sábado, 1 de fevereiro de 2014

Não dá mais para ir de carro


Não dá mais para ir de carro

Cada vez mais cidades optam por tirar espaço dos automóveis e dar a ônibus, ciclistas e pedestres. O EXAME Fórum Sustentabilidade discutiu essa e outras soluções para a mobilidade urbana

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Daniel Barros
Exame -

epSos.de/Creative Commons

Quem diria? Chicago, Las Vegas e Los Angeles, nos Estados Unidos, estão copiando cidades como Curitiba, Goiânia e a colombiana Bogotá. Pelo menos na criação em suas ruas de faixas especiais para ônibus, o chamado BRT (do inglês Bus Rapid Transit), que começou a ganhar o mundo com base na experiência latino-americana.

O conceito não é novo. É uma tentativa de emular as características boas do metrô usando ônibus - e investindo um décimo do necessário para fazer um trem subterrâneo. A solução reúne faixas segregadas fisicamente do trânsito, estações fixas, embarque em nível, pagamento da passagem antecipado e veículos mais longos do que o normal. A novidade é que, nos últimos dez anos, o número de cidades que usam o BRT no mundo aumentou de 50 para 166 e essa opção se tornou quase unanimidade entre especialistas em transporte urbano.

"O BRT de Bogotá acabou com o mito de que o sistema não pode ser usado como transporte de massa, pois ele movimenta mais gente do que 95% das linhas de metrô", disse o consultor colombiano Oscar Edmundo Diaz no EXAME Fórum Sustentabilidade, evento que discutiu em São Paulo, no dia 19 de novembro, soluções para a melhoria da mobilidade urbana - e, por consequência, da qualidade do meio ambiente.

Diaz é sócio da consultoria GSD Plus e colaborou na gestão de Enrique Peñalosa como prefeito de Bogotá, no fim da década de 90, perío­do em que o Transmilênio, o BRT local, e dezenas de quilômetros de ciclovias foram feitos. A decisão política de Peñalosa seguiu um raciocínio simples: priorizar o transporte público em vez do individual, representado principalmente pelos carros. "Hoje, não vejo muita perspectiva de melhorar o transporte individual motorizado na cidade de São Paulo", disse Fernando Haddad, prefeito da capital paulista, no encerramento do Fórum.

Pouco mais da metade da população mundial mora em cidades. Em 2050, a concentração será de 70%. No Brasil, a proporção de população urbana já é de 84%. Nos últimos anos, as cidades brasileiras vêm registrando um enorme aumento no número de carros.

A consultoria Ernst&Young fez um estudo que projeta dois cenários para o transporte nas cidades até 2050. A notícia ruim é que a mobilidade pode piorar muito. Hoje, metade do transporte de pessoas no mundo é feita por carro. Se a evolução se mantiver constante, em 40 anos quase 70% dos deslocamentos serão feitos em automóveis. O resultado seria que cada pessoa perderia, em média, 106 horas anuais em engarrafamentos - o dobro de hoje.

Mas, se as metrópoles usarem os mecanismos disponíveis para incentivar alternativas ao carro, a proporção pode mudar para 40% de pessoas se movendo com carros e 60% com transporte público, compartilhado ou a pé. O gasto com transporte seria reduzido de 12% do PIB global para 6% e 180 000 mortes no trânsito seriam evitadas todos os anos - é uma Araçatuba, do interior de São Paulo, salva por ano. "O mundo precisa de cidades compactas, integradas e includentes", disse no fórum Elkin Velasquez, coordenador do Habitat, programa das Nações Unidas dedicado aos assentamentos humanos. A escolha de tirar espaço dos carros e entregar aos ônibus é um símbolo disso. Mas vai ser preciso muito mais para dar um salto qualitativo.

Sistemas como BRT e metrô miram atender o maior número possível de pessoas. Quando Velasquez diz que as cidades precisam ser compactas, refere-se ao adensamento das áreas que têm mais acesso a esse tipo de transporte: o de massa. É o que o Rio de Janeiro vem tentando fazer. Parte da cidade está sendo cortada pela via Transcarioca, um BRT que irá até a Barra da Tijuca, bairro nobre da zona oeste e um polo econômico de importância crescente.

A inauguração da Transcarioca está prevista para o início de 2014. Em 2016, a zona norte receberá o Transbrasil, uma ligação até o centro. Hoje, o metrô também já atravessa essa parte da cidade, onde há um grande número de casas. "Como a zona norte terá uma infraestrutura de transporte muito melhor, queremos aprovar um projeto para aumentar o gabarito de construção da região", diz o prefeito do Rio, Eduardo Paes. "O objetivo é adensar ainda mais o entorno das estações de BRT e metrô."

O Plano Diretor que a Câmara Municipal de São Paulo está discutindo parte da mesma premissa e avança em outro ponto vital para melhorar a mobilidade no longo prazo: o uso misto dos bairros. Melbourne, na Austrália, foi eleita pela consultoria Economist Intelligence Unit nos últimos três anos como a cidade mais "habitável" do mundo. Um dos principais quesitos é o equilíbrio entre prédios comerciais - onde estão os empregos - e residenciais, o que diminui a necessidade de mover as pessoas. "Medellín, na Colômbia, também dá exemplo de uso variado dos bairros", diz Velasquez, da ONU. "O trânsito é disperso por vias paralelas e há um número crescente de parques e espaços públicos ao ar livre."

MEDIDAS DE CURTO PRAZO
Mas também há um conjunto de medidas de curto prazo que podem melhorar o transporte público. "Eu não consigo entender por que ainda não é difundido no Brasil o uso da Onda Verde nos semáforos para ajudar o fluxo dos ônibus nos horários de pico", diz Gilberto Peralta, presidente da GE, fabricante de sistemas de controle e equipamentos elétricos. Ele se refere à solução que dá prioridade à passagem dos coletivos em cruzamentos e que é usada corriqueiramente em cidades pequenas, médias e grandes lá fora.

Pelo mundo, costuma ser parte fundamental dos sistemas de BRT, para garantir que os ônibus não percam tempo nos cruzamentos. Mas a tecnologia também pode ser utilizada em linhas de ônibus normais: um dispositivo "avisa" quando o ônibus está se aproximando do sinal para que seja aberto. Na lista de medidas simples também estão o piso baixo, no nível das calçadas, e as portas largas dos ônibus. Eles permitem que mais pessoas entrem com rapidez. "A redução do tempo de viagem com essas melhorias pode chegar a 30% do total", diz Adalberto Maluf, diretor para São Paulo da Rede C40, grupo das cidades líderes no tema das mudanças climáticas do mundo.

Uma contribuição igualmente valiosa que a tecnologia pode dar está na difusão de informações. Que combinação de meios de transporte é mais apropriada para ir de um ponto a outro? É uma questão frequente para quem habita os grandes centros urbanos. São, afinal, dados que deveriam estar à mão.

Londres, Singapura, Hong Kong e Seul oferecem isso com eficiência e em tempo real. Essas cidades mapeiam as opções e indicam como o cidadão pode usar combinações de metrô, trens urbanos, ônibus, bicicleta, táxis, caminhada e até estações de compartilhamento de veículos.

"Quando as prefeituras mapeiam as opções de transporte em detalhe, além de comunicar melhor aos usuários quais são as rotas possíveis, elas descobrem onde estão os pontos subatendidos", diz Susan Zielinsky, diretora do centro de pesquisa sobre mobilidade urbana Smart, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Usar informações em tempo real pode ser determinante para planejar o controle do tráfego e acionar rapidamente órgãos do governo quando acidentes acontecem.

O Centro de Operações que a IBM montou para a prefeitura do Rio de Janeiro já é sincronizado com o aplicativo Waze, em que usuários compartilham informações sobre o trânsito. A ideia é que, quanto mais informações são coletadas, mais previsível se torna a forma como pessoas e veículos se movem. "Os dados coletados por GPS anônimos em carros e celulares permitem análises cada vez mais profundas", diz Ulisses Mello, diretor de operações da IBM no Brasil. Com as tecnologias de hoje, já é possível saber que pontos de ônibus são mais utilizados a cada hora e, assim, modificar o trajeto dos coletivos.

Mas toda essa tecnologia não resolve uma questão inerente a qualquer rede de transporte complexa: a capilaridade. Os sistemas de informação sofisticados devem indicar e fomentar a integração e o uso de mais opções. A boa e velha caminhada, por exemplo, não deve ser subestimada. "A cidade não pode ser feita só para veículos motorizados", diz Oscar Diaz, da GSD Plus. "É preciso estudar o pedestre."

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, parece ter entendido isso. Durante seu mandato de 12 anos, tomou várias medidas para tornar mais agradável a vida de quem anda pela cidade. Na intervenção com melhor custo-benefício, Bloomberg ampliou o tamanho das calçadas na região da Times Square e melhorou a sinalização. Conseguiu elevar 11% o número de pedestres da área e cortar 63% dos acidentes. Mesmo tirando faixas do trânsito, a fluidez dos carros no bairro aumentou 18%. O custo: 1,5 milhão de dólares.

"Se você der às pessoas um ambiente adequado para andar, elas vão escolher andar", diz Helle Soholt, presidente do Gehl Architects, escritório que auxiliou a prefeitura de Nova York na tarefa de dar mais espaço aos pedestres. Atualmente, o Gehl está elaborando um projeto para o centro de São Paulo com a prefeitura. Estima-se que 25% dos deslocamentos de pessoas na cidade são de, no máximo, três quilômetros. Caminhar ou pedalar seriam saídas ideais.

A mesma lógica do espaço para caminhadas, portanto, pode se aplicar ao uso de bicicletas. Em Bogotá, 370 quilômetros de ciclovias foram construídos desde a gestão de Enrique Peñalosa. Hoje, 5% da população se locomove diariamente com as bicicletas. O espaço para os ciclistas em Bogotá é mais do que o dobro do disponível em São Paulo, onde as ciclovias são usadas basicamente para lazer. Se Bogotá já avançou, o que dizer de Amsterdã, onde a proporção dos que pedalam é de 60% da população todos os dias? É a prova de que a ideia de que as pessoas podem ir trabalhar todos os dias de bicicleta não é utópica.

"Uma forma de incentivar é garantir que as estações de metrô, trens e BRT tenham bicicletários", diz Adalberto Maluf, da C40. O sistema de aluguel de bicicletas que já funciona em capitais brasileiras inspirou o setor automotivo, que também não quer um cenário de imobilidade maior ainda, mas que espera dobrar suas vendas nos próximos 30 anos.

Sistemas de compartilhamento de veículos estão proliferando pela Europa e pelos Estados Unidos. O usuário pega um carro perto de uma estação de transporte público e o devolve em vagas especiais perto de casa. É uma aposta de algumas montadoras. "O aluguel de carros para trajetos curtos é uma das saídas para completar a última milha dos trajetos, e acreditamos que essa solução pode pegar", diz Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz no Brasil. A empresa alemã criou o sistema Car2go, de aluguel de carros em pequenas estações espalhadas por pontos estratégicos e já oferece o serviço em 25 cidades - a maioria na Alemanha e nos Estados Unidos.

Cidades do mundo inteiro estão se movendo para resolver os problemas de transporte e a ordem do dia é conseguir o melhor custo-benefício. "As cidades vão gastar bilhões tentando criar novos espaços públicos, como grandes avenidas e elevados, ou vão se empenhar em usar melhor o que já existe?", diz Paulo Custódio, consultor de transporte do Banco Mundial. A conclusão do EXAME­ Fórum é que a segunda opção é a que faz sentido.

HÁ MÚLTIPLAS SAÍDAS
A discussão sobre como melhorar a mobilidade em grandes cidades tem convergido para um conjunto de soluções de curto, médio e longo prazo.

CURTO PRAZO
Mapear as opções de transporte
Londres e Singapura detalham rotas pela internet, integrando metrô, ônibus, bicicletas, pontos de táxi e até sugestões de caminhada

Prioridade para ônibus
Dezenas de cidades americanas e europeias usam um sistema que dá prioridade aos ônibus nos semáforos — a Onda Verde

Incentivo para andar a pé
Um quarto dos deslocamentos em São Paulo poderia ser feito a pé. Com mais calçadas e sinalização melhor, Nova York aumentou 11% a circulação de pedestres na região da Times Square

MÉDIO PRAZO
Bus Rapid Transit
Corredores de ônibus com pagamento antecipado, estações fixas, pistas exclusivas e linhas expressas. Já há 166 cidades no mundo com BRT

Ciclovias
Bogotá, na Colômbia, conseguiu fazer 5% da população optar por bicicletas no dia a dia. Em Amsterdã, com tradição de décadas, a marca é de 60%

Centros de controle
Câmeras, sensores e GPS seguem o fluxo de veículos em tempo real e ajudam o poder público a administrar o trânsito e a reagir em caso de acidente

LONGO PRAZO
Metrô

Embora custe caro e demore de oito a 14 anos para finalizar uma linha, o metrô atende 187 metrópoles. Na China, há 30 cidades construindo ou planejando sua rede

Planejamento urbano
Levar empregos para áreas residenciais e construir moradias onde há empregos em abundância. Povoar o entorno das principais rotas de transporte. São saídas que Melbourne, na Austrália, está adotando.

Fontes: C40, Embarq GSD Plus, Green Mobility e Gehl Architect
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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Um gelo polar

AQUECIMENTO GLOBAL

Um gelo polar

Uma massa de ar frio vinda do Ártico fez com que a temperatura caísse 30 graus em poucas horas nos Estados Unidos e no Canadá. São os efeitos das mudanças climáticas

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Raquel Beer e Victor Caputo Veja -
Robert S. Donovan/Creative Commons

Na terça-feira, 7, os nova-iorquinos repentinamente acordaram numa cidade a 15 graus negativos, 27 graus a menos do que no dia anterior. Foi a menor temperatura de Nova York nos últimos 118 anos, nesta época do ano. Mais ao norte do Estado de Nova York, na fronteira com a província canadense de Ontário, uma cena impressionante era vista na cidade de Niagara Falls: as águas das emblemáticas Cataratas do Niágara, a mais volumosa queda-d'água do Hemisfério Norte, estavam congeladas. Chicago, em Illinois, chegou a 27 graus negativos (até a Antártica tinha temperaturas mais elevadas naqueles dias). Na divisa entre os estados de Minnesota e Dakota do Norte a sensação térmica era de 50 graus negativos. Frio suficiente para alguém jogar, um copo de água fervente no ar e vê-la se transformar em partículas de gelo antes de tocar o chão. Ao menos 21 americanos morreram por hipotermia e outros 240 milhões foram afetados pelo clima gelado — lojas não abriram e muita gente nem saiu de casa durante a semana.

Tudo congelado, a pergunta que fica é a seguinte: será que o rigoroso inverno americano é prova da inexistência de um aquecimento global, fenômeno aclamado por muitos cientistas como o vilão de nosso século?

Dada a dissonância cognitiva provocada pelo choque entre a expressão "aquecimento global" e um frio danado como o da semana passada nos Estados Unidos e no Canadá, a expressão "mudança climática" tem ganhado cada vez mais espaço. Afinal, como explicar aquecimento global para um sujeito que está sentindo frio abaixo do registrado na superfície de Marte? Mudança climática, portanto, é o nome do jogo.

Nas últimas cinco décadas, a temperatura na Terra subiu 0,7 grau. Parece pouco, mas é o suficiente para desestabilizar o clima global. Enquanto algumas regiões estão mais quentes, como o Ártico e a Austrália, outras esfriaram, a exemplo dos Estados Unidos. O que ocorreu no centro e na costa leste americana é efeito de um fenômeno conhecido como polar vortex, ou vórtice polar. Trata-se de uma massa de ar que circula constantemente pelo Ártico, em um movimento circular, com ventos de 42 graus negativos e a 160 quilômetros por hora. Normalmente, a rotação da Terra fez com que o vórtice fique restrito ao Polo Norte. O aquecimento do Ártico, onde a temperatura subiu 2 graus em cinquenta anos (o triplo do aumento mundial), desestabilizou os ventos frios e fez com que eles rumassem para os Estados Unidos, derrubando a temperatura em até 30 graus em poucas horas, em vários estados.

A desestabilização do vórtice se deve ao fato de que o aquecimento do Ártico intensificou o derretimento do mar congelado que cobre a região. Entre julho e agosto de 2013, o degelo observado foi o dobro da média registrada desde 1969 pelos satélites da Nasa, a agência espacial americana. A extensão da parcela congelada do Oceano Ártico é hoje 25% menor do que a que se via há 45 anos, e a água também está 3 graus mais quente. Ocorre que o contato da superfície maior de água aquecida com o ar, que é mais gelado, acaba por esquentá-lo. Como os ventos mais quentes são menos densos que os mais frios, eles sobem na atmosfera, desestabilizando o vórtice polar. Foi esse ar (quente para os padrões do Ártico, mas extremamente gelado para os dos Estados Unidos), com temperatura de dezenas de graus abaixo de zero, que rumou em direção à costa leste americana. Disse a VEJA o climatologista americano David Robinson, da Universidade Rutgers, em Nova Jersey: "Esse evento tem acontecido com frequência nas últimas décadas, mas desta vez foi mais grave por ter ocorrido um deslocamento muito rápido do vórtice em direção ao restante do Hemisfério Norte. Não houve tempo para que os ventos se aquecessem no caminho, o que criou o inverno extremamente rigoroso. A duração disso é, porém, curta: em uma semana as temperaturas já devem voltar para o patamar típico de um mês de janeiro".

A perturbação do vórtice polar é cada vez mais frequente. No ano passado, os mesmos ventos frios rumaram em direção à Inglaterra, que sofreu seu inverno mais rigoroso dos últimos sessenta anos. O problema já afetou os Estados Unidos quatro vezes nos anos 80, e a mais recente se deu em 1996. Na última versão do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU, publicada no fim do ano passado, há um alerta: até 2040, a camada congelada na superfície do Oceano Ártico deve desaparecer totalmente durante a primavera e o verão. Isso deixará o oceano exposto, afetando as mudanças climáticas globais.

Ao mesmo tempo em que temperaturas congelantes castigam os Estados Unidos, outros sinais de reviravoltas climáticas são vistos ao redor do mundo. Os termômetros na Austrália bateram a marca de 50 graus na semana passada, recorde dos últimos cinquenta anos. Uma onda de calor, a mais severa em 100 anos, atingiu Buenos Aires, na Argentina, na primeira semana deste mês. No Brasil, altas temperaturas foram registradas neste verão: a sensação térmica no Rio de Janeiro chegou a 50 graus. As causas das mudanças climáticas, porém, não são claras. Segundo o IPCC, é de 95% a probabilidade de que o aquecimento seja fruto de ações humanas, principalmente daqueima de combustíveis fósseis. Por outro lado, cientistas apelidados de "céticos" afirmam que o homem não é responsável pelo aumento das temperaturas. Segundo eles, há ciclos naturais que modificam o clima terrestre em decorrência de diversos fenômenos, como a intensificação da atividade do Sol, cujas explosões na superfície têm sido mais frequentes e potentes. Se o motivo não é evidente, a consequência é, sim: o clima da Terra está se transformando
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Composição da Executiva e Diretório do PR - RJ


Garotinho com o prefeito de São Gonçalo, Neilton Mulim eleito na convenção vice-presidente estadual do PR (Foto de Check Fotógrafo)
Garotinho com o prefeito de São Gonçalo, Neilton Mulim eleito na convenção vice-presidente estadual do PR (Foto de Check Fotógrafo)


Vejam abaixo a chapa eleita na Convenção Estadual do PR por 6.983 votos a favor e apenas 35 contra.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Tem um rio no meio do caminho

EM SÃO PAULO

Tem um rio no meio do caminho

São Paulo esconde em seu subsolo mais de 300 córregos que guardam lendas, histórias e curiosidades que ajudam a decifrar a alma da metrópole

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Branca Nunes  Veja.com - 

Heitor Feitosa

Heitor Feitosa
Vielas, becos, ruas em curvas, galerias pluviais, paredes marcadas por enchentes. Para encontrar os rios de São Paulo, é preciso prestar atenção em tudo isso. Outra dica é olhar para o alto em busca de pedaços de céu. Como não é permitido erguer grandes construções sobre cursos d’água, quando, no meio de um quarteirão, é possível enxergar uma espécie de corredor e, acima dele, uma nesga de céu aberto, é quase certo que ali embaixo exista um rio. São Paulo esconde em seu subsolo mais de 300 rios, córregos e riachos que guardam lendas, histórias e curiosidades que ajudam a decifrar a alma da metrópole.

O Saracura é um desses rios escondidos de São Paulo. Nasce atrás do Maksoud Plaza, que já foi um dos hotéis mais glamorosos da cidade, a duas quadras da Avenida Paulista. O espigão da Paulista – primeira via asfaltada da capital – é o berço de quase todos os rios da cidade. Os que nascem do lado dos Jardins desaguam no Rio Pinheiros. Os que brotam do lado da Bela Vista desembocam no Tietê. Deste lado está a Ribeirão Preto – que apesar de ter nome de rio e de uma cidade do interior do estado, é uma rua –, onde na altura do número 529 existe um desses espaços de céu aberto.
Para encontrar a nascente do Saracura (ou melhor, as nascentes, porque o rio não tem uma só nascente, tem várias. A imagem é a de uma mão: os dedos seriam as nascentes. Eles se encontram e seguem formando o braço, ou seja, o rio) é preciso seguir as curvas da Alameda Campinas e da Rua Dr. Seng. No fim desta rua há o que os geógrafos chamam de combinação ideal: um beco, vegetação abundante, umidade e taiobas, um tipo de planta que só cresce em terrenos com água o ano inteiro.

Ali, o clima é mais fresco, o ar é mais limpo, a temperatura cai alguns graus. É fascinante imaginar que, apesar dos prédios em volta, do asfalto, dos muros delimitando o terreno, aquele pedacinho da cidade é exatamente daquele jeito desde muitos anos antes da chegada do homem (assista abaixo um vídeo que ensina como encontrar uma nascente em São Paulo).

A água que brota até da parede é como a descrita nos livros escolares: insípida, inodora e incolor. Só não pode ser bebida porque o solo da cidade é contaminado pelo esgoto das casas, pela sujeira das ruas, pela poluição dos automóveis. Mas pode ser usada para muita coisa. Onofre Sabino, por exemplo, usa para lavar carros. Ele inventou um decantador que consiste em cinco bacias de alumínio ligadas por mangueiras. A primeira mangueira liga a nascente a uma das bacias. Conforme a água passa de um recipiente para outro, pequenos sedimentos, como areia, pedrinhas e folhas, vão sendo depositados no fundo até que esteja pronta para ser usada. Sabino garante que, desde 1986, quando começou, até hoje, nunca faltou água.

A duas quadras dali, na Rua Almirante Marques de Leão, motoristas de táxi também lavavam seus carros em outra nascente do Saracura. Como não havia o decantador de Onofre Sabino, uma só mangueira capturava a água de um terreno baldio e a jogava nos carros. Mas a prefeitura proibiu o lava-rápido improvisado e agora os taxistas lavam seus carros numa oficina localizada no cruzamento das ruas Una com a Cardeal Leme. A água, que antes vinha da terra, agora vem da Sabesp.

É sob a Cardeal Leme que corre o Saracura. Embora seja uma via sem declives nem aclives, quem anda de bicicleta por ali garante que nesse trecho não é preciso pedalar. É como se as águas carregassem o ciclista até desembocarem na Avenida 9 de Julho, ao lado da escola de Samba Vai-Vai.

Um dos símbolos da Vai-Vai é justamente a saracura, ave de pernas finas abundante naquela região por volta de 1920, quando o asfalto ainda não tinha engolido o ribeirão. A saracura deu nome ao córrego, aos moradores do Bexiga e virou personagem de diversos sambas, como Tradição, de Geraldo Filme:

O samba não levanta mais poeira
Asfalto hoje cobriu o nosso chão
Lembrança eu tenho da Saracura
Saudade tenho do nosso cordão.

Quem nunca viu o samba amanhecer
vai no Bexiga pra ver, vai no Bexiga pra ver.


Para ver o Saracura é preciso sair do Bexiga e caminhar até a saída do viaduto Doutor Plínio de Queirós. Nesse ponto, uma grade no asfalto da 9 de Julho permite uma espiada no rio que corre lá embaixo. De janeiro a março, a estação das chuvas, é o Saracura que vem dar uma espiada aqui em cima. Ele aparece nos jornais levando carro, gente, lixo e animais – e é quando algumas pessoas se lembram de que ali existe um rio.

Apesar do jeitão insubmisso, o Saracura não é caudaloso. Tem pouco mais de dois metros de largura. Ganha fôlego na altura da Praça da Bandeira, bem no centro de São Paulo, quando encontra o Itororó – que corre sob a Avenida 23 de Maio – e o Bixiga – que vem da Rua Japurá –, formando o Anhangabaú. Os três seguem juntos pela Rua Carlos de Souza Nazaré, ao lado da 25 de Março, até desembocarem no Tamanduateí, o rio – esse sim um riozão – que acompanha a Avenida do Estado.

Embora não seja “tamponado”, como são chamados os rios cobertos, as muretas nas laterais fazem com que poucas pessoas saibam que naquela avenida feia e cinza corre um dos rios mais importantes da cidade. Além de São Paulo ter sido fundada em suas margens, o Tamanduateí era a porta de entrada da capital. Por ele navegavam os barcos que iriam atracar no porto localizado ao pé da Ladeira Porto Geral – aquela das lojas de fantasias que ficam abarrotadas na época do carnaval.

Quando o Saracura chega ao Tamanduateí, suas águas jorram tão feias e cinzentas quanto a Avenida do Estado. O esgoto das casas, a sujeira das ruas, a poluição dos automóveis, a negligência do homem, tudo contribui para alterar aquela água que brota insípida, inodora e incolor a menos de 10 quilômetros dali. É esse líquido viscoso que desaguará no Tietê, quase em frente da ponte conhecida como estaiadinha.

O Tietê encontrará o Rio Pinheiros um pouco mais adiante, no chamado ponto zero das marginais, onde passa todo o esgoto da cidade. Ele veio boiando pelos seus dois maiores rios que, por sua vez, foram alimentados pelas mais de três centenas de córregos e riachos que correm no subsolo da maior metrópole da América do Sul.

Trezentos é o número oficial. O geógrafo Luiz de Campos Jr. e o urbanista Roberto Bueno, idealizadores do projeto Rios e Ruas, garantem que são, no mínimo, o dobro – a bacia hidrográfica sob São Paulo teria 3.500 quilômetros de extensão. A dupla organiza explorações pela metrópole com o objetivo de caçar essas águas enterradas vivas. Uma rua sinuosa, vielas, esquinas com muitos bueiros, paredes marcadas por enchentes são alguns indícios de que, naquele lugar, pode existir um rio.

Essa necessidade de reeducação do olhar é relativamente recente. A partir de 1930, com a intensificação da industrialização de São Paulo, os rios foram gradativamente cedendo lugar para as ruas e os automóveis. Como é proibido erguer um prédio em cima de um rio, para evitar a contaminação do lençol freático, a maioria fica sob o asfalto. Luiz garante que nenhum paulistano mora a mais de 200 metros de um curso d’água.

Se tivesse poderes para fazer o que bem entendesse, Bueno optaria pelo que não lhe parece nenhum milagre. Exumaria 300 metros de um desses rios, limparia suas águas e construiria em suas margens uma área de lazer ou um pequeno parque. Ele acredita que o prazer será tanto que os paulistanos desejarão estender a experiência a outras paragens. E exigirão que, para encontrar os rios de São Paulo, baste olhar para baixo.

O mar vai virar sertão

O mar vai virar sertão

Entre tradicional e high-tech, o museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga, que abre este mês em Recife, recria o Brasil sertanejo

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Mariana Payno Elle

Divulgação

Não há luar como o do sertão, e quem cantou essa moda o fez como ninguém: da sanfona de Luiz Gonzaga, tradição e inovação saíram juntas, compondo as notas do que se tornou um dos mais fortes pilares da cultura popular brasileira, o baião. Recriando a trajetória do compositor pernambucano e resgatando a história sertaneja, o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, com inauguração prevista para o dia 13 de dezembro, chega à beira do mar em Recife um ano depois do centenário de nascimento do rei do baião.


"Queremos mostrar o Brasil sertanejo por meio do sanfoneiro fantástico que foi Luiz Gonzaga", explica o antropólogo Antônio Risério, criador do conceito do museu. Para isso, uma equipe de artistas e especialistas viajou por grotões colhendo material para compor o acervo documental e buscando inspiração para as obras inéditas produzidas para o Cais. "É importante trazer para a beira-mar a cultura do sertão, que é riquíssima e pouco conhecida. E olhar para as raízes como algo que continua pulsando", diz a curadora Isa Ferraz, que também foi responsável pelo Museu da Língua Portuguesa e montou em Recife uma exposição nos mesmos moldes de interatividade da casa paulistana.



Um dos convidados para a empreitada foi o cineasta Kléber Mendonça (pré-indicado ao Oscar 2014 pelo filme O Som ao Redor, de 2012), que passou um tempo sob as estrelas de Ibimirim, a 300 km de Recife, para fazer os takes de sua produção para a mostra permanente, uma instalação sobre as feiras sertanejas. "Queria algo que não falasse apenas do espaço físico das feiras, mas que misturasse a linguagem cinematográfica à carga histórica de conflito e violência, que é muito forte no Brasil e no sertão", contou o diretor a ELLE.



Ao lado dele, com obras de artes plásticas, cinema, música e literatura, estão nomes como Tom Zé, José Miguel Wisnik, Marcelo Gomes, Carlos Nader, Luiz Hermano e Miguel Rio Branco. Assim, o Cais do Sertão vem se juntar à efervescente cena culturalpernambucana - que, mais do que falar sobre o regionalismo, resgata a universalidade do homem. E nada mais justo do que Luiz Gonzaga ser o mentor de tudo isso. Como bem colocou Mendonça: "Gonzaga cantou temas universais. Em algum momento da minha vida, percebi que sabia as letras dele de cor e eu nunca tive um disco do Luiz Gonzaga. É muito bonito isso".



ENQUANTO ISSO, NO RIO...

Pernambuco está mesmo no centro quando o assunto é arte - e não é de hoje. Sabendo disso, o Museu de Arte do Rio reuniu 300 obras na expo Pernambuco Experimental, em cartaz a partir do dia 10 deste mês. Entre pinturas, fotografias, canções e performances, a exposição traz o que de melhor se produziu por lá desde o início do século 20 até os anos 1980. De quebra, o MAR ainda apresenta uma mostra de filmes e lança um livro sobre o assunto.
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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Saiba como fazer um jardim vertical usando pallets

Saiba como fazer um jardim vertical usando pallets
27 de Janeiro de 2014 •


Existem muitos projetos decorativos que usam pallets, da mesma forma que existem diversas opções de jardins verticais. A ideia de misturar os dois é da paisagista Fern Richardson, do blog Life on the Balcony, e o CicloVivo mostra o passo a passo.
Materiais:  Um pallet, lona de jardim, lixa, grampeador e grampo, martelo e pregos, terra para envasamento e suculentas ou outras plantas.
 
Instruções: Lixe o pallet para que fique liso e sem farpas. Se a parte traseira de seu pallet não tiver muito apoio (às vezes você pode encontrar um, muito aberto na parte de trás), encontre alguns pedaços de madeira, com cerca de sete a dez centímetros de largura e 1/4 de espessura (ou a espessura das outras ripas) e pregue-os em seu pallet, usando dois pregos de cada lado.
 
Corte a lona, com tamanho de duas a três vezes maior que o pallet, e comece a grampear. Grampeie atrás, nas laterais e no fundo, tomando cuidado nos cantos. Dobre a lona de modo que a terra nunca seja derramada. 
 
 
Coloque a estrutura montada em uma superfície plana e despeje a terra adubada através das ripas, pressionando firmemente. Deixe espaço suficiente para acrescentar as plantas.
 
Inicie a plantação, começando pela parte de baixo do estrado e terminando no topo. Certifique-se de que o solo está firmemente embalado. Adicione o solo conforme necessário para que as plantas fiquem bem firmes no final.
 
 
Regue seu jardim vertical completamente e deixe-o na horizontal de uma a duas semanas para permitir que as plantas sem enraízem. Passado este tempo, ele já pode ser configurado na posição vertical.
 
Nota: lembre-se de começar a regar pelo topo e depois cada seção subsequente com uma quantidade um pouco menor, pois a água irá naturalmente se infiltrar nas plantas do fundo.
 
 
Clique aqui para ver outras maneiras de fazer jardins verticais.
 

2013 foi um dos anos mais quentes da história


2013 foi um dos anos mais quentes da história



Pesquisas de institutos reconhecidos mundialmente têm confirmado o que a população têm sentido na pele: as temperaturas atuais estão entre as mais quentes do século.
Os cientistas da Noaa (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA) afirma que a temperatura média global de 2013 foi a quarta mais alta, desde que as medições começaram a ser registradas, em 1880.
Para o Noaa, 2013 foi o 37º ano consecutivo com uma temperatura global acima da média do século 20. Os três anos mais quentes já registrados pelo grupo são de 2010, 2005 e 1998.
Além de detalhar as regiões que apresentam temperaturas acima da média, como partes da Ásia central, Oceano Ártico e Pacífico, o Noaa salienta que apenas uma parte dos Estados Unidos foi mais frio que a média e pequenas regiões do Oceano Pacífico e do Oceano Antártico. Os cientistas também ressaltam que nenhuma região do mundo foi recorde de frio durante 2013.
Já para os cientistas da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), 2013 está empatado com 2009 e 2006 como o sétimo ano mais quente da história. Para o grupo, isso mostra uma tendência em longo prazo de aumento das temperaturas globais.
A Nasa classifica os anos de 2000, 2010 e 2005 como os mais quentes já registrados. Os cientistas enfatizam que as temperaturas médias anuais sofrem alterações, mas há constantes aumentos nos níveis de gases de efeito estufa na atmosfera e, consequentemente, aumento em longo prazo na temperatura global. Isso no quer dizer que cada ano consecutivo será, necessariamente, mais quente do que no ano anterior, mas é provável que a década sucessiva seja ainda mais quente.
Redação CicloVivo

Uirapuru-verdadeiro, uma ave cercada de mitos e lendas

Uirapuru-verdadeiro, uma ave cercada de mitos e lendas

por Fábio Paschoal 
     
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Diferentes subespécies de uirapuru-verdadeiro (Cyphorhinus aradus) - Ilustração John Gerrard Keulemans
Diferentes subespécies de uirapuru-verdadeiro (Cyphorhinus aradus) – Ilustração John Gerrard Keulemans
Você já ouviu uma música tão bonita que fez você parar tudo o que estava fazendo só para admirá-la? Assim é o canto do uirapuru-verdadeiro. Há quem diga que quando ele canta as outras aves silenciam para ouvir a melodia. Elas ficam hipnotizadas e passam a ser controladas pelo maestro (para ouvir o uirapuru veja o vídeo no final do post).
O nome uirapuru é dado a algumas aves da AmazôniaPantanal e Mata Atlântica. A maioria faz parte da família dos dançarinos (falei de um membro desse grupo no post Dançarino-da-cabeça-vermelha usa passos de Michael Jackson na dança do acasalamento). Os machos possuem cores vibrantes e fazem coreografias extremamente elaboradas na esperança de conquistar uma fêmea. Mas, quando o assunto é melodia, nenhum dançarino se compara ao uirapuru-verdadeiro, ave da família das corruíras cercada de mitos e lendas.
Uma das histórias se refere a um guerreiro que se apaixona pela esposa do cacique. Como não pode se aproximar dela, o rapaz pede ao deus Tupã para transformá-lo em pássaro. Todas as noites o jovem, em sua forma alada, se aproxima de sua amada e canta para ela. Mas o cacique também ouve a música, e começa a perseguir a ave com a intenção de prendê-la.
O pássaro se esconde na floresta e o cacique não consegue encontrá-lo. Mas o uirapuru não desiste. Ele canta todas as noites para a esposa do cacique na esperança que ela o descubra através de sua melodia.
Outra lenda conta a história de Oribici, uma índia que disputava o amor do chefe de sua tribo com outra mulher. O cacique organizou uma competição de arco e flecha para escolher sua esposa. A derrota foi devastadora para Oribici. Ela chorou tanto que suas lágrimas deram origem a um córrego.
Comovido com a tristeza da índia, o deus Tupã – para compensar pelo amor que Oribici havia acabado de perder – a transformou em um pássaro com um canto extremamente belo, capaz de enfeitiçar todas as aves da floresta.
Uma terceira lenda conta a história de um pássaro que foi atingido no coração por uma flecha disparada por uma moça apaixonada pelo seu canto. A ave se transformou em um belo guerreiro.
Tomado pela inveja, um feiticeiro compôs uma música com sua flauta encantada e fez com que o rapaz desaparecesse para sempre. Tudo o que restou foi o lindo canto do guerreiro, que pode ser ouvido até hoje na floresta.
O uirapuru-verdadeiro é considerado um talismã. Existem pessoas que acreditam que o homem que carregar uma pena da ave será irresistível para as mulheres e terá sucesso nos negócios. Também dizem que a moça que conseguir um pedaço do ninho manterá seu amado, fiel e apaixonado, por toda a vida. Mas essas superstições são prejudiciais à espécie, já que é preciso capturar o animal e destruir o local em que ele cuida dos filhotes.
Prefiro acreditar na lenda que diz que a pessoa que escuta o uirapuru pode fazer um desejo que será realizado no futuro. Assim podemos propagar um dos cantos mais bonitos que se pode ouvir na Floresta Amazônica.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

AMBIENTE PREVÊ CINCO MILHÕES DE VISITANTES NOS PARQUES ESTADUAIS EM 2016

AMBIENTE PREVÊ CINCO MILHÕES DE VISITANTES NOS PARQUES ESTADUAIS EM 2016


 » Ascom SEA
Estima-se que no ano das Olimpíadas comércio e atividades de ecoturismo gerem cerca de R$ 1 bilhão em movimento financeiro

 Com recursos no valor de R$ 64 milhões, a Secretaria do Ambiente tem investido na implementação de estrutura física e na capacitação de profissionais dos 12 parques em funcionamento no estado com a meta de atrair cerca de cinco milhões de visitantes por ano até 2016. O valor aplicado em obras para preparar cada vez mais as áreas preservadas para receber turistas nacionais e internacionais inclui a construção de alojamentos para pesquisadores, centros de convivência, além da sinalização de trilhas bem como ações de qualificação de 280 guarda-parques.

Outros R$38 milhões já foram aprovados para novos investimentos nas unidades de conservação totalizando um montante de mais de R$ 100 milhões. A expectativa da Secretaria de Ambiente é que os recursos aplicados contribuam para oxigenar a economia de vários municípios fluminenses. Estima-se que, no ano das Olimpíadas, hotéis, pousadas, bares, restaurantes e atividades de ecoturismo gerem aproximadamente R$ 1 bilhão em movimento financeiro.

“ Temos investido na regularização fundiária e estamos realizando inúmeras obras, algumas já concluídas.   Estamos implementando cada vez mais trilhas sinalizadas, temos a presença dos nossos guarda-parques orientando e aconselhando os usuários e passando uma consciência ambiental da importância destes espaços.  Além disso, entendemos que a partir do momento em que abrimos parques para visitação com estrutura de qualidade criamos uma série de possibilidades para pequenos e médios empresários, gerando emprego e ativando a economia das regiões “, ressaltou o diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), André Ilha.

 Pórticos, alojamentos para pesquisadores e guardas-parque, centros de visitantes, guaritas, cercamento de áreas, sinalização de trilhas e de mirantes integram o processo de implantação física dos parques estaduais iniciada em 2007. Além da aplicação de recursos em infraestrutura, a Secretaria de Ambiente treinou profissionais e equipou as equipes que atuam nas unidades de conservação. Foram investidos cerca de R$ 10 milhões em equipamentos, veículos e na capacitação dos guarda-parques, que tem uma dupla finalidade: proteger as áreas ambientais e  funcionar como uma espécie de ‘Relações Públicas’, interagindo com turistas, moradores e pesquisadores.

  Projeto Trilhas da Copa

A Secretaria de Ambiente prepara mais uma novidade com foco na Copa do Mundo. Em janeiro será licitado o projeto Trilhas da Copa que sinalizará nos idiomas português e inglês 24 trilhas em três parques estaduais (Pedra Branca, Serra da Tiririca e Três Picos). A ação acontece em parceria com a Secretaria de Turismo.

 "Estamos completamente alinhados com Secretaria de Turismo para transformar os parques numa marca importante do estado assim como a praia, o Cristo Redentor, o Carnaval. Queremos que as áreas naturais protegidas venham a ser em um médio prazo valorizadas pelos moradores e procurada pelos visitantes“, acrescentou o diretor de Biodiversidade do Inea. 

Capacitação para trânsito na faixa de areia do Farol na segunda

Capacitação para trânsito na faixa de areia do Farol na segunda


Por Jualmir Delfino



Tendo em vista a existência de extensa faixa de areia com desovas de tartarugas marinhas e com vegetação de preservação permanente, a Prefeitura de Campos, através da Secretaria de Meio Ambiente, realiza nesta segunda-feira (27) o Curso para Capacitação de Trânsito de Veículos Oficiais na faixa de areia da Praia do Farol de São Tomé. 

O curso é direcionado a servidores estaduais e municipais (bombeiros, policiais militares, agentes da própria Secretaria de Meio Ambiente, da Guarda Civil Municipal e do Projeto Tamar, do Ibama). O curso será realizado das 14h às 18h, na Escola Municipal Cláudia de Almeida, na praia campista.

O secretário de Meio Ambiente, Zacarias Albuquerque, cita a importância do curso para os agentes do Projeto Tamar  e da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Campos, que em ocasiões especiais de fiscalização ou autuações, precisam trafegar na faixa de areia, que tem ninhos com centenas de ovos de tartarugas e vegetação de preservação permanente na praia campista.




Postado por: Francisca de Assis - 25/01/2014 00:04:52


Ondas gigantes invadem praias e ameaçam população do Havaí

Ondas gigantes invadem praias e ameaçam população do Havaí



Nem mesmo os surfistas estão prontos para encarar as ondas que vêm arrebentando no litoral norte do Havaí, provavelmente relacionadas às mudanças climáticas. Ocasionadas por uma tempestade intensa com ventos fortes, as ondas são as maiores em várias décadas e ultrapassam os dez metros de altura e têm provocado estragos em diversas cidades, colocando em risco a atividade econômica e a sobrevivência da população local.
Diversas praias tiveram que ser fechadas e os salva-vidas reforçaram seu trabalho, com objetivo de manter as pessoas bem longe das ondas, que arrebentam na costa, de forma violenta e sem precedentes.  Os especialistas do Serviço de Meteorologia do Havaí deixaram claro que a intensidade das ondas é tão preocupante, que possuem força suficiente para quebrar os ossos, afogar e até causar a morte de banhistas e surfistas.
A ocorrência destas formações na costa norte do Havaí obrigou o cancelamento de uma importante competição de surfe, a “The Quiksilver in Memory of Eddie Aikau”, realizada para homenagear um dos ícones do surfe havaiano, Eddie Aikau. De acordo com o Huffington Post, o torneio deixou de ocorrer porque a mesma tempestade que trouxe as ondas gigantes também desorientou os ventos que sopram na região.
A força das águas ainda pode colocar em risco os habitantes e a economia local, à medida que acontecem alagamentos devido às tempestades e algumas localidades sofrem erosões. A preocupação com a forte maré também é grande, pois, nos casos mais extremos, ameaça residências e construções de serem tragadas pelo oceano. A situação de risco colocou em ação os voluntários da Cruz Vermelha, que distribuirão mantimentos às pessoas necessitadas.
Redação CicloVivo

Ação da Comlurb mostra montanha de lixo deixado em Copacabana durante o feriado

Ação da Comlurb mostra montanha de lixo deixado em Copacabana durante o feriado


Os moradores de Copacabana acordaram na manhã da última terça-feira (21) com uma surpresa na areia da praia: uma montanha de lixo com um laço de fita vermelho. A ação da Comlurb, em parceria com o movimento “Rio Eu Amo Eu Cuido”, teve como objetivo mostrar para a população como ficou a Praia de Copacabana sem limpeza, em apenas um dia de praia lotada. No total, foram amontoadas 40 toneladas de resíduos, largados na areia pelos banhistas no feriado de São Sebastião (20).
“Essa é uma iniciativa para chamar a atenção do carioca para o lixo descartado de forma incorreta e para alertar sobre o que aconteceria se os garis não limpassem, com a mesma intensidade, com que rotineiramente trabalham. Quarenta toneladas é uma quantidade muito grande, que enfeia a praia e cria uma situação insalubre. Por isso, estamos aqui para trazer essa discussão e conscientizar tanto o carioca quanto o visitante de que devem manter a praia e a cidade limpas”, explicou o presidente da Comlurb, Vinicius Roriz.
A Operação Praia Limpa, atuou com 90 trabalhadores durante toda a madrugada da terça-feira para recolher o lixo deixado pela população. Os resíduos que estavam depositados em lixeiras e nos 560 contêineres – que ficam dispostos de 25 em 25 metros na orla do Leme ao Posto 6 - foram devidamente recolhidos pelos caminhões da Comlurb, enquanto os descartados de forma irregular na areia foram acumulados próximo ao Posto 4, na altura da Rua Constante Ramos. Para facilitar o trabalho, foram utilizados quatro tratores, uma pá mecânica, além de caminhões para o transporte dos detritos.
Moradora de Copacabana, a advogada e empresária Márcia Cristina da Cunha ficou espantada com a montanha de lixo no “quintal de casa”, a qual ela se deparou quando saia para andar de bicicleta. “Quando eu vi essa montoeira de lixo aqui fiquei triste e ao mesmo tempo assustada. A Prefeitura faz a sua parte, mas o povo tem que parar com essa mentalidade de querer deixar a responsabilidade apenas para os governantes”.
Para Ana Lycia Gayoso, coordenadora do movimento Rio Eu Amo Eu Cuido, a iniciativa foi a forma encontrada de “chocar para sensibilizar” e tentar mudar as atitudes dos cariocas e visitantes. “Fizemos essa montanha de lixo com o laço de presente e as faixas para mostrar que o carioca deixa na praia presentes horríveis para a cidade. Só se chocando que a pessoa vê o quanto ela está se alienando no seu papel de cidadão”, afirmou Ana.

Juliana Romar – Prefeitura do Rio de Janeiro

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Pacto Brasil-França contra garimpo ilegal de ouro é aprovado

Pacto Brasil-França contra garimpo ilegal de ouro é aprovado
27 de Janeiro de 2014 •


Com a ratificação de um acordo Brasil - França no fim de 2013 os países deverão atuar em conjunto contra o garimpo ilegal de ouro em uma faixa de 150 quilômetros em ambos os lados da fronteira entre a Guiana Francesa e o estado do Amapá. A aprovação do pacto pela Câmara e pelo Senado aconteceu após 5 anos de tramitação, graças à passagem do presidente francês François Hollande pelo Brasil.
Conforme o acordo, “a extração ilegal do ouro ameaça a preservação do patrimônio ambiental do Planalto das Guianas e compromete a saúde e a segurança das populações que extraem os seus meios de subsistência da floresta” e por isso os países “se comprometeram a implantar um regime interno completo de regulamentação e controle das atividades de pesquisa e lavra de ouro nas zonas protegidas ou de interesse patrimonial.
O pacto prevê “a implantação de medidas necessárias para combater toda atividade de extração ilegal e comércio de ouro não transformado, especialmente as atividades de venda e revenda, e toda atividade de transporte, detenção, venda ou cessão de mercúrio efetuada sem autorização” e, ainda, “o confisco e, em última instância, a destruição dos bens, material e instrumentos utilizados para extrair o ouro ilegalmente”. Confira abaixo lista das unidades de conservação e terras indígenas no território atingido pelo acordo.
“O bloco de conservação do escudo das Guianas é de extrema relevância ecológica, pois conecta unidades de conservação ao norte, fora do Brasil, e outras áreas no noroeste do Pará, formando um mosaico com mais de 12 milhões de hectares, a maior faixa preservada de florestal tropical do planeta", lembrou Jean Timmers, superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.
"Embora a atividade garimpeira no Amapá ainda seja vista, por vezes, como interessante do ponto de vista socioeconômico, na verdade traz prejuízos grandes aos trabalhadores, devido às péssimas condições de trabalho, além de graves prejuízos às áreas de conservação e às comunidades locais”, ressaltou.
O acordo Brasil - França para banir a exploração ilegal de ouro foi assinado no fim de 2008, nos governos dos então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, no lançamento da obra da ponte que une os dois países sobre o Rio Oiapoque. No entanto, a demora na ratificação do acordo pelo Congresso Nacional, inclusive pela atuação de parlamentares ligados ao garimpo ilegal, fez crescer a degradação socioambiental e a violência na região. Estimam-se em mais de 20 mil os brasileiros atuando com garimpo clandestino na Guiana Francesa.
O garimpo ilegal de ouro usa mercúrio líquido. A substância é extremamente tóxica à saúde e serve para apartar o ouro de outros materiais, mas se dissemina no ambiente, na carne de peixes e de outros elos das cadeias alimentares. Para produzir um quilo de ouro, os garimpeiros clandestinos chegam a usar um quilo de mercúrio. A Rede WWF estima que 30 toneladas de mercúrio sejam descartadas no ambiente natural das Guianas a cada ano, inclusive dentro de áreas protegidas e de terras indígenas.
Na região alta do Rio Maroni (Suriname e Guiana Francesa), um terço dos habitantes de pequenas comunidades sofre com a contaminação por mercúrio, apresentando níveis acima dos estipulados pela Organização Mundial da Saúde. Até 15 milhões de pessoas estariam contaminadas pelo metal na América do Sul, África e Ásia.
A corrida do ouro ganhou força com a alta do preço do minério no mercado internacional após a crise financeira de 2008 e pelo aumento da demanda por joias em países emergentes, como a Índia.
Em outubro passado, cerca de 140 países, incluindo o Brasil, aprovaram o texto final da Convenção de Minamata das Nações Unidas para banimento do uso de mercúrio até 2020. O tratado foi negociado por quatro anos e estabelece medidas de controle e de diminuição do uso e da produção da substância utilizada em vários produtos e processos industriais. A convenção entrará em vigor quando for ratificada por pelo menos 50 países.
"Defendemos e atuaremos para uma solução pacífica e que leve alternativas de trabalho e geração de renda de forma sustentável para as pessoas que hoje atuam com garimpo ilegal. A região tem alto potencial turístico, ampliado com a inauguração da ponte entre Brasil e França, e há possibilidade de concessões florestais para manejo madeireiro, por exemplo", lembrou Jean Timmers, do WWF-Brasil.