acréscimo de 18%, ou 340 MW, no ano na comparação com dezembro de 2012, segundo dados do primeiro Boletim das Usinas Eólicas, que passa a ser divulgado mensalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O número de usinas em funcionamento passou de 76 para 90 no ano passado e, segundo a CCEE, a geração eólica no Brasil em 2013 resultou em fatores de capacidade superiores aos registrados em países como Estados Unidos, Espanha e Alemanha, por exemplo.
Em dezembro de 2013, o fator de capacidade médio das eólicas brasileiras – que mede a eficiência na produção de energia dos parques – foi de 36%, sendo que tal fator variou de um mínimo de 24% em abril a um máximo de 47% em outubro.
O Boletim da CCEE não leva em consideração os cerca de 594 MW de capacidade instalada de usinas que já estavam em condições de entrar em operação comercial no ano passado, mas que dependiam de sistemas de transmissão atrasados para fazê-lo.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Em Amsterdã, além de esporte, o Stand Up é também uma alternativa limpa de transporte urbano

Em Amsterdã, além de esporte, o Stand Up é também uma alternativa limpa de transporte urbano


Transporte, irrigação e captação de água. Esses são alguns dos benefícios dos rios (no caso dos canais) para uma cidade capaz de integrar meio ambiente e urbanismo. Os famosos canais de Amsterdã foram resultado do bom planejamento da cidade. A canalização das águas evitou que a cidade fosse inundada e fez com que se criassem também vias adicionais para circulação. Amsterdã possui hoje ônibus que trafegam pelas hidrovias dos canais e também barcos, que servem como restaurante, residência e oficinas, atracados nos canais semicirculares.
De SUP pela cidade
Com a popularização do stand Up paddle, bastou unir o útil ao agradável. Bem agasalhados e apostando no equilíbrio, alguns moradores começaram a usar as pranchas com remo para se locomover pela cidade. A mania pegou tanto que Amsterdã já promove até mesmo o Hiswa Sup Tour, que terá sua próxima edição no dia 2 de março. Trata-se de uma espécie de pedalada, mas em vez de sair de bike em grupo pelas ruas da cidade, os participante saem remando pelos canais.

Por que os investimentos verdes no Brasil desabaram em 2013?

Tempo fechou | 

Por que os investimentos verdes no Brasil desabaram em 2013?

No ano passado, foram investidos apenas US$ 3.4 bilhões em fontes renováveis e sistemas inteligentes de energia, ante US$ 7.1 bilhões em 2012

Getty Images
Torres de energia eólica da Acciona Windpower
Tempo fechou: em 2012, foram contratados apenas 289 MW, uma queda de 90% em relação a 2011
São Paulo – Se 2013 não foi lá um ano excepcional de investimentos em tecnologias limpas no mundo, quando se coloca a lupa sobre o Brasil, a derrocada é patente. O investimento caiu pela metade, bem abaixo da queda média mundial de 11%.
No ano passado, o país investiu US$ 3.4 bilhões em fontes renováveis e sistemas inteligentes de energia, ante uma contribuição de US$ 7.1 bilhões em 2012. Os dados são da empresa de pesquisa Bloomberg New Energy Finance (Bnef).
Pibinho e ventos fracos
Para especialistas, a baixa contribuição brasileira é reflexo da situação econômica do país no ano anterior e dos negócios acordados no período.
Um ano que foi especialmente ruim para a eólica, como lembra Elbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
“Em 2012, foram contratados apenas 289 MW, uma queda de 90% em relação ao volume contratado no anterior e o menor desde 2009”, explicou a executiva à EXAME.com.
O baixo crescimento do PIB naquele ano, que foi de 0,9% - o pior desempenho desde o pico da crise, em 2009, quando encolheu 0,3% - também gerou um “pessimismo no investidor”, que recuou nas aplicações de capital.
Outra fator que ajudou a achatar os números do país, segundo Élbia, foi a Medida Provisória 579, que trata das renovações das concessões de geração, transmissão e distribuição do setor elétrico. “Gerou mal estar no mercado e mexeu com o espirito dos investidores”, disse.
Para 2014, as perspectivas são promissoras, reflexo do bom desempenho dos negócios de 2013, considerado fora da curva: a eólica contratou 4.7 GW, superando a contratação recorde de 2011, de 2.7 GW.
América Latina: a nova fronteira
Desde 2004, o Brasil vinha dominando o mercado de energia limpa na América Latina, respondendo em média por 60% de todos os investimentos na região. Isso mudou em 2013.
Chile, México e Uruguai todos investiram mais de US$ 1 bilhão para a energia limpa, conforme o estudo da Bnef.
“Não só a indústria está se consolidando nesses países como tem aumentado as condições favoráveis para expansão de novas fontes. Em outras partes do mundo, o mercado está saturado”, explicou à EXAME.com a analista de pesquisa da Bloomberg New Energy Finance, Lilian Alves.
Depois de viver secas e apagões frequentes, o Uruguai resolveu apostar em energia eólica e solar, como alternativa às termelétricas a diesel e à vulnerabilidade de suas hidroelétricas.
Com geração precária de energia no Norte, o Chile está aproveitando o potencial de insolação da região para atrair projetos grandes de centrais solares.
Enquanto isso, o México possui recursos eólicos de alto aproveitamento e se mostra um mercado tão atraente quanto o Brasil: tem infraestrutura grande e alta demanda por energia.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O cambuci voltou

DE VOLTA À NATUREZA

O cambuci voltou

Com o crescimento urbano, a cachaça de cambuci sumiu, assim como a própria fruta, cuja árvore hoje se encontra em sério risco de extinção. Mas há esperança, pois dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento

-  A  A  +

Xavier Bartaburu

Pergunte a um paulista sobre o cambuci. Se for da capital, dirá que é bairro. Se for do interior, é provável que se lembre da cachaça. Ambos estão certos. O nome deriva, de fato, dessa fruta nativa da Mata Atlântica, endêmica da Serra do Mar, outrora abundante no sul da região metropolitana de São Paulo. Não apenas brotava na floresta como também no pomar das casas, onde era cultivada para servir de aromatizante na cachaça. 

Com o crescimento urbano, a cachaça de cambuci sumiu, assim como a própria fruta, cuja árvore hoje se encontra em sério risco de extinção. Por isso o cambuci hoje faz parte da Arca do Gosto, lista de alimentos ameaçados criada pela fundação Slow Food.

Agora, dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento, decididos a explorar o potencial dessa fruta profundamente aromática, doce na fragrância e ácida no paladar. Em todo o cinturão verde de São Paulo, surgiram sucos, sorvetes, geleias, licores e até cosméticos produzidos à base de cambuci - sem falar de receitas excêntricas, como a moqueca e o estrogonofe.

A vitrine disso tudo é a Rota Gastronômica do Cambuci, uma integração de festivais locais que acontece entre março e setembro, cada mês em uma cidade. Em 2013, houve a participação de quase 60 produtores, de sete municípios. A rota vai aumentar este ano. "Já distribuímos mais de 10 mil mudas", conta Gabriel Menezes, diretor da AHPCE (Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica), a entidade que organiza o evento
.

Brasileiros registram o jacu-estalo-escamoso

Brasileiros registram o jacu-estalo-escamoso, ave rara da Amazônia

Dois guias de ecoturismo conseguem fotos e vídeo da espécie Neomorphus squamiger, um dos pássaros mais raros e desconhecidos da Floresta Amazônica

por Débora Spitzcovsky
     
Jorge Lopes

Jacu-estalo-escamoso (Neomorphus squamiger)

Jacu-estalo-escamoso (Neomorphus squamiger)
Jorge Lopes e Francisco de Carvalho Souza, dois brasileiros que trabalham como guias em um hotel na cidade de Alta Floresta, no Mato Grosso, estão movimentando a comunidade de birdwatchers (ouobservadores de aves). Isso porque, recentemente, eles conseguiram fazer registros em foto e vídeo dojacu-estalo-escamoso (Neomorphus squamiger), um dos pássaros mais raros e desconhecidos daAmazônia brasileira.
Obter o material não foi fácil: após notar a presença do animal na mata, em 2006, durante uma trilha naReserva Particular de Patrimônio Natural Cristalino, os guias dedicaram cerca de sete anos de suas vidas a uma árdua pesquisa de localização, observação e registro de hábitos do bicho. Apenas em 2013, eles conseguiram filmar e fotografar a ave.
Além de importantes constatações a respeito da aparência do jacu-estalo-escamoso, o trabalho feito por Lopes e Souza rendeu outras descobertas. Os guias constataram, por exemplo, que o famoso som de estalo que esse pássaro produz não é o único barulho característico da espécie. Os pesquisadores registraram outros dois sons emitidos pela ave - um deles, na hora de ir dormir.
A comunidade científica classificou como "importante" os registros feitos pelos guias brasileiros, uma vez que oferecem dados valiosos para o trabalho de conservação do jacu-estalo-escamoso. Endêmica do interflúvio dos baixos rios Xingu e Tapajós, a ave está ameaçada por conta do desmatamento da Amazônia e é considerada uma espécie vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).

5 arrependimentos mais comuns ao fim da vida

5 arrependimentos mais comuns ao fim da vida
 • 


Viva a vida intensamente. Aproveite cada dia como se fosse o último. Realize seus sonhos. Essas são frases feitas repetidas exaustivamente. Mas, o fato é que na correria do dia a dia muitos questionam suas escolhas e temem se arrependerem mais tarde de algo que fizeram ou deixaram de fazer. Essa é uma dúvida tão comum que a enfermeira Bronnie Ware percebeu que o tema poderia render um livro e, baseada em suas experiências, selecionou os cinco maiores arrependimentos dos seres humanos.
Bronnie trabalhou por muitos anos com Cuidados Paliativos, um tipo de tratamento que busca melhorar a qualidade de vida de pacientes que estão em seus últimos meses de vida. Através de uma equipe de profissionais, os pacientes e seus familiares tendem a encarar com mais facilidade as dores de natureza física, social, emocional e espiritual.
De acordo com a enfermeira, os pacientes ganham uma clareza de pensamento incrível no fim de suas vidas. Confira a lista do seu livro, publicado nos Estados Unidos, "The Top Five Regrets of the Dying" ("Top Cinco arrependimentos daqueles que estão para morrer") e os comentários da enfermeira:
1 - Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse
"Esse foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que a vida delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos seus sonhos e têm de morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões que tomaram, ou não tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles não a têm mais."
2 - Eu gostaria de não ter trabalhado tanto
"Eu ouvi isso de todos os pacientes homens que eu trabalhei. Eles sentiam falta de ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros. As mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de uma geração mais antiga, muitas não tiveram uma carreira. Todos os homens com quem eu conversei se arrependeram de passar tanto tempo de suas vidas no ambiente de trabalho."
3 - Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos
"Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com os outros. Como resultado, se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se tornaram quem realmente eram capazes de ser. Muitas desenvolveram doenças relacionadas à amargura e ressentimento que carregavam."
4 - Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos
"Frequentemente, eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre possível rastrear essas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias vidas que deixaram amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Tiveram muitos arrependimentos profundos sobre não ter dedicado tempo e esforço às amizades. Todo mundo sente falta dos amigos quando está morrendo."
5 - Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz
"Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos só percebem isso no fim da vida - que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam presas em antigos hábitos e padrões. O famoso 'conforto' com as coisas que são familiares, o medo da mudança fez com que ele fingissem para os outros e para si mesmos que eles estavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo."
A pedido do Hospital Albert Einstein, a Dra. Ana Cláudia Arantes, geriatra e também especialista em cuidados paliativos, analisou a publicação e falou sobre cada um dos arrependimentos levantados pela enfermeira americana.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Poder público e aquecimento global

Poder público e aquecimento global

O decisivo apoio à redução das emissões passa pelo entendimento sobre as suas consequências e pela adoção de medidas que tragam resultados
Uma portaria da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente da capital paulista, definiu a obrigatoriedade de se compensar a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) de todos os eventos realizados em parques municipais da cidade, desde 2007. Essa portaria define o plantio de árvores como a forma correta de se cumprir a determinação legal.
Iniciativa Verde é uma das organizações que tem participado desse processo, sendo contratada por diversas empresas para compensar a emissão de seus eventos.  Graças à portaria, a Iniciativa Verde compensou mais de 100 eventos e plantou cerca de 40 mil árvores correspondentes a 24 hectares ou o equivalente a dois Parque da Aclimação recompostos em áreas de preservação.
Além da aprovação da Secretaria do Verde, ao contratar a Iniciativa Verde, as empresas organizadoras desses eventos receberam também o selo Carbon Free atestando a compensação dos impactos gerados pela emissão de gases de efeito estufa. Todas as árvores plantadas pela Iniciativa Verde são nativas da Mata Atlântica e contribuem para recuperar áreas degradadas e ajudam a proteger mananciais e fontes de água. Entre os eventos mais conhecidos do público compensados pela organização estão o São Paulo Fashion Week e o Festival de Cultura Japonesa.
Para Lucas Pereira, diretor da organização e responsável pelo Carbon Free, a portaria é muito positiva: “Ela contribui para a mitigação do carbono equivalente emitido, mas também serve de ação educativa e de conscientização podendo, tranquilamente, ser adotada por outras cidades e mesmo por áreas privadas de eventos”.
Maior responsabilidade do setor privado
Entre os principais argumentos utilizados para a adoção da portaria está a necessidade de reduzir os impactos ambientais. No caso dos parques, em exposições artísticas, culturais e atividades esportivas e de lazer, esses impactos são causados, principalmente, pelo deslocamento de pessoas para participar desses encontros, além pelos consumos de água e energia e geração de resíduos. Pelo programa Carbon Free, todas essas ações são contabilizadas e transformadas em carbono equivalente – maneira usada para calcular a quantidade de árvore a ser plantada.
O fato de um crescente movimento de empresas buscarem compensar voluntariamente suas emissões também é destacado na portaria como uma tendência global.Portanto, a Prefeitura não está “inventando a roda” ou trazendo dificuldades para os organizadores dos eventos, mas, sim, cumprindo seu papel de legislar a favor da sociedade.
O sucesso da medida merece ser preservado
A Iniciativa Verde também considera fundamental manter intacto o princípio básico da portaria que destaca: “A empresa, associação ou indivíduo responsável pelo evento deverá apresentar, no ato da assinatura do termo de responsabilidade, a estimativa técnica das emissões de GEE que serão geradas pela atividade e a compensação dessas emissões EM PLANTIO DE ÁRVORES”. Para o presidente da organização, Roberto Resende, a possibilidade de se utilizar de outras formas de compensação sem o plantio de árvores, pode ser mais barato para os organizadores, mas mesmo que também tenha o seu valor, acaba por enfraquecer os objetivos propostos pela portaria. Segundo ele, “o plantio de árvores é uma alternativa de compensação superior a outras, como os créditos de Carbono, pois reúne vários benefícios. Além do efeito global também contribui localmente, ao melhorar a paisagem, proteger os recursos hídricos e a biodiversidade. Este tipo de projeto também gera emprego e renda mais perto das atividades que provocaram as compensações. É muito melhor quando um projeto pode, além de contribuir para mitigar as mudanças climáticas, proteger os mananciais da cidade”.
Dessa forma, a Iniciativa Verde tem discutido com outras ONGs e agentes públicos a manutenção a norma e, mais, a sua ampliação em formato legal e em efeitos. A proposta é apresentar um Projeto de Lei para tornar obrigatória a realização de inventários e de compensações para todos os eventos de grande porte realizados na cidade de São Paulo por meio do plantio de árvores.
Além do caráter educativo, a nova lei pode ampliar, sem onerar significativamente o setor, a possibilidade de financiamentos de projetos de recuperação florestal de interesse da população paulistana.