segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Botiá para embalagem biodegradável

GRANDE IDEIA

Botiá para embalagem biodegradável

Trata-se de um material à base de fibra de coco, que pode ser usado para embalagens de alimentos


Manuela Yamada

A primeira edição do Movimento HotSpot chegou ao fim em julho, após um ano e meio de festivais por todo o Brasil, oficinas, shows e horas e horas de conversas e reuniões com curadores das 11 áreas abordadas. O projeto, que teve a SUPER como parceira, buscou promover e revelar jovens talentos com grandes ideias em arquitetura, design, fotografia e música, entre outros. Agora, os vencedores podem usar o dinheiro que ganharam para investir em seus projetos.


Quem ganhou o prêmio principal, de R$ 200 mil, foi a designer Manuela Yamada, que, com o apoio do programa, desenvolveu um antigo projeto de faculdade, o Botiá. Trata-se de um material biodegradável, à base de fibra de coco, que pode ser usado para embalagens de alimentos. Agora, com o dinheiro, ela quer ir além. "A ideia não é parar nas embalagens, mas fazer outros projetos com o material", diz. Leia a entrevista:



De onde veio a ideia de usar fibra de coco para desenvolver um material novo?
A ideia surgiu quando eu e a Natalia Bruno éramos alunas da PUC [Rio], quando criamos o tema para um projeto de "feira livre de alimentos". Após visitas sistemáticas a diversas feiras, uma das coisas que mais nos chamou atenção foi a quantidade de lixo gerado no final de todas elas. O coco verde nos chamou particularmente atenção devido ao volume gerado. Começamos a pesquisar e vimos que a Embrapa, em parceria com uma empresa privada, havia desenvolvido uma máquina capaz de extrair a fibra do coco verde - e esea fibra estava sendo utilizada para alguns projetos.



Em quase todos os projetos encontrados, a fibra era usada com uma resina à base de mamona, que na época (era 2009) era muito cara e difícil de achar se comparada com outros tipos de resina. Além disso, queríamos algo 100% natural e orgânico. Optamos então por buscar desenvolver um compósito à base de fibra de coco que fosse 100% natural, biodegradável e biocompatível. Além disso, queríamos que seu processo de produção fosse muito simples e barato. Assim chegamos ao compósito Botiá.



Como você entrou no Movimento Hotspot?
Eu fiquei sabendo dessa oportunidade em uma conversa em sala de aula com um amigo de faculdade que me falou que eles teriam um investimento de até 200 mil para o projeto vencedor. Na hora eu vi uma grande oportunidade de investimento no projeto e fui atrás. Desde 2009 estive trabalhando no projeto. No início foi o desenvolvimento do material em si e em 2011,2012, foi o desenvolvimento das embalagens. Durante o processo do movimento o trabalho continuou.



O processo de seleção foi muito bacana e completo, todas as bancas de apresentação do Projeto Botiá eram um estímulo para estruturar cada vez mais o projeto. A fase de Tanque de Ideia foi especialmente interessante, foi uma oportunidade incrível de conviver com as mais diversas pessoas, de todos os cantos do País e todas muito brilhantes em seus trabalhos. Além disso, participar da metodologia Mesa & Cadeira foi muito enriquecedor para mim, não só como pessoa mas como profissional.



O Botiá foi desenvolvido para ser embalagem de alimentos. Mas quais as outras aplicações possíveis?
Ele foi desenvolvido para ser um material, no começo não tinha uma aplicação específica. Foi depois do desenvolvimento que surgiu a ideia de fazer uma embalagem, por ser um objeto de grande uso e descarte rápido - o que por si só requer uma grande atenção de quem a projeta. Atualmente estamos envolvidas em um projeto com outras duas empresas para fazer um projeto ligado à área de reflorestamento, utilizando o material. Chegamos a fazer assentos de cadeira, entre outras coisas. Ele pode ser usado basicamente para qualquer coisa.



Como você pretende usar o dinheiro do prêmio? Qual é o próximo passo?
O dinheiro do prêmio será usado inteiramente para viabilizar uma produção do material e das embalagens Botiá. Já tivemos interesses de diversas pessoas, projetos e empresas que não pudemos atender devido ao alto custo de produção atual, pois o processo é inteiramente artesanal e não temos infra-estrutura para produzir. Com o investimento, pretendemos comprar maquinário, investir em moldes, aprimorar o processo de produção e arrumar um lugar para de fato instalar o nosso trabalho.



A ideia não é parar nas embalagens, mas desenvolver diversos projetos para clientes usando o material. E desenvolver projetos próprios também. Devido a nossa enorme paixão por pesquisa, queremos que a "minifábrica" sirva também de laboratório de experimentação. O próximo passo é contar com a assessoria do Sebrae e da Luminosidade [empresa de Paulo Borges, idealizador do Movimento HotSpot] para estruturar um bom plano de negócios que faça esse investimento e o nosso trabalho gerarem cada vez mais trabalhos para que, num futuro próximo, possamos caminhar com as próprias pernas.

Como e por que evitar o desperdício

Como e por que evitar o desperdício

Um terço de toda a comida produzida no mundo vai para o lixo. Há perdas no campo, no transporte, no armazenamento e no processo culinário. Por outro lado, 870 milhões de pessoas vivem na insegurança alimentar. Todos os dias, uma de cada oito vai dormir com fome. Reduzir o desperdício pode mudar essa equação, porque o problema da fome não é a falta de alimento. É a falta de gestão pública e privada. Cada um pode fazer sua parte para uma balança mais justa.

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Kátia Stringueto
Bons Fluidos - 

Fernando Lemos e Alex Silva

Os brasileiros desperdiçam comida. Muita comida. Metade de tudo que é produzido. Estados Unidos, Europa, países ricos em geral, não ficam muito atrás. Nem os mais pobres. Na média mundial, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), um terço dos alimentos se perde. A diferença é que, nos países pobres, o problema acontece no início da cadeia produtiva, por falta de tecnologia e dificuldades no armazenamento e no transporte. Já nos países ricos, a situação se agrava nos supermercados e na casa do consumidor, acostumado a comprar mais do que precisa. "O Brasil sofre nas duas pontas, porque tem tanto aspectos de países ricos quanto de países pobres. Daí a perda ser maior. Ocorre desde a colheita, passando pelo manuseio, transporte, central de abastecimento, indústria, supermercado e consumidor", detalha Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu - Pelo Consumo Consciente.


Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) contabilizam em 10% o desperdício das frutas e hortaliças ainda no campo e indicam que a maior perda está no transporte: 50%. Mas, se o alimento chega machucado, aí é motivo de mais descarte. No Brasil, 58% do lixo é de comida. "O planeta produz o suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas, mas quase 900 milhões vivem em insegurança alimentar - comem num dia e no outro não. Como acabar com isso? Reduzindo o desperdício", defende o presidente do Akatu. "Se metade do que é perdido deixasse de ser, teríamos o dobro de alimento nas gôndolas e o preço cairia. E mais pessoas teriam acesso."



Os números são eloquentes e escandalosos, embora fiquem camuflados por causa de velhos hábitos de consumo. Nacionalmente, fazem parte desse desperdício, por exemplo, um volume de talos e cascas que não são usados (e poderiam ser), folhas e frutas machucadas e sobras de pão, café, arroz e feijão.



Há uma gênese cultural para tanto. "O brasileiro sempre teve mesa farta pelo fato de viver num país tropical, onde tudo dá. E não está acostumado a aproveitar integralmente o alimento. Veja se em Portugal se jogam fora as vísceras do porco? Ou a cabeça do bacalhau?", protesta Carlos Dória, do Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo, em São Paulo. O estudioso da alimentação se lembra dos peixes e caramujos desprezados no Ceagesp simplesmente por falta de mercado - a população não os considera comestíveis. "O chef Alex Atala fez um menu interessante com esse ‘refugo’ e provou que o menosprezo é fruto de muito preconceito na cozinha", diz. Ou seja, dá para avançar mais em busca do equilíbrio dessa balança. O Instituto Akatu oferece até um incentivo econômico. Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os pesquisadores da ONG fizeram a seguinte conta: uma família média brasileira gasta 478 reais mensais para comprar comida. Se o desperdício de 20% de alimentos deixasse de existir em casa, 90 reais deixariam de ir para o ralo. Guardando esses 90 reais todos os meses, depois de 70 anos (expectativa média de vida) a família teria uma poupança de 1,1 milhão de reais.



"Precisamos planejar melhor o cardápio, só comprar o necessário, não nos deixar levar pelas ofertas, cozinhar integralmente os alimentos. E ter uma nutrição adequada. O sobrepeso é outra forma de desperdício", aponta Mattar. De acordo com o Ministério da Saúde, 50% da população nacional está acima do peso. Nos EUA, 70%.

PEGADA DE CARBONO
"Reduzir em 30% o desperdício significa ainda diminuir em 30% o uso de terra, defertilizantes, de agrotóxicos e de sementes", diz Ricardo Abramovay, professor titular do departamento de economia da Universidade de São Paulo. Em abril, o primeiro estudo da FAO sob a perspectiva ambiental revelou que tanto descarte é uma oportunidade que se perde não apenas do ponto de vista da segurança alimentar de mais pessoas como também para mitigar o impacto ambiental. A saber: a pegada de carbono dos alimentos produzidos e não consumidos no mundo é estimada em 3,3 gigatoneladas de dióxido de carbono (cada gigatonelada equivale a 1 bilhão de toneladas). Número que coloca esse desperdício em terceiro lugar entre os maioresemissores de CO2 do planeta, atrás apenas de Estados Unidos e China. Mundialmente, o volume de água que se perde fora quando se desperdiça um alimento pronto atinge 250 quilômetros cúbicos, o que corresponde à descarga anual de água do Rio Volga, o mais longo da Europa.



EM NÍVEL PÚBLICO E PRIVADO
Se a postura do Estado em relação ao desperdício de alimentos deixa muito a desejar, ONGs e consumidores estão ávidos para fazer sua parte. No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, quando a equipe de nutrição e gastronomia percebeu que 110 quilos de alimentos eram jogados fora por refeição como resultado da sobra no prato dos funcionários, deu início a uma campanha de conscientização. De fevereiro a outubro de 2012, distribuiu cupons de sorteios aos empregados que entregavam a bandeja vazia - e conseguiram baixar o nível de resíduos para 50 quilos.



No cardápio do restaurante Girarrosto, de São Paulo, o logotipo de duas carinhas se encontrando e compartilhando um sorriso chama a atenção. A quem se interessa, o garçom explica que o prato indicado é servido na porção "Satisfeito", que compreende dois terços da original. Bom para quem não tem muita fome e fica incomodado de deixar comida no prato. Bom porque esse um terço de comida poupado reverte em benefício de ONGs de combate à fome infantil (o cliente paga o preço integral do pedido e o restaurante repassa de 5 a 10% do valor do prato). "As pessoas acham pertinente e gostam muito", diz o gerente Roque Corrêa, que percebe um efeito adicional do Satisfeito. "Acendeu uma luz para a nossa equipe e para o cliente. É uma mudança de cultura à mesa e todos vão pensar mais a respeito dentro de casa."



"A ideia da porção menor nasceu dessa discrepância entre fome e desperdício", explica Luiza Esteves, coordenadora do projeto, idealizado por Marcos Nisti, vice-presidente do Instituto Alana, voltado para o desenvolvimento infantil saudável. Passados seis meses, são 14 restaurantes parceiros. Por enquanto, todos em São Paulo. Na ponta final, o Centro de Recuperação e Educação Nutricional (Cren) é uma das três ONGs beneficiadas - há também o Banco de Alimentos e a Seeds of Light, que atua na África. No primeiro mês da iniciativa, o Cren recebeu 662 reais, valor que já enriqueceu o cotidiano das 142 crianças atendidas. "A verba está sendo destinada à compra de alimentos além da cesta básica, como o peixe, que passou a constar do cardápio semanal", informa Lucas Oliveira, coordenador de relacionamento. O dinheiro também permite variar legumes e frutas e educar nutricionalmente as crianças.



Como uma coisa puxa a outra e 65,3% dos brasileiros fazem alguma refeição fora durante o dia, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) viu nos donos de restaurantes e chefs um grande potencial de multiplicar a gastronomia sustentável. Criou uma cartilha de cinco hábitos para uma cozinha eficiente, com alimentos sazonais, que apoie o pequeno produtor e ofereça menos carne. "Quando reduzimos o consumo de carne, naturalmente incentivamos as pessoas a se abrirem para novos sabores", diz João Paulo Amaral, gestor ambiental do Idec. Gente legal já entendeu que tem poder de decisão. E começa a fazer diferente.

OS NÚMEROS FALAM POR SI
- 13 milhões de brasileiros passam fome (FAO, The State of Food Insecurity in the World 2012);
- 20% dos alimentos que uma família brasileira compra semanalmente são jogados fora, gerando uma perda de 1 bilhão de dólares por ano, o suficiente para alimentar 500 mil famílias (Instituto Akatu, 2004);
- 25 centavos de dólar por dia é o valor médio para alimentar uma criança e mudar a vida dela para sempre (WFP, World Food Programme 2012)
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Sistema reúne informações sobre cavernas brasileiras

Sistema reúne informações sobre cavernas brasileiras



O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou, na última quarta-feira (4), o Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas com objetivo de reunir informações do patrimônio espeleológico brasileiro. O lançamento foi feito durante a reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente, em Brasília. A ação partiu do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas.
De acordo com o coordenador do centro de pesquisas, Jocy Brandão, o cadastro tem a finalidade de "agregar todas as informações do patrimônio espeleológico do Brasil, que está disperso, quer seja na academia, quer seja nos grupos de espeleologia, ou na sociedade brasileira de espeleologia e nos processos de licenciamento”, disse Jocy Brandão.
O sistema registra 9,5 mil cavidades naturais subterrâneas que envolvem área protegida, atividade antrópica do homem, entrada da caverna, espeleotemas (formações rochosas), fauna, recursos hídricos, microbiologia, vegetação, vestígios arqueológicos, histórico-culturais e paleontológicos, feição morfológica, litologia (descrição das rochas), entre outros.

Nova Zelândia abriga restaurante “casa na árvore”

Nova Zelândia abriga restaurante “casa na árvore”




O restaurante “The Redwoods Threehouse” foi construído numa sequoia de quarenta metros de altura, como uma “casa na árvore”. Situado à beira de uma mata, ao norte de Auckland, na Nova Zelândia, a estrutura teve todo seu conceito baseado nas fábulas infantis e nas formas da natureza.
A estrutura foi feita para uma campanha da empresa Yellow Pages, serviço de páginas amarelas neozelandês, em 2008. A pedido da empresa, todos os materiais e serviços utilizados pelos arquitetos do escritório Pacific Environments Architects foram solicitados através da publicação. Quando a campanha chegou ao fim, o local passou a funcionar como um restaurante.



A estrutura, que tem forma de casulo, foi construída a dez metros de altura em uma floresta de sequoias. Uma enorme árvore da espécie, com mais de quarenta metros de altura e 1,7 metros de diâmetro, foi a escolhida para abrigar a casa na árvore.
O acesso ao restaurante é feito por meio de uma passarela elevada a sessenta metros de altura. O hall principal, que se encontra em uma das maiores árvores do topo do vale, abriga confortavelmente trinta pessoas, mais a equipe de garçons. A cozinha, os banheiros e serviços estão localizados no nível do solo.



O formato do restaurante foi inspirado em muitas formas encontradas na natureza, como  a crisálida (casulo em que a lagarta se transforma em borboleta), e as conchas do mar.
A planta do restaurante é circular, com quase dez metros de largura e com pé direito de doze metros de altura. Foram utilizadas treliças de madeira para fazer o salão principal. As ripas curvas do exterior foram feitas de pinho laminado. Toda a estrutura foi fixada à árvore com peças metálicas, tanto na parte superior, como na parte inferior.
Durante o dia, o local fica praticamente camuflado à paisagem. Já de noite, se parece com uma lanterna, brilhando em meio à mata.

Mayra Rosa - Redação CicloVivo

domingo, 15 de setembro de 2013

Dia da Amazônia – O desafio de preservar o bioma

Dia da Amazônia – O desafio de preservar o bioma
05 de Setembro de 2013 




Comemorada no dia 5 de setembro, a Amazônia é um dos patrimônios naturais mais valiosos de toda a humanidade e a maior reserva natural do planeta. Com sete milhões de quilômetros quadrados, sendo cinco milhões e meio de florestas, o bioma é fundamental para o equilíbrio ambiental e climático do planeta e a conservação dos recursos hídricos.

“O Dia da Amazônia é um dia de celebração”, ressalta a secretária geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito. “Nós temos conhecimento sobre os problemas e desafios do bioma, mas muito mais sobre as ferramentas que precisamos para vencê-los e quais os resultados que devemos atingir. Nosso trabalho tem se pautado na proposição de uma agenda positiva para o desenvolvimento sustentável do bioma”, avalia.
Apesar de sua incalculável importância ambiental para o planeta, – como o habitat de inúmeras espécies animais, vegetais e arbóreas, e como fonte de matérias-primas alimentares, florestais, medicinais e minerais -, a Amazônia tem sido constantemente ameaçada por inúmeras atividades predatórias, entre elas a extração de madeira, a mineração, as obras de infraestrutura e a conversão da floresta em áreas para pasto e agricultura.



Para o coordenador do Programa Amazônia da organização, Marco Lentini, é fundamental informar à sociedade sobre as principais ameaças à biodiversidade da Amazônia e sensibilizá-la para a necessidade do desenvolvimento de uma economia verde para a região. “É importante conectar a conservação das florestas com seu uso sustentável, utilizando cada área de acordo com a sua vocação. Também queremos engajar as pessoas para que exerçam seu papel de cobrar e propor soluções positivas e sustentáveis para o bioma”, afirma.




O WWF-Brasil listou alguns dos temas atuais mais prioritários e urgentes, entre ameaças, desafios e oportunidades, que afetam ou contribuem com a preservação da Amazônia e de seus habitantes:  

- Manejo florestal e a valorização do uso das florestas
- Unidades de conservação
- Geração de energia
- Grandes empreendimentos
- Desmatamento e degradação florestal
- Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA)
- Mineração
- Pecuária

40% de lixo hospitalar têm destinação inadequada

40% de lixo hospitalar têm destinação inadequada
05 de Setembro de 2013 • Atualizado às 09h02


A ausência de uma gestão apropriada e eficiente dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) vem aumentando o risco à saúde pública e ao equilíbrio do meio ambiente. É o que alerta a Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, que constatou que mais de 40% do RSS coletado teve destinação inadequada em 2012, segundo dados da última edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, estudo publicado anualmente pela entidade.
“A discrepância é grande e demonstra que uma grande parcela de RSS ainda é gerenciada de forma irregular, o que exige atuação imediata dos órgãos competentes”, destaca Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe.
Silva Filho observa que o cenário, apesar de generalizado e ocorrer em todo país, se agrava nos grandes centros urbanos, pelo volume de RSS gerados. “A quantidade de estabelecimentos de assistência à saúde triplicou no estado de São Paulo, entre 2005 e 2012, e que passou de 21.512 unidades para mais de 60 mil unidades”.
O estudo desenvolvido pela Abrelpe aponta que foram coletadas em 2012 mais de 244 mil toneladas de RSS no Brasil. Desse total, 37,4% seguem para incineração; 21,7% são enviados a aterros sanitários; 13,3% vão parar em lixões; 16,6% são tratados em autoclaves e 5,2%, em micro-ondas; e 5,8% acabam dispostos em valas sépticas.
“A falta de comprometimento das unidades de saúde, que não fazem seus planos e não zelam pela contratação de empresas adequadas, somada à omissão dos órgãos de vigilância sanitária, contribui para que a situação piore e sejam registradas cada vez mais denúncias contra estabelecimento de saúde”, analisa o diretor executivo da Abrelpe.
Gestão regulamentada da ANVISA
Um dos instrumentos que regulamentam a gestão de RSS no Brasil é a RDC 306 da Anvisa  – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que está em vigor desde 2004. Essa resolução determina que os serviços de saúde são responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os RSS por eles produzidos, desde o momento de sua geração até a sua destinação final, incluindo-se os processos de tratamento, quando se fizer necessário.
De uma forma geral, a resolução da Anvisa  dispõe que resíduos do Grupo A, considerados infectantes, devem ser submetidos a processos de tratamento específicos, de maneira a torná-los resíduos comuns, ou seja, do Grupo D, para fins de disposição final em locais devidamente licenciados pelo órgão ambiental competente.
Entretanto, há subgrupos, como é o caso do A4 e do E, para os quais a Anvisa  dispensa o tratamento prévio. “Isso quer dizer que objetos perfurocortantes, órgãos e tecidos provenientes de procedimentos cirúrgicos, entre outros materiais potencialmente contaminados, podem ser dispostos diretamente em aterros sanitários, o que representa um risco para a população e o meio ambiente”, salienta o diretor da Abrelpe. 

Arquitetura sem fronteira

Arquitetura sem fronteira

Com soluções inovadoras e inspiração no trabalho de Oscar Niemeyer, o mexicano Fernando Romero entra para a elite mundial de projetistas e negocia uma exposição no Brasil em 2014

Luiz Fernando Sá
Fernando Romero tem projetos na prancheta e muitos planos em mente. Na segunda categoria está uma viagem ao Brasil ainda este ano. O arquiteto mexicano negocia com um galerista de São Paulo trazer para a cidade, em 2014, uma exposição sobre o seu trabalho. Aproveitaria a ocasião, também, para avançar nas tratativas com um potencial cliente brasileiro. “É um grande empresário paulista”, antecipou à ISTOÉ na terça-feira 20, numa conversa via Skype, direto da Cidade do México. “Para nós, será uma honra fazer um trabalho em um país tão extraordinário.” Romero fala de forma simples e modesta, as palavras se encaixando em equilíbrio e elegância. Ousadias e hipérboles ele reserva para as obras que fazem dele uma estrela emergente da arquitetura global contemporânea, um nome que sobe rapidamente os degraus que levam a um Olimpo ocupado por gente como Zaha Hadid e Santiago Calatrava. Seu cartão de visitas é o impressionante Museu Soumaya, ícone de uma nova fase de prosperidade na capital mexicana. Romero exprimiu em curvas improváveis os desejos do homem mais rico do mundo, seu compatriota Carlos Slim Helú, dono do Grupo Carso (que no Brasil controla Claro, Embratel, Net e outras companhias) e de uma fortuna avaliada em US$ 66 bilhões. O prédio é um tributo à mulher de Slim, falecida em 1999, e a morada para a coleção de 66 mil obras de arte do magnata – uma eclética lista de obras-primas que inclui Van Gogh, Matisse, El Greco, Rodin (o maior conjunto de peças do escultor fora da França), entre outros. Diante de tantos mestres, é quase uma heresia dizer que o edifício de 50 metros de altura rivaliza com o conteúdo na atração de visitantes. Mas é a mais pura verdade.
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Museu Soumaya (Cidade do México)
Aberta em 2011, a principal obra de Romero
abriga coleção do bilionário Carlos Slim

O cliente, nesse caso, está muito além de ser especial. É o sogro. Romero é casado e tem quatro filhos com Soumaya, filha de Slim homônima da mãe. Poderia sugerir nepotismo – e não faltou alguém para depreciar, dessa forma, o talento do rapaz. A trajetória da elaboração do projeto e o seu resultado relatam o contrário. O cliente-sogro não deu trégua ao arquiteto-genro. Feita a encomenda, Romero teve nada menos que 16 pré-projetos rejeitados até receber o sim de Slim para avançar, em 2007. Durante a construção, o bilionário fazia visitas diárias ao canteiro. “Desde o início, foi um processo contínuo de aprendizado”, conta Romero. “O fato de o cliente ser engenheiro fez com que ele desafiasse minhas ideias e as soluções que eu apresentava até o último momento.” A insinuante estrutura externa do museu reflete a fertilidade dessa parceria. Sua assimetria confronta o senso geral em uma cidade frequentemente sacudida por terremotos. Para o revestimento da fachada foram produzidas 16 mil hexágonos de alumínio em mil formas e tamanhos diferentes, que formaram um complexo mosaico. “Isso só foi possível porque fomos buscar as mais modernas ferramentas de design existentes no mundo”, explica.
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Bridging Tea House ( Jinhua - China)
O centro cultural em forma de ponte, tem ambientes
para vários usos em diferentes níveis

Com sua grandiosidade, beleza e patrono, o museu Soumaya teria potencial para fazer sombra eterna sobre seu criador. Romero, porém, já mostrou que não é arquiteto de um projeto só. No entorno desse marco, por exemplo, está em fase final de construção, com sua assinatura, a Torre Jumex, encomenda de outro bilionário mexicano, Eugenio López Alonso. Ao lado do prédio, Alonso mandou erguer seu próprio museu, desenhado pelo inglês David Chipperfield, onde reunirá aquela que é considerada a maior coleção de arte latino-americana contemporânea. Assim, com arquitetura, arte e ousadia, dois mecenas mudaram para o bairro de Polanco, no subúrbio da Cidade do México, o epicentro econômico e cultural de um país. Há nada menos que um milhão de metros quadrados sendo erguidos ali, redesenhando o futuro mexicano. “A arquitetura tem a missão de nos ajudar a evoluir”, resume Romero.
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Centro de Convenção (Los Cabos - México)

Sede da reunião do G20 em 2012, recebeu líderes
mundiais em seus amplos espaços abertos

O efeito Soumaya expandiu também as fronteiras do arquiteto. Em 2010, com o museu ainda em construção, mas já com a demanda por seus serviços em alta, ele abriu em Nova York uma filial do FR-EE (Fernando Romero Entreprises), seu escritório de arquitetura, e passou a colecionar encomendas e prêmios, de Miami à China (confira alguns de seus projetos ao longo da reportagem). A cada vez mais influente comunidade latina dos Estados Unidos, por exemplo, cobiça seus traços e reverencia sua influência ao redor do mundo. “Fernando Romero é o novo Oscar Niemeyer da América Latina, o novo Frank Lloyd Wright para o mundo”, afirma o artista plástico brasileiro Romero Britto, radicado em Miami. São duas referências imediatas. Wright, autor do projeto do Guggenheim Museum em Nova York, é o papa da arquitetura moderna americana. O brasileiro Niemeyer, um dos ídolos do mexicano. “A habilidade de Niemeyer para combinar silhuetas inovadoras e grandes espaços abertos com economia sempre me interessou muito e influencia o modo como trabalhamos no FR-EE”, diz. Outro brasileiro na sua lista de influências é Paulo Mendes da Rocha, “por causa da abordagem poética e racional da arquitetura”.
Ousadia premiada

Das pranchetas de Fernando Romero e sua equipe no FR-EE, saíram projetos
ainda não executados, mas que já são reconhecidos ao redor do mundo

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MIAMI CHAPEL

Projeto venceu concurso da comunidade católica da cidade
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PH MUSEUM

Conceito para exposição de fotografias, inspirado nas lentes das câmeras
Atualmente, Fernando Romero está debruçado sobre as questões urbanas. Seu principal trabalho em curso é um grande projeto de infraestrutura para a Cidade do México. Em seu portfólio, há uma série de conceitos para cidades planejadas, espécies de Brasílias do futuro, imaginadas para serem erguidas em regiões remotas como polos de desenvolvimento e um antídoto às migrações que ampliam o caos nas grandes metrópoles como a sua terra natal ou São Paulo. “São cidades irmãs no tamanho, na complexidade, na diversidade e no contraste”, analisa. Para ele, uma tem muito a aprender com a outra. Os brasileiros de São Paulo e do Rio, acredita, têm mais expertise no trato das questões sociais, avançam mais rapidamente nesse quesito. Já a capital mexicana despertou para a urgência das grandes transformações viárias e de convivência urbana. “Vivemos um momento especial”, comemora. “Até há pouco tempo, o México era um país de engenheiros. Agora, estão ouvindo os arquitetos e descobrindo outras maneiras de resolver os velhos problemas. É o que podemos ensinar ao Brasil”.
Entrevista / Fernando Romero
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"Meu projeto favorito é o próximo"
ISTOÉ – O Museu Soumaya é seu projeto favorito?

Meu favorito é sempre o próximo, porque é o que concentra minha atenção. Mas o museu terá sempre um valor emocional muito grande. Um arquiteto tem poucas oportunidades na vida de desenhar um museu para receber obras de artistas como Rodin, Van Gogh e outros.
ISTOÉ – Quando desenhou o museu, tinha a ambição de criar um novo símbolo para a Cidade do México?

Estávamos determinados a criar as melhores condições para abrigar as obras de arte, mas também queríamos que se tornasse um destino para os mexicanos. É um conceito que pode ser repetido em outros lugares do mundo.
ISTOÉ – Carlos Slim é apenas mais um cliente?

É um cliente extraordinário e visionário. Trabalhar com ele foi um processo contínuo de aprendizado. Por ser engenheiro, ele desafiou minhas ideias e as soluções que eu apresentava até o último momento
ISTOÉ – Qual é a missão da arquitetura no século XXI?

A arquitetura deve ter a possibilidade de nos surpreender, de desenvolver novos contextos, novas inter-relações pessoais, novos modelos de construção e maneiras de usar materiais. A arquitetura deve nos ajudar a evoluir.
ISTOÉ – Qual é a sua visão das cidades brasileiras?

O Rio de Janeiro me faz lembrar Acapulco, no México. São Paulo e Cidade do México são cidades irmãs, no tamanho, na complexidade, na diversidade e nos contrastes.

Coleta premiada

Coleta premiada

Rio de Janeiro oferece desconto na conta de luz para quem dá o destino correto ao lixo. Há clientes que não pagam nada

Michel Alecrim
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No morro Dona Marta, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, o comerciante paraibano Severino Gomes Pedrosa, 59 anos, está sem pagar a conta de luz há um ano e meio. Não há nada de errado com seu medidor de consumo. Tampouco estamos diante de um caso de inadimplência. Pedrosa conquistou esse direito ao separar papelão de garrafa PET e latas de alumínio e trocar esse lixo reciclável pelo bônus que tem zerado o seu débito. Outras 5.100 famílias de favelas cariocas procuram obter pelo menos um desconto fazendo o mesmo com seus dejetos. Estão inscritas no programa Light Recicla, da concessionária de energia da cidade. Em quase dois anos, a iniciativa evitou que 1.380 toneladas de papel, plástico, latas e vidro fossem despejadas no meio ambiente. A rede de esgoto também ficou livre de 5.660 litros de óleo recolhidos pelo programa.
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Quem é cadastrado recebe um cartão magnético. É através dele que a bonificação é computada. Além de separar o lixo, os participantes retiram a sujeira de potes e garrafas. Misturar tudo não é um bom negócio. O valor dos detritos é calculado pela matéria-prima de que são feitos. Quem pesa tudo junto recebe pela categoria de objetos de menor valor. Os clientes precisam levar o lixo para um posto de coleta, que fica na entrada dessas comunidades. Há unidades na Rocinha, Chácara do Céu, Cruzada São Sebastião, Chapéu Mangueira e Babilônia. No posto, o material é pesado e o desconto, calculado. O participante recebe um extrato comprovando o que entregou. Aí é só esperar pela recompensa na conta do mês seguinte.
Como a reciclagem ajuda na redução do consumo de energia, a Light calcula ter poupado 5.900 megawatts, o que abasteceria durante um mês 40 mil domicílios. O bônus oferecido aos clientes também funciona como uma forma de estimular o pagamento da conta em dia. Esse modelo já tinha sido adotado pela concessionária Ampla, que atende a municípios da região metropolitana e do interior do Rio, desde 2008. A empresa contabiliza 140 mil clientes e quer mais. Lançou uma campanha de adesão que dá prêmios como geladeiras, lâmpadas econômicas e ecobags a quem se empenhar mais.
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Parte do lixo recolhido pelo Light Recicla vem de clientes de bairros de classe média, que passaram a colaborar com o programa sem lucrar nada em suas contas. Seus bônus aliviam a fatura de 31 instituições de caridade, a maioria dentro de favelas. Alunos de colégios de Botafogo, como o Santo Inácio e a Escola Corcovado, estão entre os que aderiram ao programa. Eles colocam o lixo no cesto certo e ganham o bônus de um planeta melhor para viver.
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sábado, 14 de setembro de 2013

Cores da mata

Cores da mata

Apesar da lenta degradação do ambiente nos últimos 500 anos, pesquisadores estimam haver até 1,2 mil espécies de pássaro espalhadas pela floresta litorânea

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Luiz Claudio Marigo
National Geographic Brasil - 

fotos de Luiz Claudio Marigo

Não restam mais que 7% dos 1,5 milhão de quilômetros quadrados originais de Mata Atlântica da época de suas primeiras descrições, no século 16, quando europeus desembarcaram no litoral brasileiro e, fascinados, puderam contemplar a surpreendente fauna do Novo Mundo - como a ave araçari-poca (acima), símbolo dos trópicos pela exuberância, formas e cores. 


Apesar da lenta degradação do ambiente nos últimos 500 anos, pesquisadores estimam haver até 1,2 mil espécies de pássaro espalhadas pela floresta litorânea. Mas a descontinuidade de seu hábitat isolou os araçaris e outros animais em populações separadas, o que tende a ser uma ameaça. Daí a importância de ampliar áreas protegidas e conectar esses remanescentes emcorredores ecológicos



"O araçari-poca é endêmico desse bioma, e não está sob risco imediato. Entretanto, pode desaparecer de áreas fragmentadas ou muito pequenas", analisa o ornitólogo Luís Fábio Silveira, da Universidade de São Paulo. Para ele, mesmo que nenhum caso de extinção tenha sido ainda comprovado na Mata Atlântica, há um claro processo de declínio. "Duas hipóteses são consideradas: a primeira sugere que as aves da floresta, durante sua evolução, desenvolveram a capacidade de sobreviver em ambientes secundários. Já a segunda aponta que, em breve, começaremos a observar um período de extermínio em massa", diz. 



Exclusivo - Um álbum especial sobre os bichos da Mata Atlântica - entre eles este macaco-prego-robusto - e a importância das iniciativas particulares de conservação da floresta estão em ngbrasil.com.br