quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Repensar a convivência

Repensar a convivência

No processo de desenvolvimento da cidade, o homem, munido da capacidade de impor novas configurações à natureza, fez escolhas que o afastaram dos rios e das várias atividades de lazer que o leito deles é capaz de proporcionar

Centro Pró-Memória Hans Nobiling/Divulgação

As possibilidades que o Rio Pinheiros oferecia ao cenário urbano foram consideradas desde o primeiro grande projeto que balizou o desenho da capital paulista durante sua expansão: o Plano de Avenidas de São Paulo, projeto de 1930 escrito por Prestes Maia.

O documento estipulava a criação de jardins com corredores arborizados, instalações esportivas, circulação rápida, linhas de alta velocidade e navegação em seu leito. No entanto, a incapacidade de administração pública fez as medidas que tratavam da conservação dos recursos naturais, como proteção do solo e da vegetação, ficarem em segundo plano.

Não apenas nessa, mas em várias outras passagens da história da cidade, prevaleceram os interesses econômicos de um urbanismo rodoviário. Como consequência, o Pinheiros, antes adequado à prática de esportes, tornou-se o destino de esgotos residencial e industrial. E suas margens, cujos solo e topografia já atraíram futebolistas de vários times - popularizando, inclusive, a expressão "futebol de várzea" -, viram-se aterradas para a chegada de fábricas, ferrovias e empreendimentos imobiliários.

"Não existe nada mais importante na história da humanidade do que os rios. Conseguimos marcar tempo e espaço por meio das cheias e vazantes e percebemos o território graças a eles. Inúmeras cidades foram fundadas com base em suas águas." A declaração de Alexandre Delijaicov, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), leva à reflexão sobre os cursos de nossa capital e nos indica que, até agora, temos remado na direção errada
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