domingo, 16 de agosto de 2015

Florestas demoram até quatro anos para se recuperar de secas

Demora afeta captura de gases de efeito estufa e acelera aquecimento global

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Floresta atingida pela seca no Sudoeste dos EUA - Divulgação/Leander Anderegg
As florestas são ecossistemas valiosos para conter o aquecimento global, devido ao seu poder para capturar gases de efeito estufa na atmosfera. Sua devastação provocará efeitos cada vez mais graves, devido à previsão de que as estiagens serão mais frequentes e intensas nas próximas décadas.

Segundo Anderegg, algumas florestas “ainda estão correndo atrás” para recuperarem-se da última seca.
A contatação de que o estresse hídrico limita em anos o crescimento das árvores sugere que as florestas já estocam menos carbono do que avaliavam os cientistas.
— Se as florestas não estão capturando o CO2, isso significa que as mudanças climáticas estão acelerando — disse Anderegg, que realizou o trabalho em parceria com outras nove instituições e universidades americanas. — A maioria dos modelos atuais que analisam ecossistema e clima considera que a recuperação da floresta é completa. Mas não é exatamente isso o que acontece.
A taxa de recuperação das secas é desconhecida na grande maioria das espécies de árvores. Anderegg mediu a recuperação do crescimento dos troncos após secas severas registradas desde 1948 em sítios florestais de todo o planeta.
Os pesquisadores descobriram que poucas florestas mostraram efeitos positivos, ou seja, observaram que o crescimento foi maior do que o previsto após a seca, principalmente na Califórnia e na região do Mediterrâneo. Na maioria das florestas no mundo, as árvores sofreram por anos após experimentarem estiagens.
O crescimento é, em média, 9% menor do que o esperado durante o primeiro ano da recuperação, e mantém-se 5% menor no segundo ano. Os efeitos duradouros da seca foram mais visíveis em ecossistemas áridos e entre pinheiros e espécies de árvores com baixos índices de segurança hídrica.
— Estas são as espécies que assumem riscos: elas tendem a usar uma quantidade elevada de água, mesmo quando a seca avança — comenta Anderegg.
O biólogo admite que ainda não é possível explicar por que os efeitos da seca têm uma duração tão longa nos sítios florestais. Há três respostas possíveis: a primeira estaria ligada à perda de folhagem e de reservas de carboidratos, que pode prejudicar o crescimento da árvore nos anos seguintes. A segunda teoria é que pestes e doenças podem acumular-se em árvores estressadas pela seca. Por último, os pesquisadores cogitam que a estiagem, ao afetar os tecidos vasculares da árvore, prejudicam o transporte interno de água.

— A seca, especialmente o tipo que afeta as florestas, é fruto do relacionamento entre as precipitações e a evaporação. E a evaporação é fortemente ligada à temperatura — lembra Anderegg. — O fato de que experimentamos o aumento da temperatura em diferentes partes do mundo, como na Costa Oeste dos EUA, é um sinal de que teremos secas mais extremas e severas, reduzindo substancialmente a habilidade da floresta em sugar o carbono da atmosfera.
O impacto da recuperação atrasada pelo seca não é trivial. Em um século, a capacidade de estoque de carbono em ecossistemas semiáridos teria caído cerca de 1,6 gigatoneladas métricas — o equivalente a 25% das emissões anuais dos EUA.


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