quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Estatuto celebra 10 anos de luta pelos direitos dos idosos

Estatuto celebra 10 anos de luta pelos direitos dos idosos

A expectativa de vida no Brasil é cada vez mais alta. Dados do IBGE mostram que o número de pessoas com idade superior a 65 anos deve quadruplicar até 2060. Por outro lado, as denúncias de violência contra pessoas idosas não param de crescer, o que mostra que ainda há muito preconceito e desrespeito pelos mais velhos no país. Para valorizar a terceira idade e lutar por seus direitos, foi criado o Estatuto do Idoso, que completa 10 anos

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Débora Spitzcovsky

stevenrhazlett/Creative Commons


Em 01/10, comemora-se no Brasil o Dia do Idoso. Até 2006, a efeméride era celebrada em outra data, em 27/09. No entanto, a criação de um dos maiores presentes que o governo brasileiro poderia dar para a população acima dos 60 anos fez a comemoração mudar de dia. Trata-se do Estatuto do Idoso, elaborado pelo senador Paulo Paim e sancionado em 01/10/2003. 



Criada para valorizar os idosos e garantir seus direitos, a Lei estabelece medidas como: 
- criminalização da violência física e psicológica contra pessoas acima dos 60 anos; 
- garantia de um salário mínimo para os idosos que não têm como se manter financeiramente; 
- reserva de vagas em estacionamentos; 
- atendimento preferencial em filas e no Poder Judiciário; 
- equiparação dos valores dos planos de saúde; 
- mais espaço nos meios de comunicação e 
- direito a meia-entrada em teatros, cinemas e eventos culturais. 



Dez anos após sua criação, o Estatuto do Idoso, cujo cumprimento deve ser garantido pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SDH), ainda tem lacunas em sua execução, mas já trouxe grandes melhorias para a população acima dos 60 anos. 



VIVENDO MAIS (E MELHOR) 
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que aexpectativa de vida da população do país está crescendo e passou de 62,6 anos, em 1980, para 74 anos, em 2012. Como conseqüência, o número de pessoas com idade superior a 65 anos deve quadruplicar até 2060, o que torna ainda maior a necessidade de criação - e cumprimento - de leis que garantam o bem-estar dos idosos



Um dos grandes problemas que ainda precisa ser enfrentado pelos mais velhos é aviolência. Cinco denúncias de abuso contra idosos são registradas por hora no Brasil, pelo serviço de Disque 100 do governo federal. As mulheres são as principais vítimas (64,7%). 



De acordo com a SDH, 70% dos agressores têm parentesco direto com os agredidos. São irmãos, netos, primos e, sobretudo, filhos, que na maioria das vezes praticam violência contra o idoso dentro de sua própria casa. Entre os tipos de abuso denunciados com mais frequência estão negligência (75%), violência psicológica (56%) e abuso financeiro (45,5%). Denúncias de violência física somam 28%. 



Ainda segundo o governo, os casos de abuso contra idosos estão crescendo no país. Entre 2011 e 2012, houve um aumento de 65% na quantidade de denúncias. Em 2013, apenas entre janeiro e junho, a SDH já registrou 22.754 casos de violência praticada contra idosos, o que representa praticamente o montante total de denúncias feitas ao longo de todo o ano de 2012. Para combater o problema, qualquer cidadão pode ajudar: caso saiba de algum caso de abuso contra pessoas acima de 60 anos, disque 100 e denuncie.

Campanha incentiva população do Rio a denunciar irregularidades no transporte público

FISCAL CIDADÃO

Campanha incentiva população do Rio a denunciar irregularidades no transporte público

Redação - Agência Brasil - 

Mark Nye/Creative Commons



A partir desta semana, a população fluminense pode enviar fotos e vídeos com denúncias de irregularidades nos transportes públicos ao MPRJ - Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio da campanha Fiscal Cidadão, lançada na página do órgão.


Quem quiser participar da campanha, pode entrar no site do Ministério Público e clicar no Consumidor Vencedor. É preciso preencher um formulário e carregar arquivos com até 10 megabytes (MB), relatando o descumprimento de decisões judiciais em qualquer esfera. As denúncias enviadas pela internet serão encaminhadas para o promotor de Justiça que atua naquele caso.



Para a promotora Christiane Cavassa Freire, responsável pelo programa, o canal tem como objetivo diminuir a distância entre o órgão e o cidadão. "Queremos que o consumidor conheça as decisões já obtidas pelo consumidor vencedor e participe da fiscalização. Ninguém melhor do que o usuário do serviço para saber se a decisão está sendo aplicada. As fotos e as imagens, judicialmente, são fundamentais para que o Ministério Público possa comprovar em juízo o descumprimento das decisões e aplicar multas", explicou.

No mês de outubro, a campanha será dedicada aos transportes públicos. A cada semana, um meio de transporte passará por avaliações abertas ao público. Nos próximos dias, é a vez dos trens.

Para denunciar problemas nos serviços ferroviários, o Ministério Público listou quatro opções de irregularidades comuns no setor: portas abertas, falta de manutenção, problemas de ventilação e recusa na devolução do dinheiro da passagem. Após escolher o tipo de irregularidade a ser relatada, o usuário deve clicar no botão vermelho, preencher um formulário e carregar os arquivos que comprovem a denúncia.

Além de acompanhar as vitórias obtidas pelo MP na defesa coletiva, na página Consumidor Vencedor também é possível denunciar o descumprimento de decisões judiciais que ocorrem em outros setores, como educação, alimentação e comércio, entre outros. A partir da próxima semana, o assunto abordado será a situação dos ônibus no estado. Segundo o MP, ainda não há uma temática definida para próximo mês.

Mobilidade urbana: como desatar este nó?

CENTROS URBANOS

Mobilidade urbana: como desatar este nó?

Nossas cidades estão parando. Há carros demais, transporte público de menos e congestionamentos quase diários. Afinal, quais são as soluções possíveis?

Julio Lamas National Geographic Brasil

Victor Moriyama

"Isto é São Paulo, a cidade do trabalho, o gigante de concreto armado que se torna dia a dia maior", introduz o locutor de voz profunda e limpa da era do rádio enquanto passam imagens da multidão nas ruas a caminho do trabalho. "Porém, há dramas que não se podem ocultar. E, entre eles, a luta pelo transporte, o sofrimento diário com as filas, a espera angustiosa pelos ônibus que tardam - e eles não bastam, pois seu número não cresceu no mesmo ritmo vertiginoso da expansão da cidade", continua ele.


Poderia ser um retrato atual da maior metrópole do país. Mas é a São Paulo de 1952, então com 2,5 milhões de habitantes, em um documentário restaurado do fotógrafo francês Jean Manzon sobre a demanda de transporte público na época. No fim do filme, ele pergunta: "Quando será o dia em que São Paulo não mais verá quadros como este?" E 50 anos depois, em 1º de junho de 2012, uma combinação de acidentes nas principais ruas e avenidas, chuva e excesso de carros criou o maior congestionamento da história: 295km de filas. A cidade que não pode parar anda a passos de tartaruga.
O cenário piora a cada dia. Uma hora, esse nó vai estrangular a capital paulistana. São Paulo tem cerca de 11,4 milhões de habitantes e uma frota de 4,8 milhões de automóveis. Sua população cresceu cerca de 8% de 2001 até 2012, enquanto a frota aumentou 60,1% entre 2003 e 2012. Mais de 2,5 milhões de veículos foram colocados nas ruas, entre eles 1,5 milhão de carros particulares e 510 mil motocicletas, que, durante o mesmo período, aumentaram 197,3%. Na média, são quase 22 mil veículos por mês (730 por dia) a mais.

O preço que se paga por esse absurdo é elevadíssimo. Marcos Cintra, economista e vicepresidente da Fundação Getúlio Vargas, criou, em 2002, um estudo apelidado de "custo São Paulo", que calcula o prejuízo causado por seu trânsito. Segundo dados consolidados de 2012, estima-se que ele seja de cerca de 40 bilhões de reais ou aproximadamente 80% do PIB municipal, que é de 52 bilhões. Só dos chamados custos pecuniários (preços da gasolina por quilômetro rodado, desgaste dos veículos e manutenção de vias, além dos gastos com poluição e seus efeitos nocivos à saúde pública) perde-se cerca de 10 bilhões de reais ao ano. O que não se ganha, ou seja, os custos de oportunidade (soma de tudo aquilo que a cidade deixa de consumir, produzir e arrecadar enquanto sua força de trabalho está estagnada no trânsito), representa mais 30 bilhões. "Isso sem falar na parcela da população presa dentro dos ônibus", explica Marcos Cintra. No Rio de Janeiro, estudo semelhante feito pela UFRJ revela que o tempo perdido no trânsito gera um prejuízo de até 12 bilhões de reais ao ano à capital fluminense.

O caos do trânsito começa a alastrar-se. Em tempos de expansão de crédito e redução de impostos para a indústria automotiva, houve uma série de quebras de recorde na venda de veículos, de modo que outras cidades brasileiras começam a enfrentar crises de mobilidade. Um estudo do Observatório das Metrópoles, órgão de pesquisa ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, aponta que, em dez anos (de 2001 a 2011), a frota das 12 principais regiões metropolitanas do país, incluindo seus 239 municípios-satélite, cresceu, em média, 77,8%. São, no total, 20,5 milhões de veículos a mais. Manaus lidera o ranking. No período, sua frota aumentou 141,9%, seguida por Belo Horizonte (108,5%), Distrito Federal (103,6%) e Goiânia (100,5%). Um dos problemas mais sérios atinge a região metropolitana de Belém do Pará, onde, na última década, o número de automóveis cresceu 97,3% - enquanto o de motos saltou 708,3%. A se manter nesse ritmo, estima-se que em 2020 haverá 1 milhão de carros e 3,2 milhões de motos. Levando em conta só a capital paraense, isso significaria um carro para cada quatro habitantes - índice igual ao de São Paulo de hoje.

Como as vias não aumentam na mesma velocidade, o resultado é óbvio: a população leva bem mais tempo para se deslocar. Segundo estudo de Rafael Pereira, técnico de pesquisa e planejamento do Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em coautoria com Tim Schwanen, da Universidade de Oxford, que compara dados de dez regiões metropolitanas brasileiras e 20 estrangeiras com mais de 2 milhões de habitantes, o tempo médio de percurso entre a casa e o trabalho no Rio de Janeiro e em São Paulo é de 43 minutos - 31% maior que em outros países. Essas capitais só ficam atrás de Xangai: 50 minutos. Em Brasília e Recife (média de 37 minutos), gasta-se mais que em Nova York, Tóquio e Paris.
A pesquisa revela ainda que, em alguns períodos, obras e investimentos em transporte conseguiram reduzir o tempo perdido no trânsito, mas, depois, tudo volta à estaca zero. "No Rio de Janeiro, a construção da linha Amarela e de nove estações de metrô melhorou um pouco. O mesmo ocorreu em Brasília, onde, depois de muito atraso, o metrô começou a operar em 2001, além da construção da ponte Juscelino Kubitschek, mais uma ligação entre o Lago Sul e a região central da cidade", comenta Pereira. "As melhorias, porém, duram pouco. Depois de alguns anos, as vias se saturam de novo, e o trânsito empaca", conta. Segundo ele, é o que ocorreu em São Paulo em 2004, em razão do rodízio de veículos, e depois, em 2009, com a ampliação da Marginal Tietê, em que foram gastos cerca de 2 bilhões de reais. "Fazer política de transporte no Brasil tem sido como enxugar gelo: mesmo aumentando a oferta de infraestrutura, ainda fica aquém da demanda. Estamos sempre correndo atrás do prejuízo", explica Pereira.

Um bom exemplo disso é que o ocorre na capital paulista. A prefeitura calcula que, entre 2002 e 2011, o volume de usuários de transporte coletivo da cidade deu um salto de 86%, pulando de 2,8 milhões para 5,2 milhões de pessoas por dia. No mesmo período, houve um aumento de apenas 50% na extensão e no número de estações do metrô com a construção de mais uma linha.

Sinal evidente de que o transporte coletivo está aquém das necessidades é o que acontece todos os dias na estação Corinthians-Itaquera, zona leste paulistana, no extremo da mais movimentada linha de metrô. Só para passar pelas catracas, os usuários demoram de 30 a 40 minutos. Para piorar, o número de ônibus municipais, que servem 55% do total de passageiros, é o mesmo desde 2003: cerca de 15 mil. "Há uma inversão da lógica em nosso modelo de urbanismo. Primeiro, coloca-se o povo para morar longe. Depois, tenta-se organizar o caos pelo transporte", afirma Lúcio Gomes Machado, professor da FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Para ele, há outro grave problema. "Privilegiou-se o uso do transporte individual em detrimento do coletivo. Isso fica explícito no projeto de Brasília, cidade construída com avenidas longas e amplas para andar de carro, e nos projetos de São Paulo, com viadutos horrorosos, como o Minhocão", ressalta o professor Machado.

Começam, porém, a surgir algumas medidas para reverter esse cenário. Há pouco mais de um ano vigora a Lei no 12 587/2012, instituindo as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, que buscam priorizar os meios de transporte não motorizados e os serviços públicos coletivos. Até 2015, as prefeituras de cidades de grande porte deverão apresentar revisões em seus planos diretores para atender a essas exigências. Para isso, o governo federal pretende, ainda, investir cerca de 32 bilhões de reais em mobilidade urbana como parte do pacote do PAC - Plano de Aceleração de Crescimento. Para a Copa do Mundo de 2014, preveem-se mais de 12 bilhões de reais aplicados na implantação de projetos de mobilidade - quase 50% do total a ser investido no evento internacional.

Uma das soluções passa pelo investimento no transporte público de alta capacidade, como o metrô, que pode deslocar até 80 mil pessoas por hora. É o que faz Xangai desde 1995. Hoje, seu sistema tem 437 km de extensão e o maior ritmo de expansão no planeta: em média, 16,2 estações abertas e 24,3 km inaugurados por ano. Nova Délhi, na Índia, em menos de 11 anos de operação, tem 193 km. O metrô de Seul, capital da Coreia do Sul, iniciou seu funcionamento em 1974. Hoje, é o maior do mundo, com 560 quilômetros, enquanto o paulistano, inaugurado no mesmo ano, tem apenas 74. Sua maior desvantagem, porém, está no preço. A ANTP - Associação Nacional de Transportes Públicos calcula que cada quilometrô de metrô construído custe entre 80 milhões e 90 milhões de dólares. Para ter uma ideia de tal empreendimento, a China, que hoje possui mil quilômetros de metrô, investirá mais 146 bilhões de dólares para, até 2015, construir outros 2 mil apenas em Guangzhou e Xangai. "Não precisamos gastar tanto. Ideias boas e baratas podem ser encontradas aqui mesmo, como é o caso do BRT - Bus Rapid Transit. Em Recife, por exemplo, essa é uma das opções mais promissoras", afirma César Cavalcanti, diretor da ANTP no Nordeste.

Quase 30 vezes mais barato que o transporte subterrâneo, menos poluente e mais flexível, o conceito de Bus Rapid Transit, sistema de ônibus de alta capacidade que opera em faixas exclusivas e funciona como o metrô, virou o preferido entre governos e especialistas em mobilidade, tornando-se modelo de exportação. Implantado na década de 1970 em Curitiba, onde é chamado de "Ligeirinho", o BRT foi desenvolvido pelo urbanista, e então prefeito da cidade, Jaime Lerner, como opção atrativa, barata e confortável para cidades com mais de 500 mil habitantes. "Desde então, ele foi tão aperfeiçoado que cada BRT funciona como uma célula inteligente. A tecnologia trouxe grande ganho operacional e redução de custos se comparada à do metrô. Além disso, a capacidade de transporte em uma mesma extensão de faixa é dez vezes maior em relação ao carro, com a vantagem de não parar no trânsito", explica Antônio Lindau, presidente da Embarq Brasil, entidade criada pelo World Resources Institute (Instituto de Recursos Mundiais) para promover a mobilidade sustentável.

A ideia do BRT popularizou-se a partir dos anos 2000 - hoje há mais de 275 corredores, ou cerca de 4 mil km, em 154 cidades nos cinco continentes, atendendo 25 milhões de passageiros por dia. Em cidades que sofreram transformações significativas nos últimos anos, como Bogotá (Colômbia), onde o BRT é chamado de Transmilenio, ele tornou-se o modal de preferência, e transporta todos os dias 1,8 milhão de passageiros. Do ponto de vista ambiental, o Metrobus da Cidade do México, com capacidade para transportar 775 mil passageiros por hora, demonstra que o sistema também ajuda a reduzir as emissões de gás carbônico. "Lá, onde a quarta linha foi inaugurada em 2012, estima-se que houve redução de 110 mil toneladas de CO2 emitidas por ano", conta Lindau, que coordenou um projeto de simulação virtual do BRT no Rio de Janeiro, essencial para demonstrar que a cidade seria capaz de receber os Jogos Olímpicos em 2016. O projeto carioca inclui a integração com 26km de VLT - Veículos Leves sobre Trilhos e metrô. A primeira linha, a TransOeste, de quase 56km de extensão, foi entregue em 2012. "Até 2014, serão quatro linhas em operação - uma delas passa pela avenida Brasil, e terá 60km. Será uma das maiores linhas de BRT no mundo", explica ele. Em Belo Horizonte, onde os projetos estão em ritmo acelerado, o sistema está sendo implementado nas principais avenidas, e, em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad prevê a construção de 150km de faixas para o BRT.

Para desafogar o trânsito, há ainda quem estude a possibilidade do uso dos rios. É o caso de Alexandre Delijaicov, outro professor da FAU-USP, autor de um projeto que mostra a viabilidade de um hidroanel metropolitano para São Paulo - uma rede de vias navegáveis, composta pelos rios Tietê e Pinheiros, integrada a um canal de mobilidade sustentável. "Em Copenhague, na Dinamarca, e em Zurique, na Suíça, 30% das viagens diárias das pessoas são realizadas de bicicleta. Até porque, em cidades como essas, é caríssimo estacionar. Em Paris, é quase impossível", diz ele, que mora em Nova York, onde uma vaga pode custar até 1 mil dólares por mês em regiões como Manhattan.
Victor Moriyama
Retirar os carros das ruas é fundamental para dar mais fluidez ao trânsito. Por isso, iniciativas para desencorajar o transporte individual têm sido colocadas em prática em várias metrópoles do mundo. Em San Francisco, nos Estados Unidos, por exemplo, foi criado o SF Park, programa que, por meio de parquímetros eletrônicos, altera o preço das vagas de estacionamento conforme o horário, o tráfego e os eventos que estão ocorrendo, como shows e jogos. Em Londres, há o pedágio urbano. No distrito de Canary Wharf, em que trabalham 100 mil pessoas, há apenas 3 mil vagas. O The Shard, o maior arranha-céu da União Europeia, com 310 metros de altura, localizado no distrito financeiro da cidade que abriga centenas de escritórios e caríssimos apartamentos, possui só 48 espaços para estacionar.

Nesse sentido, no Brasil, andamos na contramão. "A nova lei de mobilidade que veio de Brasília não percorreu todos os caminhos até ser realidade em nossas metrópoles. A lei municipal dos polos geradores de tráfego em São Paulo, que obriga os novos empreendimentos a planejar um número mínimo de vagas em relação ao total de metros quadrados construídos, é uma das mais absurdas", reclama Maurício Lopes, promotor de habitação e urbanismo do Ministério Público de São Paulo. Ele cita o caso de um shopping que está sendo erguido na região da avenida Paulista, no qual o grupo francês responsável pela obra será obrigado a reservar mais de 2 mil vagas. O grupo pede a revisão da lei, já que o empreendimento será em uma das regiões mais congestionadas e supridas de opções de transporte coletivo. "Se o Masp, que é um patrimônio tombado, fosse construído hoje, teria sido embargado por falta de vagas para estacionar", comenta o promotor militante da não motorização.

Outro problema, segundo Lopes, além da baixa qualidade do transporte público e da política de estacionamento, são os 35 mil km de calçadas pouco convidativas para caminhadas. Em 1985, o prefeito Jânio Quadros tornou as calçadas paulistanas responsabilidade legal dos munícipes. A falta de manutenção, inclusive, está sujeita à multa, embora a fiscalização inexista. No momento, há um projeto na Câmara dos Vereadores que reverte essa decisão. "Se a via pública, ou seja, o leito carroçável, é responsabilidade da prefeitura, por que ela não deve cuidar também da calçada, que é do pedestre?", questiona o promotor.

Desde a década 1970, países como Israel, Inglaterra, Suécia e Japão têm apostado em empreendimentos mais amigáveis para o pedestre, como os espaços woonerf, ou pátio/vizinhança, que foram desenvolvidos na Holanda. São áreas de paisagismo bem cuidado, sem placas para carros e sem distinção entre calçada e rua, o que prioriza a caminhada e a bicicleta. Na Alemanha e na Holanda, já foram feitos mais de 3 500 espaços assim. "Acredito que até 2050 veremos a era das ‘ruas completas’, que fornecem espaço e prioridade a pedestres, ônibus e ciclistas, além de motoristas", comenta Paul White, presidente da ONG nova-iorquina Transportation Alternatives.

White acredita que ruas melhores são a proposta mais promissora para reocupar os centros urbanos com novos moradores. Ao fechar, nos últimos anos, áreas como a Times Square e a Broadway para os automóveis, Nova York tem demonstrado como se pode acabar com a dependência do carro após muito tempo investindo em viadutos e túneis, que só traziam mais trânsito à cidade. "Quando a velocidade do automóvel excede os 35 km por hora, a qualidade humana nas ruas começa a perder; o barulho aumenta, tornando as conversas mais difíceis; além do perigo que cresce de forma exponencial", afirma. Esse cenário torna a vida arriscada e desconfortável para quem não está em um veículo motorizado. "Quando as pessoas começam a evitar a rua, aquele ciclo virtuoso de gente atraindo gente se perde, até que, por fim, isso tudo desaparece", alerta White.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

6 plantas que melhoram a qualidade do ar em residências

6 plantas que melhoram a qualidade do ar em residências




Quem mora nas grandes cidades sofre muito com a poluição urbana. O ar poluído pode afetar até mesmo os que passam mais tempo em casa do que nas ruas. Isso acontece porque o ar que circula nos ambientes internos também pode ser prejudicial à saúde humana.
Neste sentido, não só como item de decoração, cultivar plantas em casa é um grande benefício para seus moradores. Algumas plantas, em especial, podem desempenhar seu papel de forma mais eficaz. Conheça seis delas que melhoram a qualidade do ar.
Azaléia
Eficiente para combater poluentes como COVs (Compostos orgânicos voláteis) e amoníacos (um composto presente em diversos produtos de limpeza). Essa planta é indicada para cozinhas e banheiros. Precisa de rega apenas uma vez por semana e de cinco horas de sol diariamente.
Bromélia
Ajuda na absorção de fumaça, por isso é indicada para cozinha. Para manter essa planta, basta fazer uma rega a cada três dias. Ao contrário da Azaléia que precisa de muito sol, a Bromélia necessita apenas de luz solar indireta.
Cacto

Muito útil para barrar as ondas eletromagnéticas. É indicado ter um cacto na sala próximo ao aparelho de TV ou na cozinha, junto ao micro-ondas. Para os supersticiosos, a planta ajuda a tirar o mau olhado nos ambientes.

Gérbera, begônia e crisântemo
São indicadas para as residências onde há fumantes. As três podem atuar com eficiência contra a fumaça de cigarro. A Gérbera gosta de luz, já a Begônia tem que ser protegida da luz solar direta, assim como a Crisântemo que, apesar de precisar de muita luz, não suporta sol direto. Elas devem ser expostas nas salas e quartos.
Redação CicloVivo

Projeto reúne imagens e relatos sobre preservação de aves marinhas


O Projeto Albatroz, que luta pela preservação das aves marinhas do litoral brasileiro, está lançando um livro e um vídeo que contam a história dessa iniciativa ambiental que no final de 2013 completará 23 anos. O material reúne imagens e relatos de pesquisadores, pescadores e parceiros do Albatroz, que tem patrocínio da Petrobras e integra desde 2012 a Rede Biomar, da qual também fazem parte os projetos Tamar, Baleia Jubarte, Coral Vivo e Golfinho Rotador.
Tanto o livro, de 132 páginas, quanto o vídeo, com 38 minutos de duração, abordam as principais características do comportamento dos albatrozes e petréis. O material também apresenta os principais marcos da trajetória do projeto, como a criação do Instituto Albatroz, a entrada do Brasil no Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis, a parceria com a Petrobras, que data de 2006, e o desenvolvimento de tecnologias para diminuir a captura das aves pelos barcos de pesca.
Segundo a coordenadora do projeto, Tatiana Neves, as iscas jogadas pelos pescadores em alto-mar são a principal ameaça de extinção das duas espécies no país. “Estimativas mostravam que 10 mil aves eram mortas todo ano no Brasil. Elas acabavam engolindo as iscas com anzol, e, desse modo, acidentalmente eram fisgadas e arrastadas para o fundo do mar. Os pescadores não tinham como salvar as aves e também acabavam tendo prejuízo na pesca”, diz Tatiana, também responsável pela publicação do material.
Para ajudar a reverter o quadro, o projeto encontrou na parceria com os pescadores a principal solução para desenvolver medidas eficazes de preservação das aves. Uma delas é o toriline, equipamento que consiste em dois postes fixados na popa da embarcação, dos quais partem, presas em linhas de náilon, fitas coloridas que ajudam a afugentar as aves para longe dos anzóis.
Os pesquisadores do Projeto Albatroz desenvolvem suas atividades nas cidades de Santos e Guarujá (SP), Itajaí e Navegantes (SC), Itaipava (ES) e Rio Grande (RS). Segundo a Petrobras, nos últimos anos o projeto atendeu a 254 pescadores, além de cinco mil crianças e 235 professores de escolas públicas e privadas, com atividades de educação ambiental.
O livro está disponível em livrarias de São Paulo, Santos e do Rio de Janeiro e o vídeo pode ser acessado no Youtube.

Cariocas podem acompanhar evolução de áreas reflorestadas no estado

Cariocas podem acompanhar evolução de áreas reflorestadas no Estado





Desde a última sexta-feira (20), a população carioca já pode acompanhar em tempo real a evolução do compromisso olímpico assumido pela Secretaria de Estado do Ambiente (Sea) para o plantio de 24 milhões de mudas da Mata Atlântica no estado, até 2016. A iniciativa integra o Projeto Contador de Árvores, que tem como principal objetivo incentivar, fortalecer e monitorar o plantio de mudas.
O contador é um relógio digital instalado em uma escultura na parede externa do prédio do Jardim Botânico, na zona sul da cidade. Ele contabiliza os dados de plantio de espécies de Mata Atlântica no território fluminense. Pelo site da Sea, o cidadão terá acesso a dados como os responsáveis pelo plantio, as espécies de mudas que serão utilizadas, o município e a dimensão da área reflorestada.
De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, a meta é dobrar o tamanho da Mata Atlântica no Rio de Janeiro, nos próximos 20 anos. "Qualquer movimentação desse tipo envolve carro, avião e emissão de carbono, que é a grande febre do planeta. Quando plantamos árvores absorvemos carbono, vamos absorver todo o carbono produzido nas olimpíadas e na Copa do Mundo”.
Minc acrescentou que, com o plantio das árvores, será reforçada a proteção dos recursos hídricos, melhorando “a qualidade e quantidade da água para quem vive aqui". Ele acrescentou que até o momento cerca de 5,5 milhões de árvores já foram plantadas no estado.
De acordo com a secretaria, a Mata Atlântica é o bioma mais rico em biodiversidade do planeta, cobrindo atualmente apenas 7% de sua área original. Além da perda de espécies, a degradação da floresta ameaça o equilíbrio do clima e o fornecimento de água doce na Região Sudeste, onde se concentra a maior parte da população brasileira. 

Rio lança inventário para analisar situação da Mata Atlântica no estado

Rio lança inventário para analisar situação da Mata Atlântica no estado





Com o objetivo de estudar a situação da Mata Atlântica, foi lançado nesta segunda-feira (16) o primeiro Inventário Floresta Nacional no município de São Pedro da Aldeia, na Região Lagos, no estado do Rio.
A principal meta da iniciativa, organizada pela Secretaria Estadual de Ambiente (SEA), é levantar dados das espécies vegetais existentes em diversas áreas da região, a partir da coleta de materiais botânicos, para conhecer os ecossistemas da Mata Atlântica, como restingas e manguezais.
Segundo estimativa da SEA, a ação, que integra o Plano Nacional de Meio Ambiente, deve durar pelo menos dois anos. Equipes da secretaria, formadas por engenheiros florestais e biólogos, farão a coleta de folhas, frutos e flores, além de amostras do solo. 
De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, as discussões vão consolidar mecanismos de cobertura para o monitoramento de áreas de mata no Rio de Janeiro. "Precisamos conhecer todo esse espaço para estruturar ações de preservação. Temos que verificar espécies que se fortaleceram e também aquelas em extinção. Essas discussões precisam ter serventia para a população, porque é nesse tipo de debate que se formam parcerias. Temos que trazer benefícios de maneira responsável e sustentável, que é o mais importante", disse Minc.
Durante a cerimônia de lançamento do inventário, o prefeito de São Pedro da Aldeia, Cláudio Chumbinho, assinou decreto oficializando a criação do Parque Natural Municipal da Mata Atlântica Aldeense, com 268 hectares, abrangendo os morros dos Milagres e dos Frades. Foram plantadas mudas na Faixa Marginal de Proteção (FMP) da Lagoa de Araruama, com a presença de pescadores do município que estão recebendo ajuda financeira devido à proibição temporária da pesca no período de defeso - devido à reprodução -, que acaba em 31 de outubro.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Desperdício de alimentos é o terceiro maior emissor de CO2 do mundo

Desperdício de alimentos é o terceiro maior emissor de CO2 do mundo


O cruel desperdício de alimentos, além de colaborar para a fome e para a desigualdade social, pode ser considerado como o terceiro emissor de carbono do mundo, atrás apenas da China e dos EUA. A conclusão foi obtida num relatório produzido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que estima que os alimentos jogados fora emitam cerca de 3,3 bilhões de toneladas de CO2 todos os anos.
O estudo concluiu que um terço de toda a comida produzida no mundo vai para o lixo – cerca de 1,3 bilhão de toneladas – juntamente com energia, água e produtos químicos envolvidos na produção e descarte destes alimentos. A quantidade pode ser comparada a 30% de toda a área agrícola do mundo, mais um volume de água equivalente à vazão anual do maior rio da Europa (o Volga, na Rússia) e ainda os gastos de energia.
Com o relatório, a FAO concluiu que, quanto menos desperdício de alimentos, mais eficiente será o combate às mudanças climáticas. Além disso, jogar menos comida no lixo também poderia ampliar o acesso a recursos que são escassos e ainda diminuir a atividade agrícola, que destrói florestas no mundo todo. "A redução de desperdício de alimentos não só evitaria a pressão sobre recursos naturais escassos, mas também diminuiria a necessidade de aumentar a produção de alimentos em 60 por cento, a fim de atender a demanda da população em 2050", declarou a FAO.
De um lado, o documento aponta que, a falta de eficiência da atividade agrícola e do armazenamento de alimentos é a principal causadora do desperdício alimentar nos países em desenvolvimento. Por outro lado, o desperdício nos países desenvolvidos é mais comum entre as pessoas que compram mais do que se alimentam, e, assim, acabam jogando no lixo a comida que não consomem. Com informações da Exame.


Redação CicloVivo
Holandeses criam primeiro smartphone sustentável



Um celular que se intitula “seriamente legal, que coloca em primeiro lugar os valores sociais”, foi desenvolvido na Holanda. O produto é fruto de uma empresa social formada por cinco profissionais.
Quantos de nós podemos afirmar com segurança a procedência de um determinado dispositivo eletrônico? Saber como funciona e quem integra toda a cadeia produtiva, que envolve fornecedores, distribuidores, atacadistas, armazéns e fábricas, é quase impossível. Entretanto, os criadores do Fairphone assumiram o compromisso de serem mais transparentes, e, para isso, acompanham cada componente, indivíduo e processo, a fim de mostrar o impacto da produção de eletroeletrônicos e tomar medidas para propor melhorias.
De acordo com os criadores, o smartphone foi produzido da maneira mais justa possível. O grupo ressalta a funcionalidade social que permeia o desenvolvimento do aparelho.
“Produzir um telefone permite-nos abordar as grandes questões e desafios que enfrentamos a partir de uma perspectiva humana. É um objeto cotidiano, que quase todo mundo tem, usa ou pode se identificar. É tanto um dispositivo tangível, como um grande símbolo do nosso mundo conectado, social”, diz a empresa, em seu site.
Os criadores acreditam que o aparelho possa ser um veículo para uma nova maneira de produzir, uma mudança que acarretará em uma economia baseada em valores. Algumas dessas transformações vão acontecer rapidamente, afirma a companhia, enquanto outras podem levar anos.
Os telefones celulares contêm mais de trinta tipos diferentes de minerais e metais. Como não se pode escapar do uso desses produtos, a companhia busca o selo “Comércio Justo”, realizando ações para garantir que a extração não financie forças armadas ilegais.
A criação do produto é baseada em um roteiro com cinco passos que levam em consideração: boas condições de trabalho e prática de reciclagem, uso de materiais preciosos e metais livres de conflitos, design inteligente, preços justos que reflitam o custo real de cada etapa e ainda busca de alternativas para o descarte do aparelho.
Na questão trabalhista, por exemplo, a empresa capacita os trabalhadores a entrarem em discussões diretas com seus empregadores, além de oferecerem um salário compatível com as horas de trabalho realizadas.
Já em relação às especificações, as baterias são removíveis e substituíveis, o aparelho possui capacidade Dual SIM e embalagem mínima. O Fairphone é baseado no Android e busca da inclusão de elementos adicionais – para isso, estão em parceria com plataformas abertas. Em longo prazo, o objetivo é fabricar um telefone totalmente reciclável, ??feito com material ecológico, livre de plásticos e toxinas.
Embora ainda não seja comercializado em massa, já foram vendidas 15 mil unidades do Fairphone na internet. Ainda há 25 mil aparelhos disponíveis, de acordo com o site da empresa. Veja aqui como adquiri-lo.

Marcia Sousa - Redação CicloVivo

Coentro é capaz de eliminar metais pesados da água

Coentro é capaz de eliminar metais pesados da água





Em parceria com cientistas norte-americanos, os estudantes da Universidade Politécnica de Francisco I. Madero, no México, descobriram que o coentro tem potencial para eliminar impurezas e retirar metais pesados da água de forma orgânica. A erva, que também apresenta diversas propriedades medicinais, vem mostrando eficiência em purificar os sistemas de irrigação no Vale do Tula, situado nas proximidades da Cidade do México.
A pesquisa teve início quando os estudantes observaram o poder de desintoxicação da erva, utilizada de forma natural para filtrar o sangue e eliminar radicais livres do corpo. Durante as experiências, a equipe comprovou que as células que compõem o coentro conseguem reter com facilidade alguns metais, como o níquel, que, ao ser ingerido, pode causar graves complicações – como o câncer de pulmão.
De acordo com Douglas Schauer, coordenador da pesquisa, a próxima etapa é verificar se o coentro, tempero comum na cozinha brasileira, também é capaz de eliminar metais com maior toxicidade, como o mercúrio, que causa estragos irreversíveis – seja na saúde das pessoas, seja nos corpos d’água de todo o planeta.
Os testes vêm sendo realizados em plantações do Vale do Tula, região que, historicamente, exerceu importante influência para as civilizações pré-colombianas. Além de ser utilizado para purificar a água que irriga as plantações, o coentro também demonstra eficiência ao ser inserido numa espécie de sachê de chá, capaz de filtrar a água imprópria para consumo, conforme explicam os cientistas.
Os resultados da pesquisa foram apresentados à American Chemical Society, que publicou a novidade. Além dos bons resultados nos testes de purificação de água, está comprovado que o coentro pode ser utilizado para controlar a pressão sanguínea, diminuir a ansiedade e ainda combater a cefaleia e a insônia.
Por Gabriel Felix – Redação CicloVivo