terça-feira, 4 de outubro de 2016




Embora o resultado do PR no estado tenha sido bastante positivo, com vitórias expressivas em cidades importantes, tenho sido muito questionado sobre o que ocorreu em Campos, afinal o governo Rosinha tem uma alta aprovação popular e realizou as maiores obras de infraestrutura e os mais abrangentes programas sociais da história da cidade. Pois bem, vamos aos fatos.

O vencedor das eleições, Rafael Diniz, neto do ex-prefeito Zezé Barbosa, conseguiu reunir em torno de si a velha política de Campos ligada às oligarquias que sempre tiveram contra o povo um enorme preconceito social e racial e uma juventude despolitizada, desejosa por mudanças. Além disso, sua campanha extraoficialmente teve forte financiamento empresarial, o que possibilitou uma campanha desigual na última semana da eleição, quando Dr. Chicão ainda mantinha sobre ele mais de 10 pontos percentuais nas intenções de voto. Junte-se a isso o envolvimento de setores do Judiciário, da Polícia Federal, como mostrei dias atrás, e um cerco de mídia que só presenciei coisa igual no período da ditadura militar. O caso envolvendo a rádio Diário FM é emblemático. Mesmo o Tribunal Regional Eleitoral determinando que a rádio fosse colocada no ar, seus transmissores foram novamente lacrados 24 horas depois, enquanto outras emissoras do município pediam voto durante toda a sua programação nos dias que antecederam a eleição, caso explícitos das rádios 97 FM, Campos Difusora, Continental de Campos, entre outras.

A ação político-policial-judicial desenvolvida nos últimos 10 dias contra o candidato do governo Rosinha e estampada em manchetes garrafais na Folha da Manhã, e divulgado repetitivamente na Globo local acabaram criando na população um impacto muito forte. Além disso, aquele documento falso, divulgado ontem, conforme nós mostramos aqui no blog, deixou muitas pessoas perplexas e inibiu a nossa militância desequilibrando o pleito. Aliás, a mentira foi a tônica da campanha de Rafael Diniz pelas mídias sociais. Chegou a divulgar um áudio de uma suposta enfermeira do Hospital Ferreira Machado acusando o governo pela morte de uma menina por falta de sangue. Descobriu-se depois que a denunciante não era enfermeira do hospital municipal e trabalhava sim no Hospital Doutor Bêda, de propriedade do senhor Hebert Sidnei Neves, maior devedor de impostos da prefeitura e grande financiador da campanha de Rafael Diniz. Também espalharam pelas redes sociais outras mentiras envolvendo setores da prefeitura para amedrontar funcionários.

O fato é que o medo foi a tônica da eleição ontem em Campos. Para se ter uma ideia da desproporcionalidade do resultado para o Legislativo e o Executivo, a aliança que apoiou Rafael Diniz elegeu apenas 3 vereadores, a do candidato Caio Vianna mais três, e a que apoiou Dr. Chicão fez 19 vereadores. Esse total descasamento não é normal nessa proporção, e sugere que alguma coisa fora da normalidade ocorreu nos últimos dias que antecederam a eleição.

De qualquer maneira reconhecemos a vitória e desejamos que o candidato eleito cumpra com aquilo que prometeu à população. Rosinha está com os salários dos funcionários rigorosamente em dia, já pagou a primeira parcela do 13º salário, tem a segunda parcela já reservada, tem mais 400 obras em andamento e não vai paralisá-las como era o costume de Zezé Barbosa, e vai pagar o Cheque-Cidadão a todos os beneficiários do programa nas próximas horas, conforme ela gostaria de ter feito antes, e só não o fez por decisão judicial.

Era visível ontem em várias partes da cidade carros de luxo parados perto das escolas que são locais de votação comprando votos para o candidato Rafael Diniz. Centenas de denúncias foram feitas ao TRE, que com efetivo muito reduzido não conseguia dar conta da “corrupção verde” que tomou conta da cidade.

Depois de 8 anos de um governo popular, que deu casas a quem não tinha onde morar, amparou os filhos dos trabalhadores com escolas e creches-modelos, que investiu mais de 40% do seu orçamento em saúde, que valorizou as pessoas que moram no interior do município implantando a passagem social a R$ 1 para integrar o município que tem 4.000 quilômetros quadrados, que implantou um programa de renda mínima de amplo impacto social, como o Cheque-Cidadão, que fez o maior programa de saneamento da cidade, especialmente nas áreas mais humildes, com 400 Km de galerias de água e esgoto, que valorizou os jovens da periferia implantando um belíssimo programa de vilas olímpicas, e tantos outros programas importantes, chegou a hora de entregar o governo para um representante legítimo da oligarquia campista, conservadora, que remete ao nosso passado onde durante séculos ficou polarizada entre dois grupos econômicos e políticos: os monarquistas que defendiam a escravidão e a exclusão social e os republicanos que defendiam a abolição e a inclusão social. Nesta eleição os “monarquistas”, representantes do Barão de Cotegipe, e outros exploradores dos pobres venceram as eleições. Nós éramos os representantes da República de Nilo Peçanha, campista que foi presidente da República, de José do Patrocínio, líder da abolição, e de tantos outros que lutaram contra a vergonha do período áureo da cana, onde o maior lucro não vinha do açúcar, e sim da compra e venda de escravos. Boa sorte aos vencedores. Venceu a despolitização, a manipulação e a falta de conhecimento da história. Infelizmente as pessoas discutem muito mais eleição do que política, e aí acabam entregando o seu destino nas mãos daqueles que ao longo da história chicotearam os seus antepassados. 

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