segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Escassez de água e mudança de hábitos

Escassez de água e mudança de hábitos

Carolina Barbosa
Fotos: Genilson Pessanha
Em meio à crise hídrica histórica do Sudeste, existem pessoas conscientes que tomam várias medidas em casa para reaproveitar o máximo possível de água e poupar o que está escasso. É possível economizar água realizando pequenas ações. Segundo o diretor do Comitê do Baixo Paraíba, João Siqueira, com medidas de uso racional é possível economizar em média 20%.
A técnica de atividade judiciária Cláudia Muniz, de 47 anos, realiza em casa várias ações para o reaproveitamento da água. A ideia sustentável surgiu através da filha, Paula Campos, de 21 anos, que cursa engenharia ambiental. A família criou um sistema de coleta da água da chuva e também outras ações. “Há muito tempo atrás ouvia dizer que a água do planeta ficaria escassa. Não entendia como isso poderia ser verdade, mas a semente foi plantada na minha cabeça e daí em diante comecei a pensar de forma diferente. Infelizmente nenhuma autoridade e nem as pessoas acreditaram. Tudo que os ambientalistas disseram há vinte anos está se concretizando. Precisamos fazer alguma coisa. Se cada um fizer um pouco de sacrifício, ganhamos mais tempo com água”, destacou.
Cláudia contou também que as medidas de reaproveitamento começaram antes da crise. A família reaproveita a água da máquina de lavar roupas, de tanques e até do ar condicionado. “A gente só tem noção quando começa a separar. Utilizamos para molhar as plantas, lavar carro, calçada, para usar no vaso, entre outros. Funciona mesmo. Estamos reaproveitando o tempo todo. As pessoas esperam acontecer para tomar providências e colocam dificuldades. Quando começamos, não estava nessa crise e me chamavam de doida. A gente já se prepara”, relatou.
A estudante de engenharia ambiental Paula também falou da economia. “O sistema de coleta de chuva varia, pois dependemos da chuva. Mas gera uma economia de cerca de 40% ao ano. As pessoas devem encarar como um investimento. Já as outras medidas dão mais diferença, pois é independente da chuva”, destaco, Cláudia, falando ainda da importância das pessoas adotarem ideias como essa. “Ainda pretendemos fazer mais. Atitudes fazem a diferença”, concluiu.
O diretor do Comitê do Baixo Paraíba, João Siqueira, lembrou que esta semana teve uma reunião e o grupo decidiu reduzir de 140 m3/s para 130 m3/s o volume de água repassado do Paraíba do Sul para o Guandu, via represa de Santa Cecília, em Barra do Piraí, para preservar os níveis dos reservatórios. “O grupo encaminhará o ofício à ANA para aprovar. Na terça-feira, teve uma reunião no Rio de Janeiro e estamos elaborando documentos com ações para a preservação”, disse.
Para o historiador e ambientalista Aristides Soffiati, em curto prazo não há soluções para o Sudeste. “Em curto prazo não existe porque a destruição foi em longo prazo. Temos que esperar que chova, mas já sabendo que a chuva no final do verão não resolverá o problema. Aprendemos que poderíamos gastar e que não ia acabar, mas está acabando. Os gastos têm sido grandes”, destacou.
No sábado (7), o secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, informou que o nível do rio Paraíba estava em 4,85 metros, ainda abaixo do normal. “Está muito abaixo para o período de verão. Nesta época, a média é de 9 metros. Está com muitos bancos de areia nele todo”.
Transposição – O Governo Federal incluiu no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a obra da transposição do rio Paraíba. As obras devem ter início em 90 dias após o lançamento da licitação. 
Campanha combate o desperdício de água
Em Campos, a Prefeitura informou, através de nota, que o município tem, desde 2009, um programa municipal para economia de água. Outras ações também são realizadas. “Diante da pior seca dos últimos anos e, consequentemente, de uma crise de água que vem ganhando proporções cada vez maiores em parte da região Sudeste, a Prefeitura lançou a campanha:“Não Curtimos desperdício.Compartilhe essa ideia”. O objetivo é incentivar o consumo consciente da água”, disse parte da nota. O governo municipal afirmou também que segue dando apoio aos produtores do município e que a nova UBS da Penha segue o princípio de sustentabilidade. “A Prefeitura também implantou, em agosto, o Programa de Sustentabilidade Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), que já apresenta resultados positivos... A meta é estabelecer a redução de consumo de água em 10% nas unidades municipais”.
Já em SJB, a assessoria informou que o município não está em situação de racionamento. “Isto aconteceu no período que a Cedae teve dificuldades de captação de água em função não só do baixo nível do Rio Paraíba do Sul, como também do fornecimento de energia da Ampla. O que acontece atualmente e que interfere na disponibilização de água é o aumento da demanda, característica do período de verão”, disse, acrescentando que vem alertando a população quanto à necessidade de economizar água potável. “O racionamento nos exige uma situação de alerta, mas o trabalho de conscientização tem que ser constante e envolve parcerias em todas as esferas do poder público”. A assessoria da prefeitura de São Fidélis não respondeu o e-mail até o fechamento desta matéria, na quinta-feira.
Campos sem risco de sofrer racionamento
A concessionária responsável pelo abastecimento de Campos, Águas do Paraíba, afirmou que o abastecimento de água continua normal e assim deverá continuar. “Salvo alguma alteração drástica no rio Paraíba do Sul, não indicada pelo cenário, mesmo levando em consideração a seca e a estiagem, desde o ano passado”. A nota informou ainda que a única situação diferente é no extremo norte do município, em Conselheiro Josino, Morro do Coco, Murundu e Vila Nova. “Nessas localidades, o abastecimento suplementar de água é feito por caminhões-pipa — seis a oito por dia — por ser uma região topograficamente alta, com baixo lençol freático e poucos mananciais de suprimento de água. Mas, é uma situação localizada”.
Já a Cedae, responsável pelo abastecimento em SJB e São Fidélis destacou que o abastecimento está normalizado nos dois municípios. “São Fidélis teve problemas apenas no sábado (31/01/2015), quando houve o rompimento de uma tubulação, que precisou ser retirada de carga para que o reparo fosse realizado — o que durou cinco horas. Desde então, o abastecimento foi retomado e já está normalizado”. Quanto a SJB, “houve problemas apenas no fim do ano passado, devido à língua salina — maré alta que adentra o leito do rio, aumentando a salinidade da água, mas a situação está normalizada”.
A Cedae está realizando a megaoperação “Água Legal” contra ligações clandestinas na Região Metropolitana e elas podem se estender a qualquer ponto da região atendida. A companhia pede a quem tiver informações que envie à ouvidoria pelo telefone 08002821195.

FONTE JORNAL FOLHA DA MANHA

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