terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Eu vou, eu vou...

Eu vou, eu vou...

Reclamar do trânsito caótico das grandes cidades já virou lugar-comum. Além de cobrar ações dos governantes, está em nossas mãos dar um empurrãozinho nessa lentidão e encontrar uma saída para melhorar a mobilidade urbana


mugley/Creative Commons
"O luxo está no rico andar de transporte público e não no pobre andar de carro. O transporte público é um bem nacional.", aponta Marisa Moreira Salles, uma das organizadoras do evento Arq.Futuro

Todo dia, uma população igual à do Uruguai se desloca da zona leste de São Paulo rumo ao centro da cidade – e olha que estamos falando apenas de uma região! Na verdade, o verbo correto é “se arrasta”, já que a velocidade média do trânsito paulistano é de 13 quilômetros por hora nos períodos de pico, inferior à de uma galinha apressada (sim, é isso mesmo!)**.

Ao todo, são nada menos que 20 milhões de pessoas circulando no maior município do Brasil. Por isso, demorar uma hora e meia para chegar a casa ou ao trabalho, num percurso que levaria 20 minutos, não espanta mais ninguém. Mas cansa! A média é de três horas diárias perdidas no trânsito, 60 por mês, 720 por ano – o que equivale a um mês inteiro dentro do carro ou do ônibus! E esse problema não é só de São Paulo – Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília seguem o mesmo caminho.

Ter aproximadamente 5 milhões de automóveis rodando só na capital paulista não é motivo de orgulho para o país; muito pelo contrário. Na Alemanha, por exemplo, sede de grandes montadoras, as pessoas dispensam o carro no dia a dia. “Lá tem bondeônibusmetrôtrem ciclovia para atender os grandes centros, daí eles vendem a produção para nós”, diz o jornalista Bruno Favoretto (SP), que é deficiente físico e enfrenta problemas de mobilidade ainda piores que a maioria de nós. Ele integra um grupo que discute soluções de locomoção para que boas práticas – carona solidária e uso de bicicletas, por exemplo – sejam implantadas em determinada região ou empresa.

QUANTA DIFERENÇA 
Nos países desenvolvidos, as pessoas utilizam o transporte público porque ele é confortável, pontual e seguro. “Já o Brasil ainda privilegia investimentos no transporte individual, em detrimento do coletivo, que leva mais gente num espaço menor e com menos impacto ambiental”, diz a arquiteta e urbanista Laisa Stroher, mestranda emplanejamento urbano (SP).

Superpopulosas, as maiores cidades europeias e americanas já estariam paradas se não priorizassem soluções de mobilidade. “Paris, Londres e Nova York, cada uma, tem mais de 400 quilômetros de linhas de metrô, enquanto São Paulo, que precisaria de 600, soma 76”, conta Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo e da secretaria executiva da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis.

Como se não bastasse, essas metrópoles adotaram outras estratégias: Londres criou opedágio urbano, que começou no centro expandido e hoje abarca outras áreas (o dinheiro arrecadado vai para melhorias no transporte público); em Nova York, foram construídos 450 quilômetros de ciclovias e 50 de corredores de ônibus só nos últimos cinco anos. São bons exemplos a serem seguidos!

O QUE ESTÁ SENDO FEITO
A situação caótica do trânsito no Brasil pode começar a mudar. Em janeiro de 2012, foi implantada a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587), que obriga cidades com mais de 20 mil habitantes a fazer um plano de mobilidade.

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