terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O que acontece se o sistema Cantareira secar ?

O que acontece se o sistema Cantareira secar

As sete represas do sistema Cantareira, que abastecem mais de 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, estão com apenas 6% do volume total de sua capacidade

BRUNO CALIXTO 12/2014 
Fundo seco em uma represa em São Paulo (Foto: Luis Moura / Parceiro / Agência O Globo)
As sete represas do sistema Cantareira, que abastecem mais de 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, estão com apenas 6% do volume total de sua capacidade. O governo de São Paulo já utilizou duas cotas do volume morto, a reserva de água que fica abaixo do sistema de captação, e ainda assim os níveis continuam caindo. Para piorar, a previsão do tempo não é nada boa: ao que tudo indica, as chuvas neste verão ficarão abaixo da média mais uma vez. A possibilidade de a água dos reservatórios acabar é real. O que acontece se o sistema secar?
Segundo o professor Antonio Carlos Zuffo, pesquisador da área de recursos hídricos da Unicamp, se a Catareira secar, São Paulo ficará completamente dependente da vazão natural dos rios. "Não será um desabastecimento completo porque ainda poderemos contar com a vazão natural." É a água que chega na Cantareira pelas nascentes, rios e chuvas. Acontece que a vazão natural é insuficiente para atender a região metropolitana de São Paulo e as cidades da bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que também dependem da Cantareira.
Segundo Zuffo, se isso acontecer, São Paulo viverá um cenário de privação. "Será uma restrição brutal do uso da água. A vazão natural não consegue abastecer a todos, então teríamos uma situação de privação, de racionamento. As pessoas não terão água o tempo todo - elas serão abastecidas uma, duas vezes por semana, durante algumas horas por dia", diz. Nesse cenário, os consumidores só serão atendidos se chover e entrar água no sistema, já que não haverá água nos reservatórios.
A matemática para evitar o cenário mais extremo não é simples. Depende de chuvas próximas da média, o que até o momento não aconteceu, e diminuição do consumo. Segundo o pesquisador da Unicamp, para que 2015 não seja pior do que este ano, precisamos recuperar toda a água utilizada do volume morto – já retiramos o equivalente a 23% do sistema de água do volume morto – e chegar a abril com 10% do volume útil da Cantareira. Qualquer recuperação menor do que essa significará uma situação ainda mais complicada para São Paulo no ano que vem.

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