segunda-feira, 2 de julho de 2012

A insustentável grandeza da Rio+20



Resultado da conferência é tímido. E o Brasil por pouco não entra para a história como líder de um documento criticado até pelo secretário-geral da ONU
João Marcello Erthal, de Veja

Sucesso e fracasso são conceitos intimamente ligados às expectativas lançadas sobre uma conferência, uma reunião de trabalho ou uma partida de futebol. Se o desmilinguido Flamengo empatar com o Barcelona, por exemplo, a torcida rubro-negra vai erguer as mãos ao céu, enquanto o time do argentino Lionel Messi vai levar um castigo na concentração. Ainda é cedo para afirmar que os pessimistas triunfaram, e que a Rio+20 revelou-se um fracasso retumbante. Mas é indiscutível que, pela confiança depositada no encontro “histórico” e pela oportunidade de reunir uma centena de representantes de países, dos Estados Unidos às Ilhas Maldivas, a sensação é de que pouco se fez, em nada se avançou.
O resultado não chega a ser uma surpresa: semanas antes da conferência, em Nova York, houve um esforço para que uma conquista da Rio 92 – o direito universal a água potável – não fosse suprimido em uma das versões prévias do documento. E, por incrível que possa parecer ao público leigo – maioria absoluta – uma das “vitórias” da Rio+20 é justamente “não haver retrocessos”. Ora, se esta fosse uma possibilidade real, o melhor seria sequer reunir os países-membros da ONU. Ou, no máximo, realizar um encontro por Skype, lista de e-mails ou teleconferência.
Em vez disso, o Rio de Janeiro – e o Brasil – abriram caminho para as mais de 100 delegações, ONGs de 193 países, que para se movimentar precisaram de um feriado de três dias, com mudança de trânsito, cancelamento de voos e restrições de espaço aéreo. Esta é outra marca do evento: nem no carnaval o feriado é tão grande.
Em parte a frustração se deve à expectativa que os próprios organizadores lançaram sobre a conferência de agora. “Mudar o mundo”, “escrever o futuro” e “o que nós queremos” são expressões que deixam no ouvinte a sensação de que um grande passo está próximo. Não é bem assim. E o tal medo do “retrocesso” não era infundado, se considerada uma das principais derrotas da Rio+20: a exclusão das garantias de direitos reprodutivos das mulheres, uma vitória principalmente do Vaticano, que cria uma saia justa para o Brasil, que liderou a última fase das negociações.
A ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, dá sua versão para esse resultado. "Aquilo foi pressão de países mais pobres, com forte influência da igreja católica", disse ao site de VEJA, na quinta-feira,
pouco depois do fim do encontro de mulheres da Rio+20. "Eles acham que isso autoriza o aborto, mas é uma questão muito mais ampla que isso. A forma que encontramos para lidar com o entrave foi retirar o termo, mas incluímos reafirmações para convenções que garantem o direito reprodutivo e sexual da mulher, como a convenção do Cairo", defendeu.
Izabella, que tem posturas firmes e participou ativamente dos debates pré-conferência, ficou à sombra dos holofotes durante o evento propriamente dito. Este é o formato dos eventos da ONU, uma festa em02/07/12 A insustentável grandeza da Rio+20 - Meio Ambiente e Energia que quem comanda são os diplomatas – pelo Brasil, falaram principalmente o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e os embaixadores André Aranha Corrêa do Lago e Luís Alberto Figueiredo Machado. Mas a ministra resume sem meias palavras os motivos dos avanços – ou dos não avanços –
do texto final. “O documento não atende todas as solicitações brasileiras, mas isso é válido para todos os presentes", diz.
O resultado em relação aos direitos da mulher é um exemplo mais fácil de compreender do que assuntos que exigem traquejo nas questões do meio ambiente, como “economia verde”, “princípio das responsabilidades diferenciadas” e “não retroação” – que significa a tal preocupação de não recuar em direitos importantes. Quando se abre o debate e os países têm voz, descobre-se que cada um tem lá suas razões para não querer se responsabilizar com o meio ambiente. Os Estados Unidos emitem muito carbono, portanto, têm restrições a compromissos como o de Kyoto, que afetaria a geração de energia e mudaria padrões da indústria. Presidentes europeus agitaram a bandeira vermelha quando o G77+China, grupo do Brasil, tentou passar a sacolinha para criar um fundo de 30 bilhões de dólares para fomentar ações de desenvolvimento sustentável. Afinal, a crise do Euro impõe desafios orçamentários já bastante difíceis e caros de se resolver.
A Rio+20 entra para a história, assim, repetindo um problema de sua antecessora, de 1992, que
padeceu por sérios problemas nos tais “meios de implementação”. A partir de 92 houve avanços históricos, com a inauguração de instituições e conceitos que hoje norteiam debates sobre mudanças
climáticas – com todos os exageros que ainda rondam o tema –, convenções e protocolos. Mas a “implementação”, palavra que, em português, espeta os ouvidos, desde 20 anos atrás era um problema. “Implementar” é tornar realidade, o que exige dinheiro. Sim, migrar, preservar, criar sistemas e procedimentos de sustentabilidade é um investimento. Mas mudar o paradigma custa caro.
O embaixador brasileiro Figueiredo Machado foi, até o momento, quem melhor rebateu as críticas à “falta de ambição” e foco do documento liderado pelo Brasil. “Quem exige ambição de ação e não põe dinheiro sobre a mesa está sendo, pelo menos, incoerente”, disse, numa das entrevistas em que era questionado sobre o que foi para o papel, nas 49 páginas encaminhadas para assinatura pelos chefes de estado membros da ONU.
O documento foi criticado inicialmente até pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que viu “falta de ambição” no texto entregue na terça-feira, 19, pelo Brasil, país que liderou a última rodada de negociações. Mas o sul-coreano teve que voltar atrás, diante das reclamações encaminhadas por diplomatas brasileiros. Ki-Moon, então, passou a considerar o documento não só “ambicioso”, mas também “prático”.
Voltar atrás foi uma forma de evitar que o Brasil, que assumiu a negociação e o ônus de seus sucessos ou fracassos, arcasse sozinho com a chiadeira. Uma questão de boas maneiras – ou diplomacia – com o anfitrião, que além de liderar a fase espinhosa do debate, liberou 430 milhões de reais para a realização dos eventos no Rio.
Afinal, gastar essa soma estava no ‘preço’. Entrar para a história como autor de um documento criticado até pelo presidente da ONU, não.
*fonte: www.exame.abril.com.br


Logística Reversa de Pilhas Alcalinas e Outras Inservíveis em Campos


MINHAS PILHAS ALCALINAS :O QUE FAZER ?

Pela nova legislação ,alguns residuos obrigatoriamente devem retornar ao comerciante,fabricante e importador,e que denomina-se LOGÍSTICA REVERSA.É o caso das pilhas e baterias alcalinas.No exercicio da cidadania responsável,você deve fazer a devolução na loja onde comprou.
Em Campos ,a SSP identificou os seguintes estabelecimentos que após receber estes residuos,posteriormente destinam para as indústrias de ,que destinam para a cadeia da reciclagem em São Paulo.
  • Eletrônica Real - Rua Boa Morte esquina com Rua Gil de Góis - telefone (22) 27240260
  • Eletrônica São Salvador - Rua Dr. Gesteira Passos, nº 38, Centro - telefone (22) 27330576
  • Agência Correios Campos dos Goytacazes - Praça Santíssimo Salvador, nº 53 - Centro - telefone (22) 27331641
  • Banco Santander - todas as agências de Campos dos Goytacazes
  • Agência da AMPLA-Rua Gov. Teotônio ferreira de Araújo,Centro.
Se você gostou desta orientação de responsabilidade socioambiental, replique no seu e-mail

Rede social tem 24 horas para tirar conteúdo do ar

O Superior Tribunal de Justiça definiu esta semana uma questão importante para os direitos dos internautas. A 3ª Turma determinou que mensagens ofensivas publicadas em redes sociais devem ser retiradas do ar em 24 horas após a denúncia, antes de qualquer ordem judicial.
A questão foi levada à Justiça por uma mulher que foi alvo de um perfil falso no Orkut. Denunciou o fato ao Google, dono do site de relacionamentos, que só tirou a página do ar dois meses depois. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro considerou a atitude negligente e disse que as empresas devem atender aos pedidos dos usuários em “tempo razoável”, sem especificar um prazo.
O Google não negou os fatos, mas reclamou de ter sido chamado de negligente. “O lapso temporal entre o recebimento da notificação e a remoção do perfil mostra-se razoável”, disse o site de buscas. A relatora, ministra Nancy Andrighi, manteve o que disse o TJ-RJ e se aprofundou na questão. Considerou que, diante do volume de informações que circulam na internet diariamente, é impossível exigir que provedores de redes sociais evitem a difusão de mensagens ofensivas. Mas ponderou que “a velocidade com que os dados circulam no meio virtual torna indispensável que medidas tendentes a coibir informações depreciativas e aviltantes sejam adotadas célere e enfaticamente”.
Entendeu que prazo razoável para atender ao pedidos dos ofendidos é de 24 horas, sob pena de a empresa responder solidariamente com o autor direto da ofensa. A ministra levou em conta os argumentos do Google sobre a quantidade de informações, e por isso determinou que, em 24 horas, deva ser feita uma “suspensão preventiva”, “até que tenha tempo hábil para apreciar a veracidade das alegações”.
O Google já disse que pretende recorrer da decisão. À Folha de S. Paulo, a diretora jurídica do site disse não ver “nenhuma obrigação ou efeito dessa decisão para o Google”. “Há uma inviabilidade técnica para fazer isso e em nenhum outro lugar do mundo é assim. A decisão de remover é irreversível. Ao tirar do ar, o conteúdo vai embora.”
Em cheque

O advogado especialista em Direito Digital Omar Kaminski vê com desconfiança a iniciativa da ministra de definir a questão. “Inicialmente, a decisão coloca a liberdade de expressão em cheque, porque o juízo de valor deveria vir da instância judiciária, e não da empresa de redes sociais”.

Ele lembra que o Marco Civil da Internet, projeto de lei elaborado pelo governo federal com a promessa de regulamentar as atividades na web, tramita a passos lentos no Congresso. Então, na falta de legislação, o Judiciário, provocado, teve de agir. Kaminski resume a interpretação da ministra: “Na dúvida, e diante da denúncia, manda tirar do ar”.
Entendimentos, como esse, segundo Kaminski, relativizam a liberdade de expressão. “Transformam a liberdade de falar em um direito de segunda classe, o que acaba atingindo o direito de navegação de cada um.” A decisão, na opinião do advogado, “abre um precedente perigoso”.
Kaminski lembra ainda de uma confluência de fatos curiosa: em ano de eleição, as redes sociais são ótimas plataformas de divulgação de plataformas eleitorais. Candidatos podem usar da interpretação do STJ, segundo Kaminski, para minar as divulgações uns dos outros. “Parece que está se delimitando o início de uma guerra eleitoral”, alertou o advogado.
Revista Consultor Jurídico, 23 de junho de 2012

domingo, 1 de julho de 2012

Maurício de Nassau, o brasileiro



Mariana Lacerda | 01/06/2004 00h00
Ele passou apenas sete anos no Brasil, mas hoje, 400 anos depois de seu nascimento, seu nome está associado à época de ouro da presença holandesa no Recife. Ao voltar para Europa, fracassado econômica e militarmente, e até a morte, Maurício de Nassau seria chamado de "o brasileiro"
No amanhecer de 9 de maio de 1624, moradores de São Salvador da Bahia viram entrar no porto uma frota de 25 velas que exibiam reluzentes canhões pintados de vermelho. Eram os holandeses, ou flamengos, que em menos de um dia tomaram a cidade, num ataque à sede do governo-geral do Brasil. Ali, do outro lado do Oceano Atlântico, no novo mundo, iniciara-se mais um episódio da guerra de independência dos Países Baixos (atual Holanda) contra a Espanha – a quem América portuguesa foi anexada em 1580. No ano seguinte, os 1,9 mil soldados holandeses foram dominados e entregaram suas armas ao exército do rei da Espanha. A cidade foi reconquistada. Em 14 de fevereiro de 1630, os flamengos reapareceram, dessa vez com uma armada de 67 velas. Desembarcaram em Pau Amarelo, litoral norte de Pernambuco, e tomaram a direção de Olinda. Tentaram apoderar-se da vila e, no fim, estabeleceram-se no povoado do Recife. Onde ficariam por 24 anos. Nesse período, Recife se tornaria a Nova Holanda. E, para governá-la, a Companhia das Índias Ocidentais enviou para o Brasil o conde Maurício de Nassau. Ao desembarcar em 1637, ele daria início à chamada “idade de ouro” do Brasil holandês.
O contexto histórico em que se deu a vinda dos holandeses para o Brasil é o dos conflitos europeus em torno da questão colonial. “Os Países Baixos rivalizavam com a Espanha pelo controle do rentável comércio marinho de especiarias asiáticas, escravos africanos e, como não poderia deixar de ser, pelo açúcar brasileiro”, afirma a historiadora Adriana Lopez, autora do livro Guerra, Açúcar e Religião no Brasil dos Holandeses. Assim, a capitania de Pernambuco tornou-se um inevitável campo dessa briga. Para a Companhia, a sede do governo-geral interessava politicamente e a capitania de Pernambuco economicamente. Pois no início do século 17, a região abrigava mais de 120 engenhos e, com as capitanias vizinhas, tornou-se “a área de produção açucareira mais importante do mundo”, segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello, em O Brasil e os Holandeses.
À Companhia das Índias Ocidentais, criada em 1621 pelos holandeses, cabia o monopólio sobre a conquista, o comércio e a navegação na América e na África. Assim como à Companhia das Índias Orientais estava reservada a parte oriental do mapa-múndi. “As duas dividiram entre si o mundo, tal qual os reis de Portugal e da Espanha pactuaram Tordesilhas”, diz Adriana.
Expulsos da Bahia, os soldados da Companhia tomaram Recife e Olinda. A região transformou-se num só fogo: os engenhos foram abandonados, os canaviais incendiados. Moradores recrutados formaram patrulhas organizadas por Matias de Albuquerque, governador da capitania, que conseguiu manter, por cinco anos, os inimigos restritos ao povoado do Recife.
Com a ajuda de Domingos Fernandes Calabar, luso-brasileiro conhecedor dos labirínticos rios pernambucanos, os holandeses dominaram parte do nordeste do Brasil, da foz do Rio São Francisco até o Rio Grande. De lá, partiram para a conquista do Maranhão (que só foi conquistado em 1641). A queda do Forte dos Afogados, no Recife, em março de 1633, abriu aos invasores o caminho para os engenhos da Várzea (onde hoje está um dos mais aprazíveis bairros do Recife). Também foram pilhados os engenhos em Goiana e Igarassu, com a conquista da vizinha Itamaracá. Os holandeses atacaram o Forte do Cabedelo, na Paraíba, ao norte, e Porto Calvo, em Alagoas, ao sul. Estavam assim tomado o Nordeste açucareiro e seus pontos de comunicação com a Europa, por onde chegavam mantimentos e escoava-se a produção.
Conquistado o território, chegou a hora de a Companhia organizar sua nova colônia e colocá-la para funcionar – e lucrar. Para a tarefa, chamou um certo Johan Maurits von Nassau-Siegen. Nascido há exatos 400 anos, ele era filho de uma importante família da Europa e, aos 32 anos, tinha uma vitoriosa carreira militar. Parecia ser o homem certo para a função.
Como governador da Nova Holanda, -receberia 1,5 mil florins mensais (o melhor terreno no centro do Recife custaria cerca de 2,5 mil florins) além de seu salário como coronel do Exército, mais uma ajuda de 6 mil florins para despesas pessoais. E ainda o direito a 2% sobre tudo o que fosse apreendido no litoral do Brasil. Era uma proposta irrecusável, principalmente para quem, na época, construía um palácio, em Haia, na Holanda, e estava cheio de dívidas.
Mas o novo governador não veio só. Ao todo, uma comitiva com 46 artistas, cronistas, naturalistas e arquitetos, o acompanhou em sua viagem ao Brasil. Eles seriam responsáveis pela documentação não só das obras do governo, mas da sociedade recifense da época. “Projetaram uma nova cidade, reproduziram as paisagens, fizeram mapas, catalogaram animais e plantas, e retrataram o homem indígena e africano. A fidelidade e a precisão de todo esse trabalho faz com que até hoje seja considerado um importante acervo da história das ciências”, diz o historiador Leonardo Dantas Silva. Até então, o Novo Mundo jamais fora alvo de observações tão precisas. “É essa produção que faz, hoje, o período holandês ser tão lembrado por meio da figura de Nassau – que permaneceu no Brasil apenas sete dos 24 anos de ocupação”, afirma Adriana.
Recife, que relatos da época chamam simplesmente de “povo”, era, no começo do século 17, um burgo “que os nobres de Olinda deviam atravessar pisando em ponta de pé, receando os alagados e os mangues”, escreveu José Antônio Gonsalves de Mello Neto, no clássico Tempo dos Flamengos. A situação agravou-se em novembro de 1631, quando os holandeses incendiaram Olinda. A cidade e “seus inacessíveis oito morros e casas distantes entre si” era difícil de defender das investidas dos portugueses e, por isso, acabou condenada à destruição pelos invasores.
Quando chegou no Recife, em 1637, Nassau encontrou uma população de cerca de 7 mil pessoas obrigada a conviver nas piores condições de higiene e conforto. Para enfrentar a falta de habitações, iniciou a construção, na Ilha de Antônio Vaz (hoje, o bairro de Santo Antônio, no centro do Recife), do que veio a ser a Mauritsstaden ou, para nós, em bom português, a Cidade Maurícia. Ali, ele erigiu para si dois palácios, o de Friburgo e a casa da Boa Vista. E iniciou a urbanização do povoado, seguindo um projeto que contemplava ruas, praças, pontes, mercados, canais, jardins e saneamento, enfim uma cidade de verdade. Afinal, “os holandeses que aqui estiveram eram todos originários de aglomerados urbanos e, por isso mesmo, não poderiam pensar numa cidade que não fosse voltada para o urbano”, diz Leonardo.
Nassau determinou que os moradores varressem a rua defronte suas casas e os orientou “a não despejar mais as imundices senão nas praias”, escreveu Mello Neto. O Recife (atualmente o Bairro do Recife) foi, enfim, em 28 de fevereiro de 1644, ligado à Cidade Maurícia com a construção da primeira ponte da América Latina (onde atualmente fica a ponte Maurício de Nassau). Para a inauguração, Nassau anunciou à população que um boi iria voar sobre suas cabeças. Para surpresa geral, na hora da festa, um boi, ou melhor, o couro de um boi enchido com palha, preso a uma corda, desceu por uma corda do alto do Palácio Friburgo.
Recife tornou-se a cidade mais cosmopolita do continente. Holandeses, franceses, alemães, poloneses que integravam os quadros da Companhia das Índias acorriam para lá. Mulheres chegaram da Holanda e fizeram que o Recife, segundo um relato da época, tivesse os “bordéis mais vis do mundo”. A cidade passou por um terrível surto de sífilis. Doença de cidade grande.
Apesar da relativa paz entre os invasores holandeses e os locais portugueses e brasileiros, durante as obras da Cidade Maurícia, a Companhia passou a questionar a administração de Nassau, que não obtinha os lucros que esperava. “Os novos dominadores eram formados em sua maioria por comerciantes e gente da navegação, acostumados a viver em áreas urbanas e, como tal, não se adaptaram à vida rural, onde se encontravam os principais núcleos da produção do açúcar”, diz Leonardo Dantas, em seu novo livro, João Maurício Brasileiro (ainda inédito). “Eis a primeira falha da tentativa de colonização holandesa no nordeste do Brasil: os invasores podiam ter conseguido apoderar-se dos engenhos, mas não das técnicas de produção de açúcar.”
Ao conquistar Pernambuco, os holandeses confiscaram parte dos engenhos. Os senhores, então, tiveram de pagar caro ao novo governo por suas terras. Quem não teve como pagar ficou devendo. Nassau fazia vista grossa, mas, por pressão da Companhia, passou a cobrar os empréstimos. Assim, atraiu a revolta daqueles que sabiam transformar cana em açúcar. “Ao fazer isso, cultivou entre os donos de engenhos o sentimento de que era melhor – e mais barato – se livrar dos holandeses”, diz Pedro Puntoni, pesquisador da Universidade de São Paulo.
A empresa exigiu o aumento da arrecadação e a cobrança imediata das dívidas e, como não foi atendida, em maio de 1643, o governo holandês mandou que Nassau retornasse. Porém, ele demorou quase um ano para obedecer. Num documento, o seu Testamento Político, Nassau recomendou que, na sua ausência, o governo fosse tolerante com práticas religiosas e exercesse sem rigor a cobrança dos créditos dos engenhos. Que conservasse as fortificações, não abusasse das torturas e fizesse o que fosse possível para atrair a simpatia dos comerciantes portugueses.
Do outro lado do oceano, a Companhia das Índias empobrecia. Por isso, enviava menos recursos para a colônia que, aos poucos, entrou em colapso. “Do início da guerra de restauração, em 1645, até a expulsão total dos holandeses, em 1654, foram anos de muita penúria no Brasil holandês”, diz Adriana Lopez. Cercada no Recife, a população foi obrigada a incluir gatos, cachorros, cavalos e até ratos no cardápio.
O conde Nassau voltou à Europa no mesmo barco que o trouxera ao Brasil, o Zuphen. Ao seu redor, navegava uma frota de 13 navios, e um carregamento avaliado em 2,6 milhões de florins, composto principalmente de açúcar, fumo, pau-brasil e madeiras de lei. Para se ter uma idéia, a ponte construída por Nassau anos antes custou 140 mil florins. Com ele, estavam, além de amostras de plantas, animais e artefatos indígenas, toda a produção de seus cronistas, pintores e naturalistas. Material que, desde aquele momento, iria dar à Europa um valioso testemunho das riquezas naturais e culturais no Novo Mundo. Esse acervo também fez com que Johan Maurits von Nassau-Siegen passasse a ser lembrado, até hoje, em terras do além-mar, como Maurício Brasileiro.

Arte e ciência

A produção dos holandeses no Brasil preservou para sempre um período de apenas 24 anos
Desde o momento em que o europeu chegou ao novo continente, passou a relatar o que via nessa terra, repleta de gente e de vegetação generosa. Mas mesmo após mais de 100 anos da chegada dos portugueses, nunca a Europa vira descrições e desenhos tão minuciosos de paisagens, da fauna, flora, dos índios e negros que habitavam nossas terras, até que Nassau desembarcou no Recife acompanhado por uma comitiva de 46 estudiosos, entre os quais o médico particular de Nassau, Willem Piso, o astrônomo Georg Marcgrave, os pintores Frans Post e Albert Eckhout – autores dos mapas, herbários e obras de artes tão apaixonantes quanto importantes para a compreensão da história da ciência no Brasil e no mundo. “O período de Nassau não foi, necessariamente, melhor para a colonização. Ele não mexeu na estrutura do colonialismo, que é o escravismo e as grandes propriedades. Mas deixou uma herança histórica e científica sem precedentes para a época”, diz a historiadora Adriana Lopez. A Historia Naturalis Brasilie, publicada em Amsterdã em 1648, divide-se em De Medicina Brasiliensi, escrita por Piso, e no Herbarium Vivum Brasiliens, um compêndio das espécies de plantas brasileiras, assinado por Marcgrave. Era o mais completo sobre a flora do Novo Mundo que se tinha notícia e que seria, mais tarde, citado em trabalhos de Lineu e Darwin. Piso e Marcgrave trabalhavam, na maior parte do tempo, no Palácio de Vrijburg (Cidadela da Liberdade), onde Nassau guardava sua coleção de bichos e plantas. O legado do pintor Albert Eckhout inclui um conjunto de oito pinturas, em tamanho natural, com tipos étnicos brasileiros. E mais uma coleção com quadros menores (óleo sobre madeira), além de aquarelas e desenhos de plantas conhecidos como Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae, com retratos da fauna e da flora contida no zoobotânico de Nassau. Em sua comitiva, estava o jovem artista de 24 anos que se tornou o primeiro autor de paisagens em território americano: Frans Post. Ele teria pintado em Pernambuco, segundo o historiador Leonardo Dantas, pelo menos 18 quadros a óleo. Ao retornar a Holanda, Maurício de Nassau levou consigo a mais importante coleção de manuscritos, preciosos mapas e toda obra de Eckhout e Frans Post. Parte desse acervo foi vendido, em 1652, a Frederico Guilherme (1620-1688), príncipe-eleitor de Brademburgo, na Prússia. Uma segunda parte da coleção veio a ser depois negociada pelo conde de Nassau com Frederico III, rei da Dinamarca, ficando o restante para ser adquirido por Luís XIV em 1679. Hoje, um conjunto de 27 painéis, pintado no Brasil por Albert Eckhout, integra o acervo do Museu Nacional de Copenhague. Suas aquarelas e crayons, com pinturas de animais e plantas, foram redescobertos, na Polônia, onde estão disponibilizados à pesquisa. Dos quadros de Post, restaram sete: quatro estão no Museu do Louvre, em Paris, um na Holanda, outro nos Estados Unidos e o sétimo, uma paisagem da Ilha Antônio Vaz, pertence à coleção da Fundação Ricardo Brennand, no Recife.

Presença marcante

Foram apenas 24 anos, mas a invasão dos holandeses deixou marcas indeléveis no Recife
1598
Os holandeses atacam as ilhas de São Tomé e Príncipe, na África, dando início à guerra contra o império ultramarino português.
1602
Fundada a Companhia das Índias Ocidentais.
1604
Nascimento de Nassau.
1624
Soldados da Companhia atacam a cidade de Salvador, na Bahia. São expulsos no ano seguinte.
1630
Olinda e logo em seguida o “povo” do Recife são tomados.
1631
Em 24 de novembro, a cidade de Olinda é incendiada.
1632
Temendo ser punido por furto, Calabar muda o rumo da expansão holandesa ao passar para o lado dos “hereges”.
1636
Os holandeses dominam o Nordeste da foz do Rio São Francisco até o Rio Grande do Norte.
1637
Empossado o governador da Nova Holanda, o conde Maurício de Nassau-Siegen.
1637
Nassau ataca São Jorge de Mina, na África. Pernambuco recebe 1580 escravos.
1638
Nassau tenta, em vão, a reconquista de Salvador.
1639
Iniciada a construção do Palácio de Friburgo, casa e jardim zoobotâncio de Nassau.
1641
A Companhia já dominava sete das 14 capitais do Brasil, as regiões da Guiana, e as ilhas de Curaçao e Aruba, além do comércio de peles feito pelo Rio Hudson, na América do Norte.
1644
Nassau inaugura a primeira ponte da América Latina.
1644
Nassau deixa o Recife, levando sua coleção de pinturas, vendidas, posteriormente, talvez para pagar as contas da construção de seu palácio, em Haia.
1645
Os luso-brasileiros têm o Recife isolado, sem acesso aos alimentos produzidos na zona rural.
1646
Holanda manda reforços para Pernambuco.
1647
Rebeldes luso-brasileiros controlam o interior do Nordeste. Os holandeses dominam as entradas por mar. Do Forte do Bom Jesus (hoje bairro de Casa Forte), o burgo do Recife é bombardeado sem cessar.

1649
Em 19 de fevereiro, começa a Batalha dos Guararapes. Mais de mil soldados morrem no confronto com rebeldes luso-brasileiros. A data é considerada o marco do início da existência do Exército brasileiro.
1653
Portugal bloqueia o Porto do Recife. Em 27 de janeiro do ano seguinte, a tropa da Companhia das Índias Ocidentais rende-se.
1654

Saídos do Recife, 23 judeus chegam à baía de Hudson e se estabelecem na futura Nova York.


Nova York é aqui

Durante a ocupação, os holandeses garantiam tolerância religiosa para espanhóis, portugueses e nativos, católicos ou judeus. Por isso, judeus portugueses e alguns migrados da Polônia e da Alemanha, mudaram-se para o Brasil a fim de fugir da Inquisição. Eles se estabeleceram no comércio, cobranças de impostos e venda de tabaco e escravos – que ocorria na rua dos Judeus, hoje chamada rua do Bom Jesus, no Recife. Ali surgiu, por volta de 1636, a primeira sinagoga na América, a Zur Israel (rocha de Israel).
Durante a Inssurreição Pernambucana, o movimento de reconquista português, a cidade foi cercada e o rabino Isaac Aboab da Fonseca, um português, compôs o poema Mi Kamókha (Quem Como Tu?), em que descreveu a ação de João Fernandes Vieira, líder do movimento, e o estado de penúria pelo qual passava a comunidade judaica.
“Trata-se da primeira literatura escrita em hebraico na América”, diz Leonardo Dantas Silva, historiador recifense. Em 22 de junho de 1646, os esfomeados do Recife vêem surgir os barcos holandeses Falcão e Elizabeth, que vinham carregados de soldados e alimentos.

A população agradecida mandou cunhar duas medalhas comemorativas, as primeiras que se têm notícia no Brasil, para serem entregues aos comandantes dos navios, com os dizeres “O Falcão e o Elizabeth salvaram o Recife”. Após a rendição das tropas holandesas, cerca de 400 judeus retornam à Europa. Um grupo de 23 deles seguiu para a Nova Amsterdã e, lá, fundaram a primeira comunidade judaica do que, no futuro, tornou-se a cidade de Nova York.


Saiba mais

Livros
Guerra, Açúcar e Religião no Brasil dos Holandeses, Adriana Lopez, Senac, 2002 - Relatos pouco conhecidos em objetiva e deliciosa narrativa
Tempo dos Flamengos, José Antônio Gonsalves de Mello Neto, José Olympio, 1947 - Clássico sobre a influência holandesa no Brasil, reeditado em 1987
O Brasil e os Holandeses, 1630-1654, org. Paulo Herkenhoff, Sextante Artes, 1999 - Traz artigos de alguns dos maiores especialistas no assunto, como Evaldo Cabral de Mello, José Luís Mota Menezes e Leonardo Dantas Silva
João Maurício, o Brasileiro, Leonardo Dantas Silva (inédito) - Entre os documentos históricos citados pelo autor, está o Testamento Político de Nassau

Empresa usa restos de tecido para fazer papel

 17/06/2012 
As aparências enganam sim. O moleskine aí de cima, apesar de sugerir o contrário, não é só mais um bloquinho de papel reciclado. É uma caderneta feita de restos de tecidos. A capa, mais especificamente, foi produzida com fibras de jeans usado. A ideia de fabricar papel a partir de sobras de algodão descartadas durante a produção dos panos é de uma empresa portuguesa, a Moinho. A companhia transforma a matéria-prima em artigos variados, como embalagens, convites e álbuns e… moleskines.
Seu Manuel Moreira dos Santos, um português simpático que vive há seis anos no Brasil, está em um dos estandes da Rio+20 para tentar trazer a patente ao Brasil. Sua intenção é convencer a marca Osklen a produzir por aqui o tal papel de restos de tecidos. “A gente pode transformar as sobras em sacolas para os clientes”, afirma.
Segundo ele, as fibras que restam hoje do processo produtivo são incineradas. Se reaproveitadas, deixariam de emitir gases poluentes na queima. E ainda seriam usadas em um novo produto. Tentativas não faltam de colocar em prática a tal economia verde na Rio+20.
(Aline Ribeiro)

Os termos mais falados da Rio+20

Planeta Na Rio+20 - 14/06/2012 
Mônica Nunes, Ana Luiza Vastag, Débora Spitzcovsky e Marina Franco

 ARio+20 já chegou! Por isso, listamos os termos relacionados aos debates realizados neste mês de junho antes e durante a Rio+20, de 20 a 22/06, no Rio de Janeiro:
CARTA DA TERRA

É uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a humanidade, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. A Carta da Terra reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico eqüitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis. O documento é resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto da Carta da Terra começou como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou como uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000 a Comissão da Carta da Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou o documento como a carta dos povos.
 CONVENÇÕES DO CLIMA
Há mais de 40 anos os países-membros da Organização das Nações Unidas se reunem para discutir os rumos do meio ambiente global. Veja a seguir os principais encontros e o que resultou deles:

ESTOCOLMO, 1972 – A Conferência da ONU sobre Ambiente Humano debateu, principalmente, as transformações que o homem impunha ao ambiente. Os principais focos da reunião foram a poluição industrial e a falta de recursos naturais. Foi na Conferência de Estocolmo que se estabeleceu a relação desenvolvimento e meio ambiente e que foi criado o Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
VIENA, 1985 – A Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio definiu os primeiros passos de um resultado concreto: a assinatura do Protocolo de Montreal por 24 países em 1987, que evitou que se abrisse um irreparável buraco na camada de ozônio. Sem ele, a humanidade certamente teria sido dizimada. Em 2004, 188 países haviam ratificado o documento. Hoje, mais de 190 nações são signatárias (leia mais em Protocolo de Montreal ajuda a entender as origens da Rio+20)
RIO DE JANEIRO, 1992 – Mais conhecida por Rio92, foi a primeira cúpula mundial sobre desenvolvimento sustentável, que durou 15 dias. Seu nome oficial é Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. No encontro, foram formulados os principais documentos da agenda ambiental mundial, como a Agenda 21, a Declaração do Rio de Janeiro, a Convenção sobre Mudança do Clima e a Convenção sobre Diversidade Biológica.
JOANESBURGO, 2002 – Apelidada de Rio+10, a Cúpula Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável procurou resolver os problemas de implementação das decisões acordadas na Rio92, inclusive pontos da Agenda 21. Nesta ocasião também foi feita uma reforma da CDS – Comissão de Desenvolvimento Sustentável.
RIO DE JANEIRO 2012 – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ou Rio+20, será realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro. Ela acontecerá vinte anos após a Rio92 (Conferência em Meio Ambiente e Desenvolvimento), por isso é conhecida por Rio+20. Reunirá chefes de Estado e outros representantes governamentais dos 193 países-membros da ONU com o objetivo de renovar um comprometimento político pelo desenvolvimento sustentável, avaliar o progresso alcançado e as lacunas ainda existentes na área, além de traçar novos desafios. A conferência focará em dois temas principais: economia verde com erradicação da pobreza e modelo de governança institucional para desenvolvimento sustentável.
CONSUMO CONSCIENTE

Adoção, pelo ser humano, de padrões de produção e consumo sustentáveis. Comprar com discernimento significa a reorientação da direção a novos valores, objetivando o impacto ambiental e social que as pessoas produzem através da cultura do excesso.

CÚPULA DOS POVOS

Evento paralelo e crítico à Rio+20 que ocorre de 13 a 22 de junho. Organizado pelo Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 (CFSC), reunirá coletivos, redes, organizações e movimentos sociais no Aterro do Flamengo. A ideia é criar um espaço extra diplomático para que a sociedade mundial apresente sua agenda e, em conjunto, formule propostas a serem encaminhadas aos chefes de Estado reunidos na conferência oficial.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Este conceito surgiu pela primeira vez em 1987, com o relatório Brundtland, e foi amplamente adotado no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, Rio92. Em termos gerais, representa o crescimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atendimento às das gerações posteriores. Para isso, deve-se realizar um planejamento e reconhecer que os recursos naturais não são infinitos.

DRAFT ZERO

Lançado em 11/01/2012 pela ONU, o Draft Zero é o esboço do documento O Futuro que Queremos que, espera-se, seja resultante da Rio+20. Seu texto recomenda ações para diversos desafios globais – entre eles, acesso universal à água e energia, aumento da oferta de emprego, diminuição das desigualdades e segurança alimentar.

ECONOMIA VERDE

Modelo de economia que se baseia em baixa emissão de gases do efeito estufa e resulta na melhoria do bem-estar humano e igualdade social. Neste modelo, os riscos ambientais e a escassez ecológica são reduzidos. Pode ser chamada de economia socialmente inclusiva, de baixo carbono e recursos eficientes. Na prática, seu crescimento de renda e de emprego é impulsionado por investimentos que reduzem as emissões de carbono e a poluição, melhora a eficiência energética e evita a perda de biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas. Tem o capital natural como ativo econômico e fonte de benefícios financeiros, especialmente para quem tem a natureza como fonte de sobrevivência.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Expressão que define a racionalização ou melhor aproveitamento quanto ao consumo de energia.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mudança que possa ser, direta ou indiretamente, atribuída à atividade humana, que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis.

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

Metas, nos moldes dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que podem ser acordadas na Rio+20. A intenção é que as ODSs sejam assumidas por todos os países-membros da ONU após 2015, quando expira o prazo para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO (ODM)

Os 8 ODMs – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, são um conjunto de metas estabelecidas para a erradicação ou diminuição dos maiores problemas mundiais, como a pobreza e a fome, a mortalidade infantil e a falta de acesso ao ensino básico. Com a finalidade de tornar o mundo um lugar mais justo, solidário e melhor para se viver, os ODMs foram assumidos pelos governos dos países membros da Organização e devem ser cumpridos até 2015. No Brasil, são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo.

O FUTURO QUE QUEREMOS

Por enquanto chamado de Draft Zero, ou Rascunho Zero – é o documento que a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, da ONU, a Rio+20, produzirá agora em junho, no Rio de Janeiro. O título inspirou campanha do governo brasileiro que visa estimular a sociedade civil a participar dos debates do evento oficial da Nações Unidas. Saiba mais em ‘Eu sou Nós’: ONU lança campanha para descobrir o futuro que queremos após Rio+20.

SEGURANÇA ALIMENTAR

Garantia permanente de que todos tenham acesso a alimentos básicos, em quantidade suficiente. A segurança alimentar se refere também à política de uso dos recursos naturais para a produção de alimentos, o impacto ambiental que causa e sua distribuição.

TURISMO SUSTENTÁVEL
Busca minimizar os impactos ambientais, sociais e culturais das regiões e países em que é feito, ao mesmo tempo que promove benefícios econômicos para as comunidades locais.

sábado, 30 de junho de 2012

Tropa de choque petista foi derrotada em batalha na Câmara



Projeto dos royalties sai de pauta por iniciativa de Garotinho
Garotinho garante interesses do Rio de Janeiro derrotando o PT
Garotinho garante interesses do Rio de Janeiro derrotando o PT

Foi preciso muita coragem e habilidade para enfrentar a máquina montada na Câmara dos Deputados durante o dia de hoje pelo PT e pelo governo com o objetivo de aprovar o projeto dos royalties do petróleo com o apoio de mais de 400 deputados. Deus também nos ajudou, pois conforme eu havia previsto pela manhã aqui no blog, o governo queria enganar os profissionais de enfermagem, e eles se uniram a nós contra o circo governista.
Para forçar a bancada do Rio a derrubar a sessão, o governo colocou na frente dos royalties o projeto das 30 horas para a enfermagem que não queria aprovar. A estratégia do PT era se aproveitar da minha disposição anunciada desde ontem de lutar com todas as armas regimentais para defender os interesses do Rio de Janeiro. Os petistas prepararam a armadilha, mas eu sem querer me vangloriar, mesmo estando no meu primeiro mandato de deputado federal tenho experiência política, não sou marinheiro de primeira viagem e estudei o Regimento Interno. Não tenho uma tropa de choque como o PT e o governo, mas aprendi a usar as armas regimentais. A lógica petista era a seguinte: Garotinho vai derrubar a sessão plenária para defender os royalties do Rio, vamos inverter a pauta porque assim jogamos nele o ônus pela não aprovação do projeto dos enfermeiros.
Só que para surpresa do PT e do governo, eu apresentei um projeto de inversão de pauta pedindo para votar primeiro o projeto dos enfermeiros e em seguida os royalties. Foi uma guerra no plenário como vocês poderão constatar na sequência de vídeos abaixo. O governo sentiu que estava perdendo o controle e tentou derrotar o meu requerimento de inversão da pauta de votação. Só que perdeu e aí cometeu um erro fatal. Centenas de enfermeiros vindos de todos os estados que lotavam as galerias da Câmara começaram gritar: "PT traição, partido de patrão". Meu requerimento foi vitorioso e os royalties saíram da pauta de votação. O desespero do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT - RS) fica evidente no último vídeo abaixo. Ao perceber que sua estratégia falhou, começou a gritar e a ofender um deputado que apenas apresentou uma questão de ordem.
Hoje a presidente Dilma teve a real dimensão da desordem que impera na sua base parlamentar na Câmara dos Deputados. O tiro do PT saiu pela culatra.






 
Reproduzido do Blog do Garotinho

Seus alunos sabem o que é a logística reversa?




Mostre à turma que este processo pode ajudar a dar um “final feliz” para boa parte do lixo que produzimos todos os dias em nossas casas e na escola 



Objetivos 
- Conscientizar os alunos sobre a enorme quantidade de lixo produzida diariamente no mundo todo.
- Apresentar algumas possibilidades de redução na produção diária de lixo.
- Explicar o conceito de logística reversa.

Reciclagem

Conteúdos


- O problema do lixo nas grandes cidades.

- Política Nacional de Resíduos Sólidos.
- Logística reversa.


Anos 1º ao 3º ano.



Tempo estimado Duas aulas

Materiais necessários

Sacos de lixo; cestos de lixo; cartolinas e material para confecção de cartazes; resíduos sólidos domésticos como garrafas PET, embalagens de xampu, caixas de pasta de dente etc; cópias dos textos de apoio disponíveis no item
 “Quer saber mais?” deste plano de aula.

Introdução
De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, as cidades brasileiras produzem 161.084 mil toneladas de resíduos sólidos por dia. O grande problema do Brasil, contudo, não está apenas na quantidade de lixo produzida, mas na destinação dos resíduos. O que fazer com todo esse lixo? Vale lembrar que os dados oficiais mostram somente a quantidade de lixo produzida nas cidades, sem levar em consideração o que é produzido na zona rural, nem a destinação desses dejetos.


Um dos modos de destinação adequada dos resíduos sólidos é a chamada logística reversa (LR). O conceito, já difundido em diversos países, tem como eixo base fazer com que os resíduos retornem à sua cadeia produtiva. Ou seja, se um resíduo não pode ser reutilizado, ele pode ser destinado “ao seu ciclo produtivo ou para o de outra indústria”. Como exemplo, podemos citar a devolução de garrafas, pilhas ou eletrodomésticos que não são mais utilizados para as fábricas que os produziram, para que elas deem a destinação adequada aos materiais ou reaproveitem alguns de seus componentes.
Este processo é importante, pois (1) diminui a demanda por novas matérias-primas, (2) evita um consumo ainda maior de energia para a preparação dessa matéria-prima e (3) diminui a quantidade de resíduo sólido depositado em lixões.

Por isso, vale trabalhar o tema com os seus alunos e conscientizá-los a respeito dos problemas urbanos e ambientais.


Desenvolvimento

1ª aula 

Para trabalhar a questão do lixo com a sua turma é fundamental que os alunos compreendam, de início, o que é um resíduo sólido e saibam diferenciá-lo de outros tipos de resíduo. Nos primeiros momentos de contato com o lixo com uma abordagem ecológica, é importante que as crianças reconheçam que o meio ambiente não é representado apenas por um bosque, uma praia ou uma floresta. Os alunos devem perceber que também são parte da natureza e que tudo o que acontece no ambiente, seja bom ou ruim, vai afetá-los.

Comece a aula explicando à turma que o objetivo dos próximos encontros será tratar do problema do lixo. Conte que vocês irão discutir algumas soluções para a destinação desses resíduos. Em seguida, pergunte aos alunos se eles sabem dizer quantos cestos de lixo existem nas casas deles e, com base nessas informações, tentem estimar a quantidade de resíduos sólidos produzidos pelas crianças e suas famílias em um dia.
Depois de discutir quanto lixo produzimos, informe aos alunos que vocês vão tratar de um típico específico de lixo: os resíduos sólidos. Para explicar quais objetos fazem parte desse grupo, retome com os pequenos os conceitos de sólido, líquido e gasoso – os estados físicos da matéria. Quando as crianças aprendem esses conceitos, o principal exemplo usado nas aulas é o da água. Gelo, água líquida e o vapor de água são facilmente reconhecidos pelos alunos e é importante que os exemplos sejam concretos e façam parte da realidade das crianças. Por isso, o exemplo da água pode ser um ponto de partida para ampliar o conceito das crianças sobre materiais sólidos, incluindo o lixo.
Conte aos alunos que os resíduos sólidos são materiais que deixaram de ter uma utilidade prática para as pessoas. Eles se originam em casas, escolas, hospitais, indústrias e na construção civil e passam a ser considerados lixo depois que já serviram para alguma finalidade. Mas, isso não significa que tais materiais não possam ser mais utilizados. O objetivo da reciclagem ou do reuso desses materiais é justamente diminuir o impacto da geração desse tipo de lixo. Comente com as crianças que a destinação adequada dos resíduos sólidos é tão importante que ganhou uma legislação específica, a Política Nacional de Resíduos, que será tratada na próxima aula.

Para finalizar, ajude os alunos a identificar o lixo sólido em sua própria casa. Conte a eles que objetos como embalagens de alimentos e de brinquedos ou diversos tipos de materiais plásticos são exemplos de resíduos sólidos. Como lição, peça aos alunos que observem o lixo produzido em casa, façam uma lista do que consideram resíduos sólidos e tragam alguns desses resíduos para a próxima aula. 



2ª aula
É recomendável que essa aula seja realizada no laboratório de Ciências ou em algum outro espaço da escola, fora da sala de aula, onde os alunos possam manipular os resíduos e possam lavar as mãos. Se for necessário, providencie luvas de borracha para evitar o contato direto com os resíduos.

Para complementar os resíduos trazidos de casa pelos alunos, você pode, previamente, separar alguns resíduos produzidos na escola. Em seguida, todos irão classificar o lixo segundo diferentes critérios – como cores, formato das embalagens, tipos de produto, material de que são feitas as embalagens etc. O lixo também pode ser separado de acordo com o local de origem – a casa dos alunos, a secretaria da escola, a biblioteca, a cantina ou as áreas de lazer.
Com base nessa separação você vai introduzir o conceito de logística reversa para a turma. Explique aos alunos que desde o ano passado, o tratamento dos resíduos no Brasil deixou de ser apenas uma boa prática para se tornar uma obrigação legal. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionado em agosto de 2010, exige que as empresas deem uma destinação ambientalmente correta para os seus produtos quando eles viram “lixo”.
Conte que a logística reversa é um conceito bem amplo, previsto no PNRS, e que pode ser compreendida como o gerenciamento do fluxo dos produtos desde o seu ponto de venda (quando compramos uma geladeira, por exemplo) até o seu descarte (quando a geladeira estraga e a jogamos fora). Ou seja, a proposta do Plano Nacional de Resíduos é que as indústrias tenham o controle de todas as etapas para que encaminhem adequadamente os resíduos sólidos que produzem e fornecem aos consumidores.
Explique que existem várias empresas que diminuíram o tamanho das embalagens de seus produtos, sem afetar seu conteúdo, para gerar menos lixo (como algumas embalagens de amaciante e sabão em pó em que o líquido vem concentrado, por exemplo). Outras montam os equipamentos que comercializam pensando na facilidade que terão em desmontá-los para a reciclagem posteriormente. Também existem as empresas que reutilizam materiais ou empregam materiais reciclados na confecção de novos produtos.
Após a sua explanação, é hora de cuidar dos resíduos que foram classificados pela turma. Os alunos deverão, em conjunto, identificar qual será o destino desses resíduos. Pergunte à turma para onde todo o lixo separado poderia ser enviado. Se houver muitas embalagens de papel – o que é muito provável – sugira que elas poderiam ser destinadas a uma indústria de cadernos que faz capas de papel reciclado.
Ouça as opções de destinação dos resíduos sugeridas pelos alunos e complemente as hipóteses. Conte que garrafas PET têm sido amplamente destinadas para a indústria têxtil. Hoje já estão sendo fabricados tecidos a partir da fibra de garrafas PET. Existem municípios brasileiros que realizam a transformação do Politereftalato de etileno (o material de que são feitas as garrafas PET) em fibra para a confecção de roupas. As embalagens são compactadas e enviadas a usinas que trituram e transformam esse plástico em flocos para a confecção de filamentos de poliéster.
O principal intuito dessa atividade é fazer as crianças perceberem a importância do retorno das embalagens, utilizadas nessa aula, para a indústria de papel ou alguma outra indústria que minimize o impacto ambiental. No caso da indústria de papel, menos árvores serão utilizadas à medida que o papel for reciclado. Por outro lado, se a garrafa PET for utilizada para a confecção de roupas, pode-se economizar na produção de algodão e na produção de poliéster.

Para encerrar, pesquise que cooperativas ou empresas da sua cidade já recebem esses resíduos sólidos e proponha à turma o encaminhamento de todo o lixo separado, mostrando aos alunos qual será o destino final dos resíduos coletados. 


Avaliação

Há inúmeras propostas de se avaliar o quanto as crianças entenderem desse assunto. Uma sugestão é propor um quadro com imagens de resíduos sólidos e pedir que as crianças classifiquem os diferentes tipos de lixo de acordo com critérios estabelecidos por você ou que associem as embalagens às destinações mais adequadas, de acordo com opções listadas por você. Outra forma de avaliar é fazer com que as crianças aprendam mais sobre a produção de lixo na escola. Juntos, vocês podem criar uma campanha de conscientização sobre a importância da separação dos resíduos que envolva toda a escola. Essa campanha pode incluir a separação dos resíduos sólidos em cestos de lixo apropriados e a confecção de cartazes com textos informativos sobre a reciclagem e a logística reversa, fixados nos murais da escola. O importante é que, ao final da sequência didática, as crianças compreendam o que é o processo de logística reversa e saibam diferenciar os resíduos sólidos de outros tipos de lixo.