quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Açúcar: doce vício

Açúcar: doce vício

Para o bem e para o mal, ficamos viciados há 10 mil anos

por Rich Cohen
O FUNDO DO COPO
Elas tinham de ir embora. A máquina de refrigerante, a de petiscos, a fritadeira industrial. Içadas e arrastadas pelos corredores, foram para a calçada é lá ficaram, assim como outros refugos, sob o desolador céu cinzento, atrás da Kirkpatrick, uma de várias escolas de ensino fundamental de Clarksdale, no sul dos Estados Unidos. Isso foi há sete anos, quando os administradores se deram conta da magnitude do problema. Clarksdale, célebre cidade no delta do Mississippi que legou ao mundo a era de ouro do blues, com seus algodoais e suas planícies ondulantes margeando o rio e suas ainda belas mansões vitorianas, está no centro de uma colossal crise de saúde. Obesidade, diabetes, pressão sanguínea elevada, doenças cardíacas: para alguns especialistas, esse é um legado do açúcar, um produto que trouxe acorrentados para o Novo Mundo os ancestrais da maioria dos negros americanos, dos habitantes de Clarksdale aos do interior do Brasil. “Sabíamos que tínhamos de tomar alguma providência”, me diz a diretora da Kirkpatrick, SuzAnne Walton.
Nascida e criada em Clarksdale, SuzAnne me conduz a uma volta pela escola enquanto fala sobre como seu pessoal está tentando ajudar os alunos, que, em sua maioria, faz duas refeições por dia na cantina: assados em vez de frituras, frutas em vez de doces. Ela está de avental de médico, o traje habitual dos professores nas segundas- feiras, para reforçar o comprometimento da escola com a saúde e o bem-estar. O alunato é 91% afro-americano, 7% branco “e três latinos” – os 2% restantes. “As crianças comem o que dão a elas, e quase sempre isso significa guloseimas doces e baratas: bolos, cremes, balas. Pelo bem dos alunos, era preciso mudar”, explica ela.
É o caso de Nicholas Scurlock, que está na quinta série e começou a estudar na escola de ensino médio Oakhurst. Nick mal alcançou a altura mínima para poder andar na montanha-russa de qualquer parque de diversão, mas já pesa 61 quilos. “Ele tem pavor das aulas de educação física”, me conta SuzAnne. “Tem dificuldade para correr, para respirar. O menino sofre com tudo.”
Encontro Nick na cantina, sentado ao lado da mãe, Warkeyie Jones, uma beldade de 38 anos. Ela me conta que mudou seus hábitos alimentares por interesse próprio e para dar exemplo a Nick. “Eu comia doce o dia inteiro, porque trabalho sentada, e o que mais podia fazer? Mas agora como aipo”, comenta ela. “Os outros vêm me dizer: ‘Ah, você está fazendo isso porque arrumou namorado’. E respondo: ‘Não, estou fazendo isso porque quero viver e ter saúde’.”
Pegue um copo d’água, ponha açúcar até a borda, espere cinco horas. Quando voltar, verá que os cristais assentaram no fundo do copo. Clarksdale, uma cidade gorda em um dos condados mais gordos no estado mais gordo do país industrializado mais gordo do mundo, é o fundo do copo americano, onde o açúcar assenta no corpo de crianças como Nick Scurlock.
NG - Cereal
Os Estados Unidos têm registro de 2 mil marcas de cereal matinal. Embalados como alimento integral saudável nos anos 1800, esses derivados, na maioria das vezes do milho, começaram a evoluir, nos anos 1920, para vários tipos: flocos açucarados, bolinhas, rosquinhas... - Foto: Robert Clark
MESQUITAS DE MARZIPÃ
No começo, na ilha da Nova Guiné, onde a cana-de-açúcar foi domesticada há 10 mil anos, as pessoas cortavam a planta e a comiam em estado bruto: mastigavam o caule até a doçura explodir na boca. Uma espécie de elixir, a cura para todos os males, resposta a qualquer estado de espírito, o açúcar figurava com destaque nos antigos mitos da Nova Guiné. Em um deles, o primeiro homem faz amor com um talo de cana e gera a raça humana. Em cerimônias religiosas, os sacerdotes bebiam água açucarada em cascas de coco; a bebida foi mais tarde substituída nas cerimônias sagradas por latas de Coca-Cola.
O produto difundiu-se de ilha em ilha e chegou ao continente asiático por volta de 1000 a.C. Na Índia, em 500 d.C., era beneficiado e transformado em pó para ser usado como remédio para dor de cabeça, espasmos estomacais, impotência. Durante muitos anos, a ciência da refinação permaneceu secreta, passada de mestre para aprendiz. Em 600, a arte havia chegado à Pérsia, onde os governantes recebiam seus convidados com uma profusão de doces. Quando exércitos árabes conquistaram a região, levaram para casa o conhecimento e a adoração ao açúcar. Foi uma onda irresistível: primeiro aqui, depois ali, o produto acabou aparecendo onde quer que Alá fosse cultuado. “Em todos os lugares que estiveram, os árabes levaram tanto o produto quanto a tecnologia de produção”, escreve Sidney Mintz em Sweetness and Power (“Doçura e Poder”). “Dizem que o açúcar seguiu o Corão.”
Os califas muçulmanos criavam espetáculos nos quais o marzipã era o astro: amêndoas moídas e açúcar esculpido em invenções exóticas que exibiam a riqueza do Estado. Um escritor do século 15 descreveu uma mesquita inteira de marzipã, encomendada por um califa. Os pobres a admiraram, entraram para orar e depois a devoraram. Os árabes aperfeiçoaram seu refino e o transformaram em indústria. O trabalho era brutal. O calor do canavial, as centelhas das foices, a fumaça da casa das caldeiras, o esmagamento nas moendas. Em 1500, com a demanda em alta, o trabalho era considerado próprio apenas para o escalão mais inferior da mão de obra. Muitos dos trabalhadores em canaviais eram prisioneiros de guerra, europeus do leste capturados durante embates dos exércitos cristãos e muçulmanos.
Os primeiros europeus que se apaixonaram pelo açúcar talvez tenham sido os cruzados ingleses e franceses que foram ao Oriente arrancar a Terra Santa das mãos dos infiéis. Voltaram cheios de visões, histórias e lembranças. Como a cana não se dá bem em climas temperados – precisa de terras tropicais encharcadas pela chuva para prosperar –, o mercado europeu desenvolveu-se com base em um fluxo irregular de fornecimento muçulmano. O açúcar que chegava ao Ocidente era consumido apenas pelos nobres, uma raridade classificada como especiaria. Mas, com o crescimento do Império Otomano nos anos 1400, o comércio com o Oriente ficou mais difícil. Para a elite ocidental enfeitiçada pelo produto, havia poucas opções: negociar com os pequenos fabricantes da Europa meridional, derrotar os turcos ou providenciar novas fontes.
Na escola, chamam esse período de era das explorações: a busca por territórios e ilhas que levou os europeus a todos os cantos do mundo. Na realidade, em boa medida, tudo não passou de uma procura por terras em que a cana pudesse prosperar. Em 1425, o príncipe português Henrique, o Navegador mandou mudas à Madeira com um grupo inicial de colonos. Logo, a cana se instalou em outras ilhas recém-descobertas no Atlântico: Cabo Verde, Canárias. Em 1493, quando Colombo partiu em sua segunda viagem ao Novo Mundo, levou a planta. Assim nasceu a grande era do açúcar, das ilhas antilhanas e das plantações escravistas, que abriram caminho, mais tarde, para as grandes usinas fumacentas, o consumo em massa, as crianças obesas e os homens de agasalho esportivo tamanho GGG se locomovendo em cadeiras de rodas elétricas.
ESCRAVOS DO AÇÚCAR
Colombo plantou os primeiros pés de cana em Hispaniola (a ilha onde hoje estão o Haiti e a República Dominicana) – não por coincidência, local da grande revolta escrava séculos depois. Dali a décadas, engenhos despontavam nas terras altas de Jamaica e Cuba, onde a floresta fora derrubada, e a população nativa, quando não escravizada, eliminada por doenças ou guerra. Os portugueses criaram o modelo mais eficaz de produção, e transformaram o Brasil em uma das primeiras colônias de lavoura exportadora, com mais de 100 mil escravos produzindo toneladas de açúcar. Com o aumento da plantação de cana, caiu o preço do produto. E, com a queda nos preços, cresceu a demanda. No século 17, o açúcar começou a passar de especiaria de luxo, no nível da noz-moscada e do cardamomo, a gênero básico, primeiro, à classe média e, depois, aos pobres.
No século 18, contudo, estava consumado o casamento do açúcar com a escravidão. Em intervalos de poucos anos, uma nova ilha – Porto Rico, Trinidad – era colonizada, desmatada e plantada. Quando os nativos morriam, os fazendeiros os substituíam por cativos africanos. Depois da colheita e do beneficiamento, o produto era empilhado no porão de navios e levado a Londres, Amsterdã, Paris, e trocado por produtos acabados, que, por sua vez, eram enviados à costa ocidental da África e trocados por mais escravos. Até o tráfico ser proibido na Inglaterra, em 1807, mais de 11 milhões de africanos foram mandados ao Novo Mundo, e mais da metade foi para a lavoura da cana. Segundo o político e historiador trinitino Eric Williams, “a escravidão não nasceu do racismo; ao contrário, o racismo é consequência da escravidão”. Em outras palavras, os africanos não foram escravizados por serem considerados inferiores; foram considerados inferiores para justificar a escravização necessária à prosperidade do comércio do açúcar.
A primeira ilha açucareira inglesa foi Barbados. Deserta quando um capitão inglês a encontrou, em 14 de maio de 1625, a ilha logo se encheu de moendas, casas grandes de fazenda e casebres. A cana dominou a terra, como fez onde quer que tenha sido plantada nas Antilhas. Em um século, os campos estavam esgotados, e o lençol freático, exaurido. Àquela altura, os fazendeiros mais ambiciosos tinham deixado Barbados em busca da próxima terra. Em 1720, quem estava usando a coroa açucareira era a Jamaica.
Para um africano, a vida nessas ilhas era infernal. Por todas as Antilhas, milhões morreram nos canaviais e engenhos ou quando tentavam fugir. Aos poucos, o pecado do tráfico começou a ser sentido na Europa. Reformadores pregavam a abolição; donas de casa boicotavam a cana plantada por escravos. Em Cândido, de Voltaire, um escravo explica por que perdeu uma mão e uma perna: “Quando trabalhamos no engenho e prendemos o dedo na moenda, eles cortam fora nossa mão; quando tentamos fugir, cortam uma perna; essas duas coisas aconteceram comigo. É a esse preço que vocês comem doce na Europa”.
Mas não havia como baixar a febre. O açúcar foi o petróleo da época. Quanto mais se comia, mais se desejava. Em 1700, o inglês médio consumia 1,8 quilo por ano. Em 1800, o consumo aumentara para 8,2 quilos. Em 1870, o mesmo glutão comia 21 quilos por ano. Estava satisfeito? Não! Em 1900, eram 45 quilos por ano. Hoje, o americano médio consome 35 quilos do produto industrializado por ano – ou seja, mais de 95 gramas por dia. No Brasil, maior produtor mundial de açúcar, estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) levam a conta ainda além: mais de 50 quilos por ano.
NG - Xarope
Em sopa, refrigerante e muitos outros produtos, viscosas ondas de xarope de milho com alto teor de frutose (abreviado como HFCS) inundam a paisagem dos alimentos industrializados. O HFCS é mais barato e doce que a sacarose, açúcar feito de cana ou beterraba. Há diferença biológica? “Nada digno de nota”, diz Marion Nestle, professora de nutrição da Universidade de Nova York. “Faria bem para todos comer menos de quaisquer desses tipos.” - Foto: Robert Clark
O CULPADO
Parece que toda vez que estudo uma doença e encontro o caminho até a causa inicial, acabo voltando ao açúcar.” Richard Johnson, nefrologista da Universidade do Colorado em Denver, conversa comigo em seu consultório em Aurora, no Colorado, com as montanhas Rochosas congestionando o horizonte. É um homem grandalhão, de olhos que faíscam quando fala. “Por que um terço dos adultos no mundo todo tem pressão arterial alta se, em 1900, eram só 5%?”, pergunta ele. “Por que 153 milhões de pessoas tinham diabetes em 1980, mas agora são 347 milhões? Por que há cada vez mais americanos obesos? O açúcar é um dos culpados – se não o principal.”
Nos idos de 1675, quando a Europa Ocidental vivia seu primeiro surto de consumo, Thomas Willis, médico e membro fundador da Royal Society britânica, notou que a urina de pessoas com diabetes tinha “um surpreendente gosto adocicado, como se estivesse impregnada de mel ou açúcar”. Duzentos e cinquenta anos depois, Haven Emerson, da Universidade Colúmbia, mostrou que um grande aumento nas mortes por diabetes entre 1900 e 1920 correspondeu a uma elevação no consumo de açúcar. Nos anos 1960, o nutricionista John Yudkin fez uma série de experimentos com animais e pessoas, e concluiu que grandes quantidades de açúcar na alimentação acarretavam altos níveis de gordura e insulina no sangue: fatores de risco a doenças cardíacas e diabetes. A mensagem de Yudkin, contudo, foi logo abafada por um coro de outros cientistas que atribuíram as maiores taxas de obesidade e doenças cardíacas ao famigerado colesterol, proveniente do excesso de gordura saturada na alimentação.
Como resultado, a gordura passou a ter uma participação menor do que há 20 anos na dieta americana. Apesar disso, a porcentagem de americanos obesos na população só cresceu. Para Johnson e outros especialistas, a razão principal é o açúcar, sobretudo a frutose. A sacarose, ou o açúcar de mesa, consiste em quantidades iguais de glicose e frutose. A frutose é o tipo encontrado nas frutas, e é ela quem dá ao açúcar de mesa aquela doçura deliciosa. Johnson me explica que, embora a glicose seja metabolizada pelas células do corpo todo, a frutose é processada, sobretudo, no fígado. Se você comer demais em formas que são digeridas com rapidez, como nos refrigerantes e nas balas, seu fígado decompõe a frutose e produz gorduras chamadas triglicérides.
Uma parcela dessas gorduras permanece no fígado, que, depois de ficar exposto a elas por longo tempo, pode se tornar gorduroso e funcionar mal. Além disso, boa parte das triglicérides também é levada ao sangue. Assim, com o tempo, a pressão arterial sobe, e os tecidos se tornam cada vez mais resistentes à insulina. O pâncreas reage ao mandar mais insulina, tentando manter o equilíbrio. Por fim, ocorre a chamada síndrome metabólica, caracterizada por obesidade, mais comum na área da cintura, pressão arterial elevada e outras alterações metabólicas que, se não forem controladas, elevam o risco de diabetes do tipo 2 e, ainda mais, de ataque cardíaco. Nada menos que um terço da população adulta americana pode se encaixar nos critérios da síndrome metabólica indicados pelos Institutos Nacionais de Sáude, o órgão oficial de pesquisas biomédicas nos Estados Unidos.
No Brasil, o Ministério da Saúde considera a obesidade infantil epidêmica. Uma em cada três crianças brasileiras entre 5 e 9 anos está acima do peso ou obesa. Divulgado em 2013, um pioneiro estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, da Faculdade de Medicina do ABC e do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, que avaliou o consumo de bebidas entre crianças e adolescentes de 3 a 17 anos em cinco capitais do país, apontou que o leite e a água quase desapareceram da dieta de crianças e adolescentes: na média, eles consomem 21 quilos de açúcar por ano apenas em refrigerante e outras bebidas industrializadas, como os sucos. O problema vem se acentuando nos últimos 20 anos, em decorrência da maior oferta de alimentos industrializados e das melhores condições econômicas das famílias.
Há pouco, a Associação Americana do Coração juntou-se à campanha de alerta contra o excesso do produto na alimentação. Seu argumento é que ele fornece calorias sem benefício nutricional. Segundo Johnson e seus colegas, essa não é a questão principal. Em excesso, ele é tóxico. “Não tem nada a ver com calorias”, diz o endocrinologista Robert Lustig, da Universidade da Califórnia em San Francisco. “O próprio açúcar é um veneno se consumido em doses elevadas.”
A ideia popular, argumenta Johnson, “é que os americanos são gordos porque comem demais e se exercitam de menos”. Mas eles comem demais e se exercitam de menos porque são viciados em açúcar, que não só engorda como também, depois do surto inicial de ânimo que traz, drena a energia do corpo e prostra a pessoa no sofá. “Você fica vendo televisão não porque os programas são maravilhosos”, alerta ele, “mas porque você não tem energia para se exercitar, pois está comendo doce demais.”
A solução? Pare de comer tanto açúcar. Quando as pessoas reduzem o consumo, muitos dos efeitos adversos desaparecem. O problema é que, no mundo atual, é dificílimo evitá-lo. A indústria usa-o para dar sabor a alimentos cuja gordura foi reduzida para que pareçam mais saudáveis – por exemplo, os assados sem gordura, que costumam conter altos teores de açúcar adicionado.
É o pior dos mundos: você adoece e morre não por comer o que adora, mas por comer o que odeia porque não quer adoecer e morrer.
NO PRINCÍPIO ERA A FRUTA
Se o açúcar faz tão mal, por que temos tanta vontade de comê-lo? A resposta sucinta é que uma injeção dele na corrente sanguínea estimula os mesmos centros de prazer no cérebro que reagem à heroína e à cocaína. Todas as comidas saborosas fazem isso em algum grau – por isso é que são saborosas! –, mas o açúcar tem um efeito muito intenso. Nesse sentido, ele é literalmente uma droga que vicia.
Mas por que nosso cérebro evoluiu de modo a reagir com prazer a um composto tóxico? A resposta, diz Johnson, está em nosso passado simiesco, quando o desejo por frutose era o que nossos ancestrais precisavam para sobreviver.
Há 22 milhões de anos, um tempo tão remoto que poderia até ser o princípio, grandes primatas povoavam a copa das árvores na floresta africana. Sobreviviam graças às frutas dessas árvores, doces com açúcar natural que eles comiam o ano todo – um verão eterno.
Um belo dia, talvez 5 milhões de anos depois, um vento gelado soprou nesse éden. O mar recuou, a calota de gelo se expandiu. Uma língua de terra emergiu das marés: uma ponte para fora da África, e alguns grandes primatas aventureiros seguiram por ela. Nômades, eles vaguearam e se fixaram nas matas pluviais da Eurásia. Mas o resfriamento continuou e substituiu os bosques tropicais frutíferos por florestas decíduas, em que as folhas se douram no outono, depois morrem. Sobreveio um tempo de fome. As matas se encheram de primatas famélicos. “Em algum momento, aconteceu uma mutação em um desses grandes primatas”, explica Johnson. Ela fez dele um processador de frutose muito eficiente. Até pequenas quantidades eram armazenadas em forma de gordura, uma enorme vantagem à sobrevivência nos meses em que o inverno caía sobre a terra e os alimentos escasseavam.
Mais tarde esse grande primata, com seu gene mutante e seu sadio desejo pelo raro e precioso açúcar das frutas, voltou para a terra de origem, a África, e gerou os parentes que vemos atualmente – inclusive o que espalhou seus descendentes adoradores de doce por todo o globo. “A mutação foi um fator tão poderoso que só os animais que a possuíam sobreviveram”, explica Johnson. “Por isso, hoje, todos os grandes primatas, inclusive o homem, têm essa mutação. Ela garantiu a vida de nossos ancestrais nos anos de escassez. Porém, quando veio a fartura de açúcar ao Ocidente, nos vimos diante de um um tremendo problema. Inundamos o mundo de frutose, mas nosso corpo evoluiu para sobreviver com quantidades bem pequenas desse açúcar.
Eis a grande ironia: justamente aquilo que nos salvou pode acabar nos matando.
NG - Iogurte
O feliz acidente do iogurte provavelmente aconteceu na Ásia, talvez quando alguém se esqueceu de guardar o leite e ele fermentou com o calor. Comercializado pela Danone em 1919, o produto era vendido em farmácias para assegurar a longevidade. A adição de frutas e açúcar impulsionou as vendas. E elas aumentaram ainda mais, a partir dos anos 1970, com o iogurte congelado. De início, os americanos rejeitaram o sabor azedo — compensado com mais açúcar. - Foto: Robert Clark
O CHEF SADIO
Mesmo com apenas 11 anos de idade, Nick Scurlock é um perfeito representante do americano médio na era do açúcar: hipereficiente em transformar em gordura a frutose que o publicitário e o vendedor de doces bombeiam para seu fígado a preços módicos. Sessenta e um quilos na quinta série, apaixonado pelo doce veneno que põe sua vida em risco. Sentado na cantina, ele sorri e, resignado, pergunta: “Por que as coisas boas fazem tão mal para a gente?
Problema maior que a tentação é o poder. Na melhor das hipóteses, a escola pode ajudar as crianças a tomar decisões menos perigosas. Anos atrás, a cantina da Kirkpatrick vendia bolinhos doces e pizza. Agora, em todo o distrito, os cardápios melhoraram. A escola tem uma horta, onde se plantam alimentos para a comunidade, uma pista de caminhada para os alunos e a população em geral, e um novo pátio para jogos.
Em certo sentido, a luta em Clarksdale não passa de mais uma frente na batalha contínua entre os barões do açúcar e os cortadores de cana. “Essa tragédia aflige os pobres bem mais que os ricos”, me diz Johnson. “Se você é rico e quer se divertir, sai de férias, viaja, compra coisas bacanas. Mas, se é pobre e quer comemorar, vai até a esquina e compra um pote de sorvete.”
Pergunto a Nick o que ele deseja ser quando crescer. “Chef de cozinha.” Ele pensa um pouco e se corrige: “Um chef de cozinha saudável”.

Mudanças no clima do Brasil até 2100

Mudanças no clima do Brasil até 2100

Por Elton Alisson*
Agência FAPESP – O clima no Brasil nas próximas décadas deverá ser mais quente – com aumento gradativo e variável da temperatura média em todas as regiões do país entre 1 ºC e 6 ºC até 2100, em comparação à registrada no fim do século 20.
No mesmo período, também deverá diminuir significativamente a ocorrência de chuvas em grande parte das regiões central, Norte e Nordeste do país. Nas regiões Sul e Sudeste, por outro lado, haverá um aumento do número de precipitações.
As conclusões são do primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), cujo sumário executivo foi divulgado nesta segunda-feira (09/08), durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima). Organizado pela FAPESP e promovido com a Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), o evento ocorre até a próxima sexta-feira (13/09), no Espaço Apas, em São Paulo.
De acordo com o relatório, tendo em vista que as mudanças climáticas e os impactos sobre as populações e os setores econômicos nos próximos anos não serão idênticos em todo o país, o Brasil precisa levar em conta as diferenças regionais no desenvolvimento de ações de adaptação e mitigação e de políticas agrícolas, de geração de energia e de abastecimento hídrico para essas diferentes regiões.
Dividido em três partes, o Relatório 1 – em fase final de elaboração – apresenta projeções regionalizadas das mudanças climáticas que deverão ocorrer nos seis diferentes biomas do Brasil até 2100, e indica quais são seus impactos estimados e as possíveis formas de mitigá-los.
As projeções foram feitas com base em revisões de estudos realizados entre 2007 e início de 2013 por 345 pesquisadores de diversas áreas, integrantes do PBMC, e em resultados científicos de modelagem climática global e regional.
“O Relatório está sendo preparado nos mesmos moldes dos relatórios publicados pelo Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas [IPCC, na sigla em inglês], que não realiza pesquisa, mas avalia os estudos já publicados”, disse José Marengo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coordenador do encontro.
“Depois de muito trabalho e interação, chegamos aos resultados principais dos três grupos de trabalho [Bases científicas das mudanças climáticas; Impactos, vulnerabilidades e adaptação; e Mitigação das mudanças climáticas]”, ressaltou.
Principais conclusões
Uma das conclusões do relatório é de que os eventos extremos de secas e estiagens prolongadas, principalmente nos biomas da Amazônia, Cerrado e Caatinga, devem aumentar e essas mudanças devem se acentuar a partir da metade e no fim do século 21.
A temperatura na Amazônia deverá aumentar progressivamente de 1 ºC a 1,5 ºC até 2040 – com diminuição de 25% a 30% no volume de chuvas –, entre 3 ºC e 3,5 ºC no período de 2041 a 2070 – com redução de 40% a 45% na ocorrência de chuvas –, e entre 5 ºC a 6 ºC entre 2071 a 2100.
Enquanto as modificações do clima associadas às mudanças globais podem comprometer o bioma em longo prazo, a questão atual do desmatamento decorrente das intensas atividades de uso da terra representa uma ameaça mais imediata para a Amazônia, ponderam os autores do relatório.
Os pesquisadores ressaltam que estudos observacionais e de modelagem numérica sugerem que, caso o desmatamento alcance 40% na região no futuro, haverá uma mudança drástica no padrão do ciclo hidrológico, com redução de 40% na chuva durante os meses de julho a novembro – o que prolongaria a duração da estação seca e provocaria o aquecimento superficial do bioma em até 4 ºC.
Dessa forma, as mudanças regionais decorrentes do efeito do desmatamento se somariam às provenientes das mudanças globais e constituíram condições propícias para a savanização da Amazônia – problema que tende a ser mais crítico na região oriental, ressaltam os pesquisadores.
“As projeções permitirão analisar melhor esse problema de savanização da Amazônia, que, na verdade, percebemos que poderá ocorrer em determinados pontos da floresta, e não no bioma como um todo, conforme previam alguns estudos”, destacou Tércio Ambrizzi, um dos autores coordenadores do sumário executivo do grupo de trabalho sobre a base científica das mudanças climáticas.
A temperatura da Caatinga também deverá aumentar entre 0,5 ºC e 1 ºC e as chuvas no bioma diminuirão entre 10% e 20% até 2040. Entre 2041 e 2070 o clima da região deverá ficar de 1,5 ºC a 2,5 ºC mais quente e o padrão de chuva diminuir entre 25% e 35%. Até o final do século, a temperatura do bioma deverá aumentar progressivamente entre 3,5 ºC e 4,5 ºC  e a ocorrência de chuva diminuir entre 40% e 50%. Tais mudanças podem desencadear o processo de desertificação do bioma.   
Por sua vez, a temperatura no Cerrado deverá aumentar entre 5 ºC e 5,5 ºC e as chuvas diminuirão entre 35% e 45% no bioma até 2100. No Pantanal, o aquecimento da temperatura deverá ser de 3,5ºC a 4,5ºC até o final do século, com diminuição acentuada dos padrões de chuva no bioma – com queda de 35% a 45%.         
Já no caso da Mata Atlântica, como o bioma abrange áreas desde a região Sul do país, passando pelo Sudeste e chegando até o Nordeste, as projeções apontam dois regimes distintos de mudanças climáticas.
Na porção Nordeste deve ocorrer um aumento relativamente baixo na temperatura – entre 0,5 ºC e 1 ºC – e decréscimo nos níveis de precipitação (chuva) em torno de 10% até 2040. Entre 2041 e 2070, o aquecimento do clima da região deverá ser de 2 ºC a 3 ºC, com diminuição pluviométrica entre 20% e 25%. Já para o final do século – entre 2071 e 2100 –, estimam-se condições de aquecimento intenso – com aumento de 3 ºC a 4 ºC na temperatura – e diminuição de 30% a 35% na ocorrência de chuvas.         
Nas porções Sul e Sudeste as projeções indicam aumento relativamente baixo de temperatura entre 0,5 ºC e 1 ºC até 2040, com aumento de 5% a 10% no número de chuva. Entre 2041 e 2070 deverão ser mantidas as tendências de aumento gradual de 1,5 ºC a 2 ºC na temperatura e de 15% a 20% de chuvas.  
Tais tendências devem se acentuar ainda mais no final do século, quando o clima deverá ficar entre 2,5 ºC e 3 ºC mais quente e entre 25% e 30% mais chuvoso.         
Por fim, para o Pampa, as projeções indicam que até 2040 o clima da região será entre 5% e 10% mais chuvoso e até 1 ºC mais quente. Já entre 2041 e 2070, a temperatura do bioma deverá aumentar entre 1 ºC e 1,5 ºC  e haverá uma intensificação das chuvas entre 15% e 20%. As projeções para o clima da região no período entre 2071 e 2100 são mais agravantes, com aumento de temperatura de 2,5 ºC a 3 ºC e ocorrência de chuvas entre 35% e 40% acima do normal.                  
“O que se observa, de forma geral, é que nas regiões Norte e Nordeste do Brasil a tendência é de um aumento de temperatura e de diminuição das chuvas ao longo do século”, resumiu Ambrizzi.       
“Já nas regiões mais ao Sul essa tendência se inverte: há uma tendência tanto de aumento da temperatura – ainda que não intenso – e de precipitação”, comparou. 
Impactos e adaptação
As mudanças nos padrões de precipitação nas diferentes regiões do país, causadas pelas mudanças climáticas, deverão ter impactos diretos na agricultura, na geração e distribuição de energia e nos recursos hídricos das regiões, uma vez que a água deve se tornar mais rara nas regiões Norte e Nordeste e mais abundante no Sul e Sudeste, alertam os pesquisadores.
Por isso, será preciso desenvolver ações de adaptação e mitigação específicas e rever decisões de investimento, como a construção de hidrelétricas nas regiões leste da Amazônia, onde os rios poderão ter redução da vazão da ordem de até 20%, ressalvaram os pesquisadores.
“Essas variações de impactos mostram que qualquer tipo de estratégia planejada para geração de energia no leste da Amazônia está ameaçada, porque há uma série de fragilidades”, disse Eduardo Assad, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Dará para contar com água. Mas até quando e onde encontrar água nessas regiões são incógnitas”, disse o pesquisador, que é um dos coordenadores do Grupo de Trabalho 2 do relatório, sobre Impactos, vulnerabilidades e adaptação.
De acordo com Assad, é muito caro realizar ações de adaptação às mudanças climáticas no Brasil em razão das fragilidades que o país apresenta tanto em termos naturais – com grandes variações de paisagens – como socioeconômicas.
“A maior parte da população brasileira – principalmente a que habita as regiões costeiras do país – está vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. Resolver isso não será algo muito fácil”, estimou.
Entre os setores econômicos do país, segundo Assad, a agricultura é um dos poucos que vêm se adiantando para se adaptar aos impactos das mudanças climáticas.
“Já estamos trabalhando com condições de adaptação há mais de oito anos. É possível desenvolver cultivares tolerantes a temperaturas elevadas ou à deficiência hídrica [dos solos], disse Assad.
O pesquisador também ressaltou que os grupos populacionais com piores condições de renda, educação e moradia sofrerão mais intensamente os impactos das mudanças climáticas no país. “Teremos que tomar decisões rápidas para evitar que tragédias aconteçam.”
Mitigação
Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB), e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho 3, sobre Mitigação das Mudanças Climáticas, apresentou uma síntese de estudos e pesquisas sobre o tema, identificando lacunas do conhecimento e direcionamentos futuros em um cenário de aquecimento global.
Bustamante apontou que a redução das taxas de desmatamento entre 2005 e 2010 – de 2,03 bilhões de toneladas de CO2 equivalente para 1,25 bilhão de toneladas – já teve efeitos positivos na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes do uso da terra.
“As emissões decorrentes da geração de energia e da agricultura, no entanto, aumentaram em termos absolutos e relativos, indicando mudanças no perfil das emissões brasileiras”, disse.
Mantidas as políticas atuais, a previsão é de que as emissões decorrentes dos setores de energia e de transportes aumentem 97% até 2030. Será preciso mais eficiência energética, mais inovação tecnológica e políticas de incentivo ao uso de energia renovável para reverter esse quadro.
Na área de transporte, as recomendações vão desde a transformação de um modal – fortemente baseado no transporte rodoviário – e o uso de combustíveis tecnológicos. “É preciso transferir do individual para o coletivo, investindo, por exemplo, em sistemas aquaviários e em veículos elétricos e híbridos”, ressaltou Bustamante.
O novo perfil das emissões de GEE revela uma participação crescente do metano – de origem animal – e do óxido nitroso – relacionado ao uso de fertilizantes. “Apesar desses resultados, a agricultura avançou no desenvolvimento de estratégias de mitigação e adaptação”, ponderou.
Para a indústria, responsável por 4% das emissões de GEE, a lista de recomendações para a mitigação passa pela reciclagem, pela utilização de biomassa renovável, pela cogeração de energia, entre outros.
As estratégias de mitigação das mudanças climáticas exigem, ainda, uma revisão do planejamento urbano de forma a garantir a sustentabilidade também das edificações de forma a controlar, por exemplo, o consumo da madeira e garantir maior eficiência energética na construção civil.
Informação para a sociedade
Os pesquisadores participantes da redação do relatório destacaram que, entre as virtudes do documento, está a de reunir dados de estudos científicos realizados ao longo dos últimos anos no Brasil que estavam dispersos e disponibilizar à sociedade e aos tomadores de decisão informações técnico-científicas críveis capazes de auxiliar no desenvolvimento de estratégias de adaptação e mitigação para os possíveis impactos das mudanças climáticas.  
“Nós, cientistas, temos o desafio de conseguir traduzir a seriedade e a gravidade do momento e as oportunidades que as mudanças climáticas globais encerram para a sociedade. Sabemos que a inação representa a ação menos inteligente que a sociedade pode tomar”, disse Paulo Nobre, coordenador da Rede Clima.
Por sua vez, Celso Lafer, presidente da FAPESP, destacou, na abertura do evento, que a Fundação tem interesse especial nas pesquisas sobre mudanças climáticas, expresso no Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), mantido pela instituição.
“Uma das preocupações básicas da FAPESP é pesquisar e averiguar o impacto das mudanças climáticas globais naquilo que afeta as especificidades do Brasil e do Estado de São Paulo”, afirmou.
Também participaram da abertura do evento Bruno Covas, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e Paulo Artaxo, membro da coordenação do PFPMCG.
Carlos Nobre ressaltou que o relatório será a principal fonte de informações que orientará o Plano Nacional de Mudanças Climáticas que, no momento, está em revisão.
“É muito importante que os resultados desse estudo orientem os trabalhos em Brasília e em várias partes do Brasil, em um momento crítico de reorientar a política nacional, que tem de ir na direção de tornar a economia, a sociedade e o ambiente mais resilientes às inevitáveis mudanças climáticas que estão por vir”, afirmou.
Segundo ele, o Brasil já sinalizou compromisso com a mitigação, materializado na Política Nacional de Mudanças Climáticas e que prevê redução de 10% e 15% das emissões entre 2010 e 2020, respectivamente, relativamente a 2005.
“São Paulo lançou, em 2009, um programa ambicioso, de redução de 20% das emissões, já que a questão da mudança no uso da terra não é uma questão tão importante no Estado, mas sim o avanço tecnológico na geração de energia e em processos produtivos. O Brasil é o único país em desenvolvimento com metas voluntárias para redução de emissões”. 
Ele ressaltou, entretanto, que “a adaptação ficou desassistida". "Não é só mitigar; é preciso também se adaptar às mudanças climáticas. As três redes de pesquisa – Clima, INCT e FAPESP – avançam na adaptação, que é o guia para o desenvolvimento sustentável.”
* Colaboraram Claudia Izique e Noêmia Lopes 

Parque Estadual do Desengano:saiba um pouco mais

PARQUE ESTADUAL DO DESENGANO - PED
Parque Estadual do Desengano
Municípios: Santa Maria Madalena (sede), São Fidélis e Campos dos Goytacazes.
Órgão responsável: Instituto Estadual do Ambiente – INEA
Coordenada geográfica: 188631 / 7569426 (UTM - WGS 84)
Altitude: na paisagem sobressaem o Pico do Desengano, com altitude de 1.761 metros, o Pico São Mateus, com 1.576 metros, e a Pedra Agulha, com 1.080 metros.
Área: 22.400 hectares
Criação: Decreto-lei 250/70; Decreto 7.121/83
Distância entre a Rodoviária Novo Rio e o município de Santa Maria Madalena: 219 Km
Guia: Trilhas: Parque Estadual do Desengano está disponível para download, em inglês e português.
Como chegar
Partindo da cidade do Rio de Janeiro, pode ser feito pela serra e possui 223 km. Após deixar a Ponte Rio – Niterói, seguir pela RJ-116, passando por Itaboraí, Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo e Bom Jardim. Após passar pelo pedágio de Cordeiro, permanecer na RJ-116 até Macuco, onde antes do centro da cidade haverá um entroncamento à direita que dá acesso a RJ-172. Continuar por mais 36 km até chegar a Santa Maria Madalena.
O outro caminho é pela BR-101, com percurso de 250 km. Seguir pela Ponte Rio–Niterói, manter na BR-101, passar por Manilha, Tanguá e Rio Bonito. Em seguida passar por Rio Bonito, Casimiro de Abreu, percorrendo cerca de 67km até chegar ao trevo em direção a Conceição de Macabú. Desse ponto, seguir pela RJ-182. Após passar pelo centro da cidade e seguindo as placas indicativas, com mais ou menos 40 km rodados, estará concluído o trajeto.
Para maiores informações, consultar o site da Prefeitura de Santa Maria Madalena.
Tarde de Sol da  Serra do Itacocomí – Cláudia Bessa
Tarde de Sol da Serra do Itacocomí – Cláudia Bessa
Cachoeira Bonita  Foto: Felipe Queiroz
Cachoeira Bonita Foto: Felipe Queiroz
NOTA DO BLOG:Tivemos reunião do Conselho Consultivo em Campos e a boa notícia que em breve com recursos da compensação ambiental  ocorrerão as obras da sub-sede da Babilônia,localizado em Campos,com sede para Guarda Parques,sede de pesquisadores,administração,área de camping e etc.No Mocotó,com apoio de Campos,teremos outra sub-sede.

Tapete verde

Tapete verde

Holanda aposta em pavimento que absorve poluição e rede de carregadores rápidos para promover sustentabilidade

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André Paixão Quatro Rodas 
Jonatan Sarmento

A Holanda, que tem o quarto melhor IDH - Índice de Desenvolvimento Humano do mundo e é considerada um dos melhores países para viver, tem diversos projetos voltados para a sustentabilidade. Dois deles prometem deixar o ar das ruas do país mais limpas. Pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Eindhoven criaram um concreto que absorve os poluentes emitidos pelos veículos, transformando os resíduos em elementos químicos não nocivos ao meio ambiente. 


Os estudos começaram em 2008, mas os resultados acabam de ser divulgados. Depois de pavimentar um trecho de 1 km de uma via na cidade de Hengelo com o material, os pesquisadores concluíram que a concentração de óxido de nitrogênio caiu até 45%. Pronto para ser lançado no mercado, o pavimento é 50% mais caro que os blocos convencionais, apesar de o impacto no custo total de uma estrada ser de apenas 10% do total. 

Além da nova tecnologia, a Holanda deverá ter até 2015 a maior rede de carregadores rápidos para veículos do mundo. Isso será possível graças à parceria entre a ABB e a Fastned, empresas do ramo de energia daquele país. Os novos postos de recarga serão construídos pela Fastned, seguindo um padrão visual e adotando medidas como painéis solares para auxiliar na captação de energia
Já os aparelhos de recarga ficarão a cargo da companhia suíça ABB. Eficientes, são capazes de recarregar um carro elétrico entre 15 e 30 minutos.

Ao todo, o governo holandês licitou 245 pontos de recarga, com o objetivo de limitar a distância entre dois pontos de recarga para até 50 km. A parceria ABB-Fastned ficou responsável por 201 desses locais. As primeiras unidades começam a ser entregues ainda em setembro deste ano.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Atividade física antes dos 40 ajuda a prevenir hipertensão na menopausa

Atividade física antes dos 40 ajuda a prevenir hipertensão na menopausa

Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Especialistas em cardiologia estimam que até 80% das mulheres podem se tornar hipertensas após a menopausa. Para prevenir o problema, a prática de exercícios físicos precisa ser incluída na rotina por volta dos 40 anos de idade, muito antes da última menstruação acontecer.
O alerta foi feito pela pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Angelina Zanesco, que coordena uma pesquisa cujo objetivo é desvendar os mecanismos biológicos responsáveis pelo aumento da pressão arterial feminina nessa faixa etária.
Os primeiros resultados do estudo, que tem apoio da FAPESP, foram apresentados durante a 28ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia experimental (FeSBE), realizada entre os dias 21 e 24 de agosto em Caxambu, Minas Gerais.
“Muitas mulheres começam a se preocupar com a atividade física somente após os 50 anos, quando a barriga começa a crescer. Mas nossos resultados mostram que, para evitar o desenvolvimento da doença, a intervenção precisa ser feita antes que ocorram as mudanças metabólicas e hormonais da menopausa”, afirmou Zanesco.
Para chegar a tal conclusão, a equipe do Laboratório de Fisiologia Cardiovascular e Atividade Física da Unesp em Rio Claro (SP) avaliou em dois grupos de mulheres – pré e pós menopausa – o funcionamento do chamado sistema renina-angiotensina, um conjunto de peptídeos, enzimas e receptores envolvidos no controle da pressão arterial.
“O sistema renina-angiotensina é responsável por elevar a pressão arterial, principalmente por meio da constrição dos vasos sanguíneos, e isso tem uma importância fisiológica. No caso de um acidente com hemorragia ou de uma infecção generalizada, por exemplo, esse sistema impede que a pressão arterial caia demais e o indivíduo desmaie. Mas quando o mecanismo é ativado sem necessidade, acaba levando à hipertensão”, explicou Zanesco.
Os pesquisadores coletaram amostras de sangue de 42 mulheres com mais de 40 anos que ainda não estavam na menopausa e de outras 32 que já estavam havia pelo menos 12 meses sem menstruar.
“Para ter certeza de que a voluntária estava de fato na menopausa, medimos os níveis dos hormônios LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante), que são marcadores da falência ovariana”, explicou Zanesco.
Em seguida, mediram nos dois grupos os níveis plasmáticos da enzima conversora de angiotensina e de diversos peptídeos, como angiotensina 1, angiotensina II e a angiotensina 1-7. Os resultados mostraram que, de maneira geral, o sistema renina-angiotensina estava até 80% mais ativo no grupo de mulheres pós-menopausa quando comparados às mulheres na perimenopausa.
“Quando comparamos apenas as mulheres normotensas, pré e pós menopausa, não vemos grandes diferenças. Mas, quando comparamos as hipertensas, o aumento na atividade do sistema renina-angiotensina chega a 150%. Esses dados mostram que, se a mulher esperar a menopausa para mudar seu estilo de vida, pode ser um pouco tarde e esse sistema já estará ativado para causar uma patologia”, avaliou Zanesco.
Benefícios
Desde meados da década de 1990, diversos estudos têm mostrado os benefícios de exercícios aeróbicos no controle da pressão arterial. O efeito também foi comprovado no experimento feito com 40 mulheres – 29 normotensas e 21 hipertensas – no Laboratório de Fisiologia Cardiovascular e Atividade Física da Unesp.
Após dois meses de treinamento na esteira, que incluía três sessões de 40 minutos por semana, em ritmo moderado, houve redução da gordura abdominal de aproximadamente três centímetros. Além disso, a pressão arterial das normotensas caiu 4 milímetros de mercúrio e a das hipertensas, 7 milímetros de mercúrio.
“Seria o equivalente a descer de uma pressão de 13.2 para 12.5, por exemplo. É uma redução importante para um período tão curto e o suficiente para reduzir em 40% o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral”, afirmou Zanesco.
No momento, os pesquisadores tentam descobrir por meio de quais mecanismos biológicos a atividade física ajuda a regular a pressão. A primeira suspeita, que não se confirmou, estava relacionada à redução nos níveis de cortisol e de testosterona.
“Sabemos que o cortisol, o hormônio do estresse, é produzido e liberado pelo tecido adiposo visceral. Achávamos que reduzindo a gordura da barriga haveria redução no nível de cortisol, mas não foi o que observamos”, contou Zanesco.
Os níveis plasmáticos de testosterona – que já foi relacionada em estudos anteriores ao aumento da pressão arterial na menopausa – também ficaram inalterados após o período de treinamento físico.
“Agora vamos iniciar uma nova leva de experimentos e medir outros biomarcadores, como óxido nítrico e GMP (guanosina monofosfato) cíclico, que são agentes vasodilatadores”, contou.
Outra hipótese a ser investigada é a de que a atividade física estimula a liberação de enzimas antioxidantes, como superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT), o que promoveria a redução do estresse oxidativo e ajudaria a reduzir a pressão arterial.
Por último, serão avaliados mediadores inflamatórios – como a proteína C reativa, produzida pelo fígado, e interleucinas produzidas pelo tecido adiposo visceral –, que podem ser a gênese do problema.
“Se conseguirmos entender os mecanismos da hipertensão nessa faixa etária poderemos encontrar meios para prevenir mais eficazmente o problema. Além de melhorar a saúde da população, isso reduziria muito os gastos do sistema de saúde”, avaliou Zanesco.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a hipertensão é responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal.
De acordo com a Diretriz Brasileira sobre Prevenção de Doenças Cardiovasculares em Mulheres Climatéricas e a Influência da Terapia de Reposição Hormonal (TRH) da SBC e da Associação Brasileira do Climatério (Sobrac), até os 55 anos há um maior percentual de homens com hipertensão.
Dos 55 aos 74 anos, o percentual de mulheres é discretamente maior. Acima dos 75 anos, o predomínio no sexo feminino é significativamente superior. Os especialistas que formularam a diretriz estimam que cerca de 80% das mulheres, eventualmente, desenvolverão hipertensão na fase de menopausa.
De acordo com o levantamento Vigitel 2011 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, a hipertensão arterial atinge 22,7% da população adulta brasileira. A frequência da doença avança com o passar dos anos. Se entre 18 e 24 anos apenas 5,4% da população relatou ter sido diagnosticada hipertensa, aos 55 anos a proporção é 10 vezes maior, atingindo mais da metade da população (50,5%) estudada. A partir dos 65 anos, a mesma condição é observada em 59,7% dos brasileiros. Diferentemente dos dados apontados pela diretriz da SBC e da Sobrac, o Vigitel indica que a maior frequência de diagnóstico em mulheres ocorre em todas as faixas etárias. 

O custo do desperdício de alimentos: US$ 750 bilhões por ano

O custo do desperdício de alimentos: US$ 750 bilhões por ano

BRUNO CALIXTO

Desperdício de alimentos (Foto: Justin Sullivan/Getty Images)
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) publicou nesta quarta-feira (11) um estudo sobre os impactos econômicos e ambientais do desperdício de alimentos em todo o mundo. Os números são impressionantes: são mais de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos desperdiçados todos os anos, que resultam em um prejuízo de US$ 750 bilhões por ano.Além do dano óbvio que o desperdício causa - gera lixo e deixa de alimentar pessoas -, o estudo também identificou os impactos ambientais de se desperdiçar tanta comida. Segundo a FAO, os alimentos produzidos e não consumidos gastam o volume de água de um rio inteiro (no caso, o estudo compara com o rio Volga, na Rússia) e são responsáveis pela emissão de 3,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa.Segundo a FAO, o desperdício de alimento ocorre em duas etapas diferentes. Nos países em desenvolvimento, a maior parte do desperdício acontece no momento da produção e colheita, já que esses países têm menos tecnologia e sofrem com perdas agrícolas. Nos países desenvolvidos, é o contrário. A maior parte do desperdício acontece no consumo, quando consumidores compram em excesso e acabam descartando alimentos.
Segundo o estudo, a América Latina tem elevado desperdício de frutas. O desperdício no setor da carne é menor, mas é o que mais causa impactos no ambiente, já que a carne perdida gastou mais recursos naturais do que outros produtos.
....... 

Rosinha lidera aprovação dos prefeitos das maiores cidades do estado


Prefeita Rosinha Garotinho tem aprovação recorde em Campos
Prefeita Rosinha Garotinho tem aprovação recorde em Campos

Uma nova pesquisa feita para saber como anda a sucessão no nosso estado será divulgada nos próximos dias mostrando minha liderança incontestável. A pesquisa aproveitou também para medir a opinião dos eleitores sobre seus prefeitos. Para minha alegria entre os dez maiores municípios do Estado do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho é a prefeita com maior aprovação. Vamos aos números da aprovação e desaprovação. 

Vale destacar que Rosinha tem quase o dobro da aprovação de Eduardo Paes. Em compensação, Paes tem mais do dobro da reprovação dela.

São pouquíssimos os prefeitos que têm aprovação superior à reprovação. Na maioria das cidades do estado, talvez contaminados pela desaprovação do governador Sérgio Cabral, os prefeitos estejam pagando a conta. Aliás, o instituto também perguntou como a população classifica a administração do governador Sérgio Cabral. 



Com esses números vai ser muito difícil o governador Sérgio Cabral arranjar votos para o seu candidato Pezão. Notem a avaliação "péssima" é a que tem o maior número.
Aliás, Eduardo Paes deve estar desesperado porque se a situação de Cabral é muito ruim no estado, na cidade do Rio é um verdadeiro desastre. Confiram os números. 


É bom ressaltar que esse números foram fechados antes das vaias que Cabral tomou na semana passada em São Gonçalo e num estaleiro, no Caju, e antes do coro de dezenas de milhares xingando-o no Rock in Rio. 
fonte :blog do Garotinho

Índios suruí concluem 1ª venda de créditos de carbono indígenas do país

Aldeia de Rondônia vendeu créditos para a empresa brasileira Natura.

Compra é forma de compensação de emissões de gases de efeito estufa.

Do G1, em São Paulo
Indígenas da aldeia pater-suruí, que vivem em área de floresta amazônica no Norte do país (Foto: Reprodução/TV Globo)Indígenas da paiter-suruí, que vivem em área de floresta amazônica no Norte do país (Foto: Reprodução/TV Globo)
Os índios paiter-suruí, que participam do projeto Carbono Florestal Suruí, em Rondônia, realizaram no início de setembro a primeira venda de créditos de carbono indígenas com certificação internacional já feita no país. Créditos de carbono são certificados conferidos a empresas que reduziram sua emissão de gases de efeito estufa à atmosfera.
A companhia brasileira de cosméticos Natura anunciou a compra de créditos que equivalem à emissão de 120 mil toneladas de carbono, para compensar suas liberações de poluentes por meio do processo industrial. O dinheiro da negociação será investido na preservação da floresta amazônica.
O projeto surgiu como uma alternativa de financiamento e geração de renda para a população indígena. Os moradores da Terra Indígena Sete de Setembro, que abrange 248 mil hectares de florestas em Rondônia e Mato Grosso, trabalham na preservação da Amazônia, evitando que ela seja desmatada, e também no reflorestamento de áreas que tenham sido degradadas. O objetivo é "sequestrar" o carbono, ou seja, evitar que ele seja liberado para a atmosfera.
Até o fim do ano, a Natura tem o objetivo de reduzir suas emissões de gases em 33%. O valor oficial da negociação não foi divulgado, mas o montante será destinado ao Fundo Carbono Suruí.
Alternativa de renda
O projeto indígena, iniciado em 2007, usa duas formas de compensação: o "sequestro" de carbono propriamente dito, por reflorestamento; e o desmatamento evitado e a conservação de estoques de carbono pela redução do desmatamento e da degradação florestal.

O trabalho é liderado pelo cacique Almir Suruí, um dos vencedores do prêmio "Herói da Floresta", concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Primeiro Redd+
O Projeto de Carbono Floresta Suruí é considerado pioneiro no Brasil por ser o primeiro projeto de Redd+ indígena a ser validado em certificações internacionais, reconhecido pelo Padrão de Carbono Verificado (VCS, na sigla em inglês) e pelo Padrão Ouro de Clima, Comunidade e Biodiversidade (CCB, na sigla em inglês).

Os dois padrões são os principais órgãos internacionais que creditam projetos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa decorrentes do desmatamento e da degradação florestal, conceito conhecido como Redd (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal).